29 fevereiro, 2008

Onde os frascos não têm vez

Secretaria de Saúde culpa antecessores pelos remédios vencidos,
mas ainda não decidiu o que fazer com eles

As donas-de-casa, comerciantes e consumidores razoáveis sabem de cor que o tamanho da compra varia com a demanda por ela. Também sabem que a aquisição em demasia do que é perecível gera um excedente na maioria das vezes pouco estratégico. Mas, para o Estado, oferta e procura não estão no mesmo gráfico, e a matemática, segue fazendo vítimas – de verdade.

Na Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe, o problema das 10 toneladas de remédios vencidos, empilhados e inúteis nas dependências do Almoxarifado Central não têm prazo de validade. Sem condições para destruir as substâncias, o Estado culpa a falta de planejamento das gestões anteriores e retém os medicamentos à espera de parcerias para eliminá-los.

Para a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Saúde, o montante de 10 toneladas é uma herança do fracasso estratégico da administração passada. A principal falha, segundo o setor, estaria na falta de uma análise criteriosa do histórico de consumo dos remédios, medida que evitaria a compra descontrolada de substâncias sem demanda. “Chegaram a adquirir 800 cápsulas de um medicamento que não foi consumido sequer uma vez num ano”, revela a assessoria. Também foi dito que o vencimento dos remédios não foi provocado somente pela falta de uso. “Em alguns casos, as substâncias eram adquiridas poucos meses antes de ser extrapolado o prazo de validade”.


No início da gestão do secretário de saúde Rogério Carvalho, uma parte dos medicamentos ainda estava por vencer. De acordo com informações da assessoria, algumas medidas foram tomadas para aproveitar imediatamente as substâncias antes que o prazo de validade expirasse. “Doamos medicamentos para 53 municípios sergipanos e estabelecemos permuta com os estados de São Paulo e Acre. Pegamos o que estávamos precisando e cedemos o que tínhamos a mais. Tudo isso sem custos para a Secretaria”, esclareceu o setor.

Aqui, não

Mas, se há endereço certo para os remédios por vencer, ainda não há destino para a massa adormecida e sem serventia no Almoxarifado Central. Em Sergipe, não há equipamento adequado para incineração de remédios ou de quaisquer resíduos que ofereçam riscos ao meio-ambiente. O incinerador do Hospital João Alves, desativado, exigiria uma manutenção muito dispendiosa. A solução, nesse caso, estaria além dos limites do Estado. “Estamos tentando estabelecer um convênio com empresas de fora que possam realizar esse serviço”, explica a assessoria. De acordo com Carlos Augusto Leão Ferreira, diretor de fiscalização da Administração do Estado do Meio Ambiente (ADEMA), a incineração de resíduos não pode em nenhuma circunstância ser efetuada em Sergipe. “Atualmente esse tipo de serviço só pode ser feito em uma fábrica em Marechal Deodoro, Alagoas, ou em uma empresa de Camaçari, Bahia”.

O esforço no estabelecimento de uma parceria para a eliminação dos medicamentos é confirmado pela Vigilância Sanitária. De acordo com a gerente de medicamentos Cristiane Oliveira Costa, o problema há muito tem caráter emergencial. “Já está havendo perda de espaço para estocar remédios novos”, alerta. Responsável pelo fluxo de medicamentos na rede hospitalar privada, Costa aponta o acúmulo e a invalidação de medicamentos como algo já cultural, intrínseco ao sistema de saúde brasileiro. “No estoque de medicamentos, há uma regra básica: o primeiro que entra é o primeiro que sai. E isso, na maioria das vezes, não acontece”.


Por Igor Matheus

Foto: Divulgação

25 fevereiro, 2008

ABIH defende data fixa para o carnaval

O novo presidente da Associação brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Álvaro Brito Bezerra de Mello, tem como uma de suas propostas a fixação da data do carnaval no calendário. A preocupação surgiu com o fato de a celebração deste ano ter acontecido no início de fevereiro, data muito próxima das férias de janeiro, o que levou muita gente a escolher entre o primeiro e o segundo mês do ano para viajar. A sugestão da mudança é bastante polêmica, pois envolve tradições religiosas que acabam determinando o período carnavalesco.

“Acredito que o carnaval mais para o final de fevereiro seria melhor, porque permitiria que o turista se programasse mais”, afirma o presidente da ABIH em Sergipe, Diego da Costa, fazendo coro à presidência nacional da entidade. Segundo ele, como a festa ocorreu no começo de fevereiro, muitas pessoas não puderam se organizar financeiramente e, dessa forma, tiveram que escolher entre viajar nas férias ou no período carnavalesco.

Prejuízos para os turistas e também para os profissionais da hotelaria sergipana, que apesar de terem presenciado uma ocupação concentrada nos hotéis durante a primeira semana de fevereiro de 2008 – cerca de 97% da capacidade hoteleira do estado foi preenchida segundo dados da ABIH-SE, enquanto que no carnaval de 2007 o preenchimento foi de 91% –, estão enfrentando sérios problemas com a baixa estação começando já em fevereiro.

A ABIH nacional sugere que a festa passe a ser celebrada no primeiro domingo de março. O grande problema que o estabelecimento dessa data acarreta é a alta probabilidade de que o carnaval deixe de anteceder a Quaresma e acabe por acontecer em meio aos quarenta dias que precedem a Páscoa. “A Igreja Católica não permitirá que o festejo de caráter profano seja comemorado durante a quaresma, é preciso respeitar a ocasião”, declara o padre Gilvan Rodriguez dos Santos, mestre em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

Como é estabelecida a data do carnaval?

