20 fevereiro, 2008

Cinema e Literatura, dobradinha que deu certo

Grupo de extensão promove Seminário "Cinema e Literatura" na UFS

Palavra e imagem. Duas formas de expressão diferentes, mas relacionadas profundamente quando o assunto é arte. A relação entre Cinema e Literatura é o tema do seminário realizado na UFS entre os dias 19 e 21 de fevereiro pelo Centro de Estudos Cinematográficos (Cecine) da Universidade Federal de Sergipe, com apoio da Pró-reitoria de assuntos estudantis (Proest).

Aberto ao público e de inscrição gratuita, o evento promove a exibição de adaptações para a tela de obras literárias nacionais consagradas, no auditório da reitoria da UFS, às 14 horas. Ao final das sessões são promovidos também debates sobre os filmes.

Para Fábio Rogério, membro do Cecine e da comissão organizadora do seminário, o evento tem o objetivo de promover uma discussão aberta a toda a sociedade sobre o modo como uma obra cinematográfica é encarada. "O cinema não é só entretenimento, num filme é possível observar e refletir sobre várias temáticas, assim como num livro", argumenta Fábio, que também é estudante de História. Segundo ele, é necessário fomentar discussões para que o filme seja assistido com outra perspectiva.

De acordo com os membros do Cecine, a Universidade Federal de Sergipe incentiva pouco o cinema. Apesar de promover exibições periódicas, como no caso do projeto "Cinema no Campus", a UFS carece de projetos que estudem o cinema em si. O radialista e publicitário Mário César ressalta a importância da universidade na construção de um movimento de cinema em Sergipe. Segundo ele, a instituição deveria incentivar estudantes, como os de comunicação, por exemplo, a se envolver mais com o que se faz no Estado . "O problema não é só de produção. É de distribuição, divulgação etc. Por isso, precisamos formar um movimento amplo e coeso", reitera César.

Sobre o Cecine

Grupo de extensão da Universidade Federal de Sergipe, o Centro de Estudos Cinematográficos foi formado há cinco anos e tem como objetivo fazer uma análise ideológica, política, social, econômica e técnica de obras de cinema. O Cecine é um resultado da iniciativa dos professores Caio Amado e Romero Venâncio junto a estudantes da UFS interessados no estudo do cinema. O centro não recebe verba da universidade.

Para seus membros, o grupo tem importância fundamental no preenchimento da lacuna dos projetos de estudo sobre a sétima arte. Nele, os participantes são instigados a analisar a fundo e se posicionar sobre as obras, tanto em termos de conteúdo, quanto de estética. "O Cecine é um grupo de estudos, mas, de tanto estudar, você fica estimulado a produzir também", explica Fabio Rogério, que atualmente está produzindo seu primeiro curta, com patrocínio da Funcaju.

O Centro de Estudos Cinematográficos da UFS é aberto para qualquer pessoa. Basta comparecer a uma das reuniões, que acontecem todos os sábados, às 14 h, na FAPESE.

Primeiro dia

O romance vem depois do cinema? Corte, montagem, monólogo interior. A literatura teria inventado o cinema sem se dar conta? Além de dar respostas, o debate da abertura do evento se preocupou em deixar indagações. Provocar os participantes.

Depois da exibição do filme "Vidas Secas", dirigido por Nelson Pereira, baseado no livro homônimo de Graciliano Ramos, foi iniciado um debate coordenado por Fabio Rogério e Mário César. A participação de estudantes de várias áreas fomentou discussões sobre novos aspectos do filme. Entre alunos de Literatura, Geografia e Comunicação, por exemplo, mais de cem pessoas participaram da abertura.

Hoje seria apresentado e debatido o filme "Toda Nudez Será Castigada". Mas, devido a problemas técnicos, a adaptação da obra de Nelson Rodrigues não pôde ser exibida. O público fica então na expectativa para as análises da produção baseada no clássico de Clarice Lispector, "A Hora da Estrela", que acontecerá nesta quinta-feira.

Por Zeca Oliveira

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