15 fevereiro, 2007

Estágios facilitam o ingresso de estudantes no mercado de trabalho

Kathyanne Santana é formada em Administração pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Trabalha como auxiliar de Departamento Pessoal em uma indústria em Aracaju. Mas para conseguir este trabalho, Santana estagiou primeiro em uma fundação. “Foi justamente por eu ter estagiado na área de gestão de pessoas que, hoje, eu estou trabalhando nesta firma”, destaca Santana. Ela conseguiu este estágio por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de Sergipe – Fapese.

Fapese

A Fapese tem por finalidade apoiar, promover, executar e subsidiar programas e atividades da UFS e de outras Instituições de Sergipe, consideradas relevantes para o desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e social do Estado. Entre as ações da Fundação está o Programa Especial de Estágios nas Empresas, que tem o objetivo de integrar o estudante ao mercado de trabalho. “Para isso estamos em constante contato com empresas e com possíveis locais que dêem essa abertura para que o aluno tenha uma experiência profissional”, segundo a Coordenadora de Estágios, Lucineide dos Santos Feitosa.

De acordo com a Coordenadora, a Fundação busca as empresas e estas determinam o perfil do estagiário de que necessitam para que a Fapese faça uma pré-seleção em seu banco de alunos e os encaminhe para a entrevista. “A Fundação faz a ponte, a intermediação para que o aluno tenha a oportunidade de colocar em prática àquilo que ele apreendeu na teoria”, explica Feitosa.

Tanto alunos quanto empresas podem se cadastrar no endereço http://www.fapese.org.br/ ou se dirigir ao Espaço Fapese, localizado no Shopping Riomar, em Aracaju. A Fapese já encaminhou 25 estudantes para estágios e seu banco de cadastros conta, atualmente, com 2.200 alunos e 33 empresas inscritas. “Estamos num processo de expansão, mas ainda falta muita divulgação dos nossos serviços” – declara Lucineide Feitosa – “E durante este ano estaremos investindo em divulgação na UFS para os calouros e também em outras instituições de ensino, além de procurar novas empresas para cadastro”.

Codex

A Coordenação de Expansão (Codex), vinculada a Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da UFS é a responsável pelo cadastro e encaminhamento de alunos da instituição a estágios, sejam eles obrigatórios ou não. Os obrigatórios são os estágios curriculares que são pré-requisitos à formação do universitário. A Codex também faz o contato com as empresas para firmar convênios.

Segundo Elizabeth Azevedo, coordenadora da Codex, existem 321 empresas cadastradas no banco de dados da Coordenação e mais de 1.800 estudantes estagiando em empresas conveniadas.

O estudante pode se cadastrar na secretaria da Codex, no andar superior da Reitoria, no Campus de São Cristóvão ou via on-line (http://www.sipex.ufs.br/). Para Azevedo, “muitos alunos da UFS não tem conhecimento dessa oportunidade de estágio e não se inscrevem no programa”. Além desse serviço, a Codex é responsável também por outros eventos, cursos de extensão e projetos como o “Posso Ajudar”, que oferece assistência aos pacientes do Hospital Governador João Alves Filho, sob a orientação do professor José Arnaldo Palmeiras. Ainda segundo a coordenadora da Codex, o projeto “Posso Ajudar”, que recebeu em 2006 o Prêmio Nacional de Saúde, conta hoje com 174 alunos voluntários das áreas de Psicologia, Enfermagem, Medicina e Jornalismo.

Para mais informações acesse:

Fapese
Sipex


Por Valter Lima
Valter_lima_12@hotmail.com

14 fevereiro, 2007

Comerciantes reclamam de pontos de venda do Terminal Leonel Brizola



Inaugurado em julho de 2006 para substituir o antigo Terminal da Zona Oeste, o Terminal Leonel Brizola é o maior do sistema integrado de transportes de Aracaju. Diariamente, milhares de passageiros passam por ele em direção ao trabalho. E o próprio terminal é o ponto de venda de alguns ambulantes.


Estes não ocupavam um lugar fixo no antigo terminal. Porém, para trabalhar no recém-construído Leonel Brizola, foram obrigados pela Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) a ocupar um espaço pré-determinado. O local é longe das plataformas de embarque e desembarque de passageiros, além de ser descoberto, o que deixa os vendedores e suas mercadorias à mercê do sol e da chuva.


Segundo o assessor de comunicação da SMTT, Jairo Alves, os motivos para a concentração dos pontos de venda foram organizar o espaço do terminal e facilitar o trânsito de passageiros entre as plataformas. “Esta reorganização foi baseada na desorganização que existia no antigo terminal. As pessoas se esbarravam com as barracas ao sair e entrar nos ônibus, fora que causava um grande tumulto nos horários de pico”, justifica.


Porém, na opinião dos vendedores, a SMTT poderia formular uma alternativa para a distribuição dos pontos de venda no terminal. “Não queremos atrapalhar os passageiros. Queremos apenas garantir nossa sobrevivência. Além disso, pagamos para vender aqui”, reivindica Teófila Ribeiro, que vende bijuterias no terminal há oito anos. Ela explica que os ambulantes pagam uma taxa mensal de R$ 10 para poder trabalhar no local.


“Já estivemos algumas vezes lá na SMTT. Tentamos entrar em contato com o antigo superintendente, mas ele se mostrou indiferente ao nosso caso. Esperamos que o novo superintendente, Samarone, seja um pouco mais atencioso”, acrescenta a vendedora. Ela diz que os ambulantes, ainda na antiga direção da SMTT, enviaram pedidos para um estudo do caso, mas ainda não tiveram retorno.


Segundo Cleone dos Santos, vendedor de balas há três anos, a SMTT impôs também a padronização das barracas de venda, cujo custo passou dos R$ 1.500,00. “Para conseguir este dinheiro, fizemos um empréstimo no banco, mas ainda não conseguimos pagar porque nossa venda está muito fraca”, desabafa. Ele ainda destaca que cada vendedor não arrecada mais de R$ 10,00 por dia.


As queixas de Vânia Cristina vão além das vendas fracas. A vendedora de pipocas e doces há 10 anos desabafa, comovida, que ela e a mãe já tiveram problemas de saúde por estarem trabalhando sem proteção contra o sol. “Aqui, nós ficamos desprotegidos de sol e chuva. Nossa saúde está sendo prejudicada e nossos produtos estão estragando em contato com o sol”, lamenta a vendedora.


Na opinião de Roberto Batista, que passa pelo terminal Leonel Brizola todos os dias, poderia haver uma melhor distribuição dos vendedores. A plataforma de embarque de ônibus utilizada por Batista fica no lado oposto às barracas. “Se eu quiser consumir algo, tenho que me deslocar do meu ponto. Muitas vezes eu desisto”, afirma o passageiro.


