22 março, 2008

O Futuro da Imprensa no Brasil

No dia 21 de fevereiro, o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres de Britto, mostrou-se totalmente favorável a uma nova adequação da Lei 5.250/67, a chamada “Lei de Imprensa”. Segundo o Ministro, há paradoxos entre o que estaria escrito em alguns artigos da Lei e os preceitos da Constituição de 1988.

Mesmo tendo sido feita quase 20 anos antes da Constituição de 88, em pleno regime militar, a Lei de Imprensa regulamentou o exercício da profissão jornalística e foi avaliada, por muitos estudiosos, como um dispositivo avançado. Entretanto, há quem acredite que a lei seja um instrumento coercitivo que, de certo modo, cerceia a liberdade de quem trabalha com a imprensa. “Por mais que a Constituição nos reserve o direito ao sigilo de fontes, a Lei de Imprensa não reserva esse direito”, exemplifica a jornalista Carla de Almeida.

Essa questão é complexa, pois as mais diversas correntes da doutrina jurídica entendem que existem pontos das leis de Imprensa que acaba destoando de princípios pré-estabelecidos pela Constituição de 88. Dessa forma, não há possibilidade de isonomia entre qualquer agente capaz e um profissional. Pela lei, se um jornalista for condenado por um crime de calúnia ou injúria, está sujeito a receber uma pena maior do que qualquer outro civil, pelo simples exercício da profissão.

Tramita já há alguns anos o projeto da nova lei de Imprensa, cuja autoria é do ex-deputado e ex-professor da UFBA, Josafá Marinho, já falecido. O projeto foi elaborado em consenso com os profissionais de imprensa e de empresas, buscando adequar a nova realidade aos profissionais da áera. Consta nele que a nova lei trará mais benefícios quanto à preservação das fontes e quanto ao exercício do trabalho do jornalista.

De acordo com o coordenador do curso de Direito da FASE, Prof Msc. José Anselmo Oliveira, a realidade da imprensa no país está relacionada principalmente a quem detém o poder financeiro e, dessa forma, não pode haver liberdade plena para o jornalista. “Dizer que um jornalista é independente é complicado, já que boa parte das empresas de comunicação estão nas mãos de quem detém o capital econômico ou da classe política”, explica.

Segundo Anselmo, a lei é moderna e atende às necessidades do jornalismo contemporâneo. Contudo, faz algumas ressalvas quanto aos dogmas da profissão. “Um dos problemas que cercam a profissão é a imparcialidade e a relativização da informação. Muitas vezes é comum o jornalista não checar os dados e acabar incorrendo em erro”, afirma o professor, e continua “o jornalista não deveria ser responsabilizado por crimes de calúnia ou difamação, mas deve ser responsável civilmente se, porventura, cometer um crime de dano moral, por exemplo”.

Para a jornalista Carla, os vícios gerados pela profissão produzem erros, muitas vezes irreparáveis. Mas, para ela, é possível manter-se ético e imparcial na profissão de jornalista. “Depende mais do profissional. Você pode trabalhar para uma empresa que visa lucros e mesmo assim colocar na matéria seu ponto de vista, despercebido”, comenta.

Por Rafael Gomes

19 março, 2008

Aprovados exigem direito de convocação

Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em decisão proferida pelo Ministro Paulo Medina em abril de 2006, os aprovados em concurso público dentro do número de vagas previstas no edital têm direito líquido e certo à nomeação.

Entretanto, há vozes discordantes dentro do mesmo Tribunal. Uma delas é a do Ministro Hélio Quaglia Barbosa, que afirma: “O concurso público gera, aos aprovados, ordinariamente, apenas expectativa de direito à nomeação, porquanto o provimento do cargo depende da conveniência da Administração” (Min. Hélio Quaglia – STJ, voto-vista: RMS 20.718).

“O problema é que quando a gente é aprovado cria uma expectativa, faz planos. Essa espera é angustiante, a pessoa fica em suspenso, pois acredita que vai ser chamado e por isso não procura outras alternativa. Só que o tempo passa e a convocação não vem. Então, começa a bater o desespero. É ruim demais”, desabafa um aprovado para o cargo de assistente administrativo do concurso da prefeitura de Porto da Folha, realizado em 2006.

Colocações como essas do candidato que não quis se identificar são freqüentes em todo o país. O concurso de Porto da Folha foi realizado no dia 23 de julho de 2006, mas o resultado final só foi homologado um ano depois, no dia 18 de julho de 2007, e até agora o candidato acima, que foi aprovado dentro do limite de vagas oferecido pelo edital, não foi convocado para nomeação e posse.

O que diz a legislação

Desde que, em 1988, a Constituição Federal determinou que o ingresso no serviço público, em todos os níveis, se daria exclusivamente por concurso, se criou no Brasil uma rede de serviços disposta a realizar o sonho de emprego seguro dos brasileiros: são centenas de empresas de consultoria encarregadas de realizar a seleção e milhares de cursos preparatórios instalados por todo o país.

A maioria das instituições responsáveis pela realização de concursos é ligada a universidades, como é caso da Fundação CESPE, ligada à Universidade Nacional de Brasília, e da FAPESE, ligada à Universidade Federal de Sergipe. Essa ligação gera um caráter de credibilidade ao processo seletivo.

Se a febre de concursos trouxe muitas realizações para os brasileiros que ingressaram no serviço público, para outros trouxe algumas insatisfações: não são raros os casos de fraude, anulação de provas e de requerimentos à Justiça para reclamar irregularidades na nomeação.

Não há lei específica que regulamente concursos públicos e obrigue órgãos públicos a dar posse aos aprovados. O único caminho é a Justiça. O ‘remédio jurídico’ indicado para o candidato que deseja fazer valer seus direitos é o Mandado de Segurança, também garantido pela CF/88.

Os casos mais comuns de reclamação são: a não observância da ordem de classificação na convocação, ou seja, nomeação de candidato pior colocado sem convocar candidato melhor colocado; e não convocação dos candidatos aprovados dentro do limite de vagas estabelecido no edital.

Quanto à primeira irregularidade, a jurisprudência é pacífica: "vencido o concurso, o primeiro colocado adquire direito subjetivo à nomeação com preferência sobre qualquer outro” (Ministro Hélio Quaglia – STJ, voto-vista: RMS 20.718).

Já quanto à nomeação e posse dos candidatos aprovados dentro do número de vagas estabelecidas no edital, as opiniões não são unânimes.

Mas o Acórdão do STJ, publicado em 03/03/08, que deu provimento ao Recurso em Mandado de Segurança impetrado por Maria de Fátima Melo Ribeiro, pode abrir caminho para jurisprudência. A decisão foi tomada em caso específico, mas pode aproveitar aos demais aprovados dentro do número de vagas previsto no edital.

O caso Maria de Fátima

Maria de Fátima Melo Ribeiro passou em 65º lugar no concurso do Tribunal de Justiça de São Paulo em 2004. O edital previa 98 vagas. Portanto, ela deu como certo que seria nomeada. No entanto, até o último mês do final do prazo de validade do concurso, o TJ-SP chamou apenas oito aprovados.

