17 agosto, 2008

Brasileiro está comprando mais

Economista afirma que, apesar do surto inflacionário ocorrido no país nos meses de maio e junho deste ano, a renda da população está aumentando

Por conta do susto provocado pela elevação generalizada dos preços de vários produtos, resultado principalmente de fatores externos ao país, a estabilidade econômica brasileira recentemente se viu bastante ameaçada. A elevação no preço das commodities (produtos com cotação internacional, como grãos e petróleo, por exemplo) e os sucessivos recordes na alta do barril de petróleo são apontados como os vilões do novo ‘surto’ inflacionário que chegou até nós.

De acordo com o presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal, Mário Sérgio Sallorenzo, em momentos como o atual, é necessária muita cautela. Além disso, ele ressalta a importância do aumento da taxa básica de juros (Selic) para 13%, feita pelo Banco central, como método de contenção da inflação. A Selic subiu em 0,75%, no mês de julho, o maior aumento desde fevereiro de 2003, quando a taxa passou de 25,5% para 26,5% ao ano.


Apesar disso, Sallorenzo disse ainda que o brasileiro está comprando mais, já que também houve um aumento na renda da população nos últimos anos. "Temos uma demanda aquecida e o desemprego também está diminuindo, o que contribuiu para o susto na inflação, entre maio e junho deste ano", afirma.

Dia do economista

Em comemoração ao dia do economista - 13 de agosto -, a Empresa Júnior de Economia da Universidade Federal de Sergipe realizou o 'III Agosto do Economista', que teve justamente como principal foco a discussão do tema “A Inflação Brasileira: Causas e Conseqüências”.

Na primeira noite do encontro (ocorrida no último dia 12), Sallorenzo, que foi palestrante do evento, ressaltou a importância de os estudantes promoverem este tipo de debate, e afirmou que os rumos da economia brasileira também dependem de uma sociedade mais consciente, que se expressa e que discute os seus problemas.

A empresa

A Mercado, Economia e Planejamento Júnior (MEP Jr.) é uma associação civil sem fins lucrativos, constituída por mais de 35 alunos de graduação em Ciências Econômicas da UFS. Eles estiveram envolvidos na realização do evento e participaram ativamente das discussões, mas o vice-presidente da MEP Jr., Fábio Rodrigues de Moura, acredita que um tema tão abrangente como inflação deve ser observado atentamente por todos os membros da sociedade e não apenas por aqueles que dominam as ciências econômicas. Ele ressaltou ainda que o III Agosto do Economista visou à integração acadêmica entre os diversos cursos da universidade.

Por Getúlio Cajé

16 agosto, 2008

Premiados em cena

Espetáculos locais produzidos com recursos públicos fecham o mês de Agosto no teatro Tobias Barreto.

García Lorca no domingo. Moliére na segunda, Eça de Queirós na terça... definitivamente os aracajuanos não vão poder reclamar da mesmice cultural na terrinha, pelo menos entre os dias 24 e 28 de Agosto. Na "Semana Aracaju + Cultura" o Teatro Tobias Barreto será palco para cinco espetáculos já consagrados, agora postos em cena por diretores locais.

A semana especial no Teatro é resultado ainda do concurso "Programa Aracaju + Cultura" da FUNCAJU, que entregou 15 mil reais em incentivos públicos a dez felizardos, com editais nas áreas de audiovisual e teatro. O prêmio foi entregue ainda em novembro de 2007.

As apresentações ocorrerão sempre às 20h, a entrada é franca e as portas estarão abertas uma hora antes. É chegar cedo, escolher o melhor lugar e aproveitar o espetáculo.

15 agosto, 2008

Orquestra Sinfônica apresenta Festival Tchaikovsky no Teatro Tobias Barreto

A Orquestra Sinfônica de Sergipe apresenta o Festival Tchaikovsky em comemoração aos dois anos de direção artística do maestro Guilherme Mannis. O concerto, inteiramente dedicado ao repertório do compositor russo, acontecerá hoje no Teatro Tobias Barreto a partir das 20h30.

Dois solistas bastante conhecidos pelo público de música erudita farão participações especiais no festival: o pianista paulista Álvaro Siviero e o violinista carioca Daniel Guedes, que já tocou em Aracaju diversas vezes. Tanto Siviero quanto Guedes fizeram especializações em universidades européias e têm relativo destaque entre o público do velho mundo. Como diretor artístico, Guedes supervisionou a série de concertos do Embratel Convention Center e a temporada de concertos internacionais do Teatro Palácio Avenida – HSBC, em Curitiba. Atualmente ele assume a direção artística da temporada 2008 na série de concertos internacionais em São Bento, São Paulo.

Para o concerto comemorativo que acontecerá em Aracaju, o maestro Guilherme Mannis programou a execução de três peças musicais de grande destaque, entre elas a tradicional ‘Capricho Italiano’. Os ingressos do festival estão sendo vendidos na bilheteria do teatro ao preço de R$ 5 (inteira) e R$ 2 (meia). Para conseguir mais informações é só ligar para o número 3179 – 1480/ 96.

Por Carla Rejane

14 agosto, 2008

Residentes da UFS pedem ajustes

Os benefícios atuais não são suficientes para alunos da Universidade Federal de Sergipe que participam do Programa de Residência Universitária

Aplicado à Universidade Federal de Sergipe (UFS) há 38 anos, o Programa de Residência Universitária ajuda vários alunos humildes a concluírem o curso superior. Com uma bolsa de R$ 702 por residência e outros benefícios, como a isenção de taxas e do pagamento do almoço e do jantar no restaurante universitário, a UFS auxilia estudantes que não possuem condições financeiras a se manterem na universidade.

