19 setembro, 2006

Desemprego atinge cerca de 45,5% dos jovens brasileiros

Uma pesquisa divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em 13 de setembro, constata que 45,5% dos jovens brasileiros com idade entre 16 e 24 anos estão desempregados. O estudo foi realizado nas regiões metropolitanas de São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Salvador.

Segundo o economista Luís Moura, coordenador do Dieese em Sergipe, o alto índice de jovens desempregados é uma decorrência do baixo crescimento econômico do país. “A economia brasileira cresce a uma taxa média que varia entre 2,5 e 2,8% há 25 anos. O crescimento econômico é muito próximo ao populacional. Além disso, o Brasil alcançou uma alta produtividade através das novas tecnologias, as quais utilizam pouca mão-de-obra. Logo, se não houver um crescimento econômico superior ao populacional, o mercado não tem condições de absorver toda a mão-de-obra. A taxa de crescimento econômico deveria ser de 5 a 6% ao ano, no mínimo, para que houvesse uma redução drástica do desemprego”, explica.

Uma das conseqüências que influi para isso é a longa duração que caracteriza o desemprego brasileiro. “Quem está desempregado atualmente, costuma permanecer por muito tempo. Assim, esse indivíduo, muitas vezes, cansado de procurar emprego, sente-se excluído do mercado de trabalho por não ter a formação necessária. É o que se chama desempregado pelo desalento”, complementa Luís Moura.

O economista ressalta que o índice de desemprego entre os jovens de baixa renda é maior do que entre os da classe média. “Os jovens da classe média têm mais acesso ao ensino formal e possuem a formação técnica necessária que o mercado de trabalho exige”, justifica. “Um fator que contribui para a exclusão do jovem de baixa renda é que setores que não necessitam de mão-de-obra qualificada discriminam jovens com pouca escolaridade. Os empregadores exigem que o candidato tenha concluído o 2º grau, pelo menos, para exercer uma profissão que não requer tanto conhecimento, como a de frentista”, acrescenta.

Estágio: complemento à formação intelectual ou trabalho barato?

O economista e professor José Roberto de Lima afirma que o estágio não deve ser visto apenas como fonte de renda pelos jovens, mas também como uma forma de complementar o conhecimento adquirido na escola ou na universidade. “É necessário que o estágio seja na área que o estudante esteja cursando. O professor e a empresa que intermedeia o estágio devem cobrar do empregador para que o estágio seja uma oportunidade de o discente mostrar sua capacidade profissional e que acrescente na formação complementar. Caso isso não ocorra, o estágio se tornará uma forma de trabalho barata, uma vez que a empresa não paga encargos e tributos quando contrata um estagiário”, argumenta.

Luís Moura concorda que o estágio proporciona ao estudante um maior aprendizado e experiência. Contudo, salienta que o estágio é uma experiência positiva, desde que seja destinado a uma área específica. "Contratar estagiários que não possuam vínculo com a área e que não sejam acompanhados de uma orientação pedagógica é ilegal, contribui para a precarização do trabalho e um aumento da mão-de-obra barata”, observa.

Por Ieda Tourinho

ieda_ufs@yahoo.com.br

Hemolacen realiza campanha de doação de medula óssea


O Centro de Hemoterapia de Sergipe (Hemolacen) está, desde o dia 14 de julho, realizando a campanha de Doação de Medula Óssea. Até agora, 2.200 doadores já contribuíram com a causa. Essa campanha tem como principal objetivo aumentar o banco de doadores, na busca de uma compatibilidade que poderia ajudar a pacientes que sofrem de doenças que afetam a medula e o seu funcionamento.

A medula óssea é um tecido esponjoso que fica localizado na parte interna dos ossos. É nela que estão todas as células-mãe que dão origem aos glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. Seu mau funcionamento pode ocasionar as mais diversas doenças.

A Campanha

A coleta de medula óssea já existe no estado de Sergipe há alguns anos. O pequeno número de doações, contudo, motivou a realização de uma campanha de conscientização da sociedade. “O número de doadores que vem ao órgão ainda é pequeno. É necessária uma campanha continuada, já que, no caso da medula óssea, ainda existe muita falta de informação por parte da população”, afirmou a Dr. Maria Amália Newton Andrade, Gerente da Hemorede.

