30 outubro, 2008

Dengue em Sergipe: O Panorama Atual, os Avanços e as Soluções.




Diante da epidemia de dengue ocorrida neste ano, cresce a preocupação da população sobre o que está sendo feito para evitar um possível próximo surto. Algumas medidas já estão sendo tomadas. O Ministério da Saúde (MS) anunciou aumento nas verbas específicas para o combate ao mosquito transmissor da doença. Outro ponto importante é a realização do Levantamento Rápido do Índice de Infestação de Aedes aegypti (LIRAa), que em Aracaju deve ser finalizado até o próximo dia 31.

O LIRAa é um procedimento que mapeia as principais áreas de foco do mosquito na cidade. Ele será determinante para o planejamento das ações de prevenção à dengue dos próximos meses, bem como a definição de grupos de risco classificados por bairros e faixas etárias, por exemplo.

“Sem dúvidas, esse é um dos principais mecanismos que temos de preparo da capital sergipana para o fim deste ano e começo do próximo, no que se refere ao combate ao mosquito da dengue. Isso significa que teremos tempo para estudar as diretrizes de ação e atuar de forma mais específica em lugares onde haja maior necessidade”, informa a coordenadora do Programa de Combate à dengue da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Taíse Cavalcanti.

Questionada sobre como ficará a situação de Aracaju com o início do verão, a coordenadora é enfática ao dizer que o número de casos é secundário. “A nossa preocupação é com a qualidade do atendimento. Já que na última epidemia tivemos a inclusão do tipo 3 do vírus, aumenta-se a possibilidade da existência de dengue hemorrágica”, diz.


Prevenção e tratamento

Sem ver o carro “fumacê” passar por onde mora, no Conjunto Castelo Branco II, a dona de casa Lourdes Pimentel começa a cobrar. “Já estamos perto do verão. O mosquito costuma aparecer mais nessa época. Mesmo assim, até agora não vi nenhum carro ‘fumacê’ passar por aqui pela região”, indaga.

Embora bastante citado, esse método de aplicação de inseticida só pode ser usado em casos de epidemia e sob determinação federal. “Mas Lourdes pode ficar tranqüila que estamos preparados para combater o Aedes agypti. O ‘fumacê’, neste momento, não é o método de prevenção mais correto. A atitude mais adequada continua sendo a inspeção de possíveis focos de larva do mosquito”, comenta Taíse Cavalcanti.

Ainda no quesito prevenção, no último dia 20 o ministro José Gomes Temporão lançou a campanha “Brasil Unido Contra a dengue”. Peças publicitárias serão veiculadas nas mídias impressa, televisiva, de rádio e Internet por todo o país. As ações preventivas mais específicas serão encabeçadas pelas secretarias municipais de saúde. Em Aracaju, elas serão estudadas tão logo saírem os resultados do LIRAa.

Por enquanto, as visitas dos agentes de saúde e endemias às casas das pessoas constituem a principal medida profilática. A força-tarefa, que em poucas palavras consiste na limpeza programada de terrenos baldios nos bairros da cidade, não parou e é desempenhada das quartas-feiras aos sábados.

Em se tratando de infra-estrutura para o tratamento, mesmo com o fim da epidemia as 43 Unidades de Saúde da Família (USFs) continuam com salas de hidratação, o que não ocorria em outubro do ano passado. Os exames de hemograma também permanecem sendo feitos.

Mas a maior preocupação fica por conta do quadro de profissionais de saúde, principalmente de pediatras emergencistas. Além de as crianças serem mais frágeis em relação aos efeitos da dengue, é nessa faixa etária que se concentra o maior número de vítimas. Somente até julho deste ano, 33.88% dos acometidos eram menores de 14 anos.

No início do ano, a Prefeitura de Aracaju realizou concurso público para a contratação dos profissionais. Mesmo assim, a situação continua preocupante por causa do baixo número desses especialistas atendendo em Sergipe.


Recursos e projetos

Para o combate à dengue, o governo federal anunciou que os recursos em Sergipe alcançarão a ordem de R$ 5,6 milhões, R$ 1,6 milhão a mais que o ano passado. Desse total, R$ 161,5 mil já foi gasto na aquisição de cinco veículos e quatro nebulizadores costais.

Por enquanto, nenhum dos veículos ou nebulizadores foi passado ao município. “Recebemos, em março, uma bomba costal e duas kombis, mas eram recursos do pacto do ano passado. Devemos receber os novos em breve”, afirma a coordenadora Taíse Cavalcanti.