Para participar do programa, os alunos devem se enquadrar em três exigências básicas: possuir renda familiar inferior ou igual a 90% do salário mínimo per capita (quanto maior o número de pessoas em uma família com renda fixa, menor é a renda per capita), não ser residente da Grande Aracaju (Aracaju, São Cristóvão, Laranjeiras, Socorro e Itaporanga) e estar cursando os primeiros períodos na universidade.

Em relação à verba de R$ 702 destinada a cada casa, os alunos parecem satisfeitos com o valor. A estudante de Serviço Social, Andréia Barros, afirma que o dinheiro é suficiente para cobrir os gastos do mês. “Do dinheiro que a gente recebe, R$ 500 são destinados ao aluguel do apartamento e à taxa de condomínio, que inclui a água, R$ 100 reais a gente usa para pagar a conta de energia e o gás, e com o restante do dinheiro a gente compra materiais de limpeza e outras coisas de que precisamos” afirma a residente.

A assistente social da Coordenação de Assistência e Integração do Estudante (Codae/UFS), Marlemberg de Matos, comemora o aumento no número de alunos muito carentes dentro das residências. “Isso significa que as camadas mais baixas da sociedade, geralmente alunos que cursaram em escolas públicas, têm tido a oportunidade de ingressar no ensino superior e manter-se no curso através do auxílio concedido pelo Programa de Residência Universitária”, afirma a assistente social.

Reclamações

Apesar do sucesso do programa, alguns problemas têm incomodado os estudantes que moram nas residências. Shyrlem Pacheco, também assistente social da Codae afirma que o fato de o restaurante universitário não oferecer café da manhã e a UFS não custear a alimentação dos residentes nos fins de semana deixa os alunos insatisfeitos.

Além disso, os estudantes se queixam que a UFS não dá vale-transporte para que eles possam se locomover até a universidade. Andréia Barros defende a idéia de que as residências deveriam estar localizadas dentro da UFS. “Na Universidade Federal de Alagoas, os estudantes não só moram dentro da universidade, como também possuem um próprio restaurante dentro da residência. O ideal seria que isso fosse feito aqui na UFS também”, argumenta a estudante.

Quanto a isso, a assistente social Marlemberg de Matos, declara não haver nenhuma proposta para que essa idéia entre em prática. “O que nós queremos é construir uma residência próxima à UFS, não uma aqui dentro. Em outras capitais onde os alunos moram na universidade, foram verificados problemas como tráfico de drogas, vandalismo e falta de segurança para os residentes. Como a universidade é pública e qualquer pessoa pode entrar, os alunos correm riscos, ainda mais nos fins de semana, quando a fiscalização é menor”, afirma.

No entanto, Andréia se mostra contrária às idéias da assistente. “Se a residência fosse dentro da universidade, os responsáveis teriam que tomar providências para que a segurança fosse reforçada. Em Alagoas não há nenhum risco porque a universidade dispõe de guardas policiais para vigiar o local o tempo inteiro”, responde a estudante.

Falta de acompanhamento

Outra queixa dos alunos é em relação à falta de mobília em algumas casas e a quase inexistência de visita domiciliar. “Na residência onde eu moro falta alguns utensílios domésticos, como sofá e televisão. Outra coisa que incomoda é o acompanhamento escasso que a universidade dá às residências”, afirma o residente José Edson, aluno do curso de Geografia.

“Quando há algum problema na casa e a gente é obrigado a comunicar às assistentes, elas prometem fazer uma visita, mas nunca vêm. Além disso, quando os contratos dos psicólogos da universidade terminam, a UFS não contrata novos profissionais para substituí-los e, quando precisamos consultá-los para resolver algum conflito entre os residentes, eles não estão lá para nos ajudar”, afirma o estudante. O que foi verificado é que a universidade não tem disponibilizado transporte para que as assistentes possam visitar as residências, o que tem dificultado o trabalho desenvolvido pela Codae.

Por Carla Rejane

07 agosto, 2008

Propaganda eleitoral sob controle

Tribunal Superior Eleitoral determina novas regras para as campanhas publicitárias dos candidatos em 2008

Desde o último dia 6 de julho, os candidatos a prefeitos e veradores da cidade de Aracaju, estão liberados para fazer suas propagandas eleitorais. Mas, de acordo com a Resolução nº 22.718/2008 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é proibido qualquer tipo de propaganda política paga no rádio ou na televisão.

No entanto, a legislação eleitoral de 2008 sugere uma mudança de comportamento para alguns candidatos em relação à publicidade nas eleições. De acordo com a Resolução, é proibida a realização de showmícios e de eventos semelhantes para promoção de candidatos, bem como a apresentação remunerada ou não de artistas, com a finalidade de animar comício e reunião eleitoral. Além disso, também está vedada a distribuição de camisetas, bonés, chaveiros, canetas, brindes, cestas básicas ou quaisquer outros bens ou materiais que possam proporcionar vantagem ao leitor.

O assessor do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE/SE), Ricardo Ribeiro, afirma que essa é uma forma de igualar as oportunidades de divulgação de campanha perante os eleitores. "Além de evitar a compra de votos, essas medidas visam a igualdade de oportunidades entre candidatos pobres e ricos. Dessa forma, acreditamos que os eleitores terão melhores condições de conhecer as propostas de campanha. A intenção é politizar as eleições de uma forma geral", explica Ricardo.