Como resposta às reclamações, o assessor de comunicação informa que a SMTT está estudando o caso e convoca os vendedores para uma reunião. Na oportunidade, poderão fazer um novo pedido de avaliação das condições de trabalho. Ele alerta que a SMTT não visa prejudicar ninguém com a organização atual, apenas facilitar a vida dos usuários de transporte público.


Por Adrine Cabral

13 fevereiro, 2007

Projeto Mãe Canguru humaniza o tratamento de recém-nascidos de baixo peso

















Com o projeto Mãe Canguru, a maternidade Hildete Falcão busca humanizar o tratamento de recém-nascidos prematuros e com baixo peso e de sua família, possibilitando uma alta precoce e amenizando os problemas de infra-estrutura enfrentados pela maternidade. O projeto já é desenvolvido em diversos hospitais do Brasil, mas, em Sergipe, a maternidade Hildete Falcão é pioneira na oferta desse serviço.

O projeto Mãe Canguru conta com quatro enfermarias, cada uma com três leitos, uma UTI neonatal, que recebe tanto os recém-nascidos do projeto como os que têm peso normal, um ambulatório e um banco de leite, o segundo do Estado. Segundo o coordenador do projeto, Alex Santana, o número de leitos das enfermarias é insuficiente. “Às vezes, 30 mães têm que dividir os 12 leitos. Então, fazemos um revezamento”. Santana, afirma ainda que o número de leitos da UTI neonatal da maternidade não é suficiente para atender a todos os bebês que nascem prematuros ou com peso abaixo do ideal. Sobretudo porque a maternidade, além de receber grávidas de todo o estado de Sergipe, também atende grávidas oriundas de alguns municípios dos estados de Alagoas e Bahia.

Sobre a transferência da maternidade Hildete Falcão para a nova Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, o coordenador afirma não saber como ficará o espaço para o projeto. “Não sabemos se será maternidade para gravidez de risco, ou não. Se teremos mais leitos, ou não. Espero que ganhemos mais espaço”.

O método Mãe Canguru

O método começa a atuar a partir do momento em que o médico detecta uma gravidez de alto-risco. Algumas vezes, as gestantes já são encaminhas à observação, permanecendo no hospital à espera do parto e recebendo alimentação adequada.

Quando o bebê nasce com baixo peso, ele é encaminhado à UTI neonatal, onde fica sob observação e cuidados do neonatologista e coordenador do projeto, Alex Santana, que conta com uma equipe multidisciplinar composta por pediatras, psicólogos, oftalmologistas, entre outros profissionais.

O recém-nascido permanece na UTI até atingir o peso em que possa ser entregue aos cuidados da mãe – entre 1,65 e 1,8 quilos – quando é transferido para a Enfermaria Canguru.
Nesta fase, a mãe já pode alimentar a criança, sendo orientada pelo pediatra quanto aos cuidados que deve ter com o recém-nascido. No próprio hospital, as mães passeiam com seus filhos no colo, dentro de uma blusa especial, para que possam receber a temperatura que necessitam e já irem se adequando ao colo materno.

Ao atingirem o peso ideal, mamães e bebês são liberados do hospital, mas já saem com consulta marcada para que especialistas acompanhem o crescimento e desenvolvimento da criança. “Ao sair daqui, eles ainda são acompanhados e marcamos suas consultas. É tudo bem organizado”, afirma o pediatra e coordenador do projeto.

Desenvolvimento do bebê

Segundo Santana, o contato com a mãe é muito importante para o desenvolvimento da criança. Ele esclarece que antes, os recém-nascidos em risco permaneciam na UTI neonatal até atingirem 2 quilos e praticamente não tinham um acompanhamento adequado. Assim, os bebês apresentavam um desenvolvimento diferente em comparação com o de uma criança nascida com peso normal.

Com o projeto, além de a criança ganhar os braços e os cuidados da mãe, ambos são acompanhados por uma equipe de médicos especializados. Para o coordenador do projeto, é notável a diferença no desenvolvimento de uma criança que fica na UTI neonatal com a de uma que participa do Projeto Canguru. “Agora, as crianças crescem sem seqüelas. O que não acontecia quando se conservavam na UTI”. Santana ainda acrescenta que o projeto Mãe Canguru também visa humanizar a relação entre mães e bebês em risco, que antes ficavam separados até serem liberados pelo hospital.

Por Adrine Cabral

Fotos: Adrine Cabral

Pára-quedismo atrai novos adeptos em Aracaju


Emoção, adrenalina e sintonia com a natureza, estas são algumas das sensações vividas por quem salta de pára-quedas. Um instrumento que há pouco tempo era utilizado quase que exclusivamente como meio de suprir necessidades de tropas em épocas de guerras, hoje possibilita a prática de um esporte radical com adeptos em boa parte do mundo, inclusive em Aracaju.

Na capital sergipana, o pára-quedismo teve sua estréia em 1973, quando uma equipe de Recife realizou diversos saltos de demonstração. O ocorrido despertou o interesse de alguns aventureiros locais, dentre eles o estudante Marco Antônio Aragão Lobão, que resolveu fazer um curso na própria Recife e não largou mais o esporte. Hoje, com a experiência de quem já saltou quase 1000 vezes, ele é o presidente do único clube da modalidade existente no Estado.

A prática em Aracaju teve vários momentos de instabilidade, no entanto, desde 1995 mantém certa regularidade. Segundo Aragão, aqui é um bom local para saltar por diversos fatores como o clima propício, o vento não muito forte e a pouca chuva. “Além do que as praias têm uma área extensa para o pouso em linha reta”, explica. Aragão ainda revela que, devido à boa iluminação, a orla de Aracaju é a única do país que tem permissão para saltos até a meia noite.

Um campeonato local não acontece desde 2001, quando foi realizado o primeiro e último até então. O motivo exposto pelos praticantes está num problema que atinge a grande maioria dos esportes em Sergipe: a falta de patrocínio. Outra dificuldade é a carência de pilotos com licença para fazer esse tipo de vôo.

Novos adeptos

Aragão ressalta que os cursos de pára-quedismo normalmente têm uma boa procura, apesar de o valor gasto ser uma dificuldade extra, principalmente para quem está iniciando. “Chega a custar o dobro se comparado com quem já tem experiência porque assim que entra o aluno gasta com equipamento e aulas”, justifica.

A engenheira civil Elaine Santana Silva, 27 anos, conta que sempre quis experimentar, mas começou mesmo a praticar pára-quedismo em 2001 por causa de um ex-namorado. “Ele viu um anúncio e me deu um curso de presente”, conta a jovem que se diz apaixonada por adrenalina. Questionada se relutou na hora de saltar, diz que “quando uma pessoa deseja muito uma coisa não tem medo, mas, sim, vontade”.