Maria de Fátima procurou a advogada Valéria Lúcia de Carvalho Santos, que elaborou uma carta pedindo ao presidente do Tribunal a nomeação de sua cliente. Isso foi feito um mês antes de expirar a validade do concurso. Com a negativa do presidente, cujo argumento foi falta de verba e de necessidade de contratação, no último dia de validade do processo seletivo, a advogada entrou com Mandado de Segurança no TJ-SP contra a decisão.

Após vários recursos, o caso foi parar no STJ em novembro de 2005. O julgamento terminou em 04 de dezembro de 2007, mas a decisão só foi publicada no dia 03 de março de 2008. Com três votos favoráveis e dois contra dos ministros da 6ª Turma do STJ, Maria de Fátima conseguiu que o tribunal decidisse pelo reconhecimento de seu direito à nomeação como oficial de Justiça.

Essa decisão significa que o candidato aprovado em concurso público dentro do número de vagas previstas em edital possui direito à nomeação. Maria de Fátima poderá tomar posse como oficial de Justiça da 1ª Circunscrição Judiciária, na Comarca de Santos – SP (fonte G1).

Mas o processo ainda não foi concluído. A Fazenda Pública do Estado de São Paulo entrou no último dia 13 de março com Embargos de Declaração. O STJ designou nova relatora, a Ministra Jane Silva, e aguarda o julgamento dos Embargos.

Deputados sergipanos também se movimentam

No lastro da decisão do STJ, os deputados estaduais Gilmar Carvalho (PSB) e Suzana Azevedo (PSC) estão se movimentando para garantir a nomeação e posse dos candidatos aprovados em concursos públicos realizados em Sergipe dentro do número de vagas previstas nos respectivos editais.

Gilmar Carvalho disponibilizou assessoria jurídica de seu gabinete a concursados. Segundo informação da assessoria de imprensa do deputado, o atendimento jurídico está sendo oferecido, preferencialmente, a aprovados em concursos cujo prazo de validade está vencendo ou já está vencido. Ainda segundo a assessoria, o campeão de reclamações é o concurso promovido pela Prefeitura de Maruim.

A deputada Susana propôs, em 19 de fevereiro de 2008, Emenda Constitucional que modifica o inciso III do artigo 25 da Constituição Estadual e pretende garantir a nomeação de todos os aprovados em concurso público realizado no estado de Sergipe dentro do limite de vagas estabelecido no edital. A ementa está em tramitação.

E para cadastro reserva?

Há concurso público para preenchimento do quadro de pessoal e concurso para cadastro de reserva. São duas situações diferentes. A decisão proferida pelo STJ e a Ementa Constitucional proposta pela deputada Suzana Azevedo não se aplicam, por razões óbvias, aos candidatos aprovados em concurso para cadastro de reserva.

Leia mais em:
Associação Nacional de Apoio e Proteção aos Concursos

Por Luciene Oliveira

17 março, 2008

Atleta do Quênia passa mal em corrida

O percurso de 25 Km da Corrida Cidade de Aracaju - que sai do Largo do São Francisco, em São Cristóvão, até a Praça Inácio Barbosa (Mini Golf), em Aracaju - e o calor de mais de 30 graus parecem ter derrubado o atleta queniano Jejoshua Kiprugut Qmemi.

Na Avenida Desembargador Maynard, entre as ruas Deputado Antônio Torres e Silvério Fontes, às 17h25min, o maratonista, uma das estrelas da corrida, começou a dar sinais de cansaço e desabou na calçada. Exaltados, populares reclamaram da demora no atendimento ao atleta, que falando inglês não conseguia explicar o que estava sentindo, nem compreender o que lhe era dito.

Uma pessoa que assistia à corrida acionou a organização do evento, que prometeu enviar uma vistura do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Vinte minutos depois uma ambulância chegou ao local, fez os primeiros procedimentos e encaminhou o atleta para o Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE). “Isso está muito desorganizado. Se o rapaz tivesse tido uma parada cardíaca, teria morrido bem aqui na nossa frente e nós não poderíamos fazer nada”, observou a Srª. D.R.G., que presenciou a cena.

Atraídos pelo prêmio de R$ 6 mil para a primeira colocação tanto masculina quanto feminina, atletas de elite inscreveram-se para participar da 25ª Corrida Cidade de Aracaju. Além de Jejoshua, o carioca Franklin Caldeira, vencedor da maratona no Pan do Rio, e a campeã brasileira e pan-americana Márcia Marloch participaram da competição.

Segundo os organizadores da corrida, 823 atletas foram inscritos para participar da categoria principal. Para garantir atendimento a esse número recorde de competidores, 120 pessoas foram destacadas para trabalhar em todo o circuito, distribuindo água e orientando os corredores.

O incidente ocorrido com o queniano foi apenas uma das surpresas reservadas para a edição deste ano da Corrida Cidade de Aracaju, que teve como vencedor um ‘azarão’: Marcos Antônio Pereira, pernambucano de Garanhuns. Franklin Caldeira ficou com a segunda colocação. No feminino, Maria Zeferina Baldaia (campeã da São Silvestre de 2001) foi a primeira colocada.

Por Luciene Oliveira
Foto: Luciene Oliveira

15 março, 2008

Poluição e desperdício destroem rios em SE

O projeto de transposição do rio São Francisco vem gerando polêmica em todo o país, principalmente na região Nordeste, o que tem causado várias manifestações, repressões e até greves de fome. O “Velho Chico” representa 95% do potencial de recursos hídricos do Estado e responde por mais de 50% da água que abastece a cidade de Aracaju, segundo pesquisas desenvolvidas pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). Embora seja o maior responsável pelo abastecimento de água de Sergipe, não é somente o rio São Francisco que carece de atenção no Estado.

Sergipe é banhado por seis bacias hidrográficas: a do São Francisco, a do Japaratuba, a do rio Sergipe, a do Vaza-Barris, a do Piauí e a do Real. De acordo com o superintendente de recursos hídricos da Semarh, Ailton Francisco da Rocha, todas elas sofrem de um problema em comum, a degradação ambiental. “Dejetos residenciais, agricultura e pecuária indiscriminadas, além do desmatamento são as principais causas da poluição crescente nos rios”, explica Ailton.

Segundo ele, a modernização também é outro fator que vem prejudicando os recursos hídricos de Sergipe. “O crescimento urbano se acelera cada vez mais, e com isso o consumo e o desperdício de água aumentam. Como conseqüência, os rios do Estado apresentam balanço hídrico deficitário. As atividades de irrigação, por exemplo, que são utilizadas para a agricultura, representam 70% do consumo total de água”, alerta.

Situação semelhante é a do rio Vaza-Barris, que sofre com atividades urbanas, industriais, de mineração e agro-industriais (principalmente pelo uso de agrotóxicos). Além desses fatores, a agricultura irrigada, o lançamento de esgotos domésticos e efluentes industriais, juntamente com a pecuária extensiva de caprinocultura e bovinocultura, também causam impacto. O cenário dos rios Piauí, Real e Sergipe também não é muito animador. Ao longo de suas bacias hidrográficas, predomina a ocupação das terras com pastagem, o que torna a pecuária uma atividade econômica de natureza predatória.