Alguns candidatos têm recorrido à internet como meio de propaganda, pela rapidez com que é possível disseminar informações em tempo real. Porém, o TSE determina cautela quanto ao uso da ferramenta. Somente será permitida propaganda na página do candidato, destinada exclusivamente para esse fim, com a terminação can.br, através de domínio permitido pelo órgão gestor da Internet Brasil.

Controle sobre os gastos

Ricardo Ribeiro acredita em um efetivo controle sobre os gastos de campanha. "Dessa forma, será menos complicado exercer controle sobre os gastos realizados em campanha, pois o candidato só pode declarar gastos na aquisição de materiais audiovisuais", afirma o assessor. Porém, nem todos os locais públicos estão à disposição das campanhas eleitorais. A colocação de propaganda em árvores e jardins localizados em áreas públicas também é proibida, sob pena de multa entre R$ 5.320,50 e R$ 15.961,50. A mesma sanção será aplicada ao candidato que insistir em colocar outdoors em qualquer local da cidade, outro recurso visual proibido pelo TSE.

Quanto aos recursos, os partidos políticos e os candidatos têm até o dia 06 de setembro para divulgar, pela internet, relatório discriminado dos recursos recebidos para financiamento de campanha e os gastos realizados com esses recursos. O relatório será disponibilizado em um site criado pela Justiça Eleitoral, contendo os nomes dos doadores e os respectivos valores doados. No site do TSE, é possível verificar todos os detalhes referentes aos gastos com campanhas eleitorais, inclusive as contas aprovadas ou não.


Peças publicitárias

Em períodos eleitorais, o trabalho das gráficas e empresas especializadas na confecção de materiais publicitários aumenta consideravelmente. Com a nova legislação eleitoral, no entanto, a rotina de produção fica reduzida à confecção de peças visuais.

Daniela Lima, funcionária da Digital Comunicação, declara que a empresa deve ter jogo de cintura para sobreviver às restrições eleitorais. "Com a proibição da distribuição de brindes, nós voltamos o nosso trabalho para banners, adesivos, plotagens de carros, impressões digitais, entre outros. Nós não saímos prejudicados, porque os candidatos acabam encomendando mais materiais para suprir o que não podem confeccionar", explica Daniela.

Paula Santos, que trabalha na Infograf, explica que outro fator ajuda a manter e até aumentar a renda da gráfica. "A cada eleição, mais pessoas se candidatam, e mesmo que a legislação restrinja a publicidade, são muitos clientes que solicitam peças. Os banners e os adesivos são nossa maior fonte de renda nesse período eleitoral", divulga Paula.

Por Priscila Viana

06 agosto, 2008

"Esta eleição será um divisor de águas"

Em entrevista ao Contexto Online, o jornalista Cláudio Nunes afirma que o pleito de 2008, em Aracaju, poderá significar um marco histórico se eleger um candidato aliado ao governador pela primeira vez em 23 anos.

Pensar em cobertura política em Sergipe e não associá-la ao nome do jornalista Cláudio Nunes é algo difícil de acontecer. Formado na então Faculdades Integradas Tiradentes (atual Universidade Tiradentes), há 15 anos ele vem atuando diariamente no jornalismo político sergipano, seja nos principais jornais diários do Estado, na TV, no rádio ou mesmo em assessorias de comunicação de instituições como a Assembléia Legislativa e a Câmara de Aracaju. Ainda na adolescência, Cláudio Nunes já demonstrava sinais de que o jornalismo era a sua verdadeira vocação, quando lançou um jornal na época em que foi presidente do grêmio da então Escola Técnica Federal de Sergipe. O seu lado político, que também já se mostrava bastante forte, se firmou ainda mais quando o jovem aspirante a jornalista fundou e presidiu a União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Aracaju (Umesa). Considerando-se atualmente “aposentado” dos jornais diários, Cláudio possui uma coluna no Portal Infonet desde 2006, onde faz suas análises sobre o cenário político do Estado. Seus artigos publicados no portal durante o último período eleitoral deram origem a um livro, chamado “A Liberdade da Expressão”. Confira a seguir a entrevista com Cláudio Nunes sobre as eleições majoritárias deste ano em Aracaju.

Contexto Online - Em primeiro lugar, como você avalia as eleições deste ano em relação ao cargo majoritário de Aracaju? Há algo de novo em 2008 que pode fazer a diferença em comparação com as disputas passadas?

Cláudio Nunes - Faltam apenas dois meses para as eleições municipais de outubro e em Aracaju não surgiu nada de novo. São cinco candidatos e três deles, Almeida Lima (PMDB), Edvaldo Nogueira (PCdoB) e Mendonça Prado (DEM), têm uma estrutura de campanha maior, porém, o quadro atual não leva para uma disputa acirrada. E se não surgir um fato novo não haverá nem mesmo segundo turno. Aliás, este fato novo seria a renúncia de Mendonça e a candidatura do ex-governador João Alves, o que muitos articulistas da imprensa ainda cogitam. A partir da segunda quinzena deste mês, com o início do horário eleitoral gratuito, o quadro estará desenhado completamente. Por enquanto, a campanha está muito parecida com a passada, quando o prefeito de então, Marcelo Déda, não teve adversários à altura. No caso de agora, Edvaldo tem como trunfo Déda no governo estadual.

Contexto - E sobre esse boato de que, na última hora, João Alves assumiria a candidatura do DEM em Aracaju, que já foi negado por Mendonça, você acha que isso seria mesmo possível? Em sua opinião, o DEM fez uma má escolha ao colocar Pedrinho como vice e não como prefeito?