Apesar da baixa procura, o Hemolacen tem feito campanhas junto a empresas na busca por um maior número de doadores. Dentre os parceiros é possível citar o Banese, a Unimed, a Caixa Econômica Federal, a TV Atalaia, dentre outros. Além desses, existem alguns outros parceiros agendados, a exemplo da Universidade Federal de Sergipe.

A doação

A doação é realizada todas as segundas e terças-feiras na sede do Hemolacen. Para realizá-la, são retirados 10ml de sangue do doador, que precisa ter entre 18 e 55 anos e apresentar um bom estado de saúde.

Após a doação, o sangue vai para o Registro de Doadores de Medula Óssea (Redome), um banco onde ficam disponíveis os dados dos doadores para o mundo inteiro. Quando um paciente necessita, esse banco é consultado na busca por uma compatibilidade. Caso seja encontrado, o doador é consultado sobre a sua vontade de fazer a doação da medula. “O método de coleta é feito em um centro cirúrgico com anestesia e sem dor alguma. No dia seguinte ele já vai para casa”, disse a Dra. Maria Amália.

A doação de medula óssea beneficia pacientes que sofrem de doenças como leucemia e aplasia de medula óssea, além de crianças com algumas doenças genéticas. O principal entrave é a dificuldade de compatibilidade que existe. A chance de um paciente encontrar um doador compatível entre irmãos é de até 25 %. Entre pessoas sem graus de parentesco a chance é de um para 1 milhão.

“As pessoas devem exercer esse ato de cidadania. Cada um precisa saber que existe um próximo que pode estar precisando de medula para sobreviver”, incentiva a Dra. Maria Amália.

Por Letícia Telles

18 setembro, 2006

CONAR estabelece novas regras para propaganda infantil

Desde o dia 1 de setembro, entraram em vigor as novas regras para as propagandas voltadas para o público infanto-juvenil estabelecidas pelo CONAR (Conselho de Autoregulamentação Publicitária). Elas condenam o uso de verbos no imperativo, anúncios que provoquem qualquer tipo de discriminação e dêem idéia de superioridade por meio da aquisição do produto.

“As mudanças foram feitas para impor limites aos exageros de algumas veiculações que desrespeitavam a dignidade do público-alvo”, comenta Paulo Gusmão, presidente do Sindicato das Agências Publicitárias do estado de Sergipe. Frases como “Não dá para ficar sem”, “Peça para o papai comprar” e “Faça como eu: use...” estão proibidas a partir de agora.

As antigas táticas das indústrias para atingir o público infanto-juvenil perderam espaço no mercado, mas novas formas de promover o mesmo impacto estão sendo estudadas. “A nova proposta pode até ser um dificultador, porém não acredito que possa prejudicar a venda dos produtos. A função do publicitário é buscar meios que atinjam diretamente o público-alvo e nós vamos conseguir isso”, afirma Thiago Souza, professor de Publicidade da Universidade Tiradentes.

As novas regras para a regulamentação da propaganda direcionada ao público infanto-juvenil estão disponíveis no site do CONAR. Na página, o consumidor que se sentir ofendido pode denunciar o comercial abusivo, mas a denúncia não pode ser anônima.


O CONAR NÃO PERMITE


  • Provocar situações de constrangimento com o propósito de impingir o consumo;
  • Impor a noção de que o consumo proporcione superioridade ou inferioridade;
  • Peças publicitárias que associem a criança ou o adolescente a situações ilegais, perigosas ou socialmente condenáveis;
  • O uso de apelos imperativos de consumo dirigido diretamente a crianças e adolescentes como “Peça para a mamãe comprar”.

