30 novembro, 2008

Consciência negra em Sergipe ainda é incipiente

Em 20 de novembro de 1695, o líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência negra ao escravismo no Brasil, Zumbi, foi assassinado por um bandeirante.

Quase 300 anos depois, em 1971, o dia foi escolhido para fomentar reflexões e conscientizar sobre a inserção do negro na sociedade brasileira e a importância da cultura e do povo africano na formação cultural de toda a nação, tornando-se Dia da Consciência Negra. Em 2003, a data passou a ter caráter oficial e nacional; várias cidades no país a decretam como feriado.

Um movimento social que retomou sua expressividade no cenário político contemporâneo foi o Movimento Negro. Um de seus elementos constitutivos, desde os tempos de escravidão, é a luta pela superação das desigualdades sociais entre negros e brancos na sociedade brasileira.

Em Sergipe a luta pela igualdade ainda está no início. Segundo Leila Pardo, mobilizadora do movimento no Estado, a dívida da sociedade com a população negra é imensa. “É nesse contexto que se insere o debate sobre a urgência de políticas públicas de ação afirmativa. É exigir mais verbas orçamentárias para área social, programa de ação na área da saúde contemplando a diversidade étnica, escola pública de qualidade com metodologia vinculada à pluralidade racial, titulação de terras remanescentes de quilombos, valorização e qualificação rumo à igualdade de oportunidade no mercado de trabalho”.

No município de Salgado, o projeto Consciência Afro-brasileira é realizado em parceria com as escolas públicas e particulares do município para instituir o debate sobre a questão racial na sociedade. Esse é um grande feito que, segundo, Maria Silva, idealizadora do projeto, objetiva influenciar o Estado no sentido de criar estruturas governamentais que possam desenvolver políticas públicas anti-racistas.

O Dia Nacional da Consciência Negra é marcado por manifestações, passeatas e seminários em várias cidades brasileiras. Em Sergipe, especialmente na capital, houve debates acadêmicos e mostras de vídeos, como na Universidade Federal de Sergipe; a I Semana da Consciência Negra na Universidade Tiradentes; passeatas, como o Cortejo Afro-religioso que partiu do bairro Cirurgia até o Centro de Criatividade e a Marcha da consciência negra, promovida pela organização não-governamental Criança e Liberdade (Criliber); seminários em escolas públicas e privadas, e apresentações de grupos de afoxé.

Um total de 225 municípios do país decretaram o dia 20 de novembro como feriado , inclusive Japaratuba e Pacatuba, interiores do Estado.

O Museu Afro-Brasileiro de Sergipe, em Laranjeiras, montado especificamente para o estudo da presença do negro na formação do povo brasileiro, abriu a exposição 'As Deusas Iabás'. Também discutiu, através da “Mesa Redonda Cultura e História Afro-Brasileira na Escola: reflexões e debates”, o papel da Lei 10.639/03, que instituiu a inclusão da disciplina História e Cultura Afro-Brasileira nos ensinos fundamental e médio.

Como disse o professor Genésio José dos Santos, do departamento de Geografia da Universidade Federal de Sergipe, a diversidade de formas de celebração do 20 de novembro permite ter uma dimensão de como essa data tem propiciado congregar os mais diferentes grupos sociais. “É importante que se conquiste o ‘Dia Nacional da Consciência Negra’ como o dia nacional de todos os brasileiros e brasileiras que lutam por uma sociedade de fato democrática, igualitária, unindo toda a classe trabalhadora num projeto de nação que contemple a diversidade engendrada no nosso processo histórico”.
Por Marianne Heinisch

Dia do Doador é comemorado com reconhecimento a voluntários

O Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue, comemorado na última terça, 25, foi marcado por homenagens aos doadores mais assíduos no Centro de Hemoterapia de Sergipe (Hemose). A programação contou com a presença de autoridades do Estado, apresentações do grupo UTI riso e do coral do Instituto Luciano Barreto Júnior, além do sorteio de brindes.

A gestora administrativa do Hemose, Sandra Escarlate, ressalta que a iniciativa do órgão é importante no sentido de aproximar o doador voluntário, pois este ainda é um sujeito atípico no cotidiano do órgão. “É o momento de agradecermos a quem não vem doar sangue apenas para um conhecido ou parente”, diz. Ainda segundo ela, esse é um aspecto que precisa mudar, pois há uma grande necessidade de doadores.

José Roberto Vieira de Oliveira, 42, foi um dos homenageados do dia. Suas doações começaram em 1984, por conta da necessidade da própria mãe. A partir disso, ele percebeu que poderia estender o ato de solidariedade a mais pessoas. De lá para cá não parou mais. Em 2008, doou quatro vezes e lamenta não ter feito isto mais vezes.

“Seria bom que todos praticassem esse bem ao próximo, isso só nos leva a ganhar. Muitos ainda precisam quebrar os tabus e vencer os medos, acredito que, ao fazer isso, as pessoas se sentiriam tão bem quanto eu me sinto hoje”, incentiva.

Incentivo à doação

Segundo Escarlate, atualmente há uma escassez do sangue tipo B com fator Rh negativo e os esforços estão concentrados em suprir esta necessidade. Um trunfo conseguido pelo Hemose neste ano foi o resultado da Campanha “Santo de Casa Também Faz Milagres”, que percorreu os órgãos da administração estadual, empresas privadas, ONG’s e universidades, realizando palestras de conscientização e doações coletivas. “O apelo comoveu vários servidores, inclusive o governador Marcelo Déda, que doou em seu próprio gabinete”, ressaltou Hugo Gurgel, diretor do centro.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), o Hemose recebe entre 2,3 e 2,5 mil doações por mês, mas apenas 30% dos doadores realizam o ato com freqüência. Em geral apenas 18% são mulheres. Elas, inclusive, serão o foco da campanha de incentivo à doação de sangue em 2009.

As expectativas até o fim do ano, entretanto, giram em torno dos casos de dengue, em especial a hemorrágica. “Aprendemos bastante com a crise passada, agora estamos montando um grupo de doadores de plaquetas por aférese e buscando outros para os sangues raros, pois o mosquito não escolhe quem vai picar”, afirma o diretor.Preocupação considerada por Gurgel, que reconheceu os esforços dos voluntários no ano passado. “Durante o último surto da doença alguns doadores de plaquetas ficaram de plantão, à espera do nosso chamado. Teve gente que veio de madrugada doar; teve quem fizesse isso por quatro e até cinco vezes”, lembra.

Cercada de mitos que não correspondem à realidade, a doação de sangue é, como reforçado pelas campanhas, um ato de solidariedade com o próximo. Vale ressaltar que todo o processo não chega nem a duas horas e, antes do procedimento, o voluntário é submetido a exames e a um questionário que comprovam sua aptidão. Quem desejar mais informações, ou até mesmo fazer a sua doação, pode procurar o hemocentro localizado na Avenida Tancredo Neves, s/nº, no bairro Capucho, anexo ao Hospital de Urgência de Sergipe Governador João Alves Filho (HUSE). Há ainda os telefones 3259-3191 e 3259-3174.
Por Diógenes de Souza

29 novembro, 2008

Seminário discute programação para TV pública

Aconteceu, nos dias 25 e 26 de novembro, na Sala de Criatividade do Hotel Quality, o 2º Seminário sobre programação para TV pública. Realizado pela Fundação Aperipê, o evento discutiu questões relacionadas ao conteúdo produzido para as emissoras públicas. Além de debates sobre a programação infantil, juventude e produção de animação para a TV pública.

Durante o evento, também foi firmado um termo de parceria entre a Aperipê TV e a Universidade Tiradentes (Unit), com o objetivo de implementar planos de desenvolvimento da cultura e educação. Segundo a diretora-presidente da Fundação Aperipê, Indira Amaral, essa parceria é um marco na história da produção audiovisual de Sergipe. “Estamos agregando esse trabalho pioneiro na educação, realizado pela Unit, para acrescentar mais informações e conteúdo para nossa grade de programação”, comentou Amaral.

Para David Farias, estudante de Comunicação Social da UFS, “o seminário foi muito importante e animador, pois nele foi mostrado que é possível fazer uma TV pública inteligente e que respeite o telespectador”. Já Luiz Paulo, também estudante de Comunicação, possui outra opinião sobre o evento: “Achei estranho que o primeiro ato de um seminário sobre TV pública seja o de firmar uma parceria com uma universidade particular”.