A data do carnaval acompanha a da Páscoa – também móvel – e é determinada pela Igreja Católica a partir de cálculos baseados no calendário lunar, em que cada mês possui 28 dias. Como seguimos o solar, com meses de 30 e 31 dias (28 ou 29 apenas no caso de fevereiro), os calendários diferem entre si e geram a variação anual das datas em questão. O domingo da Páscoa é definido primeiro, o do carnaval será o sétimo que o anteceda. Para mais informações sobre como se dá o estabelecimento da data, acesse: http://www.diboa.com/2007/2/17/Pagina9751.htm


Fonte: www.inf.ufrgs.br/~cabral/tabela_pascoa.html

Leia mais:

Veja.com
"Setor turístico quer carnaval com data fixa"

JVA on line
"Carnaval do Rio virou 'espetáculo comercial', diz jornal"

Wall Street Journal on line
"Carnaval Arrives Early This Year, Too Soon for Brazil"

Por Christiane Matos

Foto: Beth Barreto

22 fevereiro, 2008

Torneio integra comunidade acadêmica

A Universidade Federal de Sergipe (UFS) vai sediar a I Copa Roda Viva de Futebol. O torneio é direcionado aos estudantes, professores e servidores da UFS. Os jogos serão realizados entre os dias 23 de fevereiro e 29 de março, sempre aos sábados, no campo da universidade (próximo ao ginásio e à biblioteca). A primeira partida da rodada de amanhã está prevista para as 7h30.

O objetivo principal da Copa é promover a integração da comunidade acadêmica, mas não é só isso. “Além de interação entre os membros, o esporte traz qualidade de vida para os participantes”, afirma Igor Oliveira, diretor da competição. O torneio é realizado pelo Centro Acadêmico de Educação Física, com o apoio da Coordenação de Programação Cultural (Copre).

Ao total foram inscritas 12 equipes, divididas em três grupos. Os quatro melhores classificados na fase de grupos lutam posteriormente por uma vaga na final. Igor diz que o número de participantes superou as expectativas e que os estudantes foram maioria entre os inscritos. Uma média de 300 atletas deve disputar o troféu oferecido ao campeão. Qualquer pessoa pode assistir às partidas.

Não é a primeira vez que o esporte é usado como ferramenta de interação entre membros da universidade. No início de 2007, foi realizado o III Campeonato de Futsal da UFS, voltado apenas para estudantes. O Departamento de Educação Física também mantém aulas gratuitas de natação e musculação durante a semana, basta que o interessado procure a secretaria do Departamento para realizar sua inscrição. Nesses casos, ninguém sai perdendo. Participar e integrar-se é sempre uma vitória.

Para mais informações sobre o torneio acesse o blog:
http://www.coparodaviva.blogspot.com/

Por Fernando Pires

21 fevereiro, 2008

Paralisação dos médicos continua

A greve dos médicos da rede municipal de Aracaju continua. No último dia 19 foi realizada uma audiência no Ministério Público de Sergipe com a Secretaria Municipal de Saúde. A finalidade da reunião foi levar esclarecimentos sobre a paralisação da categoria médica. Como não houve acordo entre as partes envolvidas, sugeriu-se outra reunião para o dia 28 de fevereiro, às 10 horas, na sede do Ministério Público.

Ontem pela manhã os médicos fizeram mais uma assembléia para discutir as questões da paralisação. A próxima está prevista para o dia 29 deste mês, após a audiência com o MP, quando será decidido sobre a continuação ou não da greve. Na pauta das principais reinvidicações estão a melhoria das condições de trabalho e reajuste do piso salarial.

Médicos sobrecarregados

Segundo o diretor do Sindicato dos Médicos (Sindimed), João Augusto de Oliveira, devido aos baixos salários eles acabam assumindo mais de um cargo e se sobrecarregando. "A carga horária ideal para um médico é de 20 horas semanais, algo impossível de cumprir com o nosso atual piso salarial, que é R$ 1.767,03 por 40 horas semanais", afirma o diretor. A proposta do sindicato é de reajuste do piso para R$ 3.481,76 e carga horária de 20 horas por semana.

Motivados pela sobrecarga, baixa remuneração e pelas condições de trabalho, médicos concursados e convocados para trabalhar nos hospitais de urgência e emergência da rede pública de Aracaju pediram demissão. João Augusto diz não ter dados concretos sobre isso, pois ainda não foi divulgado oficialmente o número de demitidos, mas explica que a prefeitura precisa de 49 clínicos para fechar as escalas dos dois hospitais municipais de Aracaju, o Nestor Piva e o Fernando Franco.

"Para preencher as vagas, já foram feitos dois concursos, foram aprovados quase duzentos no primeiro e todos foram chamados. Dos aprovados no segundo concurso não sei ao certo quantos foram convocados, mas na última rodada foram chamados 33 médicos em caráter de urgência. Então, partindo do pressuposto de que eles convocaram o máximo que precisam, no caso, 33 médicos, só restam 16 para cobrir os dois hospitais. Não foi divulgado o número de médicos que pediram demissão, suponho que seja mais de cem", explica o diretor. A Secretaria Municipal de Saúde não se manifestou sobre o assunto.

Servidores estaduais também se mobilizam

Os médicos da rede estadual se reuniram no último dia 19 no Sindimed para discutir as reinvidicações da classe. Dentre os assuntos em pauta, estão a discussão acerca da criação do instituto da Fundação Estatal de Direito Privado e a criação de plano de cargos e salários para os médicos no SUS (para saber mais sobre a fundação acesse o site http://www.fundacaoestatal.com.br/)

Como esta foi a primeira assembléia dos servidores estaduais, a mobilização da classe foi pequena. De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos, José dos Santos Menezes, "é importante que os médicos se mobilizem e freqüentem as assembléias, que participem das discussões para que sejam ouvidas e discutidas as necessidades de cada um". A próxima assembléia será no dia 4 de março, um dia antes da paralisação nacional dos médicos que trabalham para a rede estadual, que está prevista para o dia 5 de março. O movimento pretende mobilizar todos os setores do serviço médico, inclusive os da urgência.