C.N - Não acredito que João Alves anuncie candidatura este ano. Além do problema de saúde da senadora Maria do Carmo, ele também tem outros problemas para resolver. Em 2010 são duas vagas para o Senado, hoje ocupadas por Almeida e Valadares, e João Alves é um forte candidato. Por outro lado, mesmo que a candidatura de Mendonça Prado não seja vitoriosa, ela consolida o nome do genro de João na faixa do eleitorado dos Democratas e garantirá um percentual de votos para a reeleição dele à Câmara dos Deputados. Sem dúvida nenhuma Pedro Valadares seria um nome mais “leve”, mas a desculpa foi que nas pesquisas qualitativas a transferência do eleitorado de João era maior para Mendonça Prado. Acho que não foi má escolha, e sim uma decisão foi meramente familiar.

Contexto - Em entrevista ao Cinform da semana passada, o candidato do PCB, Anderson Góis, afirmou que todos os que concorrem ao cargo têm condições de ganhar e, para defender sua tese, citou o exemplo de Marcelo Déda nas eleições de 2000, quando em pesquisas iniciais esse aparecia com apenas 6% das intenções de voto. No final, Déda saiu vitorioso. O senhor concorda que realmente todos têm chances de vencer?

C.N - Não. Seria bom que o professor estivesse certo, mas a realidade do sistema eleitoral é outra. E é uma realidade que prejudica os candidatos com poucas condições. Por outro lado, boa parte do eleitorado ainda troca seu voto por algum favor. Essa é uma realidade que não será resolvida apenas com a mudança do sistema eleitoral, mas com a conscientização do eleitorado. Enquanto a maioria dos eleitores não for esclarecida, os candidatos como o professor Anderson - cujo partido foi, em 1985, o único ao qual me filiei até hoje - continuará sendo chamado de “nanico”.

Contexto - Partindo do princípio da democracia, como você analisa o fato de alguns debates excluírem os candidatos menos cotados? Você acha que essa pode ser uma atitude razoável ou pensa que ela contribui apenas para firmar os concorrentes mais fortes no pleito?

C.N - É um absurdo! Na semana passada, a Band TV deu um show de democracia abrindo uma roda de debates com os candidatos em São Paulo. Todos eles, sem exceção. Isso é democracia. O debate foi importante com candidatos considerados pequenos, como a jornalista Soninha do PPS, bastante interativa. Para os candidatos considerados pequenos, como o professor Anderson, os debates são o espaço mais importantes para esclarecer o eleitorado, já que até o horário eleitoral não ajuda, devido ao curto espaço de tempo.

Contexto - Segundo o cientista político Hélder Teixeira, um dos motivos para as poucas expectativas em relação às eleições deste ano é a questão das alianças que englobam “gregos e troianos”, o que supostamente tira o crédito dos candidatos e dos seus respectivos partidos. Você concorda com essa afirmação? A união entre PCdoB e PSDB, por exemplo, é boa para Edvaldo?

C.N - Essa questão das alianças não afeta a decisão da maioria do eleitorado. Tem influência numa parcela da classe média. É preciso lembrar que em 2004, na última eleição municipal, o PT de Déda foi apoiado pelo PSDB em Aracaju. Essa aliança prejudica apenas junto ao voto ideológico, que hoje em dia representa um percentual pequeno. Nas pesquisas, os votos de Fabiano Oliveira (PSDB), chegavam a 10% em 2004. De acordo com as pesquisas, boa parte desses votos vai migrar para Edvaldo Nogueira.

Contexto - O apoio dos governos estadual e federal à reeleição de Edvaldo Nogueira poderá decidir o pleito ou você acredita que esse seja um fator secundário?

C.N - Não é secundário. Pelo contrário, entendo como um dos principais fatores para o desempenho que Edvaldo vem tendo nas pesquisas. Se Déda continuar acompanhando Edvaldo em alguns bairros, como vem fazendo, será importante. O candidato à reeleição tem consciência de que o carisma de Deda é uma arma forte. Já o Lula – não é necessário escrever – em todo o país os candidatos brigam pelo apoio dele, a exemplo de Salvador.

Contexto - E a questão do PMDB, um dos principais aliados do Governo Federal, como fica em Sergipe, especialmente em Aracaju, com o “racha” entre o PMDB de Almeida Lima e o de Jackson Barreto? Quais seriam as conseqüências para o partido caso Edvaldo ganhasse? E se o vitorioso fosse Almeida?

C.N - A eleição municipal decidirá também o comando do PMDB em Sergipe. Se for derrotado, Almeida perderá força junto à Direção Nacional e certamente terá que procurar outra legenda. Se vencer, não só toma o comando do PMDB como se torna a principal liderança de oposição em Sergipe. A não candidatura de João Alves neste ano deixou vários órfãos em todo o Estado. O DEM foi enfraquecido em municípios importantes. Almeida luta não só pela Prefeitura, mas para comandar esse espólio eleitoral.

Contexto - Como a biografia dos candidatos influenciará na decisão do eleitor? Em sua opinião, os sergipanos têm uma boa memória política?