Por sua vez, o rio Japaratuba, que passa por 20 municípios sergipanos, é um dos mais caóticos quando o assunto é poluição. A única cidade posicionada às suas margens é Pirambu, que também leva o título de maior poluente, de acordo com o jornalista Claudomir Tavares da Silva, secretário-geral do Comitê da Bacia Hidrográfica do rio Japaratuba (CBHJ). “O ‘Velho Japa’ tem recebido dejetos residenciais, o que tem diminuído a sua balneabilidade (qualidade das águas destinadas à recreação de contato primário, como natação, mergulho, esqui-aquático etc)”, lamenta o jornalista.

“Muitos dos que atualmente se colocam em defesa do Rio São Francisco o fazem por opção de enfrentamento ao governo federal, e não por defender a causa do rio da unidade nacional. Se não fosse assim, eles estavam de mãos dadas ao Rio Japaratuba, ao Rio Sergipe, ao Rio Poxim, ao Rio Piauí, entre outros”, conclui o secretário geral do CBHJ.

Por Priscila Viana

12 março, 2008

Reuni flexibilizará normas acadêmicas

Com a adesão da UFS ao Reuni, está em discussão uma série de medidas que facilitará a vida do universitário.

Aprovado pela UFS em outubro do ano passado, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) prevê a elevação da taxa de conclusão dos cursos presenciais para 90%. Para atingir esse objetivo, a universidade se comprometeu a fazer diversas mudanças em sua esfera acadêmica. Atualmente, uma comissão discute e elabora as instruções normativas que posteriormente serão submetidas à aprovação dos conselhos superiores.

A prioridade é a regulamentação da mobilidade estudantil. Está em desenvolvimento, por exemplo, parâmetros para equivalência de créditos. Com isso, o universitário poderá passar um período, ou até mesmo dois, em outra instituição federal e ter 100% dos créditos aproveitados. Esse sistema já existe no curso de medicina da UFS, e entrará em caráter experimental, em mais oito cursos no período 2008/2.

Segundo o pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa, Cláudio Macedo, essa medida é vantajosa, pois o “estudante viaja tranqüilo, com os créditos ‘pré-aprovados’, sem se preocupar com possíveis complicações burocráticas”. Para facilitar a análise do intercâmbio desejado, será criada uma comissão permanente de mobilidade acadêmica.
Internamente, a mobilidade também será facilitada. As transferências entre cursos afins serão mais freqüentes. Será possível também, ao estudante que concluir seu curso, se matricular logo após em outro, sem prestar vestibular.

Uma outra proposta que poderá entrar em vigor é a criação de dois tipos de pré-requisito: o essencial e o recomendativo. Como o próprio nome sugere, o primeiro refere-se ao pré-requisito obrigatório, já o segundo é apenas uma indicação de conteúdo. Segundo Macedo, muitas vezes os departamentos ficam em dúvida se exigem ou não pré-requisito de determinada disciplina.

Visando diminuir a evasão, está em estudo também uma revisão das metodologias ensino-aprendizagem. O estudante que obtiver média igual ou superior a 7,0, mas não alcançar os 75% de freqüência na disciplina, poderá ser aprovado. Da mesma forma, um aluno que freqüentou um mínimo de 75%, mas foi reprovado por média, poderá, no semestre seguinte, realizar apenas as avaliações aplicadas para estudantes de uma das turmas ofertadas da mesma disciplina.

Tais medidas ajudarão a elevar o índice de permanência. Contudo, Cláudio Macedo ressalta que seriam insuficientes para atingir a meta. Por isso, a ocupação de vagas ociosas é um dos itens que já estão sendo definidos. “Uma turma que começa com 30 alunos, e ao final tem apenas 15, é desperdício de dinheiro público. É importante disponibilizar uma quantidade proporcional dessas vagas, seja no vestibular, seja para portadores de diploma ou mesmo para transferência”, afirma o pró-reitor.

Por Ailton Reis

Liga estudantil supre carência da UFS

Com o crescimento das grandes cidades, a agressividade se tornou parte do cotidiano das pessoas e o trauma, uma das principais causas de hospitalização. Por isso, estudantes do curso de Medicina da Universidade Federal de Sergipe (UFS) criaram a Liga Acadêmica de Trauma de Sergipe (Liga-Se).


A Liga de Trauma é um projeto acadêmico especialmente direcionado para os estudantes do curso de Medicina da UFS, coordenada pelo médico Fábio Alves. A criação da Liga foi financiada pelos próprios alunos, sem o apoio da Universidade. Atualmente, no seu segundo ano de funcionamento, a Liga é auto-sustentável e administrada por uma diretoria composta somente de estudantes.

As aulas acontecem semanalmente no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), que cede o espaço e os equipamentos necessários para o trabalho dos “ligantes” - como são chamados os participantes. Além da exposição de aulas teóricas e práticas, a Liga de Trauma ainda promove seminários e campanhas de conscientização para a população.

Estudante do 3º período, Larissy Lima participa da Liga e aponta o projeto como uma ótima atividade extracurricular, que prepara o futuro profissional para atuar em uma área emergente da Medicina. “A traumatologia é uma necessidade básica apontada pela população”, afirma a ligante.

Grade curricular

A Liga preenche uma carência na grade curricular básica do curso de Medicina, pois não há nenhuma disciplina específica para o ensino da traumatologia. Conforme explica Larissy Lima, o trabalho da Liga é importante, mas a traumatologia precisa ser lecionada como uma disciplina regular do curso.

Marcela Leonardo, uma das diretoras da Liga, diz que já está sendo pensada a futura inserção de uma nova disciplina no currículo. “Há conteúdo e bibliografia suficientes para a inclusão, mas estamos construindo uma base sólida para o ensino curricular da traumatologia”, afirma a diretora. A expectativa é que a nova disciplina venha a ser ensinada dentro de quatro anos.

Entre outras reivindicações, estão a ausência de disciplinas que tratem de temas como oncologia e urgência geral, além do aumento do tempo de internato clínico de três para quatro períodos curriculares. Embora haja discussões entre o Centro Acadêmico e o Colegiado do curso de Medicina sobre a reforma da grade curricular, a última modificação data de 2002, segundo dados do Departamento de Apoio Didático Pedagógico (Deape / UFS).

Outros projetos

Além da Liga de Trauma, estudantes do curso de Medicina também realizam trabalhos na Liga de Hepatite do Núcleo de Assistência aos Portadores de Hepatites Virais de Sergipe, que identifica a doença em pacientes. Em conjunto com estudantes de Enfermagem e Serviço Social, também é desenvolvido o Desmancha Sergipe, um projeto de extensão que desenvolve um trabalho educativo junto à população sobre a hanseníase.

Por Fernando Pires
Foto: Hugo Lima

09 março, 2008

Novo viaduto traz benefícios à capital

Inaugurado no dia 28 de fevereiro, com a presença do presidente Lula, o viaduto jornalista Carvalho Déda tem agradado a população aracajuana nos primeiros dias de funcionamento. A obra, que custou cerca de 22 milhões de reais, visivelmente já melhorou o fluxo de veículos, apesar de ainda ocorrerem pequenos congestionamentos esporádicos.

O viaduto possui quatro alças, quatro desvios e dois retornos, o que facilita o cruzamento entre as vias da região. Dessa maneira, a nova obra tem possibilitado um tráfego mais livre tanto nas avenidas Heráclito Rolemberg e Adélia Franco (eixo norte/sul), quanto na avenida Tancredo Neves (eixo leste/oeste).