"Funcionários pela porta dos fundos, por favor"

Segundo médicos da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, foi estabelecida recentemente uma regra que proíbe médicos e os demais funcionários de entrarem pela porta da frente. A medida, de acordo com o advogado trabalhista Marcos Nunes, é inconstitucional e pode ser considerada como discriminação.

Alguns funcionários da maternidade acataram à 'nova regra' temendo punições. Mas esse não foi o caso da médica D.C., que se mostra indignada com a situação. "Soube da decisão por meio do segurança da maternidade. Ao chegar para trabalhar fui impedida por ele de entrar pela porta da frente. Isso é constrangedor para nós, trabalhadores", reclama. A médica também questiona a inexistência de um comunicado oficial justificando a implantação da medida. A secretária da Diretora Administrativa da maternidade, que não quis se identificar, diz que a norma foi estabelecida desde a inauguração do local, mas não quis se manifestar sobre de que modo ela foi passada aos funcionários.

Por Cristiane Batista

20 fevereiro, 2008

Cinema e Literatura, dobradinha que deu certo

Grupo de extensão promove Seminário "Cinema e Literatura" na UFS

Palavra e imagem. Duas formas de expressão diferentes, mas relacionadas profundamente quando o assunto é arte. A relação entre Cinema e Literatura é o tema do seminário realizado na UFS entre os dias 19 e 21 de fevereiro pelo Centro de Estudos Cinematográficos (Cecine) da Universidade Federal de Sergipe, com apoio da Pró-reitoria de assuntos estudantis (Proest).

Aberto ao público e de inscrição gratuita, o evento promove a exibição de adaptações para a tela de obras literárias nacionais consagradas, no auditório da reitoria da UFS, às 14 horas. Ao final das sessões são promovidos também debates sobre os filmes.

Para Fábio Rogério, membro do Cecine e da comissão organizadora do seminário, o evento tem o objetivo de promover uma discussão aberta a toda a sociedade sobre o modo como uma obra cinematográfica é encarada. "O cinema não é só entretenimento, num filme é possível observar e refletir sobre várias temáticas, assim como num livro", argumenta Fábio, que também é estudante de História. Segundo ele, é necessário fomentar discussões para que o filme seja assistido com outra perspectiva.

De acordo com os membros do Cecine, a Universidade Federal de Sergipe incentiva pouco o cinema. Apesar de promover exibições periódicas, como no caso do projeto "Cinema no Campus", a UFS carece de projetos que estudem o cinema em si. O radialista e publicitário Mário César ressalta a importância da universidade na construção de um movimento de cinema em Sergipe. Segundo ele, a instituição deveria incentivar estudantes, como os de comunicação, por exemplo, a se envolver mais com o que se faz no Estado . "O problema não é só de produção. É de distribuição, divulgação etc. Por isso, precisamos formar um movimento amplo e coeso", reitera César.

Sobre o Cecine

Grupo de extensão da Universidade Federal de Sergipe, o Centro de Estudos Cinematográficos foi formado há cinco anos e tem como objetivo fazer uma análise ideológica, política, social, econômica e técnica de obras de cinema. O Cecine é um resultado da iniciativa dos professores Caio Amado e Romero Venâncio junto a estudantes da UFS interessados no estudo do cinema. O centro não recebe verba da universidade.

Para seus membros, o grupo tem importância fundamental no preenchimento da lacuna dos projetos de estudo sobre a sétima arte. Nele, os participantes são instigados a analisar a fundo e se posicionar sobre as obras, tanto em termos de conteúdo, quanto de estética. "O Cecine é um grupo de estudos, mas, de tanto estudar, você fica estimulado a produzir também", explica Fabio Rogério, que atualmente está produzindo seu primeiro curta, com patrocínio da Funcaju.

O Centro de Estudos Cinematográficos da UFS é aberto para qualquer pessoa. Basta comparecer a uma das reuniões, que acontecem todos os sábados, às 14 h, na FAPESE.

Primeiro dia

O romance vem depois do cinema? Corte, montagem, monólogo interior. A literatura teria inventado o cinema sem se dar conta? Além de dar respostas, o debate da abertura do evento se preocupou em deixar indagações. Provocar os participantes.

Depois da exibição do filme "Vidas Secas", dirigido por Nelson Pereira, baseado no livro homônimo de Graciliano Ramos, foi iniciado um debate coordenado por Fabio Rogério e Mário César. A participação de estudantes de várias áreas fomentou discussões sobre novos aspectos do filme. Entre alunos de Literatura, Geografia e Comunicação, por exemplo, mais de cem pessoas participaram da abertura.

Hoje seria apresentado e debatido o filme "Toda Nudez Será Castigada". Mas, devido a problemas técnicos, a adaptação da obra de Nelson Rodrigues não pôde ser exibida. O público fica então na expectativa para as análises da produção baseada no clássico de Clarice Lispector, "A Hora da Estrela", que acontecerá nesta quinta-feira.

Por Zeca Oliveira

19 fevereiro, 2008

Apesar das reformas, Resun mantém cardápio

Após quatro meses e meio de reforma, o Restaurante Universitário (Resun) apresenta uma nova organização do espaço. Ampliou-se a área do refeitório, que conta com mais 174 lugares (área total de 200m²), e instalou-se duas estufas para a conservação dos alimentos. As mudanças visam atender a demanda proveniente da expansão universitária.

