23 maio, 2007

Semana Estadual Antidrogas informa e conscientiza sergipanos


A Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) promove, desde 1999, a Semana Nacional Antidrogas no período que vai de 19 a 26 de junho. Esta data foi escolhida porque o dia 19 marca a data de criação da Secretaria e o dia 26 é o Dia Internacional da Luta contra o Uso Indevido e o Tráfico de Drogas. Todos os estados brasileiros tentam acompanhar a programação da SENAD através da realização da Semana Estadual Antidrogas. Em Sergipe, devido aos festejos juninos, a edição 2007 da Semana acontece entre os dias 21 e 25 de maio e é organizada pelo Conselho Estadual de Entorpecentes (Conen).

Dentre as programações da Semana Estadual Antidrogas, encontra-se a III Caminhada pela Valorização da Vida e o II Seminário Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas. Segundo Regina Souza Grilo, secretária executiva do Conen, a Semana é uma atividade de prevenção e não de repressão: “o nosso objetivo é fazer a prevenção através da informação e, por meio desta, a comunidade poderá obter mais conhecimento a respeito das drogas lícitas e ilícitas e, a partir daí, poderá fazer sua opção”.

O Conen, criado há 24 anos, é um órgão da Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc), cuja finalidade é propor uma Política Estadual Antidrogas, bem como elaborar planos, coordenar, controlar e fiscalizar as atividades relacionadas ao tráfico e ao uso de entorpecentes em Sergipe. É formado por 13 Conselheiros representantes de 13 instituições, das quais 12 são governamentais – a exemplo da Secretaria de Segurança Pública (SSP), da Secretaria de Estado da Educação (SEED) e do Ministério Público (MP) – e uma não-governamental, a Maçonaria.

Debate Público sobre Drogas

O II Seminário Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas, que acontecerá no auditório do edifício Walter Franco do Ministério Público nos dias 23 e 24 de maio, é um momento de debate e de divulgação de informações sobre temas referentes ao uso e ao tráfico de entorpecentes. “Esta é uma oportunidade de reunirmos desde donas de casa a universitários, conselheiros tutelares, advogados, profissionais diretamente ligados à questão; é um momento de expor e de ouvir idéias”, afirma a secretária executiva do Conen, Regina Grilo.

A inscrição no seminário é gratuita. As vagas são limitadas mas abertas a toda população sergipana. Estarão presentes palestrantes provenientes de diversas instituições e de diferentes áreas profissionais, que falarão tanto do uso das drogas ilícitas quanto do das lícitas. Regina Grilo diz haver uma grande preocupação com relação às drogas lícitas, principalmente o álcool, que mais é a mais frequentemente consumida de forma excessiva, mesmo por menores de 18 anos. “Esses jovens nem sempre têm noção dos transtornos que o álcool poderá causar ao longo de suas vidas”, conta Regina. A questão das bebidas alcoólicas será abordada nas palestras sob várias perspectivas, como, por exemplo, sua relação com o trânsito, ou então seu consumo durante a gravidez.

O seminário apresentará também experiências de pessoas que conseguiram se livrar das drogas, como o palestrante pernambucano José Bartolomeu de Araújo, presidente e fundador da ONG Desafio Jovem de Caruaru, que já esteve até no Programa do Jô relatando sua história. Outro exemplo é o professor Sílvio Freire de Oliveira, coordenador do projeto "O adolescente e as drogas" da Escola Estadual Arabela Ribeiro, de Estância.

Conforme Regina Grilo, o seminário é uma oportunidade de a população ter a noção exata das conseqüências e dos malefícios causados pelo uso das drogas. “Além dos desastres que elas causam à personalidade e à saúde dos indivíduos, as drogas também acarretam transtornos na sociedade, como os desajustes familiares, os seqüestros e os assaltos”, explica a secretária

Planos de Ação

Paralelamente ao Seminário e à Caminhada, serão realizadas exposições sobre drogas com apresentações de cartilhas informativas. Contudo, Regina Grilo faz questão de frisar que a prevenção contra o uso e tráfico de entorpecentes não se restringe a eventos pontuais como este da Semana Estadual Antidrogas. O Conen, juntamente com a SEED, a Secretaria de Saúde e a Universidade Federal de Sergipe, realiza projetos permanentes por meio de um Plano de Ação que é embasado em diretrizes provenientes da Secretaria Nacional Antidrogas.