O taxista Willamis Santos, que trafega diariamente pelo local por conta do seu trabalho, classifica a obra como excelente. Segundo ele, a circulação pela região se tornou muito mais tranqüila e rápida. "Ainda existem alguns congestionamentos em certos horários, mas, comparados aos outros, são bem menores", argumenta.

Segundo Demétrio de Almeida, gerente de operações de um hipermercado localizado nas proximidades do viaduto, já é notável o aumento na circulação de clientes na loja. Ele diz não ter dados sobre a intensidade dessa ascensão do movimento, visto que a obra foi inaugurada recentemente, mas confirma que o fluxo aumentou consideravelmente.


Transporte público

Assim que o viaduto começou a funcionar, os ônibus do transporte coletivo não podiam ter acesso às alças. De acordo com a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito de Aracaju (SMTT), esta foi uma medida de adequação do trânsito. Com o decorrer da semana, as linhas foram sendo gradualmente liberadas. Desde o último sábado os ônibus passaram a utilizar as alças do viaduto.

Bruno Melo, usuário do transporte coletivo, também aprovou a construção. "Nos primeiros dias, quando o ônibus fazia a volta na avenida do shopping Jardins, estava ruim, mas agora que ele já está usando a alça ficou bem melhor", declara ele, que passa constantemente pelo terminal DIA.

Alguns motoristas de ônibus afirmam que houve melhora, mas alguns pontos deixam a desejar. Ponderam que o sistema do terminal de entrada e saída oposto ao viaduto, que com a obra recebeu maior fluxo de veículos, ainda causa lentidão e deveria ser repensado. Afirmam também que as alças construídas estão muito curtas.

Alguns veículos de maior porte precisam transitar lentamente pelas alças, o que causa, congestionamentos no local. Como noticiou o Jornal de Cidade, no primeiro dia de funcionamento, uma carreta ficou atolada no canteiro do viaduto, por não ter conseguido fazer o contorno. Apesar disso, na boléia de um caminhão de aproximadamente 10m de comprimento, o motorista Cláudio da Rocha diz não ter encontrado dificuldades. "Estou aqui [na cidade] há dois dias e não vi nenhum problema em andar no viaduto", informa.

Obras complementares

A SMTT divulgou que será feita uma passarela sobre a av. Tancredo Neves, que ligará o Teatro Tobias Barreto ao Extra. Além disso, anunciou também o projeto de continuação da ciclovia (na mesma avenida) até a av. Beira Mar e a construção de um novo terminal de integração do DIA. No entanto, a data do início das obras ainda não foi divulgada.

Confira através do link abaixo as alterações ocorridas no trânsito do entorno:
Por Zeca Oliveira

Proposta para investidores de Sergipe

Os jovens do Estado interessados em investir na Bolsa de Valores já podem fazê-lo pelo Clube de Investimentos através do Conselho de Jovens Empreendedores de Sergipe (CJE), que foi lançado na última quinta-feira, dia 06, na Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (Acese). Os palestrantes Alysson Andrade, coordenador do projeto e diretor de negócios do CJE, e Guilherme Beviláqua, sócio da empresa Futura Investimentos, buscaram levar ao público conhecimento financeiro e divulgar a cultura empreendedora.

O Clube Invest-SE nasceu com propósito de reunir um conglomerado de pessoas com objetivo comum: aplicar seus recursos na Bolsa de Valores. De acordo com o coordenador do projeto, é mais vantajoso fazer parte de um clube do que encarar o mercado financeiro sozinho. “Os custos para manutenção de um clube são menores, assim como os riscos”, afirma ele, que espera ter de 150 a 200 associados atuantes até o fim deste ano.

Para participar, é preciso estar filiado à Acese e investir o valor mínimo de 1000 reais, ou aplicar 100 reais por mês. “O investidor não pode depender desse dinheiro para comprar a feira da semana, por exemplo. É preciso ter a certeza de que o valor não será utilizado”, diz Alysson Andrade, e completa, “os rendimentos de uma aplicação desse tipo, a longo prazo, são muito superiores às de uma poupança, apesar dos riscos”.

Há seis meses instalada em terra sergipana, a corretora Futura Investimentos, de Salvador, foi escolhida pelo CJE para assessorar os empreendedores interessados em investir, intermediando as operações de compra e venda de ações na Bolsa de Valores. O sócio Guilherme Beviláqua explica que Aracaju vinha sendo muito mal assistida nesse aspecto, apesar de possuir grande potencial. “As pessoas têm interesse no assunto, mas falta acesso às informações. Estamos aqui para desmistificar esse mercado e mostrar às pessoas que é possível investir e ganhar dinheiro com isso”, afirma ele.

Dentro do CJE foi criada também uma diretoria universitária com o intuito de levar educação financeira às universidades e escolas de 2º grau. A pretensão do movimento é realizar mais palestras sobre o tema e desenvolver a capacidade empreendedora dos jovens.

Por Raquel Brabec

08 março, 2008

Desejo e reparação

Enquanto professores querem negociar, servidores exigem cumprimento de promessas. Mas greve, por enquanto, não.


Guardadas as devidas proporções, a reivindicação do movimento sindical de professores e funcionários técnico-administrativos das universidades é a mesma: reajuste salarial. Mas, ao se analisar de perto o andamento das negociações de cada uma das categorias com o Governo em 2008, iniciam-se as diferenças. Os docentes lutam para voltar à mesa de negociações. Os servidores, por outro lado, já a deixaram com acordos satisfatórios, mas procuram blindar-se juridicamente contra o maior álibi de que o governo tem se valido: o fim da CPMF. Em ambas greve é uma realidade distante, ainda que não tenha sido descartada.

Luta pela esperança

A palavra que sintetiza o atual estágio de mobilização docente é ‘espera’. Depois de um ano sem reajuste salarial e sem definições, uma vez que as negociações foram repentinamente interrompidas pelo Governo em dezembro, a representação nacional da categoria enviou nesta semana ao Ministério do Planejamento uma solicitação de reabertura das discussões salariais. “Como o Governo voltou a discutir a carreira dos docentes do magistério no fim de fevereiro, o movimento se posicionou para discutir, entre outros assuntos, propostas destinadas aos professores de ensino superior”, explica Nélia Oliveira, presidente da Associação de Docentes da UFS – Adufs. Até o momento o Sindicato Nacional está aguardando um retorno do Governo Federal.

Frente às circunstâncias, a presidente da Adufs declara não vislumbrar greve ou paralisações no horizonte, pelo menos por enquanto. “Quando o sindicato tenta reabrir negociações, apostamos nelas e não é emitida nenhuma orientação para chamar assembléias”. As condições para a continuidade dos acordos, por outro lado, são claras. “O movimento nacional nos orientou que, dependendo do rumo das discussões, as associações docentes poderão convocar assembléias locais”, completa.

O caminho que leva a uma greve ou paralisação, no caso dos professores, não é simples. Em primeiro lugar, é necessária a apresentação de uma análise da situação do Estado para o Conselho Nacional. Apenas depois de ouvidas todas as associações, o Movimento orienta uma indicação, e não deliberação, de greve. “É um processo burocrático, mas também de democracia”, garante Nélia Oliveira. Os docentes de ensino superior reivindicam a incorporação de todas as gratificações ao vencimento básico e a discussão da carreira do ponto de vista salarial.