No térreo foi construído um guarda-volumes (50m²), facilitando a vida dos portadores de deficiência motora, e adaptado o guichê para compra de tíquete no espaço entre os banheiros. Para a realização de eventos acrescentou-se ao hall do Resun um palco de alvenaria de 30m².

O restaurante conta com o apoio de 27 funcionários efetivos e um contratado. O acompanhamento dos alimentos é feito pela nutricionista Ana Ediléia. Ela escolhe os cardápios da semana e vai até a cozinha do restaurante para comandar toda a preparação dos componentes que integrarão o almoço. No entanto, o desperdício de alimentos por parte dos alunos é um assunto que preocupa. “Muita comida é jogada fora. Se não houvesse tanto desperdício, e cada aluno pusesse no prato apenas o que vai comer, talvez fosse possível melhorar a qualidade da comida”, afirma a nutricionista.

Qualidade da comida no restaurante

Apesar de ter sido feita uma reforma estrutural de médio porte, a comida, apontada por muitos alunos como inferior, continua a mesma. “Quando tem fígado no Resun, metade dos estudantes vai almoçar fora da universidade. Eu acho um absurdo eles continuarem servindo pratos que não agradem à maioria dos alunos”, afirma o estudante Carlos dos Anjos. Para Ediléia, mesmo que não sejam de gosto comum, alguns pratos devem continuar sendo servidos. “A comida do Resun é muito bem balanceada. Claro que nem todos os alunos gostam de carne moída, de peixe ou de frango cozido. Não se pode agradar a gregos e troianos”, diz.

Questionado sobre novos projetos que visem melhorar o almoço universitário, o secretário do Resun, Antônio Reis Andrade, afirma que, por enquanto, nenhum plano foi aprovado. “A nossa intenção é melhorar sempre que possível. Seja no preço, nas instalações ou na qualidade da comida. Entretanto, os custos do almoço são altos e novos meios de financiamento ainda não surgiram. Aumentar o preço do almoço talvez fosse uma medida que resolvesse, parcialmente, essa questão. Mas eu acredito que os estudantes seriam contra isso. O preço simbólico de R$ 1,00 permanecerá por muito tempo ainda”.

A posição dos alunos parece ser a mesma apontada pelo secretário. “O preço do almoço tem sido esse desde que o restaurante foi inaugurado, por isso, eu não concordo com essa mudança. A solução é arranjar novas verbas para custear o aumento da qualidade”, opina o estudante Henrique Xavier, do curso de engenharia civil. Daniela Farias tem a mesma opinião. “A gente sempre espera que a qualidade melhore, mas quanto ao preço do almoço, eu acho que deveria continuar o mesmo”, diz.

Por Carla Santana

16 fevereiro, 2008

Todos 'pra Uni'

Um em cada dez alunos de faculdades particulares sergipanas é bolsista do PROUNI

Em Sergipe, o programa pré-universitário da Secretaria de Estado da Educação e Desporto (SEED), somado a incontáveis outros fatores, aprovou até o momento cerca de 1200 alunos vindos de instituições públicas de ensino nos vestibulares de todo o país. Segundo a coordenação do Pré-Universitário em Sergipe, o número de aprovados em faculdades particulares corresponde a cerca de metade desse número. O fim da missão pré-universitária, entretanto, não é representado por tapinhas nas costas, mas pelo início de um outro programa: o PROUNI – Programa Universidade para Todos.

Nele, o apoio é voltado para o ingresso de estudantes de baixa renda nas instituições privadas de ensino superior. Ainda que não haja um levantamento do número exato de alunos ingressados nas universidades e faculdades sergipanas através do programa, a Secretaria de Estado da Educação estima que cerca de 10% das vagas das instituições são para os bolsistas.

Apesar da amplitude do programa, não há em Sergipe uma coordenação ou delegação voltada para a promoção ou fiscalização do PROUNI. Dentro da Secretaria de Estado da Educação – mais voltada para o ensino médio –, a professora Eliane Pinheiro, da Coordenação Pedagógica, é a principal responsável pela disseminação das informações do Ministério da Educação para o estado.

A inscrição no programa, segundo ela, exige requisitos financeiros e curriculares. “É necessário que o estudante tenha uma renda familiar de até três salários mínimos e um ensino médio cursado integralmente em escola pública”, explica. Alunos que cursaram escolas privadas na condição de bolsistas, se encaixados no requisito financeiro, também são aceitos pelo programa. “O que poucos sabem é que os professores já atuantes na rede pública de ensino também podem usufruir do PROUNI para concorrer a vagas em alguns cursos universitários”, complementa Eliane.

No ato da inscrição, o estudante tem direito a cinco opções de cursos e universidades, desde que as instituições escolhidas estejam cadastradas no programa. Segundo dados do MEC – confirmados pela Coordenação Pedagógica da SEED –, em Sergipe 21 unidades privadas de ensino superior estão cadastradas no PROUNI, sendo 13 delas na capital. Como não há um número exato do número de faculdades particulares atuantes hoje no estado, não se pode dizer com convicção o que as duas dezenas de instituições inscritas representam.

Mas, para a professora Eliane Pinheiro, o número é expressivo. “Hoje em dia são muitos os alunos que ingressam nas faculdades pelo PROUNI. E posso garantir que o tratamento dado a esses estudantes é absolutamente o mesmo que é dado a qualquer outro que entrou pelo sistema convencional”. Barrada pelo protecionismo com que as instituições privadas reservam aos seus alunos, o Contexto não conseguiu localizar nenhum bolsista assistido pelo programa que pudesse confirmar o que foi dito pela professora.