C.N - Não. A classe média ainda tem uma memória, mas boa parte rema conforme a maré, ou melhor, conforme seus interesses particulares. É a pura verdade. É só lembrar da eleição de 2006, quando você via, nas esquinas de Aracaju, famílias da classe média pedindo votos para um candidato no intuito de defender seus cargos comissionados. E o pior, a grande maioria não trabalhava. Em Aracaju, esta eleição será um divisor de águas, já que a capital sempre votou no candidato de oposição ao governador, menos no ano do retorno das eleições diretas, em 85, quando João Alves era governador e ajudou na eleição de Jackson Barreto. De lá para cá, o governador de plantão não elegeu seu candidato. Se você for para a periferia, aí é que a memória política some, principalmente para os cargos proporcionais.

Contexto - Em relação à pesquisa do Instituto Dataform divulgada na semana passada, o senhor acredita que os números se manterão? E quanto ao segundo turno, o senhor acha possível? Quem disputaria?

C.N - Prefiro não comentar a pesquisa do instituto referido. Só para lembrar, nas eleições de 2006, por artigos sobre as pesquisas naquele período, tenho alguns processos, inclusive criminais, do referido instituto. Sou bastante cético em relação às pesquisas quantitativas, prefiro mais as qualitativas, que dá uma visão mais abrangente do eleitorado. Agora, independente das pesquisas que estão sendo divulgadas, o correto é esperar o horário eleitoral e, no final deste mês, o quadro estará mais próximo do real. Repito, se não houver um fato novo, dificilmente Aracaju terá segundo turno.

Contexto - Essa questão da veracidade das pesquisas eleitorais foi um tema bastante discutido nas últimas eleições, já que existem casos em que as mesmas são financiadas por candidatos. Qual é a regulamentação para este ano? Como o senhor vê essas pesquisas?

C.N - Apenas um instituto, o Única, acertou em cheio as pesquisas em 2006. Digo isso por dever de justiça, porque se você fizer uma pesquisa no meu blog na Infonet verá como fui contundente com estes institutos e, depois de dois anos, ainda enfrento problemas judiciais. Não me arrependo de nada, pelo contrário, já estou pronto para analisar outras pesquisas, no momento certo e na hora certa. Acho que a Justiça Eleitoral avançou muito em proibições na campanha eleitoral, mas deixou as pesquisas à vontade com uma simples antecipação do registro delas nos tribunais regionais. Qualquer leigo que tiver curiosidade pode realizar pesquisas e, conforme a metodologia usada, pode beneficiar determinado candidato. Existem pesquisas sérias, mas tem também “pacotes” encomendados. Por exemplo, tem um instituto que faz um “pacote” com quatro pesquisas. O mundo político de Sergipe tem conhecimento disso.

Contexto - Ainda sobre as pesquisas, algumas delas indicam que os maiores transferidores de votos em Aracaju são o governador Marcelo Déda - para Edvaldo - e a senadora Maria do Carmo - para Mendonça. Quem poderia transferir votos para Almeida? Ou ele não está contando com isso?

C.N - Almeida Lima tem uma faixa do eleitorado que não ultrapassará os 20% do primeiro turno. Ele mesmo é o seu próprio cabo eleitoral, mas, por outro lado, também é um dos seus principais adversários. A sua rejeição, em todas as pesquisas, se aproxima de 30%. É um percentual grande e difícil de reverter. Já Déda e Maria do Carmo transferem votos, a senadora num percentual bem pequeno. As pesquisas qualitativas comprovam que o eleitorado de Maria do Carmo na periferia tem uma admiração grande por ela, mas na hora da transferência, esse eleitorado despenca.

Contexto - Como os candidatos podem se destacar na campanha de 2008?

C.N - A história eleitoral em Sergipe e Aracaju vem mostrando que o eleitorado não gosta de baixarias. Déda saiu de um percentual ínfimo em 2000 e ultrapassou Almeida e Valadares, que lideravam as pesquisas, porque os dois resolveram fazer uma campanha eleitoral de troca de acusações. Não deu outra: Déda correu sozinho, mostrando propostas. Grande parte do eleitorado quer soluções para os problemas do seu cotidiano. Um bom exemplo é o sucesso de Lula. Tenho várias criticas ao Bolsa Família, mas é uma ação que chega na casa do eleitor diretamente, sem intermediários. Deu certo, e pode anotar isso, o próximo presidente da República, de qualquer partido, prometerá em sua campanha que não acabará com o projeto. Se for contra, não se elege.

Contexto - Uma última pergunta. Muita gente se questiona como é que um candidato se propõe a gastar R$ 4 milhões - como Almeida - ou até R$ 5 milhões - como no caso de Edvaldo - em uma campanha que, se sair vitorioso, não arrecadará mais do que R$ 645 mil juntando o salário recebido nos quatro anos do mandato. Como funciona isso?

C.N - Sempre questionei isso também. Acho que o Brasil precisa encontrar um modelo melhor, que deveria ser o financiamento público, em que todos teriam igualdade de condições. Na verdade, esses valores são surreais. Eles gastam muito mais. Aí entra a ajuda do setor empresarial, que, em sua grande maioria, pede a conta mais tarde. No Brasil, a Justiça Eleitoral finge que acredita na prestação de contas do candidato e, em contrapartida, o candidato finge que declara tudo direitinho. Já o eleitor...

Por Thiago Rocha

05 agosto, 2008

Aruana precisa de projeto de urbanização

Após a derrubada de bares e restaurantes na praia de Aruana, a área só deve começar a ser revitalizada no final do ano

Com a derrubada dos estabelecimentos comerciais na praia de Aruana, nos meses de maio e junho deste ano, a região necessita de um projeto de urbanização. Com a especulação imobiliária e o surgimento de hotéis e resorts, a revitalização da área fica em evidência. A Prefeitura de Aracaju deve iniciar as obras em novembro desse ano.