Esporte Seguro

O pára-quedismo é um esporte muito rigoroso nas normas, tanto que é considerado um dos mais seguros dentre os denominados “esportes radicais”. Antes de se comprometerem a dar aulas a algum interessado, os cursos exigem exames para que sejam comprovadas condições básicas de saúde. Pessoas com enfermidades relacionadas ao coração, por exemplo, devem evitar a modalidade.

ASL e AFF

As escolas de pára-quedismo devem seguir regras mundialmente estabelecidas pela Federação Aeronáutica Internacional, através de seu Comitê Internacional de Pára-quedismo. Dessa forma, existem dois métodos de aprendizado, o Accelerated Static Line (ASL) e o Accelerated Free Fall (AFF).

O ASL é um curso para iniciantes que, justamente por atingir adeptos sem experiência, tem uma preocupação extra com a segurança dos alunos. Nele são dados os conhecimentos teóricos e práticos básicos. Os primeiros saltos são com uma fita presa ao avião que, quando estica dá início ao processo de acionamento do pára-quedas. Já o AFF é mais avançado, cabendo ao aluno desde o primeiro salto a responsabilidade pelo acionamento.

Por Hádam Torres

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Confederação Brasileira de Paraquedismo

Aragão, Equipe Boa Luz: (79)9992-8942

Foto: Federação Baiana de Pára-quedismo


RPG: uma maneira de diferenciar o ensino

Momentos de brincadeira sempre ficam guardados nas memórias de infância. Quem não se recorda de alguns papéis como os de “mãe” e “pai” na hora de brincar de “casinha”, ou até mesmo a divisão de personagens para as brincadeiras de “polícia e ladrão”? Acrescente algumas regras e tem-se algo muito próximo de um RPG.

O que é RPG?

A sigla em inglês para Role Playing Game pode ser traduzida livremente para a língua portuguesa como “Jogo de Representação” ou “Jogo de Interpretação de Personagens”. Através da mistura de estratégia com informação, os RPGs podem ser presenciais ou on-line.

RPG pode ser definido como uma história onde são criadas personagens e narrativas guiadas por um conjunto de regras. Cada jogador interpreta uma personagem protagonista; um dos jogadores mais experientes representa o Narrador, também conhecido como Mestre do Jogo, cujo papel é propor uma missão ou aventura para o grupo. O Narrador também controla todos os personagens não-humanos da história – os figurantes, numa analogia com uma peça de teatro.

O que diferencia fundamentalmente os RPGs dos outros jogos é a ausência de vencedores e perdedores. Os jogadores não competem entre si, mas cooperam em busca de vencer os desafios propostos pelo Narrador.

RPG e educação

De acordo com Carlos Klimick, mestre em Design e escritor de RPG há 15 anos, as características de trabalho em grupo de forma cooperativa e interativa, além da capacidade de simulação da realidade, fizeram com que o RPG atraísse a atenção de educadores por facilitar a apreensão de conhecimento através das narrativas.

Klimick foi um dos criadores do RPG “O Desafio dos Bandeirantes” (1992), cuja ambientação baseia-se no folclore brasileiro. Ao ver o sucesso e os resultados obtidos, o designer começou a trabalhar em escolas, juntamente com a esposa, também escritora de jogos, Eliane Bettocchi. Segundo Klimick, a forma expositiva comum e o uso do RPG se complementam. Porém, em sua opinião, “um erro comum é o de tentar usar, sem adaptação alguma, o RPG comercial para fins didáticos. Ele deve ser utilizado dentro da postura pedagógica, em parceria com professores e coordenação”.

Outro trabalho de destaque de Klimick foi “Uma Aventura no Zôo”, um projeto iniciado em 2002 com o objetivo de auxiliar o aprendizado de crianças surdas. A criação foi produto de sua pesquisa junto ao Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines).

RPG em Sergipe

O RPG conta com a fidelidade de dezenas de sergipanos. Segundo Anderson Santos, um dos organizadores do Dia D RPG Brasil, os jogadores dividem-se em grupos, geralmente formados por amigos. As aventuras são “mestradas” na casa ou na garagem de um dos jogadores.

Sobre a relação entre RPG e o ensino, Santos defende a idéia de que é necessário que se faça um estudo de referencial para a produção dos textos, da arte e da confecção do material do jogo – fontes histórico-geográficas, desenhos das personagens, tabuleiros, mapas, ambientação etc.

Anderson Santos afirma que existem vários projetos sendo desenvolvidos por alunos e professores para usar RPGs como forma de ensino. Como exemplo, cita Danilo Lemos Batista, professor substituto do Departamento de Matemática (DMA) da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que apresentou recentemente um projeto para a utilização de RPG em aulas de Matemática, tanto nas universidades como nas escolas.

Dia D RPG Brasil

Nos dias 10 e 11 de março acontecerá o Dia D RPG Brasil. O evento será realizado simultaneamente em 20 cidades. Em Aracaju, o Sesc Centro será o ponto de encontro dos aficionados e curiosos. A entrada é franca.

De acordo com Anderson Santos, o Dia D contará com atividades relacionadas ao RPG, exibições de animes e vídeos originais, torneio oficial de card games, concursos diversos, oficinas de desenhos, venda de quadrinhos etc.

Por Gracielle Nunes
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12 fevereiro, 2007

UFS assegura moradia e outros benefícios para universitários de baixa renda

Universidade Federal de Sergipe (UFS) recebe mais de dois mil alunos anualmente. No último vestibular, o corpo discente ultrapassou a casa dos três mil devido à criação de novos cursos e ao aumento do número de vagas em alguns cursos. São universitários provenientes de distintas classes sociais, diversas regiões do país e de idades variadas. Entretanto, todos guardam em comum não apenas o sonho de ingressar numa universidade federal, mas também o de concluir o curso superior.

Infelizmente a realização deste sonho nem sempre é possível. Geralmente, os mais prejudicados são aqueles que possuem baixa renda familiar e que são provenientes de municípios no interior de Sergipe ou de outros Estados. Contudo, o que muitos não sabem, é que podem contar com o apoio da universidade através do Programa de Residência Universitária, que assegura moradia aos estudantes de baixa renda, além de outros benefícios que contribuem para a permanência do aluno na universidade.

Critérios básicos de seleção

Para participar do programa, que existe na UFS desde 1970, os alunos devem se enquadrar em três exigências básicas: possuir renda familiar inferior ou igual a 90% do salário mínimo per capita - quanto maior o número de pessoas em uma família com renda fixa, menor é a renda per capita –, não ser residente na Grande Aracaju – Aracaju, São Cristóvão, Laranjeiras, Socorro e Itaporanga – e ser aluno calouro.