Para saber mais, consulte as vagas disponíveis em cada instituição do estado no site do Prouni.

Por Igor Matheus

15 fevereiro, 2008

É hora de garantir a vaga!

Inicia-se na próxima segunda-feira o período de matrícula institucional dos aprovados no vestibular da Universidade Federal de Sergipe. O período de 18 a 22 de fevereiro será destinado aos candidatos que concorreram a vagas nos campi de São Cristóvão e Laranjeiras. Já os aprovados para estudar em Itabaiana deverão efetivar o vínculo com a instituição no dia 30 de maio. As matrículas serão realizadas de acordo com o curso escolhido pelo aluno. Veja o local e as datas no site do Departamento de Administração Acadêmica: http://www.daa.ufs.br/Textos/Edital%204%20Matrícula%20Institucional%202008.htm

Para garantir a vaga, os estudantes deverão apresentar toda a documentação exigida a fim de evitar maiores transtornos. Segundo Lucymar de Souza Leite Santos, diretora substituta do Departamento de Assuntos Acadêmicos (DAA), no ano passado os principais problemas detectados foram ilegibilidade dos documentos e incompatibilidade de informações. Os dados presentes em todos os documentos exigidos devem estar de acordo com a certidão de nascimento do candidato, afirma. Mas não é preciso se preocupar. Caso o calouro não apresente a documentação completa nos dias programados para matrícula, a universidade concederá uma nova chance no dia 29 de janeiro.


É importante lembrar a necessidade de se pagar a taxa de matrícula do DAA, que corresponde ao valor de R$ 5,00, mais R$ 1,00 opcional para o Diretório Central dos Estudantes (DCE). Os pagamentos estão sendo feitos apenas em agências do Banco do Brasil ou nos respectivos caixas eletrônicos. É necessário também ter disposição para enfrentar as possíveis filas.

Na fila de espera

Enquanto as providências são tomadas para que nada dê errado, alguns estudantes ainda aguardam ansiosamente o surgimento de uma vaga. Segundo Lucymar, no vestibular de 2007 mais de cem alunos excedentes foram chamados. O principal motivo das convocações foi o fato de os alunos aprovados dentro do número de vagas não terem comparecido no local da matrícula, acrescenta a diretora.

Os candidatos que forem convocados para substituir os desistentes ou impossibilitados de assumir a vaga serão informados através do site do DAA já no dia 1° de março, logo após a segunda chamada para a entrega da documentação. O departamento indicará uma data específica para os excedentes apresentarem seus documentos.

Imprevistos acontecem, mas o fato de não poder comparecer ao local no prazo determinado não é motivo para perder a vaga conquistada. Caso o calouro não possa ir ao local da matrícula deverá adotar procedimento que autorize outra pessoa a efetuá-la em seu lugar. A diretora do departamento esclarece que o representante do aluno deverá portar uma procuração, o que pode ser feita manualmente, sem autenticação em cartório.

Diante da ampliação do número de vagas ocorrida no ano passado, foi necessário adotar medidas que evitassem imprevistos e lentidão no processo de realização da matrícula. Lucymar informa que o aumento no número de funcionários para efetuar o atendimento e a organização do cronograma foram as principais providências adotadas. Pequenas alterações também ocorreram este ano com o objetivo de atender cada vez melhor os novos alunos. Estabelecido o vínculo com a universidade, é só começar a nova fase.

Por Tarcila Olanda

13 fevereiro, 2008

Yoga sem contra-indicação

Em Aracaju, a prática do yoga, já bastante popular entre pessoas da 3ª idade, tem se difundido cada vez mais entre os jovens. De acordo com profissionais da área, a grande razão dessa maior procura é o aumento do stress. A extensão do yoga às academias convencionais também contribui para a ampliação e diversificação de adeptos. Isso gera, contudo, questionamentos, pois alguns professores da ‘filosofia milenar’, acreditam que esses não sejam lugares apropriados para a arte.

Os benefícios da atividade

Que são muitos os benefícios para os idosos que decidem praticar yoga, todos sabem. O trabalho conjunto entre mente e corpo os auxilia bastante a elevar sua qualidade de vida. Os exercícios de equilíbrio, concentração e flexibilidade, por exemplo, são fundamentais para evitar quedas, muito comuns entre pessoas com mais de 60 anos.

A aposentada Teresinha Porto, se envaidece ao falar sobre a elasticidade que seu corpo apresenta devido à prática do yoga nos últimos 16 anos, “alguns movimentos eu faço com mais facilidade do que minha filha”.

O que acontece com a filha de Dona Teresinha é o mesmo que ocorre com muitas outras pessoas: a correria de uma rotina de trabalho exaustiva não ‘lhes permite’ dedicar parte do dia para a realização de uma atividade física. Essa agitação diária acarreta inúmeras preocupações e desconfortos, o que acaba levando muita gente ao stress.

E esse é o principal motivo pelo qual a maioria das pessoas procura o yoga, de acordo com o instrutor Sw. Jivan Naveen. “Hoje todos andam a mil por hora, ninguém tem tempo para nada. As pessoas buscam o yoga por ele unir o trabalho corporal e a aquietação da mente num mesmo horário da agenda”, afirma.


O yoga e as academias de ginástica

A conveniência dessa união citada pelo professor também é percebida nas academias de ginástica, pois muitas delas contam hoje com aulas de yoga no seu programa. Alguns profissionais da área, entretanto, questionam o bom desenvolvimento da prática em meio à agitação própria desses lugares.

Naveen é um deles. Ele alega que o yoga pode perder um pouco de sua essência nas academias, principalmente em termos de energia, “porque lá toda a atmosfera gira em torno da mesma agitação que você vive fora dali”, mas acrescenta que essa desvantagem em relação às escolas especializadas na atividade, é percebida apenas pelos praticantes mais sensíveis.