O diretor de Projetos e Pesquisa em Urbanismo da Prefeitura Municipal de Aracaju, José Vlamir Barreto, diz que a idéia de realizar um projeto para melhorar a região da Aruana não é recente e que a prefeitura já desenvolveu cinco projetos diferentes e chegou a contratar algumas empresas para a estabilização desses projetos.

As várias alternativas que foram encontradas para adequar a região foram apresentadas ao Ministério Público, mas elas se tornaram inviáveis devido ao seu custo. “Houve inclusive a idéia de haver uma ligação do esgoto sanitário da praia até a Região do Hotel Parque dos Coqueiros, mas o Ibama (Instituto Brasileiro de Apoio ao Meio Ambiente) proibiu o esgotamento e a drenagem na região”, disse o diretor.

Derrubada dos bares

Após determinação do Ministério Público Federal (MPF), 15 bares e restaurantes que se localizavam na praia de Aruana, no litoral sul de Aracaju, foram derrubados nos meses de maio e junho. Várias famílias que trabalhavam ou utilizavam os imóveis como moradia estão sem outra fonte de renda.

A polêmica acerca da derrubada dos bares foi gerada principalmente pelo local onde os bares foram construídos. Como a região da Aruana é uma área de preservação ambiental, tanto os órgãos de fiscalização e defesa do meio ambiente como o Ibama, a Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema) e o próprio MPF estipularam um prazo para que a região ficasse livre dos estabelecimentos.

O prazo terminou e nenhum dos estabelecimentos havia realizado mudanças para se adequar às normas ambientais do local. Como a região é de competência exclusiva da União, a derrubada dos imóveis foi determinada pela procuradora-geral da República em Sergipe, Eunice Dantas. Alguns proprietários reclamaram o fato de o Ibama não os ter auxiliado para a readequação.

Por Rafael Gomes

04 agosto, 2008

Jornalista: profissão ameaçada?

Desde o final de 2006, o Supremo Tribunal Federal julga o recurso pelo fim da exigência de curso superior para exercício do jornalismo

Jornalistas de todo o Brasil e a sociedade civil aguardam com expectativa a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a obrigatoriedade ou não do ensino superior para a prática jornalística. Nas mais variadas esferas de discussão, o assunto vem gerando polêmica e provocando mobilizações sindicais.

O julgamento dos ministros ocorrerá possivelmente este ano. O momento coincide com a decisão do Ministério do Trabalho, tomada no final de julho, para a criação de um grupo composto por representantes da categoria, empresários e membros do governo, com o objetivo de regulamentar a profissão e propor alterações na legislação atual, criada em 1969. O grupo terá 90 dias para entregar as conclusões do trabalho.

O processo já teve muitas idas e vindas ao longo dos últimos anos. Durante esse tempo, muitos profissionais perderam suas concessões para trabalhar, para logo em seguida recebê-la de novo. E a população recebeu diretamente os reflexos desse quadro instável, através do material informativo consumido diariamente.

De um lado, a defesa do fim do diploma argumenta a inconstitucionalidade em sua exigência, por ferir os princípios das liberdades públicas e da liberdade de profissão. Do outro, a necessidade de formação específica na área fala mais alto. A dúvida é se um debate que atravessa décadas realmente está em vias de ser solucionado.

Briga de gente grande

Quando a juíza substituta Carla Rister, da 16º Vara Federal em São Paulo, concedeu liminar em 25 de outubro de 2001 para suspensão da obrigatoriedade do diploma de jornalista, provavelmente não imaginava a briga que sua decisão provocaria.

Em janeiro de 2003, a sentença da juíza foi movida pelo Ministério Público Federal (MPF) e Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo (Sertesp) e passou a valer em nível nacional. No mesmo ano, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Advocacia Geral da União (AGU) partiram para o revide. Logo, em 2005, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF) cassou a decisão. Quem tinha conseguido um registro no Ministério do Trabalho sem ser diplomado foi obrigado a parar de trabalhar.

Porém, em 2006, através de liminar do ministro e presidente do STF, Gilmar Mendes, e a pedido do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, o MPF retirou a obrigatoriedade do diploma para aqueles que já exerciam a atividade. O Ministério Público também interpôs o Recurso Extraordinário nº 511961 no Supremo Tribunal Federal, que julgará a causa definitivamente, sem direito a recurso posterior.

Todo mundo pode ser jornalista

A regulamentação profissional do jornalismo brasileiro ocorreu em 1938. Na década de 40, surgiram os primeiros cursos de jornalismo, mas foi somente a partir de 1969, devido a fortes pressões profissionais, que a exigência da formação superior passou a valer efetivamente. Muitos foram contra essa determinação, incluindo jornalistas e proprietários de jornais. Desde então, a defesa pelo fim da exigência é intensa.

“Não há nada no jornalismo que não se aprenda com o cotidiano das redações. Com ou sem diploma, todo mundo aprende o ofício na prática”, defende José Ramalho Rodorval, doutor em Ciências Sociais e professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Ele afirma que ofícios como o de jornalista, economista e sociólogo não conferem riscos à vida humana, ao contrário do que acontece com o exercício da medicina ou arquitetura.

Sobre a inconstitucionalidade, apontada pelo MPF e Sertesp, essa diz respeito ao fato de que há restrição na manifestação do pensamento e na liberdade de expressão dos indivíduos. Conforme consta na sentença da juíza Carla Rister, a exigência de diploma fere a Constituição Federal de 1988 “na medida em que impõe obstáculos ao acesso de profissionais talentosos à profissão, mas que, por um revés da vida, não pôde ter acesso a um curso de nível superior”.

