13 julho, 2007

Le Parkour: atividade física que estimula a liberdade de movimentos e a auto-superação


À primeira vista, parece tratar-se de um grupo de jovens em fuga. Mas ao olharmos com mais atenção e ao observarmos suas fisionomias e a naturalidade com que se movem o primeiro estranhamento se esvai e percebemos que estamos diante de uma atividade esportiva pouco convencional. O estranhamento e a surpresa são reações comuns entre os desavisados que se deparam pela primeira vez com praticantes do Le Parkour, uma atividade física criada recentemente e que começa a ganhar espaço no mundo dos esportes radicais.

Também chamado de "art du déplacement" (em português, arte do deslocamento) ou simplesmente de parkour (abreviado como PK), o le parkour é uma modalidade na qual o praticante define um percurso e tem o objetivo de vencer os obstáculos à sua frente. O percurso delimitado é conhecido como “Run” e para “vencê-lo” é necessário utilizar ao máximo a desenvoltura do corpo humano, muitas vezes ultrapassando limites pessoais. Os adeptos são chamados de traceurs (no feminino, traceuse), palavra derivada do verbo francês "tracer" e que significa "indo rápido".

Conforme a descrição presente no site da Associação Brasileira de Parkour (ABPK), a atividade “consiste em uma pessoa correndo de alguém ou algo, sem que nenhum obstáculo possa pará-la. Além de passar os obstáculos, ela deve executar os movimentos da forma mais natural possível, usando-os como se fosse parte do seu corpo”. Daí a primeira impressão de fuga ser a mais comum.

Particularidades

Para iniciar nessa atividade, além da vontade e disposição para aprender, basta ao interessado calçar um tênis, vestir roupas leves e procurar orientações com alguém que já treine. Uma recomendação importante dos veteranos diz respeito a ter um bom preparo físico, já que o corpo acaba sendo bastante exigido nos treinamentos.

Para o vice-presidente e fundador da ABPK, Alberto Brandão, 22 anos, o diferencial do parkour em relação aos esportes mais difundidos está na liberdade que o praticante tem de treinar quando quiser, na hora que quiser e com a roupa que tiver. Segundo ele, o foco da modalidade está direcionado para o desenvolvimento pessoal, para a facilidade de sua prática (em qualquer lugar) e para o baixo custo, uma vez que não exige equipamentos específicos.

Característica ainda mais peculiar ao parkour é que a atividade não estimula competições. “Os obstáculos a serem vencidos residem dentro de cada traceur”, destaca o praticante Eduardo Rodrigo Oliveira Rocha, 21 anos, aluno do curso de Letras Inglês da Universidade Federal de Sergipe (UFS), revelando o lado filosófico do PK. De acordo com os traceurs, o atleta compete apenas contra si mesmo, pois é dessa forma ele aprenderá a interagir com o ambiente e a tornar-se livre.

Devido ao grau de dificuldade e ao perigo apresentado por alguns dos movimentos propostos pela atividade, é inevitável que alguns praticantes tenham o receio de sofrer acidentes que ocasionem lesões ou ferimentos. A recomendação nesse sentido é para que o praticante tenha consciência de seus limites e busque adquirir confiança no corpo e na mente antes de executar determinadas manobras. O parkour tem por objetivo o “controle corporal”. Por isso a ocorrência de lesões ou acidentes é um indicativo de que algo está errado, ressalta Rocha.


Origem

Estima-se que o Parkour tenha surgido na década de 1980, na França, baseado em um treinamento militar desenvolvido pelos franceses que atuaram na Guerra do Vietnam. O treinamento é conhecido como “parcours du combattant” ou, em português, “percurso de obstáculo”. O francês David Belle, reconhecido mundialmente como o criador da atividade, inspirou-se nas técnicas ensinadas por seu pai, o ex-combatente no Vietnam Raymond Belle. A partir daí ele dedicou sua vida a aprimorar a nova arte física e a torná-la conhecida.

A princípio Belle difundiu sua idéia entre amigos e conhecidos. Em seguida, pouco a pouco, ele conseguiu reunir um grande número de adeptos e com isso, atraiu a mídia. Belle então atingiu seu objetivo de difundir a modalidade ao aparecer em diversas reportagens. Mais recentemente, o criador do Le Parkour produziu e protagonizou o filme de ação B13 – 13º Distrito, onde ele aparece em várias cenas executando movimentos do le parkour. A película teve repercussão mundial e se tornou mais uma frente significativa de propagação do parkour.

Parkour no Brasil

Segundo Alberto Brandão, vice-presidente e fundador da ABPK, não há uma pessoa ou grupo que possa ser reconhecido como o primeiro a ter trazido o parkour para o Brasil. “Foram várias pessoas de várias cidades que começaram a praticar na mesma época” afirma Brandão, que é administrador de redes e pratica o esporte há três anos e meio. O que se sabe é que a história da modalidade no Brasil teve início por volta de fevereiro de 2004.

Parkour em Sergipe

No estado de Sergipe, o parkour é praticado desde o começo de 2006. O esporte vem numa crescente sobretudo em Aracaju, onde, de acordo com os traceurs locais, mais de 300 pessoas aderiram à modalidade. Os treinos não têm um lugar fixo, o mais comum é eles serem acertados por meio de diálogos ou postagens na comunidade “Le Parkour Aracaju”, no Orkut.

Por Hádam Lima

Fotografia: Saut de Detente. ABPK.


Para mais informações, acesse:

Associação Brasileira de Parkour

Comunidade no Orkut Le Parkour Brasil

Comunidade no Orkut Le Parkour Aracaju

2 comentários:

Jorge Ramiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jorge Ramiro disse...

Eu sei de um grupo de pessoas que praticam parkour. Eles vão sempre ao comer em ums restaurantes em itu após do treinamento.