Maria Rita Braga é instrutora de yoga há 2 anos, e atua hoje dando aulas em casa e em uma academia convencional. Ela reconhece ser um pouco difícil trabalhar fora do seu espaço, e afirma que “a maior dificuldade no ensinamento do yoga aqui [na academia de ginástica em que trabalha] é a falta de materiais necessários à prática da atividade, como simples blocos de madeira, por exemplo”.

Rita não acredita que a agitada energia das academias de ginástica faça com que a prática perca sua essência, pois define o yoga como algo sem restrições. De acordo com ela, todos podem praticá-lo, independente da idade ou do lugar onde o façam, e encerra dizendo que a atividade é, acima de tudo, “um estado de consciência, podendo ser praticada a qualquer momento. Você pode fazer yoga enquanto estiver caminhando na esteira, ou quando estiver fazendo o seu almoço”.


Por Christiane Matos

Foto: Christiane Matos
Adaptação fotográfica: Galileu Nogueira

11 fevereiro, 2008

Redução de acidentes na capital em 2007

O tráfego de veículos em Aracaju se tornou mais seguro em 2007. Os dados da Superintendência Municipal de Trânsitos e Transportes (SMTT) indicam que houve redução de 11% no número de acidentes de trânsito em relação ao ano de 2006. Um dos motivos foi o novo limite de velocidade estabelecido pela SMTT, que impõe velocidade máxima para os veículos de 60 km/h.

No ano passado, foram registrados 5.886 acidentes de trânsito em Aracaju, média superior, nos últimos quatro anos, apenas à de 2005, ano em que foram registradas 5.639 ocorrências. O número de vítimas fatais em acidentes também apresentou considerável redução – ocorreram 12 mortes a menos que em 2006.

A redução do limite de velocidade para 60 km/h faz parte da campanha “A Vida Vale Mais”, desenvolvida pela SMTT e implantada no segundo semestre do ano passado. A tendência é de que a diminuição no índice de acidentes que ocorreu nos últimos seis meses seja ainda maior durante todo o ano de 2008.

Novo limite

O atual limite de velocidade de 60km/h implantado pela SMTT gerou polêmica, principalmente por parte dos motoristas - insatisfeitos por serem obrigados a transitar lentamente pela cidade. Vias com grande circulação de veículos como as avenidas Tancredo Neves e Beira Mar, por exemplo, tiveram o limite anterior de 80km/h reduzido por causa da nova resolução.

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, o limite de 80 km/h deve ser aplicado somente em vias de trânsito rápido, que são caracterizadas pela ausência de semáforos ou lombadas e pela presença de passarelas para pedestres. Em Aracaju, não existe nenhuma via que atenda a esses requisitos.

Para monitorar o trânsito, foram instalados vários equipamentos eletrônicos pela cidade, como radares e lombadas eletrônicas. Esses equipamentos identificam a velocidade do veículo e punem os condutores que transitam acima do limite permitido. Os fotossensores instalados em semáforos, além de captar a velocidade, também identificam os veículos que invadem a faixa de pedestres ou ultrapassam o sinal vermelho.


Outras medidas

O consultor de segurança em trânsito, Reinaldo Santos, diz que a redução dos acidentes foi bastante acentuada e que as campanhas de conscientização podem contribuir para melhorar ainda mais o trânsito na capital. “É importante que se eduque a sociedade como um todo, e não apenas o condutor, pois também o pedestre e o ciclista muitas vezes facilitam a ocorrência de acidentes”, explica o consultor.

Outro fator que pode influenciar o número de acidentes de trânsito é o número de veículos por habitante – uma média de dois carros a cada sete cidadãos. Em 2007, foram contabilizados 147.323 carros particulares na capital, o que equivale a cerca de 850 veículos por quilômetro quadrado (Aracaju tem uma área de 174 quilômetros quadrados), um índice elevado para uma cidade de médio porte.

Para diminuir o fluxo de automóveis, deve haver espaço para outros meios de transporte como, por exemplo, através da construção de ciclovias. O comerciante Cláudio Macedo acredita que a melhoria do sistema de transporte público, se realizada com eficiência, poderia surtir efeito na redução de automóveis “Não basta apenas comprar alguns ônibus novos e abrir uma ou duas linhas. A melhoria tem que ser significativa”, enfatiza Macedo.

Por Fernando Pires

09 fevereiro, 2008

Espanhol nas escolas públicas sergipanas 'solamente' em 2010

Em Sergipe, apenas escolas particulares disponibilizam o espanhol como opção de língua estrangeira. Na rede estadual, nenhum dos quase 74 mil alunos possui a disciplina no currículo pleno. De acordo com a diretora do Departamento de Educação do Estado de Sergipe, Maria Izabel Ladeira, a língua espanhola só será adotada pela rede pública em 2010, último ano do prazo estabelecido pelo MEC.

A implantação do ensino do idioma para o Ensino Médio nas escolas públicas e particulares, de forma gradativa, é obrigatória desde 2005. A lei que regulamenta o ensino foi aprovada no Congresso Nacional, após discussões iniciadas em 1991.

Esclarecimentos

A justificativa principal para a demora é a falta de profissionais para suprir a demanda de vagas em todos os 75 municípios sergipanos. “Atualmente, só temos quatro professores habilitados em língua espanhola”, explica Isabel Ladeira, referindo-se ao número de profissionais já efetivados no magistério sergipano. Ainda segundo ela, a Secretaria de Educação pretende qualificar professores formados em outras áreas, que estejam aptos a ensinar o idioma até 2010. A abertura de edital para concurso público não tem data definida.