Um desses projetos – e que ainda está sendo discutido – é o da implementação da disciplina “Drogas” na grade curricular das escolas. “Os professores devem falar sobre isso como falam sobre Biologia, sobre a Língua Portuguesa”, afirma a secretária executiva do Conen. Ainda assim, ela não tira o mérito da Semana Estadual Antidrogas como uma oportunidade de conscientizar e informar sobre o assunto. “O que nós queremos é prolongar a vida das pessoas de uma forma mais saudável, previnindo-as quanto ao uso indevido das drogas”, finaliza.

Por Tiale Acrux
tialeacrux@yahoo.com.br

Confira a programação da Semana no site: SEJUC

Orientações e informações sobre a prevenção do uso indevido de drogas, ligue “Viva Voz”: 0800 510 0015

Imagem: Venha dizer não às drogas

22 maio, 2007

Selo “Unicef Município Aprovado” é lançado em Sergipe


Na manhã da última quarta-feira, 16 de maio de 2007, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com o Governo de Sergipe, realizou o lançamento local da edição 2008 do selo Unicef Município Aprovado, o qual acontece pela segunda vez no estado. O evento reuniu o governador Marcelo Déda e o coordenador do Unicef Zona BA/SE, Ruy Pavan, além de prefeitos sergipanos e representantes da sociedade civil.

O projeto Município Aprovado teve início no ano 2000, mas restrito ao estado do Ceará. Depois de três edições realizando os ajustes e as adaptações necessárias, em 2006, o Unicef ampliou o programa para municípios de 11 estados brasileiros: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. De acordo com Andréia Néri, oficial de comunicação do Unicef (BA/SE), isso aconteceu porque “o órgão precisava testar a metodologia de monitoramento e avaliação do desempenho desses municípios”.

O selo Unicef Município Aprovado é mais uma ferramenta para ajudar o Brasil a atingir os oito objetivos de desenvolvimento do milênio, delineados pelos 191 países-membro da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000. Os Estados têm até 2015 para cumprir metas como a erradicação da extrema pobreza e da fome, a universalização do ensino básico e a redução da mortalidade infantil.

Objetivos

A edição 2008 do selo não visa incitar uma concorrência entre os municípios, mas a melhoria da qualidade de vida dos moradores do semi-árido, de acordo com os indicadores educação, saúde, proteção e participação social. Para tanto, cada município indica um articulador responsável pela intermediação entre o Unicef e a prefeitura que representa, além de ter as funções de mobilizar sua comunidade e de implantar projetos necessários para a contemplação do município com o Selo Unicef. “O selo é uma metodologia de monitoramento e avaliação de desempenho desses municípios. O Unicef monitora os indicadores oficiais e oferece metas que precisam ser trabalhadas”, explica Andréia Néri.

Além da melhoria de seus índices sociais, um dos pré-requisitos para que os municípios recebam o selo é a instalação de Conselhos Tutelares e Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente. A partir daí, o Unicef realiza avaliações qualitativas dos órgãos criados, que acontecem sob a forma de reuniões com lideranças comunitárias não envolvidas diretamente no projeto.

Uma comissão Pró-Selo já foi formada em Sergipe, envolvendo o Gabinete da Primeira-Dama, Secretarias de Estado da Educação (Seed), da Saúde (SES) e de Inclusão Social (Seids), além de representantes da sociedade civil, como o Centro Dom José Brandão de Castro e Instituto Recriando. De acordo com Elisângela Valença, assessora de comunicação da Seids, cada secretaria buscará potencializar mudanças nos municípios de modo que estes possam atingir os objetivos do Selo.

Resultados

Os resultados da edição anterior foram divulgados em abril deste ano na ocasião do lançamento nacional do Selo Unicef 2008. Dos 1.176 municípios do semi-árido inscritos em 2006, apenas 192 receberam o Selo, que pode ser explorado em campanhas publicitárias e em prédios públicos por dois anos – após esse período, o município precisa concorrer novamente. Em Sergipe, dos 34 municípios inscritos, cinco foram contemplados: Cedro de São João, Própria, Poço Redondo, Porto da Folha e Lagarto.