O ultimato Fasubra

Já entre os servidores técnico-administrativos, 'espera' não é um vocábulo bem-vindo. Diante das últimas circunstâncias em relação às negociações salariais com o Governo, a palavra de ordem disseminada pelo movimento sindical da categoria às suas bases estaduais é 'alerta'. Nos dias 27 e 28 de fevereiro, servidores da UFS e de universidades de todo o país paralisaram suas atividades para chamar a atenção do Governo Federal para a mobilização da classe. Segundo Edjanária Borges, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Sergipe – Sintufs - , o fim da CPMF não traz boas expectativas em relação ao acordo pactuado com a governança Federal, que previa reajustes de 5 a 20 % distribuídos por 3 anos – 2008, 2009 e 2010. A intenção do Governo era adiar o início da reestruturação salarial de janeiro para março. No entanto, os últimos eventos fiscais fizeram o Governo repensar a data. “Queremos que o acordo entre em vigência em maio deste ano. Não aceitaremos outro adiamento”, defende a presidente.

A paralisação, entretanto, não foi a única nem a maior medida pensada para pressionar o Governo no cumprimento de acordos. “Até o final de março, a Fasubra (Federação de Sindicatos e Trabalhadores de Universidades Brasileiras) enviará um documento ao Congresso Nacional pedindo que o termo de compromisso seja transformado em lei”, explica a presidente do Sintufs. Borges também declara que a manobra da Federação também tem prazo e, principalmente, conseqüências definidas. “Se nada avançar até o fim de março, a categoria pode deflagrar greve”.

Para o diretor político do Sintufs, Manoel Messias, inserir a CPMF na questão salarial dos servidores é um engôdo do Ministério do Planejamento. “Nos noticiários, as autoridades alegam que haverá perda de receita e isso prejudicará o cumprimento dos acordos. Mas, em primeiro lugar, a CPMF era destinada à saúde e nunca teve vinculação com o reajuste salarial dos servidores. Em segundo lugar, mesmo com o fim da CPMF, o governo arrecadou mais do que em períodos passados”. A solução da questão, ainda segundo o diretor político, não é outra senão o cumprimento dos acordos realizados. “Se o Governo cumprir, será melhor para todos. Em tese, não teríamos greve durante os três anos do reajuste. Não por questões salariais”, conclui.

Por Igor Matheus
Foto: Guga Oliveira

07 março, 2008

Artur Bispo do Rosário vai às telas

Iniciaram-se os preparativos para a produção do filme que contará a história de Artur Bispo do Rosário. Intitulado ‘O Senhor do Labirinto’, o longa-metragem resgatará a vida e a obra do artista sergipano admirado mundialmente, e ainda desconhecido na sua terra de origem. A obra dirigida pelo cineasta Geraldo Motta será baseada no livro ‘Artur Bispo do Rosário - O senhor do Labirinto’, de Luciane Hidalgo.

Visto por muitos como louco, Artur Bispo produziu 802 obras que estão expostas no museu que leva o seu nome, localizado em sua cidade natal. As principais peças do artista foram produzidas no período em que viveu internado em um hospital psiquiátrico, quando utilizava materiais advindos do lixo para fazer sua arte . A de maior destaque é o “Manto da Apresentação”, um bordado rústico rico em detalhes.

A iniciativa de realizar o filme sobre a vida e a obra de Artur Bispo partiu do cineasta Geraldo Motta. “A idéia de produzir o longa-metragem foi confirmada a partir da premiação de Motta pela roteirização do livro em projeto promovido pela Petrobras”, afirma a produtora Flávia Burgos. Ela acredita que o resgate da vida de um artista plástico admirado em diversas partes do mundo será de extrema importância para a sociedade sergipana.

Luz, câmara, ação!

Equipes compostas por produtores e diretores vêm constantemente ao Estado para realizar oficinas e palestras. Segundo a produtora local, a capacitação do pessoal é uma das propostas da 1ª fase da produção, já que quase todo elenco será formado por atores sergipanos. Além disso, 90% das cenas serão gravadas aqui mesmo em Sergipe, e o cenário principal será o antigo hospital psiquiátrico Garcia Moreno.

A estudante de artes Aline Lisboa é uma das interessadas em participar da parte cenográfica do projeto. “Será uma oportunidade fantástica para quem deseja trabalhar com arte áudio visual”, destaca Aline. A divulgação do projeto partiu do Núcleo de Produção Áudio Visual Orlando Vieira, onde aconteceram as oficinas, além da seleção, cujo resultado a candidata aguarda ansiosamente. Foram selecionadas 50 pessoas para a repescagem. Segundo Flávia Burgos, “Sergipe tem um bom potencial em atores iniciantes”.

A produtora registra a parceria do núcleo na realização do projeto, e afirma que a concessão do espaço para a realização das aulas e o fornecimento dos equipamentos tem sido uma colaboração importante. Flávia ressalta ainda o apoio dado pelo Governo do Estado e pela Prefeitura de Aracaju que, através da FUNCAJU, já proporcionou a reprodução da maioria das obras do artista que serão apresentadas no longa-metragem. Quanto ao apoio da iniciativa privada, ela diz que ainda está em processo de captação de recursos.

O reconhecimento

Previstas para começar em maio, as gravações serão um passo importante para a concretização de um projeto que trará à tona a história do artista sergipano ainda desconhecido em sua terra natal. Aline Lisboa, por exemplo, mostra-se surpresa com a arte produzida por Artur Bispo e revela que até então não tinha conhecimento sobre a obra feita pelo artista.

A capacidade de produção de Artur Bispo do Rosário é reconhecida mundialmente através de exposições como a que está sendo preparada na Alemanha para comemorar seu centenário. O longa está previsto para ser lançado no final de 2009. O Senhor do Labirinto será uma oportunidade importante para que os sergipanos conheçam o artista conterrâneo de grande originalidade.

Por Tarcila Olanda

Esporte para todas

A partir de amanhã, dia 08 de março, 661 mulheres iniciarão uma disputa por medalhas em doze modalidades diferentes: voleibol de quadra e de areia, judô, futsal, futebol de campo, xadrez, ciclismo, dominó, handebol, dama, atletismo e karatê. Elas participarão do I Jogos Sergipanos da Mulher, uma iniciativa da Secretaria do Estado de Esporte e Lazer (SEEL), que busca homenagear as mulheres pelo seu dia e incentivar a prática esportiva feminina.

Apenas no atletismo e no ciclismo haverá divisão entre duas categorias: a “A”, de 16 até 18 anos; e a “B”, com participantes acima de 19 anos. Nas demais modalidades as atletas estarão disputando em categoria única. A presidente da Comissão Central Organizadora, Kleysse Santos de Lima, diz que a média de idade das inscritas é de 20 anos e revela que esperava uma maior participação de mulheres maduras. Já que o evento se encerra no dia das mães, ela queria que estas se sentissem prestigiadas com os jogos.

O futebol foi o esporte que teve o maior número de inscrições, confirmando que a paixão nacional também está presente no público feminino. Entre salão e campo, inscreveram-se 26 equipes, ou seja, 340 atletas apenas nestas modalidades. O esporte individual mais procurado foi o karatê, que contará com oito equipes, sendo 29 o número de inscritas.

