Para ele, a programação cultural da feira é responsável pelo sucesso de público. “Acreditamos que a nossa principal atração é a cultura. Esse ano estamos trazendo mais de 70 apresentações, inclusive as manifestações folclóricas. Quando os grupos começam a se apresentar, percebemos que a população se aglomera ao redor do palco”, orgulha-se Sialho.
Os Parafusos de Lagarto
Um dos mais representativos grupos do folclore sergipano, os Parafusos de Lagarto, foi criado em 1897. Na última quinta, dia 24, eles mostraram ao público um pouco da história de Sergipe, que remonta aos tempos da escravidão. Segundo a tradição exibida pelos Parafusos, os escravos da região que hoje abriga o município de Lagarto roubavam as anáguas das sinhás para assustar as pessoas e, assim, conseguir fugir para formar mocambos ou quilombos.
Para reforçar a fuga, os escravos davam pulos, rodopios e faziam correrias, movimentos que originaram a dança sergipana. A lavradora Maria Ione do Nascimento coordena o grupo de dança há dois anos, embora a predominância seja masculina. “Não há mulheres no parafuso, apenas os homens dançam. Porque a nossa história diz que somente eles saíam à noite roubando as anáguas nos quintais das fazendas. Há pouco tempo, tivemos a iniciativa de incluir duas escravas no grupo, mas a participação delas é somente teatral”, explica.
Apesar do sucesso do grupo de 18 componentes, Maria Ione lamenta a falta de patrocínio. “Infelizmente, não recebemos apoio. Em Lagarto, participamos de uma associação sem fins lucrativos, mas dependemos do que os sócios podem pagar, além das contribuições que às vezes recebemos. Mas no ano passado, tivemos a sorte de ganhar do governador uma nova indumentária, pois nossas roupas já estavam em péssimas condições”.
Curta-metragem
Inspirado no grupo histórico, o diretor de cinema Marcelo Roque Belarmino produziu o vídeo “As aventuras de Seu Euclides: Os Parafusos”, lançado em novembro do ano passado. Através do teatro de bonecos, o cinegrafista de 39 anos prende a atenção do público infanto-juvenil. “Eu queria trabalhar a cultura regional com crianças, mas voltada à questão educativa”, orgulha-se o diretor, que é formado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Sergipe e ensina em escolas da rede pública municipal.
O curta-metragem de 15 minutos também enaltece a cultura afro-brasileira e inclui animais como personagens do filme. “O personagem central é Seu Euclides, um descendente de escravos que mora sozinho e conversa com os animais, que são, aliás, parte importante dentro da trama. É como se fosse uma fábula”, explica. No último dia 18, Marcelo entregou 260 cópias do vídeo ao secretário de Estado da Educação, José Fernandes de Lima, para serem distribuídas nas escolas da rede estadual de ensino.
Por Priscila Viana
Fotos: Priscila Viana
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