Como o principal objetivo do Programa de Residência Universitária é manter o aluno na universidade, não são aceitos estudantes que tenham vínculo empregatício. A coordenadora da Coordenação de Assistência e Integração do Estudante, Neilza Barreto, esclarece que com este vínculo o aluno não dispõe de horário para cursar o número de créditos por período, além de não se dedicar aos estudos. Já os estágios remunerados na própria universidade ou em outras instituições, bem como as pesquisas acadêmicas, são permitidos pois, por terem carga horária limitada a um turno, possibilitam a conciliação com os estudos.

Bolsa residência e moradias

A principal ajuda que o programa oferece é a bolsa residência, cujo valor é de 702 reais para cada residência. Hoje, o programa conta com 22 moradias, das quais 11 são masculinas e 11 femininas, sendo oito estudantes por residência. Geralmente, são os próprios alunos que escolhem a moradia, cuja preferência tem sido por apartamentos que se concentram nos bairros Nova Saneamento, Salgado Filho, Gragerú, Suissa e Ponto Novo.

O valor da bolsa é destinado ao pagamento do aluguel, do condomínio – no caso de apartamento -, água, energia e gás. Normalmente esta despesa varia de 500 a 600 reais e o valor que sobra – a poupança – é depositado na conta do/a tesoureiro da casa e empregado quando necessário. A coordenadora do Codae diz que muitos alunos têm utilizado esta reserva para comprar computador para a casa.

Cabe ao programa também, orientar os residentes sobre como gerenciar a casa, como administrar os recursos e desenvolver as tarefas do lar solidariamente. “Eles são os responsáveis pela casa”, justifica a coordenadora Neilza Barreto. A estudante do 4° período de Geografia, J.S.S., que foi residente durante um ano e oito meses, lembra que todo mês era feito um balancete com o registro de todos os gastos mensais e que, juntamente com as notas fiscais, era entregue à Codae.

A estudante de Geografia, J.S.S., reconhece que se não fosse o Programa de Residência não seria possível se manter em Aracaju já que sua família, que mora no interior, não teria condições de sustentá-la. Mesmo afirmando não ser fácil conviver com pessoas que nunca viu, admite que a convivência com as diferenças lhe proporcionou um grande aprendizado. “A gente acaba construindo outra família com as pessoas que convivemos, os problemas das demais passam a ser os nossos”.

Ela não nega que também passou por chateações e desentendimentos. “Mas isso é normal, até na nossa casa acontece isso”, enfatiza. A própria coordenadora do Codae, Neilza Barreto, observa que é difícil oito pessoas que vêm de locais diferentes, de famílias diferentes conviverem de quatro a seis anos conjuntamente. “Já é difícil numa família, quanto mais entre oito pessoas desconhecidas”.

Quando há discordância entre os moradores de uma residência, eles próprios tentam solucionar o caso durante as reuniões domésticas. É por isso que em cada residência é escolhido um presidente, um secretário e um tesoureiro. Caso o problema persista, Neilza Barreto esclarece que eles podem comunicar à Codae, que tentará mediar os conflitos através dos serviços de apoio psicológico e de assistência social oferecidos pela Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Proest), setor ao qual a Codae está vinculada.

Outros Benefícios

Além destes serviços, os residentes podem contar ainda com a assistência médica. “Quando nós precisamos de outros profissionais, solicitamos à própria universidade”, explica a coordenadora. Além da bolsa residência e desses serviços auxiliares, a Proest oferece outros benefícios não apenas aos residentes, mas também àqueles estudantes que ficaram na excedência da seleção aguardando uma vaga nas residências.

Todos esses universitários são isentos das taxas acadêmicas, têm livre acesso ao Restaurante Universitário (Resun) e recebem apoio financeiro para apresentarem pesquisas em congressos. O estudante do 2° período de Jornalismo, Getúlio, foi um exemplo de excedente que usufruiu desses benefícios.

Tiale Acrux
tialeacrux@yahoo.com.br

Para mais informações, acesse:
Proest

11 fevereiro, 2007

Projeto Natação UFS proporciona qualidade de vida

Desenvolvido pelo Departamento de Educação Física (DEF) da Universidade Federal de Sergipe (UFS), o Projeto Natação UFS representa uma oportunidade de prática do esporte aos alunos, professores e funcionários da instituição.

As aulas são ministradas voluntariamente pelos acadêmicos do curso de Educação Física. Segundo o coordenador do projeto, professor Afrânio Bastos, “o principal objetivo é levar a natação para aqueles que não sabem nadar e proporcionar uma prática de lazer e aprendizado”.

O projeto está em funcionamento há cerca de seis anos. No início, ele também era aberto à participação da comunidade, mas a limitação de espaço e a grande procura fizeram com que fosse restringido aos servidores e ao corpo docente e discente da UFS. Atualmente, são disponibilizadas 40 vagas. “A idéia do projeto é aproveitar as pessoas que ficam o dia todo na UFS e que não têm oportunidade de praticar um esporte”, ressalta Bastos.

A expectativa do coordenador é a de que a quantidade de vagas cresça, principalmente quando a piscina de saltos ornamentais for totalmente reformada. “Enquanto a piscina de saltos não for finalizada, não poderemos aumentar o número de vagas, que é insuficiente para o número de inscritos”, afirma Bastos.

Duas turmas são disponibilizadas: uma para quem não sabe nadar e outra para aqueles que já sabem e desejam se aprimorar. Até o fim do atual período, as aulas continuarão a ser realizadas de segunda a quinta-feira, ao meio-dia. O coordenador informa que os horários das aulas no próximo semestre ainda não foram definidos por conta da portaria 1024, que modificou o horário dos turnos matutino e vespertino na universidade.

As 40 vagas atuais são ocupadas por 30 alunos de diversos cursos e o restante por funcionários. Os interessados em participar do Projeto Natação UFS no próximo período já podem fazer a inscrição gratuita na secretaria do DEF.


Por Taís Olívia

Para mais informações:

Secretaria do Departamento de Educação Física
Telefone: (XX79) 2105-6537
E-mail: def@ufs.br

Movimento Emo: estilo de vida ou modismo?



Muitos dizem que é apenas uma moda. Outros dizem que é expressão de sentimento. Mas a verdade é uma só: eles estão em todo lugar. Com meias arrastão, cintos de rebite, franjas caídas nos rostos, camisetas infantis e unhas pintadas, eles chamam a atenção por onde passam. Eles são os emos.

Emo? O que é isso?

O termo emo é uma abreviação em inglês do gênero musical emotional hardcore que é uma vertente do punk rock. Mesmo com o ritmo rápido e pesado, este estilo musical passou por uma mudança que o mundo do rock não estava acostumado: agora, as composições falam de sentimentos, onde amores e desilusões são os temas preferidos. A alteração começou com o uso de letras mais introspectivas por bandas de punk rock, como Embrace e Rites of Spring, nos anos 1980, e logo o termo foi consagrado pela mídia especializada. No Brasil, já no século XXI, o estilo teve início em São Paulo e foi disseminado pelo resto do país.