Gilvan Costa Cavalcante, gerente geral de esporte da SEEL e presidente da Federação Sergipana de Ciclismo há 16 anos, afirma que os Jogos Sergipanos da Mulher é fruto de uma política de investimento no esporte amador. “Nunca se fez tanto pelo esporte amador no estado, só no ano passado fizemos o I Jogos Abertos do Interior, a I Copa Sergipe de Futsal, a I Copa Sergipana de Futebol Sub-17 e o I Circuito Quarentão de Futebol. Como se pode ver, todos inéditos”, declara.

O I Jogos Sergipanos da Mulher terá início amanhã, às 19h30, no Ginásio de Esportes do SESI, no Augusto Franco. Após o término da cerimônia de abertura – que contará com apresentações de grupos artísticos, desfile das equipes participantes, juramentos do atleta e do árbitro, e sorteio de brindes –, serão realizadas as primeiras disputas no futsal.

Por Christiane Matos

06 março, 2008

Criacionismo ou Evolucionismo?

"É impossível crer em Deus se não crer que ele criou todas as coisas. Se nós não sabemos como explicar as coisas, não devemos ter a pretensão de dizer que elas não existem porque não sabemos como elas podem ser explicadas". (Marina Silva, ministra do Meio Ambiente)

Desde que a ministra Marina Silva defendeu no 3ª Simpósio sobre Criacionismo e Mídia, em São Paulo, a proposta de incluir o criacionismo obrigatoriamente nas escolas brasileiras, o debate entre fé e ciência reacendeu, sobretudo na Internet.

A polêmica existe porque o evolucionismo é, no momento, a tese adotada pelo meio acadêmico-científico para explicar a origem das espécies. Uma pesquisa realizada há nove anos, nos Estados Unidos, e publicada na prestigiada revista “Nature” concluiu que 70% dos cientistas mais proeminentes do país, os Membros da Academia Nacional de Ciência, não crêem em um Deus pessoal. Somado aos que têm dúvidas sobre o assunto, esse número supera 90%.

Mas, o que gera controvérsia não é o fato de a ministra declarar-se criacionista, e sim o fato de ela ser a favor da obrigatoriedade do ensino do criacionismo. Os defensores do evolucionismo argumentam que lecionar nas escolas um conteúdo cuja base é a fé seria inconstitucional, uma vez que o Estado brasileiro é laico.

Nem obrigatoriedade nem proibição

O fundamentalismo de ambos os lados acaba impedindo-os de ver a real situação organizacional da escola brasileira. Inexiste no Brasil uma definição impositiva de currículo. O que há são os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que funcionam como norteadores de propostas curriculares, mas não definidores. A Lei 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), conferiu às escolas brasileiras autonomia para planejarem e organizarem seus currículos. Nesse sentido, obrigar que as instituições escolares introduzam em seus currículos determinada teoria representa uma quebra dessa autonomia conquistada ao longo de lutas históricas.

Por outro lado, o fato de o Estado brasileiro ser laico não impede que o criacionismo também seja lecionado nas escolas. Laico é o Estado que não professa, oficialmente, nenhum credo religioso. Assim como nenhuma religião interfere, diretamente, nas decisões de governo, o Estado também não interfere em nenhuma questão de fé. Por isso, apesar do laicismo, a LDB, dentro dos limites da constitucionalidade, em seu art. 33, contempla o ensino religioso. Obrigatório para a instituição de ensino e facultativo para o aluno, porém constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental de todo o país.

A professora da disciplina Ensino Religioso da Rede Pública Municipal de Ensino de Aracaju, Maria de Fátima Machado Araújo, explica como se dá esse tipo de estudo. “O que o ensino religioso das escolas da rede municipal de Aracaju busca é ligar o homem ao transcendente. Nós, em hipótese alguma, queremos ser confessionais. Nesse caminho, trabalhamos com as duas visões: o criacionismo e o evolucionismo”.

Por ser a tese que venceu, o evolucionismo predomina nos livros didáticos e nos programas de concursos, inclusive vestibulares, de todo o país. A LDB “tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando” (art.2º) e está preocupada com a formação do cidadão que dialoga com o mundo que está a sua volta, então não há como fugir ao ensino do evolucionismo. Mas nada impede que o professor, se achar necessário, utilize outros conceitos em suas aulas, desde que, por uma questão legal e de ética, não promova a catequização dos alunos. “Na sala de aula eu dou ênfase às duas teorias sem querer opinar o que é certo e o que é errado, porque ambas são teorias”, explica Carlos Messias Gomes Oliveira, professor de ciências da rede pública estadual e municipal.

Alguns livros didáticos de ciências, como o de Nélio Bizzo, no capítulo em que tratam da criação do mundo, procuram citar também a visão “religiosa”, mostrando que há outras concepções, e não há aí nenhuma irregularidade.

Além da Virgem Maria

O criacionismo não é exclusividade do cristianismo. Durante mais de 30 séculos a crença criacionista perdurou como verdade absoluta em diversas partes do mundo. Hoje, é o evolucionismo que domina o meio científico como verdade absoluta. Contudo, existem outras concepções acerca da criação do mundo, dentre elas o evolucionismo teísta, tese que tenta conciliar as duas visões antagônicas: para essa teoria, o evolucionismo não anula o criacionismo, uma vez que só é possível evoluir a partir de um ponto, esse ponto é o princípio, e o princípio é Deus.

Católicos e protestantes que, dentre outras coisas, já divergiam quanto à santidade de Maria, divergem também quanto à teoria a ser adotada para explicar a origem da vida. Os protestantes são criacionistas convictos, enquanto os católicos colocam-se como evolucionistas teístas.

Em 1996, o Papa João Paulo II enviou à Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano documento reiterando a posição oficial da Igreja Católica Apostólica Romana a favor da teoria da evolução. Segundo o documento, a teoria da evolução é mais que apenas uma hipótese e é compatível com a fé cristã. Entre os cientistas católicos já há quem afirme que os seis dias da criação não corresponderiam à contagem de tempo que é usada na atualidade, pois poderiam se referir, por exemplo, a eras.

Entre os protestantes é grande o número de artigos, sites, blogs e outros meios em que a posição da igreja católica é duramente criticada.

Segundo o professor Carlos Messias, que é adventista do sétimo dia, não dá para crer em Deus e ser evolucionista. “Ou você crê em Deus e é criacionista, ou você não crê em Deus e é evolucionista”, afirma ele.

Já o professor de história, Alex da Silva Barreto, católico de formação, pensa diferente. “Cada um tenta explicar o mundo à sua maneira, uma forma não anula a outra. Como qualquer teoria, está sujeita a interpretações”, conclui.

Veja mais em:

A farsa de Charles Drawin

A farsa criacionista

Por Luciene Oliveira

Remédios que cabem no bolso

A aposentada Maria Elisabete de Sousa se desloca todas as semanas de Areia Branca a Aracaju para comprar medicamentos para o seu pai, o Sr. João de Sousa. Ele tem hipertensão e toma remédios controlados. Dentre os vários medicamentos solicitados na receita médica do Sr. João, um deles chega a ser 90% mais barato na Farmácia Popular do Brasil, custando R$ 0,80, enquanto que nas drogarias privadas ele custa em média R$ 7,68. Uma grande economia quando se leva em conta um tratamento longo e a aposentadoria de um salário mínimo do Sr. João. “Fiquei sabendo da Farmácia Popular através da indicação do posto de saúde de Areia Branca, que não tinha disponível o remédio que meu pai precisava”, afirma Maria Elisabete. Após a descoberta da farmácia popular, ela comemora que a aposentadoria do pai, antes praticamente toda dispensada aos remédios, agora rende.