Para a Professora do Departamento de Língua Espanhola da UFS, Célia Navarro Flores, a proposta da Secretaria de Educação de formar profissionais por capacitação foi alvo de críticas num Seminário de Estudos Hispânicos, oferecido pela Universidade, ano passado. “Sergipe já tem uma mão de obra de alunos formados que poderiam estar assumindo esses cargos, de preferência via concurso público”, diz Célia.

A estudante do 4º período de Letras-Espanhol da UFS, Selma Cerqueira de Jesus, também não concorda com a qualificação de professores para o ensino do espanhol sem que eles tenham a formação adequada. “Os alunos que estão na faculdade hoje querem trabalhar na área em que se formarão”, comenta a universitária.

A Secretaria de Educação de Alagoas, por exemplo, desde 2007 contrata professores de espanhol efetivos e temporários. Seguindo o estabelecido por lei, nas escolas públicas do estado vizinho os alunos já têm a opção de estudar também esse idioma. Anteriormente o inglês era a única língua estrangeira disponível nos currículos escolares. Para o Ensino Fundamental, a oferta da nova disciplina é facultativa.

Por Getúlio Cajé

Sergipe já tem delegacia online

“Cada vez que mais pessoas tomam conhecimento da delegacia interativa, mais aumenta o número de atendimentos. De agosto do ano passado a janeiro deste ano foram 6700 registros validados”. Afirma a Delegada Thaís Santiago, diretora da Coordenadoria de Pesquisas e Estatísticas da Polícia Civil.

A Delegacia Interativa é um serviço oferecido pela Secretaria de Segurança Pública de Sergipe, executado pela sua Diretoria de Tecnologia da Informação, que permite ao cidadão registrar, via Internet,quando sentir-se lesado por: furto ou extravio de celular ou documentos pessoais, bem como colisão de veículos sem vítimas.

Procedimentos

Os dados necessários para registro da ocorrência são RG, CPF, nome da mãe, telefone de contato e descrição do fato. Só maiores de dezoito anos podem utilizar o serviço, sendo que o registro de fatos ocorridos com menores deve ser feito pelo pai ou responsável.

O usuário comunica o fato de qualquer terminal de computador e, num prazo máximo de 24 horas, pode imprimir o Boletim de Ocorrência, sem precisar comparecer a uma delegacia. “Apesar de ser emitido a distância, o BO tem o mesmo valor de um boletim emitido numa delegacia convencional. Caso haja necessidade de comprovação de autenticidade, o interessado acessa o portal da Delegacia Interativa e, no MENU ‘emissão de boletim de ocorrência’ digita o número do boletim, o CPF e a senha; o sistema mostra o boletim impresso e a palavra válido, comprovando a autenticidade do documento”. Informa a delegada.

“Se o usuário esquecer da senha, perder o boletim e precisar em algum momento do BO, ele pode ligar para telefone 3216-5400, conversar conosco, fornecer o CPF e obter uma 2ª via do boletim em qualquer lugar em que ele esteja”, acrescenta.

A Delegacia Interativa funciona 24 horas, de segunda a sexta-feira. Nos sábados, domingos e feriados o BO não pode ser emitido, mas o cidadão pode registrar on-line a ocorrência para, no primeiro dia útil receber, por e-mail, a autorização para imprimir o boletim. Todos os registros realizados no período do carnaval, pouco mais de cem, foram validados na quinta-feira.

“O BO interativo não instaura inquérito, porque nós só registramos fatos atípicos. Denúncias de roubo ou outro crime devem ser feitas presencialmente numa delegacia”. Observa Thaís.

Ocorrência de trotes

“O número de trote é mínimo. Eu, durante o período em que estou aqui, nunca vi. O que pode acontecer é a pessoa ter seu boletim invalidado por erro nas informações. Nesse caso, como ocorre com os BOs validados, nós informamos por e-mail que o boletim foi invalidado e o motivo; a pessoa pode, se for possível, rever o erro e registrar um novo BO, sem problemas”, esclarece a delegada.

Existem alguns fatores que inibem o trote: assim que acessa a Delegacia Interativa, o terminal de computador que está sendo utilizado pelo usuário é rastreado; além disso, o cidadão informa dados pessoais, e por isso é alertado na página inicial do site de que falsa comunicação à polícia é crime previsto no artigo 340 do Código Penal brasileiro, com punição de 1 a 6 meses de detenção e multa. Ademais, existe ainda todo o respeito à Polícia que o cidadão costuma apresentar, dado o valor dessa instituição para a sociedade.

Além da Delegada Thaís, responsável direta pela Delegacia Interativa, outros dois profissionais trabalham em turnos diferentes para analisar os dados enviados pelos usuários, e só depois dessa avaliação é que o registro é liberado para impressão.

O sucesso da delegacia interativa estimulou a SSP a disponibilizar outros serviços on-line para os sergipanos: o Atestado de Antecedentes Criminais, para aqueles cuja carteira de identidade tenha sido emitida pela Secretaria de Segurança Pública de Sergipe a partir de março de 1996; e a Custódia de Materiais Apreendidos, em que o cidadão que teve algum bem roubado pode descobrir pela Internet se o objeto já foi encontrado, a fim de que possa reavê-lo.


Para mais informações:

http://www.delegaciainterativa.se.gov.br/
https://www.se.gov.br/ssp/atestado
http://www.sspvirtual.se.gov.br/custodia/


Por Luciene Alves de Oliveira

Foto: Luciene Alves de Oliveira

08 fevereiro, 2008

UFS gastou R$ 108 mil com cartões corporativos em 2007

A Universidade Federal de Sergipe gastou R$ 108.643,03 com cartões corporativos em 2007. Este valor é bastante superior ao de 2006, quando se registrou a despesa de pouco mais de R$ 6 mil com a utilização do mesmo serviço. Dessa maneira, a UFS foi, no quadro de gastos do Ministério da Educação, a oitava universidade federal do País que teve mais despesas com o cartão em 2007.