Maíra Ezequiel, professora do Departamento de Comunicação Social da UFS, aponta que a Aperipê TV possui o diferencial de regionalizar a programação, em vez de tentar centralizá-la. E completa: “Acho que tanto a Aperipê quanto a TV Brasil têm o mérito de finalmente apontar para a tentativa de preencher a lacuna que é deixada pelos canais comerciais e não cometer o equívoco de tentar fazer algo parecido com o que eles já fazem”.

Após ser a primeira emissora estatal a aderir à
TV Brasil, a Aperipê TV agora se prepara para produzir 4 horas de programação local e integrar sua grade de programação com a da TV Brasil, conforme acordo assinado em outubro de 2007. Ainda, o seminário serviu para um possível acordo com a rede Telesur, com sede na Venezuela, para a veiculação do conteúdo desta multi-estatal latino-americana na programação local.

Outra mudança da Aperipê refere-se à ampliação de sua cobertura. No começo de novembro, a diretora-presidente da Fundap (Fundação Aperipê) e a diretora-geral da Lig TV, Gisele Gomes, assinaram um contrato de inserção da Aperipê TV nos pacotes de canais oferecidos pela empresa, o que significa um maior alcance da emissora entre os sergipanos.

Para saber mais sobre TV Pública:
Empresa Brasil de Comunicação - EBC
ABEPEC
Por Larissa Ferreira
Foto: Larissa Ferreira

Festival de Bonecos encanta crianças e adultos


Aconteceu, no Sábado e Domingo (22 e 23 de novembro), na praça de eventos da Orla de Atalaia, o projeto SESI Bonecos do Mundo. O integrante do grupo Contadores de estórias, Marco Ribas, resumiu em poucas palavras a grandiosidade do evento, “Já rodei 15 países do mundo e nunca vi um festival de bonecos desse tamanho e importância”. Realmente, o Festival esbanjou com qualidade as mais diversas formas da cultura popular. Foram três palcos para apresentações de bonecos, quatros stands de vendas e exposição de bonecos, além das apresentações teatrais e de grupos afros no Centro de Arte e Cultura de Sergipe.

A estudante de Artes Visuais da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Aline Lisboa, se impressionou com a interação proporcionada pelo festival, entre os diversos tipos de bonecos e as crianças presentes. “Os espaços tinham muitas crianças e elas interagiam de várias formas com a linguagem do teatro de bonecos, isso é muito proveitoso (...). O Festival, como todo, permitiu o contato da sociedade com os elementos da cultura popular, como Mamulengo, por exemplo,” afirmou.

Os sergipanos lotaram o evento e puderam conferir apresentações como a do grupo Mão Molenga, Divina Comédia, Anima Sonho e Pequod, além do Cearense Augusto Bonequeiro e o Boneco Fuleragem. Espalhados pelo Festival estavam as instalações de fantoches gigantes do cenógrafo Oswaldo Grabrielli, as quais, possibilitaram aos milhares de adultos e crianças ali presentes a manipulação destes bonecos. O público ainda pôde conferir a exposição de bonecos criados pelos mineiros do Giramundo.


O festival que teve início dia 3 de novembro em Recife passou por Salvador, Aracaju e agora segue viagem, com quase 100 toneladas de equipamentos, para Maceió, João Pessoa e Fortaleza.



Por Pedro Alves
Fotos: Pedero Alves

25 novembro, 2008

Vigorexia resulta da obsessão por músculos

A Vigorexia é uma das três doenças do século XXI relacionadas com o culto ao corpo: bulimia e anorexia entram neste grupo. Também chamada de Overtraining, trata-se de um transtorno que leva as pessoas a praticarem exercícios físicos de forma exagerada.

Os jovens do sexo masculino são os mais afetados por este tipo de dismorfia muscular. A doença acarreta uma série de complicações, culminando com uma depressão. Achar-se magro demais, fazer perguntas do tipo “Estou muito magro?” ou “Estou ficando forte?” e permanecer horas nas academias estão entre os principais sintomas.




De acordo com a psicóloga Cláudia Lisbôa os pais devem observar o comportamento de seus filhos com relação aos exercícios, alimentação e conduta na interação com os amigos. Ela acrescenta: “O jovem vigoréxico cultua muito seu corpo ao espelho, é interessante que os pais percebam a doença para evitar que seus filhos façam uso de anabolizantes, por exemplo”.

Ainda segundo Cláudia as três doenças estão relacionadas à distorção da imagem corporal, acompanhadas de mudanças de comportamento (geralmente tornando-se patológico) e grande sofrimento emocional.”Assim, cada uma apresenta peculiaridades que provocam distúrbios fisiológicos e psicológicos, tendo praticamente o mesmo nível de prejuízo.”, diz .

O tão desejado corpo sarado pode ser conquistado com alimentação saudável e prática de exercícios sob orientação profissional. “Ingerir carboidratos e proteínas é algo obrigatório, saber dosar o tempo na academia também”, aconselha o instrutor Kadu Muniz.

A Vigorexia e o uso de anabolizantes

“Tomei Deposteron, injetei Durabolin e Durateston. O efeito foi imediato, dizem meus amigos. Em dois meses meu braço aumentou 8 centímetros. Me olhava no espelho, mas me achava magro. Parei de usar por falta de dinheiro. Não me considero um vigoréxico, acho que a pessoa tem que saber injetar e tomar essas ‘bombas’, relata o jovem L. P. R., 20, que prefere não se identificar.

Além de colaborarem para a vigorexia, tais substâncias causam sérios problemas de saúde. Além de arritmia cardíaca, inchaço do coração, sangramento do nariz, câncer hepático, aumento da pressão arterial, dores ósseas e aumento do nível do colesterol, o uso de anabolizantes também pode levar à morte.

Fisiculturismo x Vigorexia

O fisiculturismo é o esporte que mais se enquadra na Vigorexia. Mas isto não significa que todo fisiculturista seja vigoréxico. Afinal, muitos se adequam e praticam o esporte de maneira saudável. Não é necessário em caso algum, o uso de anabolizantes para a prática.

O distúrbio de Adônis

A doença também é conhecida por Síndrome de Adônis. O termo faz analogia ao jovem grego Adônis, que, de acordo com a mitologia, era provido de grande beleza.

O nome remete, ainda, ao culto à perfeição que as pessoas tanto almejam, sem medir as conseqüências. Ser belo, ter um corpo “sarado” e de preferência ser jovem eternamente são os objetivos principais dos “escravos da beleza”.

Leia Mais:
Viciados em Malhar
Vaidoso, advogado tem obsessão pela beleza perfeita

Por Diógenes de Souza e Monique de Sá

24 novembro, 2008

Sergipe Del Rey:Semelhanças Entre os Espanhois e o Povo Sergipano.

Na ultima quinta-feira, 20 de novembro, ocorreu no segundo piso da livraria Escariz do Shopping Jardins o lançamento do livro "Os Espanhois em Sergipe Del Rey ",do professor e geógrafo Robervan Barbosa de Santana.

O livro, impresso em papel reciclável, aborda aspectos linguistícos, religiosos e genealógicos hispânicos presentes na cultura sergipana. Esses elementos podem ser explicados pelo período que o Brasil pertenceu oficialmente à Espanha.

A idéia do livro surgiu desde que Santana começou a perceber as semelhanças entre a "do sergipano" e o espanhol:"barrer",bassoura", "presgunta"- palavras da lingua hispânica, presentes no linguajar de alguns sergipanos." Essa maneira de falar é comum para algumas pessoas no interior ", explica o professor, "Outra semelhança é a mania de trocar o 'G' pelo 'X', em palavras como 'oxente' e 'vixe maria', algo comum ao galécio, língua falada na região hispânica da Galécia, de onde provém também o português que falamos", completa.

Tudo que diz respeito à cultura espanhola em Sergipe foi investigado cientificamente durante 7 anos "Mergulhei na história de Sergipe entre 1580 e 1640, época em que o territorio era de domínio espanhol. Foi nessa época, por exemplo, que surgiu a cidade de Estância, que em casteliano quer dizer 'fazenda de gado' e que tem como padroeira uma santa hispânica: Virgem de Guadalupe", comenta Santana.