Os números referentes à região do semi-árido demonstram o comprometimento das prefeituras municipais com o projeto. A mortalidade infantil, por exemplo, caiu de 25,6 mortes para cada mil crianças nascidas, em 2003, para 21,9 por mil, em 2005, o que significa que cerca de duas mil crianças foram salvas. Houve também uma queda no índice de desnutrição de crianças de até dois anos de idade, que era de 9,2 %, em 2003, e que passou para 6,8 % em 2005, o que representa um impacto positivo na vida de 24 mil crianças. Além disso, 170 novos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente foram criados.

Inscrições

As inscrições para participar do Selo Unicef 2008 seguem abertas até o dia 15 de junho de 2007. Apenas o prefeito pode registrar a participação de seu município. Ele deve enviar a ficha de inscrição preenchida para a zona do Unicef referente ao estado do qual faz parte. O administrador também precisa indicar o articulador do município.

Por Carlos Eduardo Lordelo


Para saber mais, acesse:

Selo UNICEF Município Aprovado 2008


17 maio, 2007

Casos de meningite em Aracaju estão dentro da normalidade

Ao contrário do modo como foi divulgado por alguns setores da mídia sergipana, os casos de meningite registrados até o fim de abril, em Aracaju, estão dentro da normalidade. Os dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) atestam a não classificação do ocorrido como epidemia, ou até mesmo surto.

De acordo com a coordenadora da Vigilância Epidemiológica da SMS, Tânia Maria Santos, os casos que ocorreram tanto na capital quanto no interior já eram esperados. “Embora a doença seja grave, não há motivo para pânico. Os casos estão dentro da normalidade”, informa. Ainda segundo a coordenadora, a meningite costuma surgir justamente na época das chuvas, ao lado das viroses. “Ela é uma endemia, ou seja, está presente no país e por vezes, aparece”, complementa.

Até o fim de abril desse ano, foram registrados 33 casos de meningite em Sergipe, dos quais seis na capital. Contudo, uma análise da tabela com o número dos casos de meningite em Aracaju nos últimos três anos mostra que não há nada de extraordinário ocorrendo neste ano. Para Santos, alguns jornais cometeram exageros ao divulgar os casos sem contextualizá-los.

Ver abaixo tabela com dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Aracaju.

A doença

A meningite é uma inflamação nas membranas – meninges - que recobrem o sistema nervoso. Vários são os agentes etiológicos que podem desencadear a enfermidade, como bactérias, vírus e fungos. Quando esses microorganismos se alojam nas meninges, a reação deles com os leucócitos responsáveis pela defesa do corpo humano leva à inflamação que caracteriza a doença.

Apesar de serem vários os tipos de meningite, a mais grave ocorre quando ela é oriunda de uma bactéria chamada meningococo. Pelo fato de ainda não terem desenvolvido anticorpos suficientes para combatê-la, as crianças de até cinco anos são as mais atingidas pela chamada meningite meningocócita. Esse foi o caso de Joana, dois anos, que faleceu após ter contraído a doença. “A enfermidade não poupou a vida de minha sobrinha”, lamenta a dona de casa Rosana Matos.

Sintomas e tratamento

Os sintomas da meningite são: febre alta, dor de cabeça constante, rigidez na nuca, manchas vermelhas na pele, vômitos fortes e desânimo. Pelo fato de alguns desses sintomas terem semelhança com os da virose, recomenda-se que as pessoas não pratiquem a auto-medicação e que procurem um médico para que ele faça o diagnóstico.

É comum que, diante das gripes e viroses, os doentes ingiram remédios à base de paracetamol (como o Tylenol e o Dôrico). No entanto, o efeito dessas drogas pode mascarar uma possível inflamação nas meninges e a doença não ser identificada a tempo.

Embora existam vacinas para alguns casos da doença, a exemplo da meningite meningocócita sorogrupos A e C, elas não são encontradas nos postos de vacinação, uma vez que devem ser utilizadas apenas em caráter de “vacinação em massa”, para que o efeito seja mais duradouro. Tais restrições só comprovam a necessidade de que, sob quaisquer sintomas, sejam evitadas as auto-medicações e os médicos sejam acionados para que analisem o caso e façam o diagnóstico correto.

