12 setembro, 2006

Sergipe cresce no campo da geologia


Aracaju foi sede, na semana passada, do XLIII Congresso Brasileiro de Geologia. Realizado pela Sociedade Brasileira de Geologia Núcleo Bahia-Sergipe, o evento contou com a participação de congressistas, palestrantes e autoridades dos estados de Sergipe e da Bahia. A escolha do local foi determinada pelo fortalecimento sergipano no campo da geologia. “A atividade mineral e a exploração do petróleo vêm crescendo significativamente no estado”, afirmou Dr. Washington Franca-Rocha, presidente da Comissão Organizadora do Congresso.

Outro fator importante que influenciou a escolha, segundo o presidente, foi a perspectiva de criação do curso de Geologia na Universidade Federal de Sergipe (UFS) – que já será ofertado no próximo vestibular da instituição. “Esse curso atende à demanda não só do mercado sergipano, mas a especialidades e empresas do Brasil como um todo”, atestou Afonso Carvalho, geólogo-sênior da Companhia Vale do Rio Doce.

O crescimento da demanda por commodities (matérias-primas) minerais, em países como China e Índia, resultou em expressivo aumento dos investimentos no setor mineral do país. Para Washington, “as técnicas de conhecimento geológico no Brasil estão entre as mais avançadas do mundo. A diferença é que o país é muito grande, existe pouca informação e um contingente muito pequeno de geólogos”.

Como maneira de divulgar as geociências em Aracaju, foi oferecido o “Curso de Geologia para a Comunidade”, que contou com a participação de 210 professores de ciências, geografia e disciplinas afins de escolas públicas de 1° e 2° graus da capital. Cada professor recebeu um kit de minerais e rochas, livros de apoio para as aulas e um CD-ROM com todo o material do curso. “A idéia é formar multiplicadores do conhecimento, despertando o interesse dos estudantes para a área de Geologia”, disse Washington.

Parcerias e estudos acadêmicos

Entre os seis perfis que serão oferecidos pela Graduação em Geologia na UFS, destacam-se dois: Geologia Ambiental e Recursos Hídricos e Geologia Sedimentar e do Petróleo. Quanto ao primeiro perfil, já estão sendo realizados estudos de campo, basicamente em dois eixos: a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e a Bacia Sedimentar Sergipe-Alagoas.

Segundo o coordenador do grupo de Geologia da UFS, professor Luiz Carlos Fontes, “as pesquisas são feitas em parceria com outras universidades, a exemplo de Goiás (UFGO) e Bahia (UFBA)”. O professor cita a existência do “Grupo de Gestão Hidroambiental do Baixo São Francisco”, registrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Participam do grupo geólogos, agrônomos e engenheiros florestais vinculados ao Departamento de Engenharia Agronômica, além de professores do Departamento de Geografia.

Já o segundo perfil, de acordo com Luiz Carlos, recebe apoio da Petrobras e vai contribuir para a participação da Geologia no “Núcleo de Competência Regional de Petróleo e Gás”, que está sendo instalado na UFS. Serão implantados sete laboratórios com cerca de 900 m², para dar suporte a pesquisas na área de petróleo, gás natural, meio ambiente e energias renováveis.

O professor reitera que estão sendo feitos estudos dos abalos sísmicos (terremotos) que aconteceram em Sergipe em janeiro deste ano, atingindo oito municípios ribeirinhos ao São Francisco. No último dia 31 esse fato se repetiu na região de Dores, Siriri e Moita Bonita. “Queremos descobrir como se distribuiu a intensidade desses tremores. Em seguida, faremos estudos mais detalhados, provavelmente em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte”.

Museu de História Natural

Para Wagner Lima, geólogo e presidente da Fundação Paleontológica Phoenix, “os sedimentos marinhos são a grande estrela sedimentar de Sergipe, porque marcam a evolução do Oceano Atlântico”. Ele explica que, ao contrário das bacias próximas, as rochas do litoral sergipano estão expostas num grau muito elevado, o que facilita o estudo.

A Fundação, sediada em Aracaju, tem cerca de oito anos de atuação e pretende montar, a partir do material sedimentar que tem reunido, o Museu de História Natural. “Estudando essas rochas podemos entender a sua importância e então, preservá-las. Temos muito material guardado, que precisa ser acessível ao público”, afirmou Wagner.

“Pretendemos colaborar com o curso de Geologia da UFS. Trabalhamos com voluntários, sobretudo biólogos e geólogos, inclusive estudantes universitários que se tornam estagiários e, depois de formados, viram colaboradores da Fundação”.

Por Daniel Brandi

danielbrandi@hotmail.com


Para mais informações, acesse:

Site oficial do XLIII Congresso de Geologia

Site da Sociedade Brasileira de Geologia

Sociedade Brasileira de Geologia Núcleo Bahia-Sergipe





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