"A obra é importante para a literatura sergipana porque pouco se aborda sobre o tema. "É interessante descobrir a origem da maneira particular de falar da nossa gente", opina uma das ex-alunas do professor, Soely Carvalho. O mais importante desta pesquisa é a contribuição para a historia do povo sergipano",completa o autor.

Ao som de músicas suaves como 'Palpite' e 'Sozinho', os convidados esperavam ansiosos pelo autografo e dedicatoria no livro, " Gostei dele ter destacado minha cidade, Divina Pastora, a santa veio de Servilha,ele pesquisou a fundo", diz Elenildes Menezes, professora e convidada do lançamento.

O livro está a venda nas livrarias Escariz, ao custo de R$20,00.É uma boa opção para quem deseja saber um pouco mais sobre a cultura e historia sergipana.
Por Fernanda Carvalho

20 novembro, 2008

Mobilidade acadêmica é opção de aprimoramento

Troca de experiências, intercâmbio cultural, ampliação dos conhecimentos e enriquecimento do currículo. Estas são apenas algumas das conquistas de quem participa do Programa Andifes de Mobilidade Acadêmica, disponibilizado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Poucos alunos sabem, mas é possível cursar uma parte da graduação em universidades federais de todo o Brasil.

O acordo de mobilidade foi firmado há alguns anos pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Hoje, mais de 50 instituições públicas fazem parte da entidade e permitem o intercâmbio acadêmico entre seus estudantes.

Confira a lista das universidades participantes.

“Essa é uma oportunidade única de o estudante adquirir uma bagagem intelectual extra, o que acarretará benefícios múltiplos para a sua formação na graduação. Ele terá contato com outros professores, outros alunos, outros métodos de ensino e enfoques variados. Trata-se de uma boa opção para quem deseja ampliar os horizontes e conhecer coisas novas”, é o que afirma o coordenador do programa de mobilidade acadêmica na UFS, professor Antônio Edilson do Nascimento.

Como funciona?

O primeiro passo para o aluno que deseja participar do programa é escolher a universidade de destino. Em seguida, o discente deve conseguir as ementas das disciplinas que pretende cursar naquela instituição e levar ao Departamento de Administração Acadêmica (DAA) para que o processo tenha início. Os programas serão analisados pelo colegiado do departamento do estudante, de modo a verificar equivalência disciplinar. A idéia é que as matérias cursadas fora sejam convertidas em créditos na universidade de origem, ao final do intercâmbio.

O professor Antônio Edilson diz que, embora a equivalência entre as disciplinas seja um pré-requisito para dar início à mobilidade, ela, certo modo, enrijece o aluno para a possibilidade de ir muito além e se aprofundar em distintos campos de conhecimento. “Um aluno do curso de Biologia da UFS, por exemplo, não vai poder estudar lá fora uma área que fuja totalmente das nossas ementas. Isso é um tanto limitador para quem procura novas linhas de estudo”, pondera.

Depois de aprovada a equivalência, o DAA envia toda a documentação e uma carta de apresentação do aluno para a universidade pretendida. Esta será responsável por verificar a existência de vaga nas disciplinas preteridas e realizar a matrícula, comunicando à UFS a aceitação do universitário.

Mas existem restrições à participação na mobilidade acadêmica, além da existência de equivalência disciplinar entre os programas de estudo. O estudante já deve ter cursado os dois primeiros semestres e não pode ter mais de uma reprovação por período letivo.

O tempo de duração da mobilidade é de um ano, podendo ser prorrogado por mais meio período – semestre ou ano dependendo da instituição – em caráter excepcional. O aluno terá sua vaga assegurada na instituição de origem durante este tempo. Ao final do programa, a universidade receptora deverá emitir certificado das disciplinas cursadas, a fim de que elas sejam inclusas no histórico escolar do acadêmico.

Quem tem participado?

Embora o intuito principal do programa seja possibilitar ampliação dos horizontes de estudo dos participantes, Antônio Edilson informa que o perfil das pessoas que têm procurado a mobilidade acadêmica não é bem esse, no geral. “A maioria dos estudantes que aplica mobilidade daqui para fora ou vice-versa é constituída por pessoas que vão iniciar um emprego ou foram transferidas de cidade e não conseguiram transferência externa. Poucos são os que vão exclusivamente estudar”, diz.

A estudante do sexto período de Direito da UFS, Valéria Guimarães, por exemplo, passou recentemente em um concurso público no Distrito Federal e pretende fazer mobilidade acadêmica na Universidade de Brasília (UnB). “Na verdade, não ‘escolhi’ a UnB. Essa foi a única forma que encontrei para continuar em uma universidade pública, já que não foram abertas vagas para transferência externa em minha área”, explica.

Este não é o caso da estudante do sexto período de Jornalismo, também da UFS, Júlia da Escóssia. Ela recentemente trocou as facilidades de estudar perto de casa pelo desafio de viver em outra cidade. Em prol do aperfeiçoamento de sua graduação, Júlia agora estuda na Universidade Federal Fluminense (UFF). A instituição fica localizada na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro.

“O que me motivou foi a vontade de me especializar na área ligada mais ao Jornalismo Cultural, que na UFS é muito fraca. Enquanto lá temos somente algumas optativas na área, aqui temos bem mais disciplinas voltadas para esse campo. “Nós da turma, por exemplo, como trabalho da disciplina de Tópicos em Audiovisual I, tivemos que cobrir o Festival de Cinema do Rio de Janeiro, uma excelente experiência e que jamais teria aí, na UFS”, afirma Júlia da Escóssia.

Um dos empecilhos do programa é com relação à moradia e bolsas, já que as instituições não oferecem quaisquer desses auxílios. No caso de Júlia, a hospedagem foi uma das partes mais difíceis da aventura. “Como não tenho família, inicialmente fiquei na casa de amigos dos meus pais, que são como tios para mim. Somente agora em novembro é que achei minha casa, estou dividindo-a com mais duas meninas”, comenta.

Para os que aspiram a participar do Programa Andifes de Mobilidade Acadêmica, a universitária dá o seu recado. “Existe muita burocracia e o processo pode demorar muito, como o meu. Isso é, sim, um obstáculo, mas não um empecilho. O aprendizado que adquirimos tanto pessoalmente quanto profissionalmente vale muito à pena apesar das dificuldades que temos que enfrentar”, finaliza.

O estímulo é válido. Poucas pessoas têm aproveitado a chance. Desde 1997 que a UFS participa da mobilidade. Durante estes anos, apenas 12 pessoas foram para o Campus de São Cristóvão por meio da modalidade. O número de alunos que saíram é ainda menor, cinco apenas.

Por Allan Nascimento

18 novembro, 2008

Voluntários do CVV ajudam a salvar vidas


Os voluntários do Centro de Valorização da Vida de todo o país não revelam as histórias que ouvem pelo telefone, pois o sigilo faz parte de sua metodologia. Só contam que há de tudo: gente que liga dizendo estar prestes a se matar, a um passo de se jogar de um prédio ou por um triz de puxar um gatilho. A conversa com os voluntários pode ser a esperança final para evitar a tragédia.

Em Aracaju desde 2006, o Centro de Valorização da Vida – CVV – é um grupo presente em todo o país, e presta apoio emocional por telefone às pessoas deprimidas e que correm risco de suicídio. O Ministério da Saúde reconheceu que este trabalho é de fundamental ajuda para a população, tendo em vista que os serviços públicos de atendimento em saúde mental são deficientes.

A coordenadora do posto em Aracaju, Silvia Maria de Aquino, acredita que no mundo moderno, a individualidade e a competitividade contribuem para que as pessoas se afastem cada vez mais. “Hoje em dia a humanidade interage muito mais com máquinas do que com outras pessoas. Isso afasta as pessoas umas das outras e as leva à solidão, angústia e depressão, que são os caminhos para se chegar ao desespero de cometer suicídio”.

Silvia comenta ainda que o perfil de quem procura ajuda é muito variado. São tanto pessoas que moram sozinhas como quem vive rodeado de gente. A maioria sofre por não saber administrar algum tipo de perda: emprego, membro da família, status social.
De dois anos para cá, verificou-se o aumento das ligações de idosos e de adolescentes. “Até crianças de 11, 12 anos nos ligam procurando simplesmente conversar e desabafar, reclamando da falta de diálogo e companhia dos pais”.