O uso indevido dos cartões tem sido denunciado repetidamente nos últimos dias pela imprensa nacional. A maior parte da discussão gira em torno da quantidade dos gastos realizados e das pessoas que utilizam o serviço para fins particulares, desviando-o de sua verdadeira função, que é a de custear despesas emergenciais de baixo custo.

Em tese, o servidor federal tem o direito de usar o cartão para gastos vinculados à Administração Pública, e as próprias instituições devem fiscalizar a sua utilização. Havendo irregularidades, o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União (CGU) se encarregam de investigar o caso. Todos os gastos estão disponíveis para visualização no Portal da Transparência (www.portaldatransparencia.gov.br).

De acordo com informações obtidas no site, o Ministério da Educação foi o terceiro órgão que mais utilizou esses recursos em 2007, atrás apenas da Presidência da República e do Ministério do Planejamento, respectivamente. Dessa maneira, as universidades federais se encontram como as maiores beneficiárias do serviço dentro do Ministério.

A Universidade de Brasília (UnB) foi a que mais gastou com o cartão no ano passado: R$ 1.234.512,42, sendo responsável por 31% do total gasto por todo o Ministério desde 2004. Esta, junto com a Universidade Federal de São Paulo (terceira que mais utilizou os recursos em 2007, atrás da Federal do Piauí) está sob suspeita de fraude pelo fato de alguns dos funcionários do alto escalão terem pagado contas altíssimas em vários estabelecimentos, como restaurantes de luxo e até mesmo farmácias.


A fiscalização na UFS

Apesar de algumas das instituições estarem sendo investigadas por mau uso do serviço, o pró-reitor de administração da UFS, Manuel Alvelos, garante que na Universidade isso não acontece, pois “o Departamento Financeiro e a Contabilidade filtram todas as notas fiscais, valores etc”. Segundo ele, apesar de todos os servidores terem o direito de solicitar o benefício, os pedidos são analisados, e o cartão só é dado àquela pessoa se realmente houver necessidade: “Eu não tenho o cartão, o reitor não tem”, complementa.

De acordo com ele, para se adquirir o cartão é necessário fundamentar o pedido, alegando quais as necessidades de a pessoa (no caso de motoristas, por exemplo) ou o departamento solicitante obter o serviço. A Pró-Reitoria de Administração (Proad) analisa a solicitação e passa para o Banco do Brasil, que é quem emite o cartão.

Sendo este emitido, para cada vez que se precise utilizá-lo, o servidor deve fazer um pedido de liberação de verba, estipulando o valor necessário e o motivo da despesa. O processo é analisado pela Proad e segue para o Departamento Financeiro. Para cada suprimento, o limite é de R$ 8.000,00 por mês, e nenhuma compra deve exceder o valor de R$ 800,00.

Na boca do caixa

O que causa mais polêmica, no entanto, são os saques na boca do caixa, que além de não terem limite, não geram uma comprovação do tipo de gasto efetuado. Dentre os 26 portadores do cartão na UFS, 20 não fizeram compras diretas, mas efetuaram vários saques em 2007, alguns chegando até o valor de R$ 1 mil. Um dos beneficiários, por exemplo, gastou em torno de R$ 21 mil somente em retiradas diretas de dinheiro.

Contra essa argumentação, o diretor financeiro da UFS, Juviano Garcia, afirma que só podem ocorrer fraudes se houver o envolvimento direto dos responsáveis por liberar as verbas do cartão, já que este, a princípio, tem o saldo zerado. “Em termos de controle, só há descontrole se quiser”.

Segundo ele, para que o usuário possa fazer o saque (ou mesmo compras), é necessário que se peça a permissão com antecedência para que o dinheiro seja liberado. Após a compra, o servidor deve apresentar as notas fiscais, comprovando os gastos. “Se o funcionário extrapolar o limite, paga do próprio bolso”, ressalta.

Restrição dos saques

Mesmo com todo o controle interno das verbas, Juviano é favorável à atitude do governo de restringir a retirada do dinheiro dos caixas eletrônicos, para se obter maior transparência nos gastos. “Não há sentido em haver saque. Eu achei ótimo isso, quanto mais rigidez, melhor”. Além disso, acredita que, com essa limitação, haverá uma redução considerável nas despesas.

Juviano afasta definitivamente qualquer possibilidade de fraude com os cartões na UFS e explica que os funcionários que fazem uso indevido do serviço, por menor que seja, recebem a punição cabível. Como exemplo, cita o caso de um motorista que “fez duas besteiras seguidas com o cartão, por inocência ou por má fé”, e teve cancelado seu benefício. Segundo ele, esse funcionário não poderá mais obter o serviço, mesmo que o necessite no seu dia-a-dia de trabalho. Quando perguntado sobre os motivos dos altos gastos da UFS em 2007 em relação a outras universidades, Juviano diz que “isso não se explica, pois cada instituição controla da forma que quer, umas são mais rígidas, outras menos”.

Para Marlucy Gama, diretora do Colégio de Aplicação e usuária do cartão, “o serviço melhorou bastante em relação ao processo anterior, facilitou as coisas”. De acordo com ela, apesar de os trâmites de aprovação da verba demorarem geralmente o período de uma semana, o procedimento se tornou muito mais eficiente para cobrir necessidades urgentes e inadiáveis.


Por Thiago Rocha e Rafael Gomes
Imagem: site do governo