Assim como acontece com Maria Elisabete, o programa Farmácia Popular do Brasil, criado em 2004, tem beneficiado muitas pessoas. O programa do Governo Federal em parceria com a Fundação Osvaldo Cruz (FIOCRUZ) foi criado para aumentar e facilitar o acesso de quem não tem condições de comprar o medicamento e cumprir o tratamento corretamente. A FIOCRUZ, órgão do Ministério da Saúde e executora do programa, adquire os medicamentos de laboratórios farmacêuticos públicos ou do setor privado e depois disponibiliza nas farmácias a preço de custo.

Cristiane Trindade, farmacêutica-gerente da Farmácia Popular de Aracaju, explica a evolução do programa. “Começamos com uma média de 30 a 60 atendimentos por dia, e hoje chegamos a atender quase 400. Somente em 2007 foram atendidas aproximadamente 60 mil pessoas e o número de atendimentos têm aumentado progressivamente, quando se compara aos 37.651 atendimentos em 2006”.

A farmacêutica registra que, devido ao aumento da demanda, já está sendo implantada outra unidade da Farmácia Popular em Aracaju. Além da unidade da capital - que foi a primeira do estado, inaugurada em 2005 -, as cidades de Lagarto, Itabaiana, São Cristóvão e Nossa Senhora do Socorro também possuem o serviço. “O objetivo do programa está sendo alcançado, estamos atingindo um público cada vez maior, independente da classe social. Uma curiosidade é que quem mais usufrui da farmácia popular, é a classe média, pois também estão em busca de economia. Uma parcela muito grande desses clientes deixou de comprar nas farmácias privadas para comprar aqui. Isso, é claro, deve ter afetado diretamente no lucro das drogarias privadas”, observa.

O rol de medicamentos disponíveis pelo programa é definido pelo Ministério da Saúde, considerando-se as evidências epidemiológicas e prevalências de doenças e agravos do país. São 94 tipos de remédios para doenças como hipertensão, diabetes, úlcera gástrica, depressão, asma, infecções, verminoses, colesterol e anemia, além de anticoncepcionais e preservativos masculinos.

A unidade de Aracaju conta com dois farmacêuticos durante todo o horário de funcionamento, além de dois estagiários. O monitoramento da entrega dos remédios é rígido. Conforme explica o funcionário Anderson Andrade, que faz essa entrega, antes de distribuir o medicamento ele deve anotar o nome e o telefone do cliente, para prevenir possíveis erros na entrega. “No final do dia fazemos um balanço geral, se houver divergência entre a medicação vendida e o receituário médico, ligamos imediatamente para o cliente”. Quanto ao abastecimento do estoque desses remédios, Cristiane diz que há um controle severo a fim de que não haja falta.

Para ter acesso aos medicamentos da farmácia popular é preciso estar munido da prescrição médica ou odontológica. “Apesar de muitos virem como ‘burocratização’, esta é uma medida legal e segura para a saúde do paciente, visto que, todos os medicamentos podem causar reações adversas como intoxicações ou mascarar doenças graves. Tal exigência busca evitar principalmente a automedicação”, ressalta a farmacêutica-gerente.

Rede Privada

O Governo Federal também oferece subsídios para a compra de medicamentos pela rede privada. No Estado de Sergipe existem 19 farmácias credenciadas; só em Aracaju estão treze delas. O restante fica no interior do estado, nas cidades de Boquim, Estância, Itabaianinha, Malhador, Umbaúba e no município de Nossa Senhora do Socorro. Segundo a gerente de uma das farmácias credenciadas no programa, “os medicamentos disponibilizados são mais restritos que os da Farmácia Popular, eles não estão entre os 94 medicamentos contidos na cartilha. Essa possibilidade de oferecer medicamentos mais acessíveis aumentou significativamente o número de vendas”, afirma.

Estabelecimentos cadastrados no programa


“Concorrência desleal”

Nem todas as farmácias e drogarias comerciais (rede privada) podem participar do programa, pois existem pré-requisitos a serem atendidos. Por isso, Francisco Machado, funcionário de uma drogaria não participante do programa, diz que “não só a farmácia onde trabalho teve prejuízo, mas muitas outras em Aracaju. Perdemos os nossos melhores clientes, que são os que fazem tratamentos com remédios caros e possuem uma dependência maior deles”.

Segundo Francisco, a concorrência é desleal. Afirma que muitas farmácias foram fechadas após a criação do programa,, e que as grandes redes de drogarias podem oferecem descontos e facilidades de pagamento, algo que as farmácias pequenas não têm condições de fazer.

Pra mais informações sobre o programa acesse o site do Ministério da Saúde: http://www.blogger.com/www.saude.gov.br/farmaciapopular

Endereço da Farmácia Popular de Aracaju:
Rua Estância, 772, centro.
Tel.: 3179-1981/1982
Horário de funcionamento: Segunda a sexta-feira das 8h00 às 18h00, e sábado das 8h00 às 12h00.

Link para lista de medicamentos

Por Cristiane Batista

05 março, 2008

Sergipe registra menos homicídios em 2008

O ano de 2008 começou mais tranqüilo em Sergipe. No mês de janeiro foi registrada uma redução de 31% no número de homicídios no Estado. Foram ao todo 36 casos ocorridos no primeiro mês deste ano, 16 a menos que em 2006 e 17 a menos que em 2007.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) atribui esse baixo índice à maior presença de policiais nas ruas, apreensões de armas e o combate ao tráfico de drogas.

Em 2007, já havia sido registrada uma redução de assassinatos em 10%. Nesse período, o número de roubos também caiu em 15%.

No Mapa da Violência 2008, lançado pelo ministério da Justiça, Aracaju consta como a 10ª capital mais violenta do país, com uma média de 44 homicídios por 100 mil habitantes. Contudo, os dados referem-se ao ano de 2006. A estimativa para 2008, se mantida a taxa de redução, é de 25 homicídios por 100 mil/hab. Se confirmados esses números, a capital sergipana se tornará uma das mais seguras do país.



Veja mais em:

Ranking das capitais

Mapa da violência em 2008 (download)

Por Ailton Reis

03 março, 2008

Distúrbios que merecem atenção

L. S. tem seis anos de idade e é uma criança que se destaca entre os colegas de sala de aula. Ele tem um raciocínio lógico, é extremamente comunicativo e o seu comportamento dentro de casa é muito enérgico. “Às vezes sofro pra tentar acompanhar o ritmo dele, não é fácil”, explica sua mãe, Marta.

Por outro lado, seu colega de classe, A. S., tem a mesma idade e apresenta um comportamento diferente. Apesar de receber vários estímulos de sua professora, ele não consegue acompanhar o ritmo da classe e tem dificuldades em assimilar o conteúdo.

Ambos sofrem de distúrbios relacionados à aprendizagem, tema pouco conhecido pela maioria da população. O primeiro possui hiper-atividade e o segundo dislexia.