Na nossa sociedade, falar abertamente sobre o suicídio ainda é um tabu. E é também comprovado que a divulgação de casos suicidas encoraja aqueles que pretendem atentar contra a própria vida. Em 2004, a última pesquisa sobre o tema mostrou que cinco em cada 100 mil brasileiros cometem suicídio.


Taxa de suicídio no Brasil por faixa etária e sexo:


Fonte: OMS


Em Sergipe esse índice é maior do que a média nacional: entre 100 em cada 100 mil habitantes. No mesmo ano, o Ministério da Saúde detectou que o índice de suicídio diminui em cidades onde há um posto de atendimento do CVV.


Assista ao vídeo do Centro de Valorização da Vida:

http://www.youtube.com/watch?v=I_Dr4WzEvjw&feature=related


Como funciona

A metodologia do Centro não é complexa: um antídoto ao suicídio é o desabafo. “Ao desabafar, a pessoa se acalma e acaba refletindo e se questionando internamente. Ela vê o problema de outra forma e, quase sempre, desiste de tirar a própria vida”, relata a coordenadora. A idéia é deixar a pessoa falar o que quiser, pelo tempo que for necessário. Os voluntários nunca tomam a iniciativa de encerrar a ligação.

O processo é sigiloso, a identidade jamais é revelada a não ser que quem ligue queira fazê-lo.
O CVV atende entre sete horas da manhã e onze da noite, diariamente, inclusive aos feriados. O posto de Aracaju é o único do Brasil a possuir uma linha gratuita - 0800.

Voluntários CVV

O pré-requisito básico é ser maior de 18 anos. O CVV oferece um treinamento de 45 dias chamado Programa de Seleção e Capacitação dos Voluntários - PSCV - que envolve teoria e prática. Os participantes também trabalham a questão do preconceito, a aceitação do próximo, o convívio com a diversidade e, principalmente, o saber ouvir. Ao final do treinamento são selecionados aqueles mais aptos para fazer o atendimento.

- Próximo PSCV: março de 2009. As inscrições podem ser feitas através do próprio número de atendimento.

Aracaju tem 39 voluntários de todas as classes sociais: médicos, donas de casa, psicólogos, assistentes sociais, delegados, entre outros.
Posto de atendimento CVV Aracaju:
Telefones: 0800 2844456/ 3213 7601

Leia mais:



Por Marianne Heinisch

17 novembro, 2008

Brasil adota nova ortografia já em 2009

No centenário de comemoração à morte de Machado de Assis e ao nascimento de Guimarães Rosa, a Língua Portuguesa passa por mudanças nas regras de acentuação, hifenização e grafia. Com a ratificação do acordo, em 29 de setembro, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Academia Brasileira de Letras, as mudanças ortográficas começam no Brasil em 1º de janeiro de 2009.

Sancionado o acordo, a implementação das reformas ortográficas no Brasil passará por um período de transição equivalente a quatro anos, que vai de 1º de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2012, no qual ficam valendo tanto a ortografia atual quanto as novas regras. Durante esse período, as duas grafias valem no vestibular, nas provas escolares e acadêmicas e nos concursos públicos. Já os livros didáticos devem, a partir de 2010, estar de acordo com as novas normas ortográficas da língua portuguesa, segundo resolução publicada pelo Ministério da Educação (MEC) no Diário Oficial da União.

As mudanças da reforma vão da extinção do trema à incorporação das letras k, w e y ao alfabeto, que passará de 23 a 26 letras. Não mais se usará acento diferencial em pára (verbo), igualando-se ao para (preposição); palavras como enjôo, vôo e zôo perderão o acento; quanto ao uso correto do hífen, novas regras e exceções trarão maior dificuldade à escrita.

Questionamentos sobre simplificação e unificação da reforma são recorrentes. Indagado sobre o assunto, o professor de Língua Portuguesa, Cristiano Carvalho, problematiza: “será que a reforma ortográfica facilitará o aprendizado de uma dada variante lingüística, a variante ‘culta’ na sua modalidade escrita?” e considera como “pretensiosa qualquer tentativa de tornar mais fácil uma matéria como Ortografia. O panorama será o mesmo e continuaremos apelando para regrinhas e exceções”.

De modo contrário pensa a jornalista revisora de um jornal impresso do Estado, Joseane Moreira. Segundo Joseane, a reforma simplificará o aprendizado e unificará a comunicação nos países lusófonos. “Acredito que as mudanças simplificarão a ortografia e que a unificação lingüística trará identidade ao idioma”.

Já o adolescente Jonatan Vieira, de 12 anos – estudante do 6º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Laonte Gama, localizada no bairro Santa Maria, e semifinalista e representante estadual na categoria poesia da 2ª Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro – quando perguntado sobre a reforma, explica: “Não considero a reforma. Ao invés de ajudar, vai atrapalhar, porque a gente aprende de uma forma e agora tem que aprender de outro jeito. Vai ser ruim”.

O acordo

Após anos de relutância, o Parlamento Português aprova o acordo ortográfico. Desde 1990, quando foi assinado em Lisboa o acordo ortográfico da língua portuguesa, protocolos referentes à data de vigência foram assinados. O mais recente protocolo, já com a adesão do Timor Leste – independente em 2002 -, previa que as mudanças nas regras de acentuação, hifenização e grafia entrariam em vigor com a assinatura de três países pertencentes à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP): Portugal, Brasil, Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Guiné-Bissau.

O Brasil foi o primeiro país-membro da CPLP a ratificar o acordo em 2004, seguido por Cabo Verde, em fevereiro de 2006; e São Tomé e Príncipe, em dezembro de 2006. O Brasil também será o primeiro país-membro a implementar as mudanças. Os outros países-membros terão data e processos distintos para implementação das novas regras.



O português no mundo

A sétima língua mais falada no mundo e a única do Ocidente a ter duas ortografias oficiais – uma pertencente a Portugal (a norma portuguesa é a que sustenta o ensino do idioma em outros países) e outra ao Brasil – encontra empecilhos para se inserir como idioma oficial em organizações mundiais.

O problema da dupla ortografia no idioma gira em torno da circulação internacional de publicações na língua portuguesa e do intercâmbio cultural. Com a uniformização lingüística, facilitará o intercâmbio entre os países lusófonos e aumentarão as publicações internacionais na língua portuguesa. Além disso, o Português pode tornar-se um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU), junto aos idiomas já oficiais: Árabe, Chinês, Inglês, Francês, Russo e Espanhol.

A partir dessas questões, o professor e árcade literário da Academia Sergipana de Letras, Denisson Santana, desconsidera as críticas feitas contra a reforma. “A língua portuguesa, como descrita por Machado de Assis, não é fixa. Transforma-se de acordo com as necessidades, usos, costumes e com a dinâmica da linguagem do próprio povo. Diante disto, mesmo com alguns gramáticos tecendo críticas, a evolução da língua dói positiva, posto que, unificada, reforça o idioma. Averiguo a mudança como algo normal diante das transformações que envolvem a língua e os falares do povo”.

Vale pontuar que a reforma não possui, como característica maior, somente fatores culturais de aproximação lingüística, mas também fatores políticos e econômicos circundam sua essência. De fato, existe uma indústria editorial que irá lucrar com impressões e reimpressões de livros. Mas, de certa forma, é preciso atualizar-se quanto às novas regras que não são sintáticas nem semânticas, apenas ortográficas no intuito de unificar o idioma, mesmo mantendo suas diversidades sintático-semânticas e suas peculiaridades lingüísticas.

Por Jeimy Remir
Foto: Academia Sergipana de Letras

16 novembro, 2008

"Eleição de Obama: questão econômica superou a questão racial"

As eleições americanas foram o evento mais comentado dos últimos dias. Aqui do Brasil, acompanhamos nos principais noticiários o quanto esse pleito em particular mexeu com o povo americano e com o resto do mundo.

Thiago Rocha, estudante do 6º período da UFS, escolhido pela Embaixada Americana juntamente com mais 24 brasileiros, teve a oportunidade de acompanhar, por dez dias, toda a movimentação que resultou na vitória do primeiro presidente negro dos E.U.A, o democrata Barack Obama.

O universitário falou ao Contexto Online sobre a experiência de acompanhar de perto as eleições, contando um pouco sobre o comportamento dos americanos, da mídia e dos candidatos.