Por Allan Nascimento

Para mais informações, consulte:

Site do Ministério da Saúde

16 maio, 2007

Comunidade acadêmica prestigia lançamento de livros da Editora UFS


Imbuída da função de divulgar a produção acadêmica e outros assuntos de interesse da sociedade, a Editora UFS lançou, no último dia 09, dez obras que tratam de temas ligados à educação, economia, internet, antropologia, sociologia, dentre outros. O evento ocorreu como parte das comemorações dos 39 anos da Universidade Federal de Sergipe.

A Editora UFS, em 21 anos de existência, já publicou 80 livros. Desta vez, estudos, ensaios, resultados de pesquisas e dois livros de poesias elencam a lista de trabalhos lançados. Sete dos novos livros foram editados em parceria com a Fundação Oviêdo Teixeira, os demais foram publicados por meio de parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de Sergipe (Fapese).

O convênio com a Fundação Oviêdo Teixeira firmou-se em 1998. O diretor executivo da Fundação, Luiz Eduardo de Magalhães, disse que nos primeiros momentos da parceria, a participação da instituição destinava-se à editoração dos livros. Atualmente ela é responsável apenas pela terça parte dos custos da edição. Magalhães avalia que esse acordo “ajuda a viabilizar a edição para a Universidade, além de promover um número maior de lançamentos”.

Atuação da Editora UFS

O último edital lançado em 2006 teve como resposta a inscrição de aproximadamente 64 trabalhos. No mês de março deste ano, foi divulgada a lista dos 26 livros aprovados. Essa demanda comprova que a Editora UFS “vem crescendo e cada vez mais ampliando as formas de acesso à informação”, segundo Lílian França, coordenadora da Editora.

Helcimara de Souza Telles, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), autora da obra “A educação desterritorializada: a expansão das fronteiras”, um dos títulos lançados pela Editora UFS, no último dia 09, atesta este crescimento. De acordo com Telles, a qualidade do material produzido e a credibilidade do produto final, motivaram a sua escolha por esta editora.

Seleção das obras publicadas

Os trabalhos inscritos no edital da Editora UFS passam pela avaliação e aprovação de seu Conselho Editorial. O Conselho, formado por professores de diversas áreas, analisa e discute o conteúdo e a relevância das obras, além de outros itens.

A avaliação tem uma duração que varia de acordo com a demanda de títulos inscritos. Depois da aprovação do Conselho, os livros são impressos com recursos da parceria com a Fundação Oviêdo Teixeira, do Programa Editorial da UFS e do próprio autor. O número de volumes aprovados é definido de acordo com o orçamento disponível.

Por Grazielle Matos
grazi.ufs@gmail.com

Para mais informações, acesse o site:

Editora UFS

Foto: Grazielle Matos

15 maio, 2007

Secretarias públicas promovem novas iniciativas nos exames supletivos para a população carcerária

A Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc) em conjunto com a Secretaria de Estado da Educação (SEED) promoverão exames supletivos para a população carcerária de Sergipe. Os 270 presidiários que se inscreveram para a primeira etapa dos exames farão suas provas no próximo dia 30 de maio e serão monitorados pelos agentes penitenciários das casas de detenção. A segunda fase dos exames supletivos ocorrerão no dia cinco de outubro deste ano.

Os exames já são realizados no sistema carcerário sergipano há algum tempo, porém, este ano, as duas Secretarias apresentam uma proposta diferente. Os exames que antes eram realizados apenas uma vez por ano, agora serão feitos uma vez por semestre na capital, Aracaju, e anualmente no interior de Sergipe. Além disso, de acordo com Joanete Pina, subtenente do Departamento de Sistema Penitenciário (Desipe), órgão vinculado à Sejuc, agora a prioridade das Secretarias em relação à educação no sistema prisional será a alfabetização dos detentos. Isto porque, segundo Pina, grande parte dos detentos não é alfabetizada e os que são não se recordam muito bem dos assuntos referentes ao grau de escolaridade que afirmam possuir.

Atentas a estes problemas, as duas Secretarias elaboraram um projeto de educação prisional, baseado na promoção de cursos técnicos (sistema de ensino profissionalizante) e de cursos de alfabetização a longo prazo, não se restringindo, desse modo, à oferta de aulas na época em que são realizados os exames de supletivo.