Por Jéssica Vieira

jessiviesil@yahoo.com.br

12 setembro, 2006

Sergipe cresce no campo da geologia


Aracaju foi sede, na semana passada, do XLIII Congresso Brasileiro de Geologia. Realizado pela Sociedade Brasileira de Geologia Núcleo Bahia-Sergipe, o evento contou com a participação de congressistas, palestrantes e autoridades dos estados de Sergipe e da Bahia. A escolha do local foi determinada pelo fortalecimento sergipano no campo da geologia. “A atividade mineral e a exploração do petróleo vêm crescendo significativamente no estado”, afirmou Dr. Washington Franca-Rocha, presidente da Comissão Organizadora do Congresso.

Outro fator importante que influenciou a escolha, segundo o presidente, foi a perspectiva de criação do curso de Geologia na Universidade Federal de Sergipe (UFS) – que já será ofertado no próximo vestibular da instituição. “Esse curso atende à demanda não só do mercado sergipano, mas a especialidades e empresas do Brasil como um todo”, atestou Afonso Carvalho, geólogo-sênior da Companhia Vale do Rio Doce.

O crescimento da demanda por commodities (matérias-primas) minerais, em países como China e Índia, resultou em expressivo aumento dos investimentos no setor mineral do país. Para Washington, “as técnicas de conhecimento geológico no Brasil estão entre as mais avançadas do mundo. A diferença é que o país é muito grande, existe pouca informação e um contingente muito pequeno de geólogos”.

Como maneira de divulgar as geociências em Aracaju, foi oferecido o “Curso de Geologia para a Comunidade”, que contou com a participação de 210 professores de ciências, geografia e disciplinas afins de escolas públicas de 1° e 2° graus da capital. Cada professor recebeu um kit de minerais e rochas, livros de apoio para as aulas e um CD-ROM com todo o material do curso. “A idéia é formar multiplicadores do conhecimento, despertando o interesse dos estudantes para a área de Geologia”, disse Washington.

Parcerias e estudos acadêmicos

Entre os seis perfis que serão oferecidos pela Graduação em Geologia na UFS, destacam-se dois: Geologia Ambiental e Recursos Hídricos e Geologia Sedimentar e do Petróleo. Quanto ao primeiro perfil, já estão sendo realizados estudos de campo, basicamente em dois eixos: a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e a Bacia Sedimentar Sergipe-Alagoas.

Segundo o coordenador do grupo de Geologia da UFS, professor Luiz Carlos Fontes, “as pesquisas são feitas em parceria com outras universidades, a exemplo de Goiás (UFGO) e Bahia (UFBA)”. O professor cita a existência do “Grupo de Gestão Hidroambiental do Baixo São Francisco”, registrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Participam do grupo geólogos, agrônomos e engenheiros florestais vinculados ao Departamento de Engenharia Agronômica, além de professores do Departamento de Geografia.

Já o segundo perfil, de acordo com Luiz Carlos, recebe apoio da Petrobras e vai contribuir para a participação da Geologia no “Núcleo de Competência Regional de Petróleo e Gás”, que está sendo instalado na UFS. Serão implantados sete laboratórios com cerca de 900 m², para dar suporte a pesquisas na área de petróleo, gás natural, meio ambiente e energias renováveis.

O professor reitera que estão sendo feitos estudos dos abalos sísmicos (terremotos) que aconteceram em Sergipe em janeiro deste ano, atingindo oito municípios ribeirinhos ao São Francisco. No último dia 31 esse fato se repetiu na região de Dores, Siriri e Moita Bonita. “Queremos descobrir como se distribuiu a intensidade desses tremores. Em seguida, faremos estudos mais detalhados, provavelmente em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte”.

Museu de História Natural

Para Wagner Lima, geólogo e presidente da Fundação Paleontológica Phoenix, “os sedimentos marinhos são a grande estrela sedimentar de Sergipe, porque marcam a evolução do Oceano Atlântico”. Ele explica que, ao contrário das bacias próximas, as rochas do litoral sergipano estão expostas num grau muito elevado, o que facilita o estudo.

A Fundação, sediada em Aracaju, tem cerca de oito anos de atuação e pretende montar, a partir do material sedimentar que tem reunido, o Museu de História Natural. “Estudando essas rochas podemos entender a sua importância e então, preservá-las. Temos muito material guardado, que precisa ser acessível ao público”, afirmou Wagner.