Contexto On-line - Como foram esses dez dias acompanhando as eleições norte-americanas?

Thiago Rocha – Posso dizer que foi algo muito diverso e completo. Primeiro ficamos por quatro dias em treinamento, em São Paulo, com o pessoal da embaixada, do consulado. No dia 25, chegamos em Raleigh, Carolina do Norte e ficamos hospedados na North Carolina State University.

Lá tivemos um primeiro contato cultural, que nos fez sentir um pouco do clima predominante na população. Foi numa feira, uma festa tradicional. Várias pessoas estavam vestidas com camisas, usando broches, manifestando o apoio aos dois candidatos.
As atividades posteriores contaram com palestras ministradas por professores e estudiosos em política, além de visitas a partidos, locais de votação e comícios. Fomos ao de Obama e ao de Sarah Palin e pudemos analisar o clima e como funciona a política americana.

CO - Como você sentiu o clima de disputa entre Obama e McCain?

TR - A política americana é muito polarizada. Essa polarização se dá em questões pessoais e principalmente de governo. Quando fomos ao comício de Barack Obama, pudemos perceber o quanto as pessoas estavam esperançosas. O índice de 74% de desaprovação do governo Bush foi o maior trunfo do democrata. McCain também pregou mudanças, mas as pessoas não consideraram.

CO - O que deu pra perceber durante os comícios?

TR - O de Obama era bem diverso e composto de pessoas com idéias mais liberais como as dele, como a defesa do casamento gay, do aborto. Além da questão econômica, que também influenciou o comportamento dos eleitores, pois Obama mostrou propostas que beneficiariam a classe média em detrimento dos mais ricos. Um exemplo foi a questão tributária, em que ele prometeu baixar impostos sobre a classe média e os trabalhadores e incidí-los para os americanos que ganham mais de US$ 250 mil por ano. Era justamente esta elite que, preocupada, marcava presença no de Sarah Palin.

CO - Explique-nos um pouco como funciona o processo eleitoral dos Estados Unidos

TR - O sistema eleitoral é muito complexo. É difícil tentar resumi-lo e explicá-lo com poucas palavras. Essa experiência fez entender como funciona. Vale citar algumas especificidades, como, por exemplo, o fato de ser possível que um candidato seja eleito sem a maioria dos votos. Isto ocorreu apenas três vezes em toda a história americana, a última foi com George W. Bush.
Cada Estado pode, também, realizar a sua própria eleição, pois como a escolha do presidente toma o foco dos americanos, alguns preferem realizar em períodos diferentes. Junto com a escolha do presidente só 11 estados elegeram governadores.

CO - Além dessa flexibilidade, o que mais há de específico no processo?

TR - Chamou a atenção o número de cargos que as pessoas escolhem de uma só vez. Aqui no Brasil, em algumas eleições, escolhemos apenas dois candidatos, como prefeito e vereador. Na Carolina do Norte os eleitores votaram em 39 cargos, tornando a eleição muito abrangente. Outras coisas que posso citar são o voto antecipado e o fato de ser facultativo.

CO - E como é a participação dos eleitores, já que eles não são obrigados a votar?

TR - Desta vez o envolvimento dos eleitores foi grande, uma coisa nunca vista antes. Em 2004, 122 milhões de americanos votaram. Este ano entre 127 e 130 milhões de americanos foram às urnas. Não foi recorde em porcentagem, mas em número absoluto.

CO - Aqui no Brasil também acabamos de sair de um período eleitoral. Durante as campanhas, os candidatos acabam, às vezes, ‘trocando farpas’, acusações e partindo para a baixaria. Os candidatos americanos têm comportamento semelhante?

TR - Com certeza. Alguns especialistas com quem tivemos contato disseram que este ano superou tudo o que se tinha visto em baixaria. Obama tentava a todo momento vincular a imagem de McCain à de melhor amigo de Bush e chegou a chamá-lo de antiquado, dizendo que ele não sabia nem enviar um e-mail.
McCain, por sua vez, tratava o rival como socialista e até ironizou uma das propostas de Obama em levar a educação sexual para a escola básica, perguntando se as crianças iriam aprender sobre sexo antes mesmo de aprenderem a falar.

CO - Barack Obama carrega consigo um “clichê” de ser “o primeiro presidente negro” daquele país. A questão racial exerceu influência direta, de alguma forma, para a vitória dele?

TR - Aproximadamente 95% dos negros votaram em Obama. Quando questionados, muitos não confirmavam que a cor determinava a decisão do voto, alegavam que o fator racial não era o mais considerado. Mas, pensando historicamente, os negros nunca tiveram muitos representantes. Em Obama eles viram essa figura. Claro, existia o medo de que ocorresse o chamado “Efeito Bradley”, e que, nas urnas, as pessoas não o elegessem por ser um negro.

CO - Então o que teria pesado mais na decisão dos eleitores?

TR - Acredito que a questão econômica foi superior à questão racial. 60% da população em geral votou por esse fato. Obama despertou a confiança em vários aspectos, inclusive pela sua competência política, demonstrada pelo grande salto que deu, politicamente, nos últimos quatro anos. A vitória dele, sem dúvida, foi algo simbólico e importante. Os jornais ressaltaram muito, nas manchetes, esse título de primeiro presidente negro, após o resultado.

CO - Em que aspectos a mídia americana se assemelha à brasileira no tratamento às eleições?

TR - Aqui os jornais não tomam partido e nem apóiam declaradamente um candidato. Lá eles fazem o contrário, explicitando a sua preferência nos editoriais. Grandes jornais americanos apoiaram Obama e explicaram o porquê. As matérias tratavam dos dois e não eram tendenciosas, você percebe um certo equilíbrio.
Na contagem de votos, por exemplo, enquanto aqui no Brasil os veículos apenas repassam os dados contabilizados pela Justiça Eleitoral, nos E.U.A. a imprensa praticamente faz essa contagem e já começa a projetar o vencedor mesmo com os resultados de uma porcentagem pequena de votos contados.

CO - O que você absorveu dessa experiência? De alguma forma ela influenciará sua carreira?

TR - Foi essencial para dar uma visão futura do que pretendo fazer profissionalmente. Sempre tive interesse em política internacional e o programa foi uma chance de confirmar isto. Essa oportunidade foi completa em todos os sentidos: cultural, político, pessoal, acadêmico, profissional... e ajudará na possibilidade de eu fazer um mestrado lá. Pode ser o meu primeiro passo após a formatura; os contatos que fiz ajudarão nessa possibilidade.

Thiago com grupo de brasileiros

Por Diógenes de Souza

Juventude brasileira ainda é religiosa

Após a separação entre Estado e Igreja, decretada em 1890, o Brasil deixou de ser um país oficialmente católico. E, se em séculos passados a Igreja conquistava territórios e queimava pessoas em fogueiras, hoje tenta apenas "segurar" seus fiéis.

Fiéis estes que são o último bastião desta religião, ainda a mais influente do país, ao doutrinarem seus filhos do mesmo modo que seus pais. Mas, em meio a tantas vertentes religiosas e pais mais liberais – que não se prendem a crenças – como conseguir atrair e manter os jovens na igreja?

Um dos problemas enfrentados pelas igrejas tradicionais, em especial a católica, é o fato de não mudarem suas visões reacionárias. Por isso, para muitos jovens, a igreja é apenas um órgão repressor e hipócrita – constantes restrições às pesquisas científicas, ao sexo, ao uso de anticoncepcionais e à liberdade sexual (apesar dos escândalos de pedofilia e homossexualismo). Outro está relacionado ao estilo de seus cultos, como mostra o adolescente Diego Luiz, 14 anos. “Eu não gosto daqueles sermões demorados e nem daquelas músicas”.

Em “Pesquisas sobre stress no Brasil”, da psicóloga e professora Marilda Emmanuel Novaes Lipp, da Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), constatou-se que o medo de Deus é uma das causas de stress em crianças. Porém, não chega a ser um problema religioso: “Em sua maioria, a imagem punitiva de Deus parte dos pais. É uma questão puramente de educação, porque Deus não vai causar mal para ninguém”, afirma.

Para Frei Betto, talvez essas ameaças feitas pelos pais – “Não faça isso que Deus castiga!” – sejam a razão de muitas crianças, ao se tornarem adolescentes, desinteressarem-se da religião. No entanto, ainda há muitos que buscam “a sua fé”. Seja em religiões mais clássicas ou em tradições afro-brasileiras e orientais.