A defesa também se embasa no fato de países desenvolvidos não fazerem essa exigência, a exemplo dos Estados Unidos e países da Europa, e de empresas como a Folha de São Paulo contratarem profissionais especializados em outras áreas para trabalhar nas redações, como economistas e juristas, contrariando a lógica da necessidade do diploma em jornalismo.

Formação especial e suporte teórico

Em contraponto, o doutor em Comunicação Social e professor da UFS, Josenildo Guerra, explica que a prática jornalística não é privilegiada. “No jornalismo profissional, o jornalista é o catalisador da liberdade de expressão dos cidadãos. É através do trabalho deles que as pessoas têm direito a dar suas versões sobre os fatos”. Ele ressalta que qualquer pessoa pode se expressar e colaborar nos jornais, atuando como articulista, cronista ou colunista. Material informativo, no entanto, cabe ao jornalista.

Guerra enfatiza a grande responsabilidade de exercer a profissão, o que mostra a necessidade de formação específica para ela, assim como o é para médicos e arquitetos. “Uma informação incorreta divulgada não prejudica apenas a reputação do jornalista, mas afeta toda a sociedade e seu direito de receber informações de qualidade”, afirma. Um exemplo das conseqüências desastrosas de uma cobertura jornalística mal-feita foi o caso da Escola Base.

A professora do Departamento de Economia da UFS, Verlane Aragão, afirma que a universidade dá o suporte teórico necessário para a melhor compreensão e interpretação da estrutura política, econômica e social da realidade que cerca o profissional. Da mesma forma pensa Guerra, ao explicitar que a ausência de conhecimento teórico limita a capacidade do jornalista de refletir sobre a própria atividade.

“A formação acadêmica dá uma visão universalista do profissional do jornalismo. Ele adquire um conhecimento que pode ser aplicado em qualquer organização. Quem aprende na prática da redação vai aprender apenas como determinada empresa jornalística considera o jornalismo”, afirma o comunicólogo Josenildo Guerra.

Para o sociólogo Rodorval Ramalho, os suportes técnico e teórico são necessários, porém, “o equívoco é imaginar que somente a universidade pode oferecê-los e que esses dois elementos são suficientes para formar um jornalista”, afirma. Ele lembra que alguns dos maiores jornalistas da história do país não passaram por uma faculdade e cita que a tendência, com o advento do ciberespaço, é que todos sejam um pouco jornalistas.

E os jornalistas, o que pensam?

Na esfera acadêmica o debate não parece ter fim. Enquanto isso, os profissionais da área dão suas opiniões. O jornalista da Fundação Aperipê, Cleomar Brandi, afirma ser inteiramente contra à desobrigatoriedade de curso superior para o exercício do jornalismo. Brandi é formado em Pedagogia, mas atua no jornalismo há mais de três décadas, com preferência pela área de produção, aprendendo seu ofício com muita leitura. Apesar de não ter o diploma, aguarda uma decisão favorável do STF.

O Sindicato dos Jornalistas do Estado de Sergipe (Sindijor), sob presidência de George Washington, acompanha o desenrolar dos acontecimentos com forte atuação. A categoria está visitando redações de jornais e salas de aula para distribuir panfletos e mobilizar a população, além de coletar assinaturas para o abaixo-assinado em defesa da regulamentação da profissão, que será entregue aos ministros do Supremo.

Um lugar ao sol

Para uns, retrocesso, para outros, avanço. Teme-se, por exemplo, que com a revogação do diploma o Jornalismo volte aos tempos de outrora, quando havia uma grande maioria de profissionais mal preparada para exercer a atividade; muitos mal sabiam redigir, apesar de dominar técnicas de apuração. Mas há poucos indicativos para que isso aconteça, pois o mercado exige cada vez mais a qualificação de seus trabalhadores, independente da área em que atuam.

Em contrapartida, profissionais do ramo da Publicidade, Design Gráfico e Artes, para citar alguns, convivem com a inexistência da obrigação do diploma. A artista plástico paulista Vera Lúcia Galozzi trabalha há vinte anos na área, fez diversos cursos e nunca precisou de um diploma. “Uma formação superior confere conhecimento, técnica, mas o dom de criar vem de cada um. O que importa mesmo é ser bom no que faz”, diz ela.

Leia também:

Por Raquel Brabec

03 agosto, 2008

UFS realiza Semana Nacional de Educação

Departamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe discute estrutura e evolução do ensino infantil no Brasil

“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família”. É a partir desta declaração, do artigo 205 da Constituição Federal de 1988, que a concepção de Educação é legitimada como direito de todos. Uma conquista tida como marco, principalmente para a Educação Infantil, pois serviu de mola propulsora para a ampliação das garantias à educação para crianças de zero a seis anos na Legislação Brasileira.

Dentre os principais marcos normativos na garantia do direito à Educação Infantil no Brasil, estão o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, o Plano Nacional de Educação (PNE), de 2001, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), de 2007 e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), de 2007, que destina parte do fundo à Educação Infantil.

Os percursos da educação infantil e seus marcos foram discutidos na VI Semana Nacional de Educação da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que aconteceu entre os dias 28 e 31 de julho. “Políticas de Educação para a Infância” foi um dos temas de discussão de uma das mesas-redondas do evento promovido pelo Departamento de Educação (DED) e pelo Núcleo de Pós-Graduação e Pesquisa em (NPGED).

