No centenário de comemoração à morte de Machado de Assis e ao nascimento de Guimarães Rosa, a Língua Portuguesa passa por mudanças nas regras de acentuação, hifenização e grafia. Com a ratificação do acordo, em 29 de setembro, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Academia Brasileira de Letras, as mudanças ortográficas começam no Brasil em 1º de janeiro de 2009.
Sancionado o acordo, a implementação das reformas ortográficas no Brasil passará por um período de transição equivalente a quatro anos, que vai de 1º de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2012, no qual ficam valendo tanto a ortografia atual quanto as novas regras. Durante esse período, as duas grafias valem no vestibular, nas provas escolares e acadêmicas e nos concursos públicos. Já os livros didáticos devem, a partir de 2010, estar de acordo com as novas normas ortográficas da língua portuguesa, segundo resolução publicada pelo Ministério da Educação (MEC) no Diário Oficial da União.
As mudanças da reforma vão da extinção do trema à incorporação das letras k, w e y ao alfabeto, que passará de 23 a 26 letras. Não mais se usará acento diferencial em pára (verbo), igualando-se ao para (preposição); palavras como enjôo, vôo e zôo perderão o acento; quanto ao uso correto do hífen, novas regras e exceções trarão maior dificuldade à escrita.
Questionamentos sobre simplificação e unificação da reforma são recorrentes. Indagado sobre o assunto, o professor de Língua Portuguesa, Cristiano Carvalho, problematiza: “será que a reforma ortográfica facilitará o aprendizado de uma dada variante lingüística, a variante ‘culta’ na sua modalidade escrita?” e considera como “pretensiosa qualquer tentativa de tornar mais fácil uma matéria como Ortografia. O panorama será o mesmo e continuaremos apelando para regrinhas e exceções”.
De modo contrário pensa a jornalista revisora de um jornal impresso do Estado, Joseane Moreira. Segundo Joseane, a reforma simplificará o aprendizado e unificará a comunicação nos países lusófonos. “Acredito que as mudanças simplificarão a ortografia e que a unificação lingüística trará identidade ao idioma”.
Já o adolescente Jonatan Vieira, de 12 anos – estudante do 6º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Laonte Gama, localizada no bairro Santa Maria, e semifinalista e representante estadual na categoria poesia da 2ª Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro – quando perguntado sobre a reforma, explica: “Não considero a reforma. Ao invés de ajudar, vai atrapalhar, porque a gente aprende de uma forma e agora tem que aprender de outro jeito. Vai ser ruim”.
O acordo
Após anos de relutância, o Parlamento Português aprova o acordo ortográfico. Desde 1990, quando foi assinado em Lisboa o acordo ortográfico da língua portuguesa, protocolos referentes à data de vigência foram assinados. O mais recente protocolo, já com a adesão do Timor Leste – independente em 2002 -, previa que as mudanças nas regras de acentuação, hifenização e grafia entrariam em vigor com a assinatura de três países pertencentes à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP): Portugal, Brasil, Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Guiné-Bissau.
O Brasil foi o primeiro país-membro da CPLP a ratificar o acordo em 2004, seguido por Cabo Verde, em fevereiro de 2006; e São Tomé e Príncipe, em dezembro de 2006. O Brasil também será o primeiro país-membro a implementar as mudanças. Os outros países-membros terão data e processos distintos para implementação das novas regras.
O português no mundo
O Brasil foi o primeiro país-membro da CPLP a ratificar o acordo em 2004, seguido por Cabo Verde, em fevereiro de 2006; e São Tomé e Príncipe, em dezembro de 2006. O Brasil também será o primeiro país-membro a implementar as mudanças. Os outros países-membros terão data e processos distintos para implementação das novas regras.
O português no mundo
A sétima língua mais falada no mundo e a única do Ocidente a ter duas ortografias oficiais – uma pertencente a Portugal (a norma portuguesa é a que sustenta o ensino do idioma em outros países) e outra ao Brasil – encontra empecilhos para se inserir como idioma oficial em organizações mundiais.
O problema da dupla ortografia no idioma gira em torno da circulação internacional de publicações na língua portuguesa e do intercâmbio cultural. Com a uniformização lingüística, facilitará o intercâmbio entre os países lusófonos e aumentarão as publicações internacionais na língua portuguesa. Além disso, o Português pode tornar-se um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU), junto aos idiomas já oficiais: Árabe, Chinês, Inglês, Francês, Russo e Espanhol.
A partir dessas questões, o professor e árcade literário da Academia Sergipana de Letras, Denisson Santana, desconsidera as críticas feitas contra a reforma. “A língua portuguesa, como descrita por Machado de Assis, não é fixa. Transforma-se de acordo com as necessidades, usos, costumes e com a dinâmica da linguagem do próprio povo. Diante disto, mesmo com alguns gramáticos tecendo críticas, a evolução da língua dói positiva, posto que, unificada, reforça o idioma. Averiguo a mudança como algo normal diante das transformações que envolvem a língua e os falares do povo”.
Vale pontuar que a reforma não possui, como característica maior, somente fatores culturais de aproximação lingüística, mas também fatores políticos e econômicos circundam sua essência. De fato, existe uma indústria editorial que irá lucrar com impressões e reimpressões de livros. Mas, de certa forma, é preciso atualizar-se quanto às novas regras que não são sintáticas nem semânticas, apenas ortográficas no intuito de unificar o idioma, mesmo mantendo suas diversidades sintático-semânticas e suas peculiaridades lingüísticas.
O problema da dupla ortografia no idioma gira em torno da circulação internacional de publicações na língua portuguesa e do intercâmbio cultural. Com a uniformização lingüística, facilitará o intercâmbio entre os países lusófonos e aumentarão as publicações internacionais na língua portuguesa. Além disso, o Português pode tornar-se um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU), junto aos idiomas já oficiais: Árabe, Chinês, Inglês, Francês, Russo e Espanhol.
A partir dessas questões, o professor e árcade literário da Academia Sergipana de Letras, Denisson Santana, desconsidera as críticas feitas contra a reforma. “A língua portuguesa, como descrita por Machado de Assis, não é fixa. Transforma-se de acordo com as necessidades, usos, costumes e com a dinâmica da linguagem do próprio povo. Diante disto, mesmo com alguns gramáticos tecendo críticas, a evolução da língua dói positiva, posto que, unificada, reforça o idioma. Averiguo a mudança como algo normal diante das transformações que envolvem a língua e os falares do povo”.
Vale pontuar que a reforma não possui, como característica maior, somente fatores culturais de aproximação lingüística, mas também fatores políticos e econômicos circundam sua essência. De fato, existe uma indústria editorial que irá lucrar com impressões e reimpressões de livros. Mas, de certa forma, é preciso atualizar-se quanto às novas regras que não são sintáticas nem semânticas, apenas ortográficas no intuito de unificar o idioma, mesmo mantendo suas diversidades sintático-semânticas e suas peculiaridades lingüísticas.
Por Jeimy Remir
Foto: Academia Sergipana de Letras
Nenhum comentário:
Postar um comentário