Segundo o último censo realizado (Censo 2000), o número de jovens católicos no país diminuiu, enquanto os “sem-religião” cresceram. Ainda assim, de acordo com o instituto alemão Bertelsmann Stiftung, a juventude brasileira é a terceira mais religiosa do mundo.



A pesquisa alemã também mostrou que 90% dos jovens acreditam em vida após a morte, 74% rezam ao menos uma vez por dia, 35% seguem e aceitam os preceitos da religião escolhida e 65% declararam-se muito religiosos.

Eline Silva da Cunha, 25 anos, é um exemplo desses jovens.“As pessoas estão perdendo o respeito pelos outros e por si mesmas. O que me motiva a ir a igreja é a certeza de que essa vida é apenas uma passagem rápida e se todos seguíssemos os ensinamentos de Jesus haveria mais paz no mundo”. Dayane Mattos, 22 anos, também defende a importância da religião. “Me sinto bem quando vou à igreja. Gosto de ouvir a pregação, de aprender mais sobre a bíblia e de participar de atividades da igreja. Para mim, a igreja é como uma família”.

Por outro lado, há os mais moderados, como a estudante Lidiane Menezes, 20 anos. “As pessoas dizem que a igreja é a casa de Deus. Pode até ser, mas eu não preciso ir sempre lá para estar perto Dele, às vezes uma simples oração é mais eficiente”.

Distante do showbusiness das igrejas modernas, a velha-guarda religiosa faz o ‘marketing’ divino de acordo com o tradicionalismo. Sem músicas agitadas, coreografias incrementadas e padres-astro, a igreja conservadora dispõe apenas de seus cânticos e sermões.

Gráfico: Contexto On-Line/ Natália Vasconcellos (baseado no gráfico da Bertelsmann Stiftung)

Por Larissa Ferreira

15 novembro, 2008

Estudantes desocupam reitoria após negociação

Terminou na ultima terça-feira, dia 11, a ocupação da Reitoria da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Depois da reunião na tarde desta segunda-feira, 10, com o Reitor Josué Modesto dos Passos Subrinho, os estudantes que ocupavam cinco salas tiveram suas reivindicações atendidas.

Após 12 dias de ocupação e duas reuniões de negociação com a Reitoria, o movimento estudantil conquistou a equiparação da bolsa-residência do campus de Laranjeiras que passou de R$450,00 para R$ 702,00 por residência (valor recebido pelos residentes do campus de São Cristóvão), o pagamento da bolsa-residência e bolsa-trabalho que estavam atrasados à dois meses, criação do conselho paritário e deliberativo de assistência estudantil e pagamento em dia da bolsa-alimentação.


Além do afastamento da professora Neilza Barreto no que difere ao diálogo com os estudantes residentes, fornecimento de cestas-básicas nos finais de semana para os residentes do campus de Laranjeiras e o desprendimento de parte da bolsa-residência para a compra de alimentos.


Para o estudante de Geografia e militante do movimento estudantil Fernando Correia, a ocupação foi fruto de problemáticas e discussões que há dois anos, desde a criação do campus de Laranjeiras, vinham sendo travadas pelos estudantes. "A ocupação não surgiu de um ato espontâneo. Na verdade ela foi fruto de um processo de mobilização que se iniciou no Campus Laranjeiras e no campus de São Cristóvão," afirma.


Fernando ainda complementou que a ocupação foi de grande importância para o movimento estudantil e para a UFS. "Foram 12 dias que fizemos da reitoria o nosso lar. Doze dias em que movimentamos e re-oxigenamos a Universidade e o Movimento Estudantil . A conquista vai além das pautas obtidas. É uma conquista, também, subjetiva. Uma prova de que o movimento estudantil está aí, forte e presente. E que com ele organizado podemos sim conquistar a nossa tão almejada Universidade pública, gratuita e de qualidade.


"A estudante do curso de Teatro e residente, Lidiane Souza, acredita que a ocupação promoveu maior visibilidade aos residentes. "Com as nossas pautas atendidas, a condição dos residentes na UFS se tornará melhor," disse.


O Pró-Reitor de Assuntos Estudantis, Arivaldo Montalvão, avaliou que a ocupação foi um marco reflexivo para a Universidade. "O movimento servirá para o amadurecimento de ambas as partes para que esses problemas não venham a acontecer novamente. A nossa intenção é que as políticas possam ser concretizadas da melhor forma possível," afirmou.


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Após vazamento, estudantes ocupam reitoria da UFBA


Foto: Cocó

Por Pedro Alves

13 novembro, 2008

Sistema de cotas ainda será tema de discussão na rede de ensino privada

Uma grande interrogação para diretores e coordenadores. O que importa é o agora: vestibular 2009.

A notícia sobre a adoção do sistema de cotas – a partir de 2010, pela Universidade Federal de Sergipe – levantou muitos questionamentos entre alunos, instituições de ensino e sociedade. Conflitos entre prós e contras à parte, o momento é de indagar e refletir sobre o que mudará e que medidas serão tomadas diante desse novo contexto.

Instituições de ensino médio, que costumam planejar o cronograma do ano letivo com base no principal vestibular do Estado – o da UFS –, a partir do próximo ano, terão um novo desafio pela frente: as cotas. Como elas influenciarão a estrutura do planejamento escolar?

No momento, os colégios privados concentram sua atenção nas revisões para o vestibular 2009. Em relação ao sistema de cotas, para eles, ainda pode ser modificado, e pouca atenção lhe é dada. Estes estabelecimentos particulares esperam o posicionamento oficial da FENEN (Federação dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Sergipe), a qual ameaça entrar com um processo para recorrer da medida adotada pela UFS, embora reconheçam que não há muito que se fazer diante de um programa já constitucionalizado. “No momento estamos focados nas revisões para o vestibular deste ano. Uma reunião sobre esse assunto já está programada para a próxima semana”, declara Luís Felipe Félix, coordenador do Colégio Dinâmico, que vê o ano de 2010 como uma “ grande interrogação diante da problemática em torno das cotas”.

Ideltino Barreto, coordenador do Departamento de Apoio ao Sistema Educacional (Dase) – órgão responsável pelo Pré-SEED (pré-universitário da Secretaria de Estado da Educação), que, em 2007, teve mais de 500 alunos da instituição aprovados no vestibular da UFS –, considera que ainda há pontos no sistema de cotas que precisam de esclarecimento. “Há a necessidade de uma discussão entre os órgãos educacionais da Secretaria do Estado, Universidade e alunos, para análise das entrelinhas desse programa. Só ouvimos as informações pelos noticiários!”, afirma Barreto.

A previsão é de que as cotas tornem os alunos do sistema de ensino publico mais competitivos, ainda que, por enquanto, colégios públicos e privados prefiram focar sua atenção no vestibular 2009. Passada a euforia desta etapa, ainda há muito a se discutir.

Por Fernanda Carvalho

09 novembro, 2008

Departamento de Computação da UFS Celebra Maioridade Com Novo Curso

O Departamento de Computação (DCOMP) da Universidade Federal de Sergipe foi fundado em 1991, apenas com o curso de Ciência da Computação. Próximo ano, ele contará com mais um, o de Engenharia da Computação.

O professor Giovanny Lucero, chefe do departamento diz que obras estão previstas para o próximo ano, para comportar o aumento do número de alunos. Afinal houve um aumento tanto no número de vagas, quanto no número de cursos oferecidos pelo departamento. Hoje ele conta com três: Ciência da Computação, Engenharia da Computação e Sistemas de Informação.

Questionado sobre as diferenças entre os cursos ele responde: “O curso de Ciências da Computação forma profissionais para a área de desenvolvimento tecnológico e tem a computação como atividade fim. Já o curso de Sistemas de Informação forma analistas de sistema, profissional preparado para trabalhar em empresas, enquanto Engenharia da Computação atua na fronteira entre Engenharia Elétrica e computação, projetando softwares, por exemplo.”.

A partir deste vestibular serão ofertadas 250 vagas para os cursos da área de informática. Cursos com concorrência baixa, mas com uma grade curricular que pesam para os estudantes. Afinal, matérias como Cálculo I, Cálculo II, Física A aterrorizam a vida destes futuros profissionais.