“Pretendemos colaborar com o curso de Geologia da UFS. Trabalhamos com voluntários, sobretudo biólogos e geólogos, inclusive estudantes universitários que se tornam estagiários e, depois de formados, viram colaboradores da Fundação”.

Por Daniel Brandi

danielbrandi@hotmail.com


Para mais informações, acesse:

Site oficial do XLIII Congresso de Geologia

Site da Sociedade Brasileira de Geologia

Sociedade Brasileira de Geologia Núcleo Bahia-Sergipe





05 setembro, 2006

Sociologia e filosofia serão obrigatórias no ensino médio

Sociologia e filosofia constarão como disciplinas obrigatórias na grade curricular das escolas de ensino médio das redes pública e particular do Brasil. A medida foi aprovada por unanimidade pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e homologada pelo Ministro da Educação, Fernando Haddad, no último mês de agosto. As 23.561 escolas de ensino médio do país terão um ano para definir e implementar o plano pedagógico.

De acordo com pesquisa do Censo de 2005, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC), Sergipe está entre os 17 estados do país em que o ensino de filosofia e sociologia já era obrigatório. Neste caso, o que muda é que, com a nova medida, deverá haver uma nova adequação do sistema educacional quanto ao conteúdo das disciplinas, aos livros adotados e à capacitação de professores.

Mais vagas

Segundo Eliane Pinheiro, chefe da Divisão Pedagógica do Ensino Médio da Secretaria de Estado da Educação de Sergipe, ainda não há dados sobre o número de profissionais disponíveis para ministrar essas disciplinas e, por enquanto, docentes de Ciências Sociais e pedagogos poderão lecionar.

Contudo, há uma expectativa de que a nova medida possa proporcionar mais oportunidades para os profissionais da área no estado. “Antes nós tínhamos o campo de atuação restrito às universidades”, observa a socióloga Lavínia Souza Cruz. Segundo ela, sociologia e filosofia também deveriam fazer parte da grade curricular do ensino fundamental.

Além de Sergipe, o ensino de filosofia e sociologia já era obrigatório nos estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Era opcional na Paraíba e no Rio Grande do Sul.

Breno de Lima

hermanobreno@hotmail.com

03 setembro, 2006

Consumismo aumenta entre jovens

O número de jovens endividados por conta do uso excessivo do cartão de crédito aumenta a cada ano. De acordo com uma pesquisa feita pela empresa Mastercard, houve um aumento de 12% no número de cartões entre pessoas com faixa etária 16 a 18 anos. Esse percentual é incentivado pelos bancos, que oferecem facilidades para seduzir esse nicho do mercado. “De cada 100 jovens que possuem cartão, 16 estão inadimplentes”, constata o economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE), Luís Moura.

Ofertas como contas e cartões universitários, dentre outras facilidades são exemplos de facilidades para adolescentes. As propostas tentadoras possibilitam maior crédito para os jovens que não podem pagar à vista. Segundo Luís Moura, o status-quo também influencia na aquisição do cartão de crédito. “É um diferencial numa roda de meninos de 16, 17 anos alguém sacar um cartão e pagar a conta do bar” afirmou.

Cheques sem fundos

O gasto não planejado – de acordo com pesquisas - motiva grande parte do endividamento dos jovens. “Eu faço o orçamento, mas às vezes aparece uma outra coisa que não havia planejado e compro sem saber se vou ter dinheiro para pagar”, afirma a estudante universitária Fernanda Kelli. O estouro da mesada é quase sempre constatado. “Eles precisam seguir umas regrinhas, como fazer uma lista de compras, não comprar por impulso e não gastar mais do que ganha. Isso já é difícil para um adulto, imagine para um adolescente”, lembra Moura.