A mesa composta pela técnica da Coordenação Geral de Educação Infantil do Ministério da Educação (MEC), Zóia Prestes, pela representante da Coordenadoria de Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação de Aracaju (SEMED), Maria Barreto Alves, e pela Profa. Dra. Maria Cristina Martins (UFS), discutiu a evolução e as conquistas da Educação Infantil no Brasil.

Zóia Prestes explica que a LDB de 1996, por exemplo, inovou profundamente ao colocar a educação infantil como primeira etapa da educação básica. Outra mudança notória em relação à concepção da educação infantil apontada por ela é a transformação do papel do Estado na função de suprir uma falta da família na educação da criança pequena, que era compensada por ações de amparo e assistência. “O papel do Estado com a educação infantil passa a ser um dever, mediante a opção da família. Portanto, na educação infantil, a família não é obrigada a matricular. Ela pode optar por escolher qual a melhor forma de criar os filhos pequenos. No caso de a opção ser compartilhar com o Estado o dever de educar seus filhos, o Estado é obrigado a garantir o atendimento em creches e pré-escolas”, afirma a representante do MEC.

Essas e outras transformações implicaram numa ruptura histórica no ponto de vista da criança, do papel do Estado e da função da Educação. Entretanto, Zóia Prestes diz que a visão de Educação Infantil só é concretizada a partir da criação de políticas públicas de educação para a população infantil. “Eles devem ser educados em espaços institucionais, coletivos, não domésticos, públicos ou privados, considerados estabelecimentos educacionais e submetidos a múltiplos mecanismos de acompanhamento e controle social, em práticas de educação e cuidado desenvolvidas por professores habilitados, a partir de ações coletivas intencionalmente planejadas e sistematizadas em um projeto pedagógico e, com recursos constitucionalmente vinculados e regulamentados no Fundeb”, afirma.

Desafios

Zóia Prestes argumenta que, atualmente, a maior deficiência da Educação Infantil é o acesso restrito. De acordo com dados colhidos pelo MEC em 2006, somente 15,5% de crianças de zero a três anos tinham acesso à creche. A pesquisa também indica que o acesso é desigual nesta faixa etária, principalmente, para a população negra ou parda (13,8%) e para os mais pobres (9,7%).

Prestes também aponta que, dentre as dificuldades a ser superadas, estão a formação inadequada dos docentes, a fragilidade institucional de muitos municípios e as inconsistências na execução do Censo Escolar, que desconsidera as instituições irregulares.

A infra-estrutura deficiente nas instituições públicas e comunitárias também é outro grande problema. Zóia Prestes acrescenta que os recursos recebidos pelo Fundeb são insuficientes, pois cobrem apenas as matrículas já existentes. “Há necessidade de recursos para criar novas vagas, assim como investimentos na infra-estrutura das creches e pré-escolas”.

Ações do MEC

Com o intuito de superar as dificuldades e melhorar a qualidade da Educação Infantil no Brasil, o MEC tem realizado algumas ações em parceria com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação. Dentre eles, o Programa de Formação Inicial para Professores em Exercício na Educação Infantil (PROINFANTIL), Programa Nacional de Biblioteca da Escola, Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos da Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância), Programa de Alimentação Escolar e reforma e construção de instituições de educação infantil nos municípios.

Também são realizadas iniciativas como a elaboração de indicadores de qualidade para a Educação Infantil, currículo para crianças de até três anos e orientações para convênios na Educação Infantil. Com o objetivo de incentivar a qualidade docente, foi criando o Prêmio Professores do Brasil e a revista informativa Criança.

Situação municipal

Na sua apresentação, a representante da Secretaria Municipal da Educação de Aracaju, Maria Barreto Alves, expôs que a oferta de vagas para a Educação Infantil no município de Aracaju ainda é insuficiente e não atende à demanda. Segundo ela, a rede municipal conta somente com 20 creches e 33 pré-escolas e oferece um numero limitado de vagas. “Atualmente, atendemos mil crianças nas creches e 7.500 em pré-escolas”.

Para sanar o problema, Maria Barreto informou que iniciativas estão sendo tomadas para mudar o quadro. “O número de crianças atendidas tende a crescer gradativamente, principalmente, devido ao novo padrão de infra-estrutura que está sendo implantado nas creches e pré-escolas”.

40 anos do DED

Esta edição da VI Semana Nacional de Educação também comemorou os 40 anos do Departamento de Educação (DED) da UFS. A atual chefe do departamento, a professora Dilma Maria Andrade de Oliveira, diz que o DED tem motivos para comemorar, como a capacitação dos profissionais de educação com boa qualidade para trabalhar junto às crianças e à sociedade. Ela afirma que o DED tem proporcionado aos estudantes uma formação que se dá sob determinados enfoques a depender das demandas da sociedade. “Hoje, a formação do pedagogo está mais direcionada a preparação para a gestão pública”, observa a professora.

Dilma Oliveira diz que os principais desafios da educação são a expansão da escola nas regiões menos favorecidas e a oferta de uma educação pública de boa qualidade para a população. “Uma escola de boa qualidade é aquela que prepara o jovem a enfrentar os desafios do mundo contemporâneo, tanto do ponto de vista da formação para o trabalho, quanto do ponto de vista da formação da cidadania”, afirma.

Para mais informações a respeito das ações do MEC: http://portal.mec.gov.br/index.php

Por Cristiane Batista

Foto: Cristiane Batista