Inscrições e método das aulas

As inscrições para o exame são gratuitas e estão sendo realizadas nos presídios e no Centro de Apoio ao Menor (Cenam) para os detentos que tenham interesse, exceto os que estão em regime de isolamento, e que possuam os pré-requisitos básicos. Desse modo, os inscritos devem já ter freqüentado a escola ao menos uma vez, como também saber o básico de leitura e escrita.

No que se refere ao projeto pedagógico de levar a educação ao sistema prisional, a diretora do Serviço de Educação de Jovens e Adultos da SEED, Estelamaris Torres Melo, afirma que existe um termo de cooperação técnica que está em trâmite entre a Sejuc e a SEED para que seja oferecida a educação para jovens e adultos no sistema carcerário. De acordo com Melo, as aulas dos cursos a longo prazo serão presenciais, ministradas por professores graduados e terão início já no segundo semestre deste ano. Como muitos dos presos ainda não são alfabetizados ou não entram em contato com as disciplinas básicas há muito tempo, a primeira fase do curso se dedicará à alfabetização. Essa ênfase converge com a proposta do projeto de construir uma base educacional evitando fórmulas que tentam resolver problemas graves da educação a curto prazo.

Segundo Melo, o problema é que o supletivo apenas certifica que o cidadão tem aquele determinado conhecimento enquanto o mercado de trabalho exige que ele tenha uma formação escolar. Contudo, a diretora conclui que o objetivo do projeto não é o de necessariamente garantir um emprego, mas o de oferecer maiores chances para que o detento, através da educação, possa se reinserir na sociedade.

Ressocialização através da educação

Contudo, no âmbito da elaboração de políticas públicas, a problemática da educação como forma de reinserção dos detentos na sociedade levanta polêmicas. De acordo com o Tenente-Coronel da Sejuc, Henrique Rocha, a Secretaria está dando um novo enfoque a questão do sistema prisional. O Tenente explica que há uma preocupação em direcionar a política da Sejuc para a aplicação dos Direitos Humanos no sistema carcerário, implementando medidas que promovam a ressocialização dos detentos e, assim, a diminuição dos regressos às penitenciárias.

Para a professora do Departamento de Direito da Universidade Federal de Sergipe, Andréa Depieri, deveria se pensar em uma pedagogia específica para a população carcerária tanto em termos de alfabetização quanto de uma formação voltada para a cidadania. Depieri compreende a importância das aulas preparatórias e dos exames supletivos, porém a professora acha que é necessário firmar uma base educacional de qualidade para que o detento tenha a possibilidade de ser inserido também no terceiro grau. “Se você não consegue firmar competência nenhuma, nem do ponto de vista dos conteúdos mais técnicos, nem do ponto de vista da reflexividade, a gente corre o risco de estar gastando o dinheiro público só para legitimar a ação”, conclui Andréa Depieri.

Por Díjna Torres

Para mais informações, acesse:

Secretaria de Estado da Educação

Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania

11 maio, 2007

A Verdadeira Noviça Rebelde

Se hoje é possível rir com o cinismo com que “Viridiana” trata a religiosidade, na época em que foi lançado sua iconoclastia incomodou. Era o início dos anos 1960: época em que, paradoxalmente, épicos bíblicos como ´´Os Dez Mandamentos´´ e Ben-Hur´´ eram venerados e figuras como James Dean eram alçados à categoria de ícones de uma juventude que se identificava com a contestação, mesmo que de forma ainda ingênua e superficial, dos padrões morais e de comportamento tradicionais. Foi dentro desse contexto que o ácido e contundente filme de Luís Buñuel foi recebido, chegando a ser aclamado por uns e vetado pelo Vaticano que o acusou de difamar o catolicismo. Independentemente da polêmica gerada, “Viridiana” pode ser interpretado uma fábula de arrependimento. Mas não do arrependimento que nasce da culpa pecadora, e sim, da beatice.

Sinopse: noviça é enviada para visitar seu tio convalescente em remota fazenda. Por ter assombrosa semelhança com a antiga esposa do velho, ela passa a ser assediada por ele. Escandalizada, a protagonista faz de tudo para ir embora, mas acaba por provocar uma tragédia. Para amenizar a culpa, passa a ajudar mendigos na casa que dividirá com seu primo Jorge, que questiona sua fé. O filme foi gravado em 1961. Direção: Luís Buñuel. Com: Silvia Pinal, Fernando Rey, Francisco Rabal.