Além dos repasses, o MS selecionou 13 cidades para que desenvolvam projetos piloto que poderão ajudar na prevenção e tratamento da doença. Aracaju foi uma das contempladas. Aqui serão testados dois mecanismos: um de prevenção e outro de tratamento.

A estrutura de prevenção consiste em uma armadilha para o mosquito Aedes aegypti fêmea, que permitirá indicar zonas de infestação. O de tratamento se refere aos NS1, exame médico laboratorial capaz de diagnosticar o vírus da dengue em 15 minutos, se testado em pacientes que estejam até no terceiro dia da doença.

A presença da dengue como doença epidêmica, a capacidade de repasse das informações ao governo, a área geográfica e a estrutura de combate foram os pontos favoráveis à capital sergipana para que recebesse os projetos.

Situação atual

Até o momento, os dados estatísticos refutam a idéia de epidemia de dengue em Aracaju. Houve uma diminuição de casos em relação ao mesmo período do ano passado. Entre agosto de outubro de 2007, foram 183 ocorrências da doença. Desde agosto e até o dia 29 de outubro deste ano, 41 foram registrados. Nos últimos cinco anos, nunca se viu um valor tão baixo.

De acordo com a promotora de Saúde de Sergipe, Mirian Teresa Cardoso Machado, embora não estejamos enfrentando um surto epidêmico de dengue, nada garante que a situação permanecerá assim. “Não podemos relaxar. Posso dizer que Aracaju está no rumo certo quanto ao combate à doença, e que os bairros mais afetados são onde as políticas de conscientização e prevenção devem ser ainda mais efetivas”, afirma.

O bairro mais afetado no último surto foi o Santos Dumont, com quase 800 casos registrados até julho deste ano. O bairro Industrial, Santa Maria, América e Farolândia seguem como os que mais próximos chegaram dessa marca.

Quanto ao papel do Ministério Público nessa conjuntura, a promotora complementa dizendo que o órgão age como um fiscalizador. “E isso é em relação tanto aos gestores como a população. Se percebermos que algum cidadão nega a entrada do agente comunitário em sua residência, ele será chamado para uma conversa, podendo inclusive ser autuado. Só vamos evitar a tragédia se todos colaborarem”, finaliza.
Por Allan Nascimento
Links:
- Brasil Unido Contra a Dengue: http://www.combatadengue.com.br/

29 outubro, 2008

Exposição de fotos retrata história do Brasil e Estados Unidos

No dia 21 de outubro a Universidade Federal de Sergipe recebeu o consulado americano para a abertura da exposição fotográfica “Impressões Visuais”. Realizada pela Comissão Fulbright, homenageando seus 50 anos, e pela Embaixada dos Estados Unidos, a mostra propôs divulgar a cultura, diversidade, beleza, diferenças e semelhanças do povo brasileiro e americano ao longo dos últimos 50 anos.


Por aproximadamente dois anos o curador da exposição, João Kulcsár, pesquisou em arquivos brasileiros e norte-americanos para escolher 108 imagens, mostrando fatos e pessoas que marcaram o cotidiano dos dois países.
As fotografias foram retiradas de vários jornais e agências, como Folha de S. Paulo, O Globo, Magnum Photos, The New York Times, Agence France Press, NASA, Jornal do Brasil e Memorial do Imigrante, entre outros.
As imagens se destacam por diferentes aspectos – histórico, documental e estético – e muitas delas foram premiadas com o Pulitzer e o Esso de jornalismo.

A mostra se divide em seis capítulos: “Herança”, que contém imagens representativas das culturas indígena, africana e européia; "Política”, com fatos e pessoas influentes politicamente; “Cultura”, com expressões populares e personalidades famosas no meio artístico; “Cidadania”, que tenta expressar as lutas e conquistas da população quanto aos direitos do cidadão; “Esportes” e “Meio ambiente”, com imagens de parques nacionais e devastação de florestas.


Criada logo após a Segunda Guerra Mundial, e existindo no Brasil desde 1957, a Comissão Fulbright promove o intercâmbio entre as duas culturas, oferecendo bolsas de estudos para estudantes de pós-graduação e professores em todas as áreas do conhecimento. Até hoje, 3000 brasileiros puderam estudar e viver nos Estados Unidos e 2500 norte-americanos vieram fazer o mesmo no Brasil.
A exposição ficou aberta para visitação do dia 21 a 25 de outubro na galeria da Biblioteca Central da Universidade Federal de Sergipe e está percorrendo todas as capitais do país.