Em Aracaju, não poderia ser diferente. Várias pessoas, principalmente adolescentes, foram atraídas pelo novo gênero musical. Por trás das roupas pretas, maquiagem, bijuterias de bolinhas, laços e gravatas, eles se definem como emocionais. “As músicas me atraíram muito, elas falam tudo o que eu sinto e que às vezes tenho vergonha de expressar”, diz Juliana*, de 15 anos. Eles se abraçam e se beijam quando se encontram, têm facilidade de externar o que sentem uns aos outros, se emocionam com as músicas, andam de mãos dadas e pregam a tolerância em relação a qualquer fator, inclusive quanto à sexualidade. Muitas vezes, esta tolerância faz com que as pessoas rotulem os emos de homo ou bissexuais. Inclusive os pais deles. “Meu pai já me pegou ficando com um menino. Para ele, ser emo é ser gay!”, desabafa Tiago*, de 16 anos.

Disseminação

O estilo é divulgado através do orkut e fotologs. É através desses meios que muitos conhecem e se identificam com o gênero. Mas, não é somente o tipo da música que contagia os emos. Inicialmente, muitos se envolvem com o visual para, depois, conhecerem o conteúdo musical. Carla*, 15 anos, diz que “virou emo” porque adorava o grupo do seu amigo. Achava os garotos bastante descolados e via que por onde eles passavam os olhares alheios se voltavam. “Mudei de estilo para poder andar com eles”, confessa. Já Renata*, 15 anos, diz que conheceu o gênero através da Internet e se identificou com a tribo emo devido ao jeito diferente de se vestir.

Raquel Melo Bezerra, professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), diz que a adolescência é a fase mais complexa e dinâmica do ponto de vista físico e emocional na vida do ser humano. Fala ainda que a fase é crucial na transformação de um adolescente para um adulto produtivo e maduro, e que a adolescência coloca em questão hábitos anteriores, mas que tais contestações tendem a diminuir com a maturidade. “O jovem procura pessoas semelhantes a si, por isso é muito comum observar nessa fase grupos que se vestem e falam de forma parecida, influenciando-se mutuamente. Essa busca de aceitação é importante nessa fase de construção de identidade”, afirma.

Preconceito

Com visual peculiar e tanta expressão de sentimentos, os emos se tornaram alvo de preconceito. Outras tribos não os vêem inseridos em uma ideologia e sim num modismo. O baixista de uma banda de rock sergipana, João Melo, diz que a música e a exploração da imagem criada pelo movimento não o agrada, mas que o lado positivo é a oxigenação da música de forma geral no Brasil. “Enquanto movimento, pode ser bom para o rock nacional. Parece um pouco com o que aconteceu na década de 1980, com hits pops que esteve na boca de milhares de adolescentes em todo o país. Por outro lado, tem o modismo e isso não é legal. Muitas bandas acabam sendo usadas, por vezes, ingenuamente”, comenta.

Apesar da tolerância e do respeito às diferenças fazerem parte dos valores dos emos, nem sempre eles encontram essa mesma disposição na sociedade em que vivem. Muitos os maltratam com ações ou palavras desrespeitosas: “Um dia, no shopping, umas patricinhas riram de mim por causa do meu corte de cabelo e dos meus piercings”, desabafa Renata. Já Carla, diz que foi chamada de ‘ridícula’ devido ao colorido do cabelo.

Sobre o comportamento agressivo na adolescência, a professora Raquel Bezerra chama a atenção para os processos de disputa por “status” e cita os autores Papalia e Olds quando diz que a violência e o comportamento anti-social possuem raízes na infância. “Crianças criadas em um ambiente de rejeição ou de coerção, ou em um ambiente excessivamente permissivo tendem a apresentar comportamento agressivo. Por isso, certos valores como a cooperação, o respeito ao próximo, a solidariedade e a igualdade devem ser transmitidos desde a infância”, esclarece.

A Família

De primeira, os pais também torcem o nariz, mas por fim conceituam como uma fase da adolescência e acabam aceitando. Carla* conta que a mãe até quis que ela parasse de andar com os amigos, mas que hoje está tudo bem. As próprias adeptas do emo assumem que esse comportamento pode ser efêmero, mas não da maneira como os pais pensam. “Vão vir outras tribos, como a Indie, por exemplo”, diz Carla*.

O receio que cerca a maioria dos pais é que os filhos sejam desviados para o “mau caminho” pelos amigos emos. A professora Raquel Melo Bezerra avalia como negativo o comportamento dos pais que criticam ou não aceitam o jeito dos filhos. Isso porque, ao fazer isso “eles acabam empurrando o jovem a buscar laços de afeto em outras pessoas”, ressalta. Os adolescentes questionam e quebram paradigmas familiares e sociais para, assim, criarem novas regras. “É muito importante que nessa fase, a família e a escola estreitem laços com esse jovem. O diálogo aberto e sem pré-julgamentos é de fundamental importância para que essa fase possa ser vivida com mais tranqüilidade e aceitação”, finaliza Raquel Bezerra.

O que eles ouvem


Bandas como NX Zero, Dance of Days, Forfun, Darvin, Fresno, CPM 22, Simple Plan, Good Charlotte e My Chemical Romance compõem o repertório preferido dessa tribo. E cada vez mais a grande mídia tem aberto as portas para esse tipo de som e para suas tribos.


* Os nomes usados são fictícios.



09 fevereiro, 2007

Ruy Andrade: do papelão ao aço


Já é meio-dia. A entrevista está marcada para as 14h. Calculo o tempo provável para chegar pontualmente ao local combinado. No caminho, idéias de perguntas pouco criativas vão surgindo. “Quando o senhor percebeu que tinha um ‘dom’ para as artes?”. “Tem alguma escultura favorita?”. “Como vê o mercado em Sergipe?”. Anoto tudo num papel enquanto imagino como deve ser o meu entrevistado, o escultor Ruy Andrade. Talvez um senhor de idade, ranzinza e sem senso de humor, ou quem sabe uma pessoa carismática e alto astral – tomara.

Chego ao restaurante onde o escultor disse que estaria. Mas ainda falta meia hora! Será que ele chegou? Atravesso a porta de entrada. À esquerda, vejo um pequeno balcão e atrás dele uma moça. Ela logo me cumprimenta. “Boa tarde!”. Antes de responder, olho para as mesas na esperança de reconhecer (não sei como) Ruy – o celular sem crédito não me dá outra opção.

Como nunca vi o Ruy, não sei como reconhecê-lo. Então pergunto, sem muita esperança, à moça da recepção: “Boa tarde, sabe me dizer se Ruy Andrade, o escultor, está?” A resposta não poderia ser melhor. “Olha, ele quase todos os dias almoça aqui, mas ainda não chegou. Aguarde um pouco, ele deve estar vindo”. Agradeço a informação, mas resolvo ir comer algo num outro lugar para “matar o tempo” – e não gastar muito.