A personagem do título é uma noviça atormentada. Seu olhar derrotado, rosto tenso e o desalento com que menciona um certo mundo “lá fora” acusam que sua ida ao convento não foi vocacional. Foi uma fuga. Mas para Buñuel importa muito menos o que a afastou do que a constatação de sua melancolia. Quando a madre superiora a avisa que seu tio convalescente deseja vê-la, Viridiana não demonstra muito ânimo em atender ao pedido. É o suficiente para que seja notada em sua personalidade uma orgulhosa pulsão de negação. A noviça não é uma asceta. É uma mulher desesperada.

Então a protagonista é obrigada a morar na casa de seu tio. A partir daí, a película assume uma característica típica dos filmes das décadas 1950 e 1960: a rapidez nas reviravoltas. Na tela, as situações seguem uma narrativa compacta e apressada que simula uma ausência de transições. Os diálogos entre Viridiana e seu tio transitam da ternura à hostilidade em uma velocidade, hoje, admissível apenas no teatro. Apenas a estudada lentidão de um Stanley Kubrick (2001 – Uma Odisséia no Espaço) viria a dar ênfase à sutileza e à longevidade das cenas.

Mas se por um lado as cenas parecem bruscas, por outro são costuradas por falas rascantes. Os personagens de Buñuel, que co-escreveu o roteiro, disparam suas inseguranças com ácida sinceridade. E isso em um diálogo entre uma beata angustiada e seu velho tio recluso e pervertido – ambos arredios – é um clamor ao desencanto. Nesta obra, não há tempo para longos silêncios poéticos, reflexões ao luar ou closes introspectivos. O filme tempera as falas rápidas das comédias com certo amargor cético. Pois antes de tudo, “Viridiana” é um filme irreverente.

Não é preciso ir muito longe para concluir isso. Iniciar a obra com o ´´Hallellujah´´ de Haendel não foi meramente ilustrativo: o tema épico e grandioso do compositor alemão é quase que um convite para que se ria da pequenez da complicada Viridiana. Os lúgubres trechos de réquiens e missas fúnebres a cada passo do tio poderiam dar-lhe retrato mais trágico. Mas eis que imediatamente surge um toca-discos. E logo atrás dele, alguém que o desliga. Mais uma vez, não há espaço para grandes reflexões. Consequentemente, não há tempo para o aprofundamento de cada personagem.

Por isso não é possível sentir nenhum tenso prenúncio da tragédia que se abaterá sobre tio e sobrinha. Ela simplesmente acontece, de forma dura e desprovida de um valor moral que lhe confira um sentido último. Na verdade, o ápice trágico é despido de qualquer intenção catártica para desempenhar um papel meramente narrativo: o de encerrar a primeira parte da trama e sugerir que, na segunda, se assistirá a uma Viridiana ainda mais culpada, perturbada e beata. Em conflito direto com o mundo circundante.

Esse mundo é representado pelo primo Jorge, com quem dividirá a mesma casa. Cínico e hedonista, ele percebe que há algo em falso na reclusão purificadora de sua bela prima. Enquanto ele arruma a fazenda do pai com mãos de ferro, a agora ex-noviça traz cancela a dentro toda a sorte de mendigos e degenerados. E é curioso constatar como Buñuel em nenhum instante retrata a miséria absoluta como fraqueza, mas como um estado altamente vulnerável à corrupção. No final das contas, o desespero dos leprosos e famintos sitiará a rica fazenda e, sobretudo, a fé da ingênua freira.

Passado o susto, a câmera foca Viridiana sentada na cama a fazer algo que jamais lhe ocorreu: acariciar seus cabelos soltos. Percebendo a si mesma, a protagonista está assinando sua rendição diante do mundo dos homens; o mundo de seu primo. ´´Eu sabia que jogarias o tute comigo, prima”, diz o pervertido Jorge diante de sua parenta cabisbaixa e maculada.

