Novos artistas plásticos expõem seus trabalhos na 9ª Mostra de Artes Visuais, intitulada “Gráficos e Coloridos nas Transparências do Tempo”, organizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC. A exposição ficará até o dia 18 de janeiro de 2009, na Galeria de Artes do SESC Centro. A coletiva é composta por 30 alunos dos cursos de Desenho e Pintura, Xilogravura e Desenho de Retrato, ministrados durante o ano de 2008.
Para Elias Santos, organizador da mostra, o principal objetivo é democratizar a arte, propiciar aos alunos experimentar o gosto de expor seu trabalho. Ao falar sobre o processo de ensino da arte Elias explica que a humildade é a principal virtude, “quando um aluno acha que já aprendeu tudo pinto com a mão esquerda ou fecho os olhos e desenho alguma coisa, é preciso saber que há ainda muito chão”.
As galerias tradicionais estão cada vez mais restritas aos novos nomes, é nesse sentido que exposições como esta abrem caminhos para que novos horizontes sejam desbravados. “É de fundamental importância que eventos assim sejam realizados, é uma oportunidade de ganhar um novo espaço. O espaço nas galerias de arte é restrito, esse é um meio de divulgar o trabalho e o talento de quem ainda não é conhecido”, argumenta Cristiane Barbosa, arte-educadora do SESC. Esse sentimento é partilhado pelos alunos também, Adriano Saturnino dos Santos afirma que “é uma oportunidade de ficar conhecido, de crescer e um dia expor em uma grande galeria”.
A novidade trazida para a 9ª mostra é a xilogravura, técnica que utiliza uma placa de madeira entalhada para estampar papéis, telas e outras superfícies, uma espécie de carimbo. “Trazer a xilogravura é resgatar a nossa cultura, a cultura popular, ela está enraizada na tradição nordestina”, enfatiza Elias.
O artista e sua arte
"Concordo com a definição que diz que a arte é um recorte da realidade, pois a realidade é muito grande para se levar para casa”, conclui João Pereira, professor de História e artista plástico iniciante. João espreita as proximidades de seu quadro tentando ouvir o que as pessoas acham de seu trabalho, “gosto de ouvir as pessoas comentando sobre a obra sem saberem que fui eu quem fez, mantendo-me no anonimato para saber a opinião das pessoas. Isso ajuda a melhorar minha visão, que como artista é muito critica”.
Construir uma leitura é de extrema importância no que se refere às artes, principalmente as visuais, sobre esse aspecto Cristiane é afiada: “inserir o público é o primeiro passo para se construir uma leitura. Muitas pessoas dizem que o povo não gosta de arte, mas se este não tiver acesso como vai desenvolver uma linguagem para entendê-la? Por isso a mostra é importante, uma tentativa de fazer um diálogo entre a arte e o público”.
O processo de desenvolvimento dos alunos é uma preocupação do organizador da coletiva. Elias define que o período é de desenvolvimento dos alunos, “o momento agora não é para críticas, ainda são iniciantes, tem que deixar fluir. Quando a maturidade artística vier pode-se criticar. Não se deve podar as raízes”. No entanto ele está consciente da precariedade do ensino da arte no país, quanto a esse assunto é direto: “O Estado deveria apostar na cultura, há uma falta de estrutura para o desenvolvimento de atividades artísticas. Aí sim podemos fazer julgamentos”.
Por Michel Oliveira
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