Folheio meu caderno e leio a pauta que haviam me passado para a entrevista que logo farei. Ruy é baiano, considerado um dos melhores artistas em atividade no Estado e suas esculturas estão espalhadas, principalmente, por condomínios e prédios públicos. A poucos minutos da hora marcada, volto ao restaurante. A mesma recepcionista me diz que ele chegou, mas deu uma saída. “Será que já foi? Tão rápido!”, penso, antes de ouvir mais uma boa notícia da atendente: “Ruy deve estar voltando, pois o sorvete dele ainda está aqui”. Pelo visto ele é um cidadão que mantém uma rotina. Sempre almoça no mesmo lugar e nunca deixa de tomar seu sorvete.

Não demora muito até que entra no estabelecimento um homem sorridente e amistoso com todos. Ao olhar para mim, diz: “Foi você quem marcou a entrevista?”. É Ruy. Faço sinal de positivo. Ele pede para que eu o acompanhe. Subimos uma escadaria que nos leva ao primeiro andar do restaurante. Um ambiente agradável e ideal para uma entrevista. Ruy abre uma pasta e mostra várias fotos de esculturas suas. Já tinha visto muitas delas por Aracaju, mas percebo que nunca havia parado para procurar saber quem as havia feito. Começo a fazer perguntas.

De Gandu a Aracaju

Ruy Andrade (apenas um sobrenome mesmo) nasceu no ano de 1956 em Gandu, município localizado no sul da Bahia, próximo a Ilhéus, e que hoje tem pouco mais de 40 mil habitantes. Morou lá até os 16 anos, quando resolveu fazer o “colegial” em Salvador. Na capital baiana trabalhou em diversos segmentos, entre estes uma agência de publicidade. “Comecei a trabalhar com 18 anos”. Aos 25, ingressou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Formou-se com 30 anos. “As coisas comigo acontecem mais tarde”. Após conseguir o diploma, ficou mais de dez anos trabalhando em Salvador, até que em 2000 resolveu se mudar para Aracaju. “Quando eu vim de lá para cá um colega meu falou: ‘Tá maluco? Você já é um artista reconhecido aqui’. Eu respondi dizendo que Aracaju precisa muito mais de meu trabalho”.

“Quando menino”

Com apenas dez anos Ruy já demonstrava talento com as artes. Seus colegas de escola costumavam lhe pedir para que fizesse desenhos nos cadernos. “As primeiras coisas que eu pintava, quando menino, eram signos e escudos de futebol”. Nessa época, seu pai tinha uma pequena fábrica de sapatos. O que requer muito papelão. “Eu ficava montando formas com papelão”. Mal sabia ele que estava dando o primeiro passo rumo às esculturas.

Opção pela escultura

Ao sair da Escola de Belas Artes, a escultura não era sua preferência. Preferia a pintura. “Quando eu descobri a escultura, já tinha saído da escola [de Belas Artes] há muito tempo, comecei lá pelos 35 anos”. Sua escolha, um tanto que tardia, se deveu à percepção de que quase não havia oferta no mercado. “Poucas pessoas se dedicam à escultura porque é caro e difícil de fazer”.

Artista moderno

“O artista plástico nos dias de hoje não precisa de um ateliê em casa”. Ruy acredita que o artista moderno cria a qualquer hora. “A gente anda pela cidade e as transformações nos remetem a criar algor”. Outra característica está no isolamento. “É solitário, não trabalha em grupo. Talvez por causa do ego”, divaga.

A aversão à tecnologia e aos protótipos

O escultor se diz “anticomputador”. “Eu não faço nada em computador”. Apesar de reconhecer que é a tendência, ele não adere. No primeiro momento da criação de uma escultura, Ruy a desenha num papel. Em seguida reproduz um protótipo em papelão, “como nos tempos de menino”. Depois encontra o equilíbrio e a harmonia que procura para montar mais um protótipo, só que em metal. “De tamanho pequeno, uns 30 cm”. Agora é só ir até o futuro comprador. “É com esse protótipo na mão que o cliente vai avaliar”. Ruy nunca leva só um modelo. “Quando me encomendam uma escultura eu levo em geral três peças para que ele escolha”. Decisão tomada, o trabalho agora é com uma metalúrgica. “Porque o equipamento é muito pesado”. Todo o processo, da criação ao resultado final, dura um mês.

Valorização do Artista

Para Ruy, a pouca valorização do artista é uma dura realidade em vários lugares. Ainda que viva exclusivamente das artes, ele ressalta que isso é muito raro atualmente. “Em Salvador, hoje, talvez não tenha 50 artistas que vivam de seu trabalho, eu diria que 20. Aqui [em Aracaju] não tem nem cinco”.

Neoconcretismo

Quando estudou em Salvador, Ruy teve vários professores neoconcretistas. Uma evolução do concretismo. Essa é a escola na qual ele busca inspiração para criar. “São essas coisas dobradas e que lembram envelopes”. Já são 15 grandes esculturas espalhadas pelo Estado. Sem contar as de pequeno porte, que ficam em apartamentos etc.. Mas ele diz preferir fazer obras que todos possam ver.

Por Hádam Torres

Fotos: Arquivo do Jornal da Cidade
Fotógrafo: Heribaldo Martins

Uso do Gás Natural Veicular aumenta em Sergipe

Mais de meio milhão de veículos movidos a gás. Esse é o número divulgado pela fundação Gás Brasil referente à última pesquisa nacional realizada em 2003. Esses automóveis circulam em todo o país movidos a GNV (Gás Natural Veicular) e seus proprietários, por sua vez, economizam mais de 4 mil reais por ano, se comparados aos que utilizam gasolina. Sergipe já conta com 18 postos de abastecimento e a procura pela conversão para GNV tem aumentado.

Vantagens

“Vendemos aproximadamente 5 mil metros cúbicos por dia. Isso representa mais ou menos 250 carros que vêm até aqui”, afirma Marcelo Santos, gerente do Grupo Chefia e Filhos LTDA. O posto, localizado em São Cristóvão, região metropolitana de Aracaju, começou a trabalhar com o abastecimento do GNV em agosto de 2005. Para Marcelo, “o negócio é bom”, ainda que o custo de manutenção seja alto.

O GNV é o combustível mais vendido no posto Chefia e Filhos. Segundo o gerente, pouco mais de 20% dos veículos chegam à procura de gasolina, álcool ou diesel. O valor atual por metro cúbico do GNV é de R$ 1,309. Não há muitas variações em outros postos, uma vez que a cifra é determinada nacionalmente pela Petrobrás.