É uma bela resolução para uma trama complexa e apressada, mas coesa do ponto de vista ideológico. “Viridiana” talvez não seja a obra-prima absoluta que alguns desejariam que fosse, mas é um chocante retrato de uma anti-Maria-Von-Trapp antes mesmo de “A Noviça Rebelde” ser lançado. E foi ao fixar um olhar cínico sobre os cânones antes mesmo que as pessoas percebessem sua ingenuidade e ao rir da religiosidade com fina perversão que “Viridiana” antecipou-se à própria época.

Por Igor Matheus

Para maiores informações, acesse:

http://es.wikipedia.org/wiki/Viridiana

http://www.alohacriticon.com/elcriticon/article1267.html

Foto: http://faculty-staff.ou.edu/L/A-Robert.R.Lauer-1/span4313cap15.html

04 maio, 2007

Programa dá oportunidade a idosos que almejam ingressar na universidade

“O poder público criará oportunidades de acesso para o idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados”. A norma, estabelecida pelo Estatuto do Idoso em seu artigo 25, é uma realidade na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Com o programa Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati), os idosos têm acesso ao Ensino Superior gratuito e a um conjunto de políticas que visam à permanência deles no ambiente acadêmico.

O Projeto, vinculado ao Núcleo de Apoio à Terceira Idade (Nupati), foi fundado em dezembro de 2002 como uma proposta de educação permanente para idosos que pararam de estudar por quaisquer motivos, mas desejam retomar as atividades. Para participar, além da vontade de aprender, é necessário que o cidadão tenha 60 anos ou mais.

De acordo com a coordenadora do Nupati em Sergipe, Noêmia Lima Silva, por meio da Universidade Aberta, o Núcleo tenta atender às expectativas da grande quantidade de idosos que buscam conhecimento, sendo um intermediário entre eles e outras esferas sociais e acadêmicas. “Aqui não fazemos caridade alguma, estamos é cumprindo a lei, que enfatiza e normatiza o acesso ao Ensino por parte dos que compõem a terceira idade”, comenta.

Estrutura e Funcionamento

O Unati não objetiva uma graduação. Trata-se de um sistema de extensão oferecido àquelas pessoas de maior idade que não conseguiram ingressar em uma universidade via vestibular, ou até mesmo as que já concluíram o nível superior, mas que anseiam pelo retorno aos estudos. Não há distinção de tratamento entre, assistidos pelo Programa e demais alunos da UFS: ambos dispõem de matrícula, departamento, horário individual, possibilidades de inclusão, exclusão etc.

Para ingressar no Programa, o interessado deve ir à sede do Nupati, que fica situada no andar superior do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) – campus da UFS em São Cristóvão. No dia da matrícula – o mesmo do calendário oficial – cada um faz sua solicitação normalmente, como qualquer outro aluno. As disciplinas ofertadas passam previamente pelo crivo dos respectivos professores, aos quais cabe a decisão de abrir ou não vaga para os idosos.

Perfil

Em sua maioria, os alunos assistidos pelo Unati/SE são aposentados – conseqüentemente fora do mercado de trabalho – que vêem no Programa uma oportunidade de sociabilização, aperfeiçoamento intelectual e minimização do ócio que afeta essa faixa etária.

“Quando a gente se aposenta fica meio que só. Há um desencontro entre os idosos e as demais pessoas. Trabalhar eu não vou. Já conheço o sistema e não culpo os empresários por isso. A minha idéia é aprender por gostar. Adoro ler e estudar, por isso uni o útil ao agradável. Hoje, só preciso de um pouco de neurônios e agilidade nas pernas para ir de uma didática a outra”, desabafa Osmária Freitas, que há 2 anos foi levada pelo irmão para participar do Unati.

A Universidade Aberta à Terceira Idade tem despertado atenção inclusive de pessoas que ainda não possuem a idade mínima para participar. É o caso de Maria Neuza, 56, que apesar de cursar algumas disciplinas, é privada de conseguir os certificados de conclusão, pois não possui 60 anos. “Esse projeto é maravilhoso! Levanta o astral de todos nós. Enquanto não chego na casa dos 60, verei se consigo entrar na UFS pelo vestibular, só não posso ficar parada”, salienta.


Educação permanente

Para a coordenadora do Nupati, Noêmia Lima Silva, educar permanentemente não significa apenas proporcionar a inserção dos idosos na universidade. Muito mais que isso, é tentar romper as barreiras que separam os idosos do restante da sociedade. Para isso, o Núcleo de Apoio à Terceira Idade conta com parceiros, responsáveis por promover eventos junto aos estudantes. O Museu Arqueológico de Xingó (MAX) é um deles.