Por Marianne Heinisch

28 outubro, 2008

Cinco dias de movimentação cultural

A Feira do Livro de Sergipe alcança sua terceira edição e oferece ao público sergipano a chance de conhecer a sua própria literatura


Será realizada de 28 de Outubro a 2 de Novembro a III Feira do Livro de Sergipe – A Palavra Guarda O Mundo, na Biblioteca Epifânio Dória. O evento é organizado através de uma parceria entre o Colégio Nossa Escola e a Secretaria de Estado da Cultura. Estarão presentes no evento – sempre das 10 às 21 horas - as mais diversas espécies de manifestações literárias e culturais. Para garantir um ingresso na III Feira, basta a vontade de conhecer um pouco mais a literatura sergipana, pois a entrada é franca.

Realizado pela primeira vez em 2006, o evento é uma espécie de expansão daquilo que o Colégio Nossa Escola já realizava durante os anos anteriores em seu próprio espaço escolar, com a chamada Feira de Livros da Nossa Escola, que chegou a ter onze edições. O objetivo dos organizadores do evento original, de alcançar um público maior, levou à criação da Feira do Livros de Sergipe. De acordo com Aglacy Mary da Silva, diretora da Unidade de Educação Infantil da Nossa Escola e uma das coordenadoras da III Feira do Livro, já é planejada uma futura bienal (expansão da feira), ainda sem data marcada.

Programação

Além da venda de livros, o público terá a oportunidade de entrar em contato com a cultura sergipana através de mostra de filmes, saraus, oficinas, apresentações teatrais, conferências, desafios para desenhistas, palestras, entre outras atividades. Diversas personalidades sergipanas envolvidas no universo literário do estado foram convidadas a participar do evento, entre elas: Carolina Bezerra, Derli Machado, Zé Antônio, Gizelda Moraes, Marcos Almeida, Gilmar Ferreira, e outros. A III Feira do Livro também contará com a participação de convidados de outros estados, como o doutor em Comunicação e cineasta Paulo Schettino (SP), Ieda Oliveira (RJ) - especialista em Literatura Infantil – e do poeta Jessier Quirino (PB).

Já nos dias 1º e 2 de Novembro, as frases, as rimas e os versos da literatura sergipana darão lugar às guitarras, baixos e baterias de músicos locais. A partir das 19h do dia 1º, se apresentarão as bandas Satori, Reverse e The Glorybox. E no quinto e último dia, 2, haverá shows das bandas One Last Sunset, The Strokes Cover e Mamutes.

A programação completa do evento pode ser vista aqui

Importância do evento

Para Aglacy Moura, que além de coordenar a feira, lançará seu livro de poesias chamado A Lavra, “eventos dessa natureza mobilizam estudantes, professores, editores, livreiros, profissionais de diversas áreas, enfim, o cidadão. Alimentando a cadeia produtiva do livro, coloca-se o escritor em sua posição de direito – de cara com o leitor – e o livro ganha vitrine”.

A III Feira do Livro de Sergipe contará com a participação desde escritores iniciantes até de nomes consagrados do universo literário sergipano. Segundo Lucas Livingstone, que lançará, durante a Feira, sua primeira obra, a HQ “Bin-Laden Ataca Aracaju”, “para autores iniciantes, como eu, a Feira do Livro é uma grande oportunidade de expor um trabalho publicamente, além da chance de conhecer autores sergipanos novos e antigos”.

Do outro lado, nomes conhecidos – principalmente para aqueles que esperam com aflição a chegada do vestibular da UFS – como o de Gizelda Moraes também atentam para a importância da realização desse tipo de evento para a valorização da cultura sergipana: “Isso acontece no mundo inteiro e é uma cultura que está se formando. Eu tenho ido a feiras de livros em vários países como espectadora, e vejo em cidades pequenas como o movimento é grande. Acho que isso é muito importante para a população”.

Os escritores iniciantes que desejem expor seu trabalho em uma próxima edição da Feira devem estabelecer contato com a Secretaria de Estado da Cultura através da diretora da Biblioteca Epifânio Dória, Sônia Carvalho.

Machado de Assis, Euclides da Cunha, Herman Melville, Mark Twain e diversos outros velhos habitantes da Biblioteca Epifânio Dória decretarão, portanto, durante a III Feira de Livros de Sergipe, cinco dias de silêncio. Cinco dias em homenagem e em respeito à literatura sergipana.

Por Rafael Santos