Dislexia versus Hiper-atividade

Em termos gerais, a dislexia é um distúrbio que impossibilita o aprendizado de maneira consistente, fazendo com que o indivíduo tenha dificuldade na leitura e na pronúncia correta de certas palavras. É o que acontece com A. S., que não consegue distinguir as letras ‘b’ e ‘v’ quando soletra algumas palavras. Essa dificuldade acaba deixando-o isolado na sala de aula.

O médico neurocirurgião Dr. Petrônio Gomes explica que o lóbulo temporo-sensorial, que regula o processamento de informações no cérebro, recebe as informações de maneira mais lenta em uma pessoa disléxica do que em uma pessoa normal. Por isso a dificuldade na absorção do conhecimento.

Por outro lado, Gomes afirma que em uma criança hiper-ativa a informação é processada muito rapidamente. “Por conta disso, pessoas com hiper-atividade, não conseguem ficar quietas nem por um segundo”. É o caso do menino L. S.

Muitas pessoas acreditam que esses problemas ocorrem somente na infância, porém eles podem se manifestar também na fase adulta. “Esses distúrbios podem acontecer em qualquer fase da vida, por isso o acompanhamento de um psico-pedagogo é importante”, complementa o médico.

Tanto a dislexia quanto a hiper-atividade não têm cura. Contudo, o tratamento ajuda o indivíduo a levar uma vida normal. Para facilitar o diagnóstico, o médico alerta para determinados sintomas: “se, por exemplo, a criança costuma ficar muito dispersa em sala de aula ou se ela levou muito tempo pra começar a falar, isso pode ser caso de dislexia”.

Distúrbio no Brasil e no mundo

De acordo com o portal da dislexia, estima-se que no mundo entre 0,5% e 17% da população mundial seja disléxica. O número pode ser maior, visto que a síndrome é renegada tanto pelos pais quanto pelo indivíduo.

No Brasil, não existem dados que confirmem a quantidade exata de pessoas com o distúrbio, mas alguns estudos indicam que aproximadamente 15 milhões de pessoas possuem a síndrome.

Quadro em Sergipe

De acordo com Jerusa Silveira, coordenadora de Educação Especial da Secretaria do Estado da Educação (SEED), muitos professores não são treinados para lidar com o problema. Ela lembra que há casos em que o disléxico também apresenta outras necessidades físicas, como a cegueira e a surdez, por exemplo. Dessa forma, a melhor capacitação do profissional ajuda a diminuir os casos de evasão e repetência por parte dos alunos.

Durante os dias 24 e 28 de setembro de 2007, a SEED promoveu um curso de capacitação de professores para lidar melhor com o problema. Segundo Jerusa, o curso teve por objetivo elaborar novas técnicas de absorção de escrita e leitura que ajudassem no ensino de crianças e adolescentes.

A coordenadora declara ainda que o número de casos de crianças e adolescentes que tenham algum tipo de necessidade especial em Sergipe é relativamente alto. “Perto de 34 mil crianças, tanto da rede pública quanto da rede particular, apresentam algum tipo de deficiência, seja mental ou cognitiva”, afirma.

A importância dada ao problema na infância deve incluir os devidos cuidados, pois com o passar dos anos a pessoa portadora do distúrbio pode até mesmo querer negá-lo e recusar um tratamento adequada. “Essa disfunção no aprendizado não é intencional. Se acompanhada do jeito correto, a pessoa pode levar uma vida tranqüila”, explica.

Por Rafael Gomes

01 março, 2008

UFS carece de planejamento arbóreo

Núcleo de Engenharia Florestal da UFS alerta sobre a importância da arborização e afirma que na universidade ela se dá de maneira equivocada

A arborização exerce papel de vital importância para a qualidade de vida nos centros urbanos. Por suas múltiplas funções, a árvore urbana atua diretamente sobre o clima, a qualidade do ar, o nível de ruídos e sobre a paisagem, além de constituir refúgio indispensável à fauna remanescente nas cidades.

Esse foi exatamente o tema de um trabalho apresentado pelo Núcleo de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Sergipe, no 11º Congresso Brasileiro de Arborização Urbana, realizado em setembro do ano passado, em Vitória, Espírito Santo. Conforme explica o professor do Núcleo, Robério Ferreira, a pesquisa consistiu num diagnóstico das espécies florestais e dos principais problemas observados na arborização de Aracaju, com o propósito de elaborar um Manual de Arborização para a cidade.

O projeto, que também é formado por diversos estudantes do curso, teve o apoio do promotor público Sandro Luiz da Costa para a realização do estudo. De acordo Dalva Angélica, aluna do curso e uma das participante do Núcleo, foram analisados os principais pontos da cidade. “Nós trabalhamos com 22 praças de movimentação, como, por exemplo, a da Imprensa, a da Bandeira, a Camerino e a Fausto Cardoso. O que pudemos verificar foi uma maior quantidade de espécies exóticas, em relação às nativas”, afirma.

A universitária também ressalta os perigos de uma arborizaçãao mal planejada. “A arborização urbana promove uma melhoria na qualidade de vida da população. Mas, se implantada de forma inadequada, pode ocasionar problemas à rede elétrica pelo crescimento das copas, danos à rede hidráulica e rompimento de áreas pavimentadas pelo crescimento excessivo de raízes superficiais. Em alguns casos, pode até causar problemas alérgicos para pessoas sensíveis a componentes produzidos por algumas espécies”.

Arborização na UFS

Quanto à situação da Universidade Federal de Sergipe, a estudante de Engenharia Florestal é enfática. “Não há planejamento. Ultimamente, estamos acompanhando mais de perto a arborização, por causa das construções civis que estão sendo encaminhadas no campus. No início, elas estavam sendo feitas de forma equivocada, algumas árvores eram cortadas sem critério algum”, lamenta Dalva.

Outro problema da falta de planejamento, para ela, seria a existência de árvores impróprias para o local em que se encontram. “No estacionamento, deveriam ser plantadas mais árvores, para dar sombra aos carros. Porém, existem lá muitas espécies de frutos grandes, que podem danificar um veículo no caso de uma queda. A universidade também precisa de mais árvores nativas, os passeios que foram construídos recentemente deveriam receber mais árvores ao redor, para fazer sombra aos transeuntes. Com um planejamento eficiente, teríamos outra situação”, explica a estudante.

Poda

É necessário haver um planejamento prévio de arborização, para que se possa escolher melhor as árvores em relação aos locais onde serão plantadas. Isso inclui a análise de alguns fatores, como rede elétrica e de telefonia, sinalizações, passeios e edificações.
Quando isso não ocorre, no entanto, é bastante comum a utilização de uma técnica de correção: a poda. Porém, o professor Robério alerta que “muitas vezes, essa poda é feita de maneira inadequada, sem levar em consideração as recomendações técnicas, e causam danos, deixando os indivíduos mais susceptíveis a doenças e a ataques de insetos, por exemplo. Além disso, provocam um efeito paisagístico indesejável”.

Para Dalva, a maioria das árvores da universidade não necessita ser podada. “As árvores da UFS geralmente não chegam à fiação elétrica, nem atingem os prédios. As podas que são feitas na universidade, sem planejamento, prejudicam a árvore, no sentido de atrapalhar o seu desenvolvimento. Nossas espécies têm grande potencial, temos que respeitá-las”, conclui.

Por Priscila Viana