Para os donos de carro, o uso do GNV também traz benefícios. Além do valor economizado em reais, o gás veicular dificilmente é adulterado e tem um índice baixo de poluição do meio ambiente. Qualquer tipo de veículo pode fazer a conversão nas oficinas credenciadas para instalar o kit GNV.

Desvantagens

Um posto precisa ter uma estação de captação do GNV para vendê-lo. “Isto que temos aqui é uma mini-cidade”, ressalta o gerente do Chefia e Filhos. “Temos que investir muito para manter tudo em ordem”. Ainda há dificuldades na tecnologia atual que não exige que os equipamentos trabalhem movidos pelo próprio gás. “Chega a ser uma ironia o fato de usarmos energia elétrica para a maioria das coisas. O ideal seria que o próprio gás fosse usado para seu próprio sustento”. Marcelo acredita que, em breve, o dono do Grupo Chefia e Filhos deve atualizar os mecanismos para que isso seja possível. Dessa forma, os investimentos serão barateados.

A Sergas (Sergipe Gás S.A.), detentora da exploração do gás natural no Estado, admite que ainda há muito para se desenvolver em relação ao GNV, mas garante que só existem vantagens para o consumidor e entre elas estaria o aumento da vida útil do automóvel. Por outro lado, muitos usuários reclamam dos danos que o gás natural possivelmente causaria aos veículos. “O carro se desgasta mais rápido com o GNV. A durabilidade do motor se torna menor”, salienta Geraldo Luiz, que fez a conversão há um ano e garante ter que levar o carro pelo menos uma vez ao mês a uma oficina mecânica. Não existem pesquisas conclusivas que possam provar cientificamente uma posição ou outra.

Para saber mais sobre o GNV, acesse:

Gás Brasil
Sergas

Por Luís Fernando Lourenço
kegardos@hotmail.com


08 fevereiro, 2007

A polêmica em torno de Hugo Chávez

No último dia 10 de janeiro, Hugo Chávez assumiu a presidência da Venezuela pela terceira vez sucessiva. A “re-reeleição” só foi possível devido a mudanças feitas na legislação do país enquanto o governante ainda cumpria seu segundo mandato. Segundo a repercussão do fato na imprensa mundial, embora o plano de governo de Chávez tenha sido, ao menos aparentemente, bem aceito pelos venezuelanos, ele levantou fortes receios na maioria das democracias ao redor do planeta. O presidente segue um estilo de chefe de Estado bastante parecido com o de Fidel Castro, de Cuba, e com o de outras novas lideranças emergentes na América Latina, como Evo Morales, da Bolívia.

O CONTEXTO ouviu as opiniões do sociólogo José Rodorval Ramalho e do filósofo William Piauí sobre o que representa a figura de Hugo Chávez para o país que governa e para o próprio continente que habita, as entrevistas podem ser lidas abaixo.


Hugo Chávez não traz nada de novo para a América Latina


Hugo Chávez é um político latino-americano típico: detesta a democracia e o livre-mercado, cultuando o poder que deve ter o Estado para controlar a economia e a política. Não é por outros motivos que nós (latino-americanos) somos o que somos – economicamente atrasados e politicamente autoritários. Se observarmos a história da América Latina, encontraremos vários líderes como o coronel Chávez: Getúlio Vargas, Perón, Haya de la Torre, Lula, Morales e tipos até mais radicais, como são os casos de Pinochet e Fidel Castro.

De forma nenhuma se pode pensar que Hugo Chávez está caminhando para a implantação de um socialismo inovador no século XXI. O socialismo chavista é uma variação em torno do mesmo tema: ditadura política e estatização da economia em níveis extremamente elevados. Em outras palavras, o velho e inviável socialismo, já sepultado pelo século XX no mundo desenvolvido. Não é à toa que o coronel é um entusiasta de Fidel Castro.

As novas medidas que foram tomadas pelo presidente venezuelano estão totalmente coerentes com a escalada totalitária. Com a Lei Habilitante, por exemplo, o Congresso concedeu ao Presidente o direito de não precisar mais do Legislativo. É uma cópia radicalizada das Medidas Provisórias no Brasil. Como podemos ver, trata-se de uma cultura política que centraliza tudo no Estado, através do governante de plantão. Outra medida que é típica das ditaduras de esquerda é a possibilidade de reeleição sem limites, o que torna o regime uma “ditadura branca”, pois como o Estado detém, praticamente, todo o poder, fica difícil derrotar quem controla a máquina estatal. O uso da democracia para desestruturá-la não se constitui, exatamente, numa novidade. Hitler, é bom lembrar, foi eleito e posteriormente usou seu poder para acabar com as instituições democráticas.

O grande problema é que a sociedade venezuelana não conseguiu construir, ao longo da sua história, uma sociedade aberta, com incentivo à livre-iniciativa, uma democracia representativa consistente, o investimento em educação básica, ciência e tecnologia etc. Assim, a sociedade fica vulnerável à emergência desse tipo de demagogo com delírios totalitários, sobretudo quando, no poder, utiliza a distribuição de dinheiro para os mais pobres (larga maioria) e os contenta com esse tipo de política. Aqui, no Brasil, funciona da mesma forma. Todos querem que o Estado os proteja. Usineiros, sem-terra, juízes, professores, parlamentares, ex-terroristas, exportadores etc. O problema é que esse tipo de política não se sustenta no longo prazo. O Estado não dispõe de recursos ilimitados, mais cedo ou mais tarde implode.

No que se refere à inserção de Hugo Chávez no continente americano, é importante notar que, embora não vejam com bons olhos as atitudes de Chávez, ao menos por enquanto, as relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a Venezuela não foram interrompidas. De forma nenhuma os EUA agiriam com Hugo Chávez da mesma forma que o fez com Sadam Hussein. A Venezuela é absolutamente insignificante para uma ação daquela natureza. Outra questão que é bom lembrar: por que a Venezuela não deixa de vender petróleo aos EUA? Chávez é um ditador, mas não é burro. Os americanos são os principais clientes do petróleo venezuelano. Se os Estados Unidos suspenderem essas compras, a Venezuela quebra.

José Rodorval Ramalho é doutor em Sociologia e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Sergipe (UFS).


Hugo Chávez é o “chato” do momento

Hugo Chávez é apenas mais um líder da América Latina que conseguiu “propagandear” a si mesmo. Ele é o grande propagandista do populismo no continente agora, e todas as medidas que ele toma têm a ver com isso. Um exemplo disso está na utilização que Chaves faz dos meios de comunicação, a exemplo do programa televisivo semanal “Alô, Presidente!”, apresentado pelo próprio Chávez. Ele fala principalmente de afeto, mas todos os problemas da Venezuela são tratados nesse programa. É algo puramente populista. Por exemplo, o anúncio de compra de armas é uma coisa absurda. Quem é Hugo Chávez para fazer esse tipo de provocação?

