14 agosto, 2008

Residentes da UFS pedem ajustes

Os benefícios atuais não são suficientes para alunos da Universidade Federal de Sergipe que participam do Programa de Residência Universitária

Aplicado à Universidade Federal de Sergipe (UFS) há 38 anos, o Programa de Residência Universitária ajuda vários alunos humildes a concluírem o curso superior. Com uma bolsa de R$ 702 por residência e outros benefícios, como a isenção de taxas e do pagamento do almoço e do jantar no restaurante universitário, a UFS auxilia estudantes que não possuem condições financeiras a se manterem na universidade.

Para participar do programa, os alunos devem se enquadrar em três exigências básicas: possuir renda familiar inferior ou igual a 90% do salário mínimo per capita (quanto maior o número de pessoas em uma família com renda fixa, menor é a renda per capita), não ser residente da Grande Aracaju (Aracaju, São Cristóvão, Laranjeiras, Socorro e Itaporanga) e estar cursando os primeiros períodos na universidade.

Em relação à verba de R$ 702 destinada a cada casa, os alunos parecem satisfeitos com o valor. A estudante de Serviço Social, Andréia Barros, afirma que o dinheiro é suficiente para cobrir os gastos do mês. “Do dinheiro que a gente recebe, R$ 500 são destinados ao aluguel do apartamento e à taxa de condomínio, que inclui a água, R$ 100 reais a gente usa para pagar a conta de energia e o gás, e com o restante do dinheiro a gente compra materiais de limpeza e outras coisas de que precisamos” afirma a residente.

A assistente social da Coordenação de Assistência e Integração do Estudante (Codae/UFS), Marlemberg de Matos, comemora o aumento no número de alunos muito carentes dentro das residências. “Isso significa que as camadas mais baixas da sociedade, geralmente alunos que cursaram em escolas públicas, têm tido a oportunidade de ingressar no ensino superior e manter-se no curso através do auxílio concedido pelo Programa de Residência Universitária”, afirma a assistente social.

Reclamações

Apesar do sucesso do programa, alguns problemas têm incomodado os estudantes que moram nas residências. Shyrlem Pacheco, também assistente social da Codae afirma que o fato de o restaurante universitário não oferecer café da manhã e a UFS não custear a alimentação dos residentes nos fins de semana deixa os alunos insatisfeitos.

Além disso, os estudantes se queixam que a UFS não dá vale-transporte para que eles possam se locomover até a universidade. Andréia Barros defende a idéia de que as residências deveriam estar localizadas dentro da UFS. “Na Universidade Federal de Alagoas, os estudantes não só moram dentro da universidade, como também possuem um próprio restaurante dentro da residência. O ideal seria que isso fosse feito aqui na UFS também”, argumenta a estudante.

Quanto a isso, a assistente social Marlemberg de Matos, declara não haver nenhuma proposta para que essa idéia entre em prática. “O que nós queremos é construir uma residência próxima à UFS, não uma aqui dentro. Em outras capitais onde os alunos moram na universidade, foram verificados problemas como tráfico de drogas, vandalismo e falta de segurança para os residentes. Como a universidade é pública e qualquer pessoa pode entrar, os alunos correm riscos, ainda mais nos fins de semana, quando a fiscalização é menor”, afirma.

No entanto, Andréia se mostra contrária às idéias da assistente. “Se a residência fosse dentro da universidade, os responsáveis teriam que tomar providências para que a segurança fosse reforçada. Em Alagoas não há nenhum risco porque a universidade dispõe de guardas policiais para vigiar o local o tempo inteiro”, responde a estudante.

Falta de acompanhamento

Outra queixa dos alunos é em relação à falta de mobília em algumas casas e a quase inexistência de visita domiciliar. “Na residência onde eu moro falta alguns utensílios domésticos, como sofá e televisão. Outra coisa que incomoda é o acompanhamento escasso que a universidade dá às residências”, afirma o residente José Edson, aluno do curso de Geografia.

“Quando há algum problema na casa e a gente é obrigado a comunicar às assistentes, elas prometem fazer uma visita, mas nunca vêm. Além disso, quando os contratos dos psicólogos da universidade terminam, a UFS não contrata novos profissionais para substituí-los e, quando precisamos consultá-los para resolver algum conflito entre os residentes, eles não estão lá para nos ajudar”, afirma o estudante. O que foi verificado é que a universidade não tem disponibilizado transporte para que as assistentes possam visitar as residências, o que tem dificultado o trabalho desenvolvido pela Codae.

Por Carla Rejane

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