Questionada sobre o esforço para permanecer estudando, Dona Osmária se fez categórica. “Não admito perder matéria por média. Não posso desperdiçar a oportunidade que a UFS me deu. Ultimamente tenho até sonhado com os adjetivos e substantivos de algumas matérias que estou cursando”, diz.

Atualmente, em todo o país, o Universidade Aberta à Terceira Idade atua em mais de 200 Instituições de Ensino Superior. Na UFS, cerca de 100 alunos fazem parte do programa. A mais nova conquista do Unati/SE foi a criação do Centro Acadêmico da Maturidade (CAM): um espaço voltado para a troca de experiências a respeito de questões relativas à Universidade.

Por Allan Walbert

Para maiores informações, acesse:

Estatuto do Idoso
Portal do Envelhecimento

Foto: www.exitoeventos.com.br

03 maio, 2007

Hipismo como meio de reabilitação


Escutando música e iniciando uma pintura em tela, Amanda Souza de Santana, 30 anos, praticante de hipismo adaptado, sorri ao falar um pouco de sua história. Ela faz equoterapia há um ano porque sofreu traumatismo craniano, e uma das conseqüências do acidente foi a perda parcial de equilíbrio. Encaminhada por um neurologista, Amanda ingressou no Centro de Equoterapia de Sergipe, e já sente mudanças: “eu mudei totalmente”, declarou ao lembrar que caía quando se chocava com alguém.

O Centro de Equoterapia de Sergipe (CES), localizado no Parque José Rollemberg Leite (Parque da Cidade), surgiu em 1992, e desde então trabalha com portadores de necessidades especiais – de altistas a deficientes motores. Hoje ele atende, além de Amanda Souza, mais outras 59 pessoas, das quais 13 participam do Programa de Hipismo Adaptado, instituído há dois anos.

O hipismo adaptado, de acordo com Arlita de Oliveira Alves, fundadora e coordenadora do CES, é a forma de equoterapia que se volta para jovens especiais capazes de realizar atividades esportivas. Ele só costuma trazer resultados a longo prazo – numa média de seis meses. Amanda, por exemplo, já está conseguindo se equilibrar melhor e ter resistência na caminhada. As outras duas formas de terapia com cavalo, a hipoterapia e a equoterapia, voltam-se para pacientes com menor grau de independência.

Ao ingressar no Centro – somente após sugestão médica –, o paciente é avaliado por uma equipe interdisciplinar composta por fisioterapeuta, pedagogo, psicólogo, assistente social, equitador e auxiliares de equitação. Esse quadro de profissionais monitora o praticante nas sessões de hipismo, nas quais são avaliados os movimentos, o equilíbrio, a postura e o comportamento emocional.

Segundo o professor do departamento de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Pedro Jorge Moraes Menezes, o esporte para portadores de necessidades especiais serve como meio de inserção no ambiente esportivo, além de auxiliar emocionalmente. Para ele, “o estímulo à prática do exercício físico não melhora de maneira efetiva a deficiência”, mas potencializa a capacidade útil de movimentação do portador, além de que o “desgaste físico leva o indivíduo a entrar no estágio de relaxação completa”.

Durante esses 15 anos, a instituição vem se mantendo através de quaisquer doações, e alguns de seus parceiros são a Secretaria de Ação Social de Aracaju, a Polícia Militar, o Departamento Estadual de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Deagro), a empresa Nordeste Segurança, a Flora e a Santista. Além do hipismo adaptado, que acontece às sextas-feiras, o CES desenvolve outros programas, como o Programa de Reabilitação, para crianças, jovens e adultos, e o Programa de Arte, no qual são realizadas aulas de arte com os praticantes do hipismo. Em razão de a maior parte dos praticantes possuir renda familiar baixa, as aulas também podem ser estendidas às mães.

Por Grazielle Matos
grazi.ufs@gmail.com

Endereço do Centro de Equoterapia de Sergipe:
Parque José Rollemberg Leite, Rua Fortaleza, s/n, Bairro Industrial. Telefone (79) 3215-6082

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Foto: Site da Associação Nacional de Equoterapia