O estudante do oitavo período de Ciências da Computação, Lucas Augusto Carvalho, fala que sempre gostou da área de informática, esse foi o principal motivo que o levou a escolha do curso. Mas quando o assunto em questão é sobre a estrutura de seu departamento ele diz: “O departamento não tem estrutura, mas dizem que vão contratar novos professores e ampliar o prédio.”, e acrescenta: “Hoje, eu seria contra a ampliação de vagas, mas a longo prazo isso vai se tornar algo positivo, principalmente quando se trata do mercado de trabalho, pois haverá uma maior concentração, podendo ser criada uma empresa, aqui em Sergipe”.

Quanto a ampliação do departamento, Lucero afirma que haverá sim um aumento tanto de espaço quanto no número do quadro de professores, que atualmente conta com doze professores efetivos e dez substitutos.

O curso de Engenharia da Computação faz parte do Plano de Desenvolvimento Institucional (2004-2009) da Universidade Federal de Sergipe. Com promessas de ampliação departamental para 2009, e contratação de professores efetivos para 2010, o DCOMP celebrará sua maioridade com projetos em vista e um novo curso para aumentar a área de trabalho e pesquisas aqui em Sergipe.

Por Monique Tavares

Ciências Atuariais: Novo Curso na UFS


Ciências o quê? Isso mesmo, Ciências Atuariais. Este é o novo curso de graduação ofertado pela Universidade Federal de Sergipe que foi implementado dentro do seu programa de expansão. O curso terá a duração de cinco anos e conta com diversos desafios pela frente, um deles é a divulgação do seu propósito profissional.


“O Atuário é o profissional preparado para mensurar e administrar riscos, uma vez que a profissão exige conhecimentos em teorias e aplicações matemáticas, estatística, economia, probabilidade e finanças, transformando-o em um verdadeiro arquiteto financeiro e matemático social capaz de analisar concomitantemente as mudanças financeiras e sociais no mundo”, é assim que o Instituto Brasileiro de Atuária define o profissional da categoria, que pode trabalhar em fundos de pensões, instituições financeiras, companhias de seguros, entidades de planos de saúde, dentre outras instituições que lidem diretamente com matemáticas estatísticas e financeiras.


A UFS ofertará o curso no turno da noite. “Temos a intenção de dar oportunidade àquelas pessoas que trabalham o dia todo e só dispõem da noite para estudar”, justifica o Prof. Dr. Manuel Luiz Figueiroa, responsável pelo núcleo de formação em estatística que responderá pelo curso de ciências atuariais.

Segundo Figueiroa a necessidade do curso em Sergipe é imensa em diversos locais como institutos de previdência e instituições financeiras, isso se deve a falta de profissionais graduados na área, visto que no estado a UFS será a única instituição em Sergipe a ofertar a graduação. No Processo Seletivo Seriado (PSS) 2009 da universidade, 87 candidatos se inscreveram na opção, o que representa uma concorrência de 1,74 candidatos por vaga, taxa considerada normal entre as áreas de atuação financeira, como estatística, por exemplo. O professor afirmou que a maioria dos candidatos que procuram essas áreas tem apenas o interesse em criar um vinculo com a universidade, sendo, também, de responsabilidade dos professores criarem métodos e meios de incentivo aos alunos.

O novo curso contará com algumas dificuldades como a falta de professores no processo de seleção para contratação, que se encontra aberto e sem inscritos, mas isso não será um problema no qual os estudantes tenham que se preocupar a princípio. “Os quatro primeiros períodos de ciências atuariais são semelhantes aos de estatística, isso nos dá uma folga de dois anos para que profissionais qualificados possam ser contratados. Só após esse período é que os cursos apresentam particularidades”, enfatizou o chefe do núcleo de estatística.

UFS implementa curso de Relações Internacionais em 2009; veja detalhes

A Universidade Federal de Sergipe (UFS) disponibilizará sete novos cursos a partir do concurso vestibular de 2009, que acontecerá entre 7 e 10 de dezembro de 2008. A política de expansão, que já é implantada na Federal há algum tempo, este ano reflete sua adesão ao REUNI – Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais –, assinada em outubro de 2007. Dentre as novidades estão as carreiras de Biblioteconomia e Documentação, Engenharia Eletrotécnica e Relações Internacionais.

O destaque na procura foi justamente para Relações Internacionais (RI). O curso ficou à frente de todas as opções inéditas até este processo seletivo, com 348 inscritos e 6,96 candidatos por vaga, numa oferta de 50. Os números demonstram uma demanda razoável pela área em Sergipe – um interesse que, nos últimos anos, tem levado pessoas do Estado a mudar-se para outras regiões do país em busca do bacharelado. Um dos atrativos do campo para os estudantes é o seu pluralismo: “o mais notório na disciplina de Relações Internacionais é a sua maleabilidade. O internacionalista estuda diversos campos, como Direito, Comércio, Política”, descreve Andréa Motta, aluna sergipana do curso de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC MINAS).

Demanda global

Sergipe passa longe de estar sozinho no interesse pelo curso. Isso acontece, na verdade, a nível mundial. “As explicações para o aumento de interesse na área de RI podem ser creditadas à importância que o mundo globalizado, a formação dos megablocos e a informação instantânea têm exercido sobre todos, rompendo distâncias e fronteiras, ligando países e continentes”, diz Shiguenoli Miyamoto, professor da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em artigo sobre o assunto. Ou seja: como há uma aproximação hoje muito mais clara das relações entre as nações– relações de interdependência, inclusive –, é natural que exista uma valorização das Relações Internacionais.

No Brasil, isso se tornou mais nítido a partir dos anos 1990. Nessa década, o país se afirmava política e economicamente. Teve papel de importância em algumas ações internacionais, muitas envolvendo o Mercosul, por exemplo. Isso liberou um mercado profissional que estava retido, entre vários outros fatores, pela situação anterior de instabilidade econômica. O resultado foi um grande aumento de cursos de Relações Internacionais e Comércio Exterior por aqui. Ano que vem, além da UFS, instituições como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) também passam oferecer o curso de RI. “O crescimento da área de Relações Internacionais, academicamente, se dá à medida que o país se projeta no cenário internacional”, pontua Miyamoto.

As Relações Internacionais na UFS

Segundo o professor Napoleão Queiroz, diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) da UFS, uma das práticas da expansão universitária utilizadas na UFS é criar cursos que possam ser amparados inicialmente por áreas científicas que já existam dentro da instituição de ensino. É por isso que, para implantar as Relações Internacionais na casa, ele contou com o apoio, por exemplo, do Departamento de Direito (DDI). “Como no Departamento de Direito já existia a iniciativa do NEPRIN, ele acabou sendo um ponto de partida, mesmo não tendo participado efetivamente da elaboração do projeto”, informa ele, referindo-se ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em Relações Internacionais do DDI.

A grade do curso foi produzida aos moldes do plano da Universidade de Brasília, que tem uma afinidade maior com a Diplomacia, diz Queiroz. “Com esse embasamento, acho importante que a coordenação do curso esteja a cargo dos professores de Direito”, assinala. Mas equilibra: “neste momento de pontapé inicial o viés aponta mais para essa área, porém tudo depende da determinação do estudante e da formação dos professores que vão ingressar no curso”.

A professora Djalma Andrade, diretora do Departamento de Apoio Didático-Pedagógico (DEAPE) da UFS, considera que, com os seus 40 créditos optativos, o curso de Relações Internacionais da UFS pode chegar a contemplar bem a diversidade do campo. “O aluno é quem vai fazer seu percurso numa área de melhor aptidão”, diz. “Mas num primeiro momento de funcionamento do curso, nós não temos um elenco de professores completo – é por isso, nesse caso, que é necessária essa base na Diplomacia”.

Queiroz e Andrade concordam que a criação do curso de Comércio Exterior, ainda a ser aprovada, poderia ajuda a solidificar uma proposta plural para o de Relações Internacionais. Nesse caso, seria possível também que o aluno fizesse uma graduação dupla. “Os cursos poderiam andar em paralelo até certo ponto, sendo possível para o aluno de um cursar o outro com dois ou três semestres a mais”, confirma Djalma Andrade.

