18 novembro, 2008

Voluntários do CVV ajudam a salvar vidas


Os voluntários do Centro de Valorização da Vida de todo o país não revelam as histórias que ouvem pelo telefone, pois o sigilo faz parte de sua metodologia. Só contam que há de tudo: gente que liga dizendo estar prestes a se matar, a um passo de se jogar de um prédio ou por um triz de puxar um gatilho. A conversa com os voluntários pode ser a esperança final para evitar a tragédia.

Em Aracaju desde 2006, o Centro de Valorização da Vida – CVV – é um grupo presente em todo o país, e presta apoio emocional por telefone às pessoas deprimidas e que correm risco de suicídio. O Ministério da Saúde reconheceu que este trabalho é de fundamental ajuda para a população, tendo em vista que os serviços públicos de atendimento em saúde mental são deficientes.

A coordenadora do posto em Aracaju, Silvia Maria de Aquino, acredita que no mundo moderno, a individualidade e a competitividade contribuem para que as pessoas se afastem cada vez mais. “Hoje em dia a humanidade interage muito mais com máquinas do que com outras pessoas. Isso afasta as pessoas umas das outras e as leva à solidão, angústia e depressão, que são os caminhos para se chegar ao desespero de cometer suicídio”.

Silvia comenta ainda que o perfil de quem procura ajuda é muito variado. São tanto pessoas que moram sozinhas como quem vive rodeado de gente. A maioria sofre por não saber administrar algum tipo de perda: emprego, membro da família, status social.
De dois anos para cá, verificou-se o aumento das ligações de idosos e de adolescentes. “Até crianças de 11, 12 anos nos ligam procurando simplesmente conversar e desabafar, reclamando da falta de diálogo e companhia dos pais”.

Na nossa sociedade, falar abertamente sobre o suicídio ainda é um tabu. E é também comprovado que a divulgação de casos suicidas encoraja aqueles que pretendem atentar contra a própria vida. Em 2004, a última pesquisa sobre o tema mostrou que cinco em cada 100 mil brasileiros cometem suicídio.


Taxa de suicídio no Brasil por faixa etária e sexo:


Fonte: OMS


Em Sergipe esse índice é maior do que a média nacional: entre 100 em cada 100 mil habitantes. No mesmo ano, o Ministério da Saúde detectou que o índice de suicídio diminui em cidades onde há um posto de atendimento do CVV.


Assista ao vídeo do Centro de Valorização da Vida:

http://www.youtube.com/watch?v=I_Dr4WzEvjw&feature=related


Como funciona

A metodologia do Centro não é complexa: um antídoto ao suicídio é o desabafo. “Ao desabafar, a pessoa se acalma e acaba refletindo e se questionando internamente. Ela vê o problema de outra forma e, quase sempre, desiste de tirar a própria vida”, relata a coordenadora. A idéia é deixar a pessoa falar o que quiser, pelo tempo que for necessário. Os voluntários nunca tomam a iniciativa de encerrar a ligação.

O processo é sigiloso, a identidade jamais é revelada a não ser que quem ligue queira fazê-lo.
O CVV atende entre sete horas da manhã e onze da noite, diariamente, inclusive aos feriados. O posto de Aracaju é o único do Brasil a possuir uma linha gratuita - 0800.

Voluntários CVV

O pré-requisito básico é ser maior de 18 anos. O CVV oferece um treinamento de 45 dias chamado Programa de Seleção e Capacitação dos Voluntários - PSCV - que envolve teoria e prática. Os participantes também trabalham a questão do preconceito, a aceitação do próximo, o convívio com a diversidade e, principalmente, o saber ouvir. Ao final do treinamento são selecionados aqueles mais aptos para fazer o atendimento.

- Próximo PSCV: março de 2009. As inscrições podem ser feitas através do próprio número de atendimento.

Aracaju tem 39 voluntários de todas as classes sociais: médicos, donas de casa, psicólogos, assistentes sociais, delegados, entre outros.
Posto de atendimento CVV Aracaju:
Telefones: 0800 2844456/ 3213 7601

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Por Marianne Heinisch

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