Foi registrado também um aumento do número de cheques sem fundos emitidos por adolescentes. Dados do Serasa indicam que o número passou de 7% para 16%. Para Sergipe, esse fato não é significativo. Segundo o economista do Ministério da Fazenda, Idalino Souza, o volume desse tipo de transação envolvendo os jovens sergipanos ainda é incipiente para o comércio - segmento da economia que sofre maior impacto dos cheques sem fundos. O dado, segundo ele, serve apenas como fator comportamental, mas pode produzir impactos significativos na economia, caso não existam medidas contingenciadoras. “O jovem consumista de hoje poderá vir a ser o adulto “consumista” do amanhã”, conclui Souza.

Luana Messias

Novo fôlego para o Movimento Estudantil da UFS

No dia 09 de agosto, foi eleito o novo grupo que representará o DCE-UFS (Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Sergipe). A chapa “Amanhã Há de Ser Outro Dia” vai substituir a gestão “Mudança” e integrará o Consu (Conselho Universitário) e o CONEP (Conselho de Ensino e Pesquisa). A posse deve ser feita até o dia 09 de setembro

O grupo vencedor foi eleito com 1671 votos. Em segundo lugar ficou a chapa “Um Passo à Frente”, com 1106 votos, seguida pelo grupo “Não Vou Me Adaptar”, que alcançou 574.

O resultado das eleições surpreendeu a Secretária de Comunicação da chapa “Amanhã Há de Ser Outro Dia”, Priscila Viana. “Notamos uma aceitação muito grande dos estudantes com relação à nossa atuação política. Contudo, não esperávamos um resultado tão diferencial. Avaliamos isso, também, como o reflexo de uma rejeição à atuação política da última gestão”, declarou.

Os grupos que perderam nas urnas devem esperar a posição da nova gestão do DCE para decidirem pelo apoio ou oposição à mesma. “Vamos continuar atendendo à demanda dos estudantes. Enquanto grupo, vamos participar das atividades do DCE ou promover nossas próprias atividades”, propõe o atual Presidente do DCE Rossini Espínola.

Para o Secretário de Finanças da chapa “Não Vou me Adaptar”, Danilo Vilela, é importante manter uma relação de diálogo com a nova gestão, evitando a tomada precipitada de decisões. “Nada de declarar-se logo ‘de oposição’. Na medida em que as promessas de campanha sejam postas em prática ou não, iremos nos posicionar”, observou.

Universidade e política

Os três grupos que disputaram as eleições se identificam com algumas correntes políticas, segundo os próprios integrantes. A chapa vencedora possui militantes do PSOL e do PT. “Nosso grupo tem a pluralidade como uma de suas principais características. Há os filiados a partidos, os que atuam na Consulta Popular, em movimentos sociais - como o Movimento pelo Passe-Livre (MPL) - militantes que acabaram de ingressar na universidade e/ou no Movimento Estudantil, missionários católicos, entre outros”, esboça Priscila Viana.

Já a atual gestão do DCE, que deu origem ao grupo “Um Passo à Frente”, possui membros da União da Juventude Socialista (UJS) e do PT, embora a maioria não esteja ligada a nenhum grupo político. Já a chapa “Não Vou Me Adaptar” foi composta, sobretudo, por membros da Articulação de Esquerda Estudantil (ARTE).

Participação estudantil

O processo eleitoral para o DCE é curto e não é obrigatório votar. O principal problema apontado pelas chapas é a falta de mobilização estudantil antes e após as eleições. “Poucos estudantes participam dos fóruns do Movimento Estudantil, como Conselhos de Entidades de Base (CEB’s) e Assembléias. De acordo com Rossini Espínola, alguns grupos políticos acabam se aproveitando dessa falta de mobilização.

Apesar disso, Rossini afirmou que muitos estudantes participaram ativamente de alguns projetos como a Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE) e debates sobre a Reforma Universitária e o Plano de Expansão, dentre outros. Na área cultural, “a entidade estudantil se fez presente no Festival de Arte de São Cristóvão (FASC) e estimulou eventos quinzenais no Restaurante Universitário”. Além disso, encontra-se em fase de discussão a criação do Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA).

