Reeleito com mais de 70% dos votos válidos, o reitor Josué Modesto dos Passos Subrinho promete ‘continuar crescendo’. Ele diz que prefere ser criticado por agir, a ficar parado. Formado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Sergipe (1977), possui mestrado e doutorado na área, e destaca-se por seus estudos sobre a economia de Sergipe. Um dia após a confirmação da vitória, Josué Modesto recebeu o Contexto para a seguinte entrevista.
Contexto - O senhor obteve uma vitória expressiva. O que mais contribuiu para o resultado?
Josué - A comunidade concordou com a mensagem da chapa vencedora: a universidade está crescendo, e crescer vale a pena para a universidade e para a sociedade. Claro que todo crescimento tem suas dores, e nós temos problemas. Mas, majoritariamente, a comunidade achou que vale a pena.
Contexto - O fato de haver apenas uma chapa concorrente facilitou sua vitória?
Josué - A existência de apenas duas chapas têm suas vantagens e desvantagens. Mas, eu não acredito que esse fator foi decisivo. A campanha foi muito polarizada entre “oposição” e “situação”. Se houvesse mais chapas concorrendo, elas teriam que disputar o mesmo perfil, o mesmo eleitorado que não concorda ou não vê falhas na atual gestão.
Contexto - Como ocorreu o financiamento de sua campanha?
Josué - A partir de doações das pessoas envolvidas. Houve um planejamento, meses antes da campanha.
Contexto - O que o senhor considera como falha na atual gestão?
Josué - Cabe a oposição detectar isso, e vários problemas foram mencionados. Problemas do cotidiano. Apesar da aquisição de livros pela biblioteca a partir do programa PROQUALI ter sido sistemática, o ritmo entre a aquisição e a disponibilização do material para os estudantes é lento. Há um lapso temporal que incomoda os estudantes e professores. Esse é um problema inerente à administração pública. Nós temos que fazer pregões eletrônicos, temos que esperar os prazos legais para os fornecedores entregarem o material, e depois disso, há o processo de catalogação.
Contexto - Qual a sua avaliação sobre as principais propostas da chapa adversária?
Josué - Quanto à descentralização, do meu ponto de vista, a proposta da chapa concorrente era um retrocesso em relação ao que nós fazemos. Hoje, nós distribuímos os recursos diretamente aos departamentos. A chapa adversária propôs distribuir pelos centros, e dentro dos centros, discutir como distribuir aos departamentos. Nós fazemos algo mais direto.
No que se refere à questão da transparência, todos nossos atos são transparentes. Todos os editais e licitações estão disponíveis no website, para as pessoas acompanharem quanto se gasta e em que se gasta.
Quanto à humanização, eu diria que é um conceito um tanto subjetivo, e a administração pública trabalha principalmente com coisas objetivas. É óbvio que ninguém é contra a humanização, quanto mais polidas as pessoas forem melhor.
Contexto - O senhor é favorável às cotas para alunos de escolas públicas? O sistema entrará em vigor já no vestibular de 2009?
Josué - Sim, a iniciativa de propor o sistema foi da atual administração. Nós constituímos inicialmente uma comissão de programa de ações afirmativas, coordenada pelo NEABE – Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros. O NEABE apresentou uma proposta que está tramitando no CONEP. Vamos ver se é possível implantá-la já para o vestibular de 2009. Se não for, certamente essa será uma das metas do novo mandato. A nossa universidade não pode correr o risco de ser uma das últimas a adotar algum programa de ações afirmativas.
Contexto - Como se dará o processo de expansão no segundo mandato?
Josué - Nós temos várias frentes de expansão. Uma que provavelmente avançará bastante é a educação semi-presencial – o projeto Universidade Aberta do Brasil (UAB). Nós atualmente estamos em nove municípios, mas ainda esse ano alcançaremos doze.
Nós temos a possibilidade de criar de novos cursos. Principalmente no campus de São Cristóvão. Alguns já estão planejados para o próximo ano, como são os casos dos cursos de Biblioteconomia e Documentação, Relações Internacionais e Engenharia da Computação.
Há a possibilidade também de construir novos campi no interior. Na nossa proposta inicial de interiorização previa-se Itabaiana, Nossa Senhora da Glória, Lagarto, Estância e Própria.
Contexto - É basicamente isso. Deseja fazer mais algum comentário...
Josué - Bem, em síntese, a eleição terminou sendo um referendo acerca da expansão da universidade - das suas dificuldades, das suas virtudes e das suas potencialidades. Eu fiquei muito contente com os percentuais de aprovação. Os três seguimentos aprovaram essa política de expansão, e isso nos dá maior legitimidade para prosseguir com ela. A mensagem que ficou para nós é que recebemos o mandato para persistir na política de expansão da Universidade Federal de Sergipe.
Por Ailton Reis e Carla Santana
Foto: Somese
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