Às vezes, levantam-se questões que relacionam o Hugo Chávez com a problemática da economia latino-americana, mas os motivos que supostamente levam a isso não existem. Vamos pensar no nacional, por exemplo. O Brasil não é uma nação em que outras não devam investir por conta da política de outro país. O momento econômico é bom, há uma série de recordes batidos nas diversas áreas de produção que constroem uma excelente imagem da economia brasileira lá fora. Se não estão investindo tanto na América Latina, não é em razão do populismo do Hugo Chávez. No final das contas, tem muito mais a ver sobre como os países estão encarando uma série de problemas que acontecem particularmente em cada um deles.

Hugo Chávez, para muita gente, é o “chato” do momento, e não existe motivo melhor para explicar isso senão a onda de “impopularidade” enfrentada pelos governos da maioria dos países. A maior parte dos governantes está tomando uma série de medidas impopulares, ligadas, por exemplo, às reformas dos sistemas previdenciários. Medidas impopulares sempre geram conflitos sociais. Mas um governo populista faz justamente o contrário.

É preciso atentar para o fato de que Hugo Chávez, muitas vezes, se protege sob o escudo do “socialismo inovador”, e isso é mais um fator fundamental na sua aceitação popular, pelo menos dentro da Venezuela. Mas é sempre muito difícil e arriscado se falar de socialismo inovador. Os governos na América Latina têm feito uma série de mudanças e o Brasil também é um exemplo disso. Recentemente, vi uma entrevista do presidente da Nicarágua na qual ele dizia que as iniciativas tomadas por boa parte dos governos latino-americanos tendem a despertar o interesse do mundo, de uma forma ou de outra. Surpreendi-me quando ele disse que vai abaixar o próprio salário.

A verdade é que a América Latina nunca esteve tão interessante. Hugo Chávez sozinho de maneira nenhuma constitui isso. Temos um Brasil onde os parlamentares estão aumentando seus salários, mas isso não diminui a importância que o Lula tem como liderança na América Latina, já que ele também tem uma história com o socialismo, ou pelo menos com a “esquerda”. De repente, alguém poderia dizer que o “socialismo” do Lula também é inovador. Para mim, o socialismo sempre foi a mesma coisa. Não me arrisco a dizer que ele existe hoje, na América Latina, como algo de novo. A figura do Hugo Chávez pode até ser inovadora, mas de maneira nenhuma as medidas tomadas por ele o são.

William Piauí é doutor em Filosofia e professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Sergipe (UFS).


Por Luís Fernando Lourenço
kegardos@hotmail.com

07 fevereiro, 2007

Cinema no Campus promove a integração entre os estudantes na hora do almoço


O Cinema no Campus é um projeto da Coordenação de Promoções Culturais e Recreativas (COPRE) que consiste na exibição de filmes no auditório da Reitoria da Universidade Federal de Sergipe, no campus de São Cristóvão. O projeto acontece às quintas-feiras, ao meio-dia e segundo o professor Marcos Monteiro, Coordenador da COPRE, o objetivo deste é dinamizar e incentivar a cultura no campus universitário, promovendo a integração dos estudantes no intervalo do almoço.

O projeto foi idealizado pelo atual Pró-Reitor de Assuntos Estudantis, o professor Arivaldo Montalvão, no ano de 1994 e desde então o Cinema no Campus funciona com bom resultado. Anteriormente, os filmes eram projetados em uma tela de pequenas dimensões, hoje já é possível assistir aos filmes em uma tela maior. “O auditório da Reitoria toda quinta-feira vira cinema”, declara o Coordenador Marcos Monteiro. Além disso, o projeto não acontece apenas em São Cristóvão, também são realizadas exibições no Campus de Itabaiana, todas as quartas-feiras. Segundo o coordenador, alguns filmes exibidos nos dois locais são polêmicos, o que abre também a oportunidade para a participação de especialistas, como o jornalista e crítico de cinema Ivan Valença, em palestras e debates.

Seleção dos filmes

Várias são as formas de seleção dos filmes. Durante as exibições, são distribuídos papéis avulsos em que o aluno pode escolher o gênero do filme que deseja assistir ou até mesmo indicar um filme. É a partir desse levantamento que é realizada a seleção dos filmes. Existe também a possibilidade dos centros e diretórios acadêmicos e professores solicitarem a exibição de filmes específicos para propiciar uma discussão com seus alunos.

A internet também é utilizada como recurso para a seleção de filmes que é feita mediante o acesso a um site especializado, onde é possível encontrar críticas cinematográficas e notas atribuídas por especialistas aos filmes. Os filmes que recebem nota 10 são selecionados e exibidos no cinema do campus. Os vídeos são fornecidos gratuitamente pela Supervídeo Locadora em parceria com a Universidade.

Cinema e Arte

O Cinema no Campus não acontece de forma isolada. De acordo com Marcos Monteiro, a nova gestão da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PROEST), percebeu que na universidade existem diversos alunos que cantam, declamam poesias, fazem teatro e outros tipos de manifestações artísticas. Dessa forma foi criado um subprojeto chamado “Intervenções Artísticas”, onde o aluno com talentos artísticos pode se apresentar antes das exibições dos filmes. Para participar do ‘Intervenções Artísticas’ os interessados devem se dirigir à COPRE, preencher uma ficha de inscrição e levar uma foto para divulgação junto aos cartazes dos filmes.

Sucesso nas exibições

O público comparece ao cinema. No ano passado, cerca de 3.344 pessoas participaram das 38 exibições. O monitoramento do número de alunos que participam do Cinema no Campus é feito através das assinaturas e especificações dos cursos que os estudantes freqüentam. Eles assinam um livro de ata antes de assistir ao filme e, no fim de cada período letivo é levantada uma estatística. Porém o coordenador ressalta que “esse livro não traz o dado real porque muitas vezes o aluno não assina”.

A COPRE

A Coordenação de Promoções Culturais e Recreativas (COPRE) é o setor da PROEST responsável pela integração da comunidade acadêmica com uma perspectiva democrática. O Cinema no Campus é um exemplo desse projeto de integração, “ele é do estudante, ele não é um projeto da PROEST. Esta apenas criou e operacionaliza, mas quem manda no projeto, democraticamente, são os estudantes, eles são os que dizem qual o filme que querem assistir”, afirma Marcos Monteiro. Além desse projeto, a COPRE também é responsável pelo Projeto Folclore no Campus, pela Mostra de Artes Visuais, pela Recepção Institucional aos novos universitários, pelo apoio a eventos estudantis, entre outros.

Programação do Cinema no Campus:

01/02/2007 – Por um Triz
08/02/2007 – Viva Zapata
15/02/2007 – Uma vida iluminada


Por Grazielle Matos

Para mais informações, acesse:

COPRE

Email: copre@ufs.br

Telefone: 2105-6425