Para a secretária de Comunicação da chapa “Amanhã Há de Ser Outro Dia”, o DCE precisa de autonomia, sob o risco de não defender os interesses dos estudantes. “O DCE deve garantir o maior número possível de espaços democráticos de discussão e decisão, para ser uma entidade legitimamente representativa e reivindicatória”, defende. Entre as propostas da nova gestão, ela ressalta a organização do “1º Congresso de Estudantes da UFS” e discussões sobre temas como o passe livre e o transporte público. “Os estudantes, participando ativamente do debate, serão capazes de guiar as nossas diretrizes”, conclui.

Segundo o Secretário de Finanças da chapa “Não Vou Me Adaptar”, o Movimento Estudantil no Brasil todo passa por um momento de refluxo. “Esse estado de apatia é causado principalmente pelos DCE’s, mas também é culpa dos estudantes em geral e dos Centros Acadêmicos, cujos fóruns de debate contam com apoio muito baixo”, declarou.

Daniel Brandi


Para mais informações, acesse:

Blog “Amanhã Há de Ser Outro Dia”

Programa da chapa vencedora

“Olhar Brasil” promete desenvolver audiovisual em Sergipe

O projeto “Olhar Brasil” chega a Aracaju objetivando o incentivo às produções independentes e a qualificação dos profissionais do audiovisual no estado. “A maioria das produções está centrada nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. A rede Olhar Brasil faz parte de uma série de programas do Ministério da Cultura que atuam para descentralizar o audiovisual”, explica Indira Amaral, comunicadora e líder do projeto em Sergipe.

Os cursos do núcleo terão duração de um ano, e consistem não só nas aulas práticas, como também na formação teórica e crítica sobre a linguagem e a história do audiovisual. O núcleo terá espaços como a DVD Teca, onde os alunos vão estudar cinema, assistir a filmes, e realizar fóruns de discussão.

O requisito mínimo para ingressar nos cursos é ter o segundo grau completo. O processo de inscrição ocorrerá em setembro e o início das aulas está previsto para a segunda quinzena de outubro.

Ensino do audiovisual em Sergipe

A implementação do curso de Rádio/Tv da Universidade Federal de Sergipe (UFS) em 1993 marcou o início do ensino de audiovisual no estado. O curso tem uma grade curricular que abarca desde teorias da comunicação até a produção de curtas, animações, documentários e obras de videoarte.

Segundo Jean Fábio, professor do curso de Rádio/Tv da UFS, o ensino de audiovisual no estado encontra muitas dificuldades. “Há uma carência de recursos e de estruturas de apoio, como salas de vídeo, acervo bibliográfico, e faltam equipamentos para a produção, como câmeras, ilhas de edição, computadores, programas especializados”, diz.

Naraísa Santos, estudante de Rádio/TV da instituição, ressalta que apesar das limitações, sobretudo técnicas, enfrentadas pelo curso, ele contribui para o audiovisual em Sergipe. “Alguns professores incentivam os estudantes a produzirem através de trabalhos”, relata a estudante.

De acordo com Cristiano Leal, professor de Comunicação Social da UFS, o curso de Rádio/TV ajudou a fomentar uma cultura cinematográfica em Aracaju. “Muitas pessoas com interesse por cinema ingressam no curso”, observa.

Produção audiovisual sergipana

“Há pessoas que têm curiosidade em manusear uma câmera. Mas o estado nunca teve produção cinematográfica porque fazer filme é algo trabalhoso, muito caro e não há estrutura técnica nem aqui e nem sequer nos estados vizinhos”, afirma o jornalista e crítico de cinema Ivan Valença. “É muito difícil ter uma produção audiovisual em Sergipe por questões financeiras”, confirma Deyse Rocha, coordenadora da Casa Curta-SE.

Segundo Indira Amaral, a produção audiovisual sergipana está em ascensão, mas ainda é incipiente. “O projeto Olhar Brasil fará com que o audiovisual sergipano construa um olhar estético próprio”, garante a comunicadora.


Links relacionados:

http://www.infonet.com.br/cultural/ler.asp?id=49696&titulo=cultural

http://www.rnufs.ufs.br/rede/radio/news0010.asp

Ieda Tourinho

ieda_ufs@yahoo.com.br