Napoleão Queiroz admite que a questão do ambiente físico ainda é uma dificuldade para Relações Internacionais e os outros cursos novos do CCSA. “Esse é o principal problema”, diz, “mas as soluções já estão sendo viabilizadas”. Alguns espaços do Centro que estavam sendo utilizados por outras entidades serão novamente disponibilizados em 2009, e em 2010 um novo prédio será construído para as Ciências Sociais Aplicadas, que deve chegar a abarcar doze cursos.
Também já está prevista, segundo a professora Andrade, a extensão universitária para o curso de RI, podendo ser criado um escritório de negócios para inserir os estudantes no mercado de trabalho. “Ele deverá representar um espaço para consultoria gerencial constituída e gerida pelos alunos de graduação, com a supervisão dos professores”, afirma.

Stephanie Donald, aluna da terceira série que prestará vestibular para Relações Internacionais na UFS este ano, diz que espera “um corpo docente qualificado e participativo, com uma mentalidade aberta para debater e lidar com diferentes idéias”. Quanto ao receio das dificuldades que pode encontrar na Federal, ela cita “o medo das greves na instituição, e de tentar entrar no mercado de trabalho com a qualificação em uma instituição pequena em relação às demais – USP, UnB, Puc”. “Espero que a UFS procure expandir seus horizontes, disponibilizando bons programas de extensão e até mesmo programas de intercâmbio com outros países e suas respectivas instituições”, conta.

Por Ricardo Gomes

SEED financia computadores ao magistério

Professores da rede pública são contemplados pela Secretaria Estadual de Educação com equipamentos sem nenhum custo. Inclusão digital é o novo foco do Governo.




Nos dias 22 a 24 de outubro foi realizada, no Complexo do Sesi, a I Exposição de Tecnologia Educacional (Expotec). A Secretaria Estadual de Educação (SEED), juntamente com o Banco do Estado de Sergipe (Banese) financiaram computadores para 2904 professores, coordenadores e diretores do Estado, cadastrados no Programa de Inclusão Digital do Magistério Público Estadual (Proid). No evento, 18 empresas mostraram os equipamentos que serão disponibilizados para os professores da rede pública estadual. Computadores com valor de até R$ 1.200 foram destinados aos docentes sem nenhum custo.


PROID

O Proid mostrou na 1ª Expotec os dez programas de tecnologias educacionais que a SEED desenvolve em sala de aula. De acordo com Gilberto de Freitas, assessor da Secretaria Estadual de Educação, o objetivo principal do programa é apresentar aos docentes o computador como ferramenta pedagógica em sala de aula. “Os computadores são fundamentais para acompanhar a nova realidade e mostrar aos alunos as formas de estudo através de pesquisas na internet e atividades pedagógicas, além de ser indispensável para a melhoria da qualidade do ensino, da qual a escola não pode se distanciar”, explicou.



Para o melhor aperfeiçoamento dos professores, a SEED oferece cursos para seu corpo docente com aspectos pedagógicos e administrativos. Esses programas de tecnologia educacional visam a melhoria da qualidade de ensino e modernização de setores da escola como o Sistema Integrado de Gestão Escolar (Siga) e TV – Escola, que são exemplos dos variados temas apresentados na 1ª Expotec. O primeiro está ligado à automatização, integração, agilidade, documentação e padronização de procedimentos dos trabalhos desenvolvidos em sala de aula. Já o TV-Escola é dirigido à capacitação e ao aperfeiçoamento dos professores da Educação Básica. Este atende a 365 escolas estaduais e municipais em todo o Estado e é desenvolvido pela Secretaria de Educação a Distância e o Ministério da Educação, visando a ampliação dos conhecimentos do professor através da TV, vídeo, DVD e outros instrumentos de comunicação variados. “Os cursos não são plenamente de informática, como muitos pensam. São programas que conciliam as tecnologias com o ensino e atividades escolares”, garante o assessor da SEED.




Inclusão digital







A inclusão digital, ou seja, inserção de tecnologias em prol do ensino e educação beneficiam toda a área pedagógica. Alunos e professores se adpatam aos novos recursos oferecidos e desenvolvem práticas mais modernas na utilização de ferramentas ligadas ao mundo digital e também educacional. De acordo com Gilberto, esse programa do Governo objetiva promover a inclusão digital para o magistério público estadual. “A meta é atingir todas as escolas estaduais com laboratórios de informática e preparo para o uso desses espaços até 2009. Muitas escolas precisam de reformas para construção de um laboratório e apresentam problemas como falta de um espaço físico e sistema elétrico inadequado, que ainda são muito comuns”, complementa o assessor sobre os objetivos do programa.




Leia mais em: infográfico sobre inclusão digital no governo estadual
inclusão digital: o que é e a quem se destina


Por Lorene Vieira e Janaína de Oliveira

08 novembro, 2008

Secretaria de Estado da Saúde elabora plano de combate às DSTs e Aids para a população LGBT em Sergipe

As ações prevêem, entre outras coisas, sensibilização e conscientização dos profissionais no atendimento a esse público nas unidades de saúde. Documento segue linha do plano nacional, lançado pelo Ministério da Saúde.

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) está elaborando um plano de enfrentamento à epidemia de Aids e de outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) entre gays, homens que fazem sexo com homens (HSHs) – garotos de programa, entre outros - e travestis. A ação, que já promoveu dois encontros, é conjunta com organizações de defesa dos direitos da classe LGBT. A próxima reunião, que será realizada ainda este mês, finalizará os trabalhos e acertará as decisões.

Baseado num plano nacional lançado pelo Ministério da Saúde em março deste ano, as ações prevêem, entre outras coisas, a promoção de políticas e ações para o enfrentamento das DSTs, o fornecimento de metodologias de prevenção e a garantia dos direitos humanos para gays, HSHs e travestis infectados. Entretanto, também para Sergipe, um ponto de grande destaque é minimizar o preconceito entre os profissionais de saúde no tratamento dispensado à classe.

De acordo com o médico e responsável pelo Programa DST/Aids da SES, Almir Santana, a sensibilização dos profissionais é um dos itens do plano cujo propósito visa transformar a realidade do atendimento a essas pessoas, posto que existem várias queixas contra algumas unidades de saúde, principalmente na entrega de preservativos. Ele ainda ressalta que a elaboração está levando em conta, principalmente, o incentivo à prática do teste de HIV. “O Nordeste é a região onde essa população menos procura fazer o exame, precisamos trabalhar a importância da realização dele. Para isso, o acesso deve ser facilitado”, ressalta.

A tese é confirmada por Tatiane Araújo, presidente da Associação Sergipana dos Transgêneros (Astra), que participou da elaboração do plano nacional e agora faz parte do projeto estadual. Para ela, a discriminação existe desde que a epidemia foi descoberta e rotulada como uma “peste gay”, mas quando percebeu-se que as taxas de contaminação elevam-se em todos os segmentos, o preconceito passou a diminuir. “Isso existe principalmente nas cidades do interior. Falta preparo aos gestores de saúde. O acesso aos insumos de prevenção não é satisfatório”, pontua. Tatiane informa, ainda, que a organização de paradas do orgulho gay em cidades pólo (este ano em Itabaiana, Lagarto e Nossa Senhora do Socorro) ajudam na conscientização das pessoas.

Além do que já foi citado, o plano estadual prevê intervenções educativas nas áreas de maior concentração do público-alvo, como boates, festas e cinemas específicos. “Acrescentaremos poucas coisas ao plano nacional, que foi bem elaborado e contém um pouco de cada realidade do país”, ressalta Tatiane. “Tudo está ocorrendo com tranqüilidade e todas as partes envolvidas estão trazendo sugestões. Não queremos ditar as normas. Vamos juntar tudo o que for pensado e fazer um documento só”, completa o professor Almir Santana.

A iniciativa do Governo Federal é elogiada por ambos, e a presidente da Astra a considera um avanço na gestão pública, que antes montava campanhas de combate à Aids massificadas. O representante da SES emenda: “Isso é fundamental para o enfrentamento da epidemia. A Aids é um problema de todos, não apenas do governo ou da sociedade civil. É importante que cada um faça o seu papel”, finaliza.

Estatísticas:

A incidência de Aids entre gays e HSHs é 11 vezes maior que na população em geral. Estimativa do Ministério da Saúde diz que 1,5 milhão de pessoas, entre 15 e 49 anos, se encaixam naquele segmento. Entre 1996 e 2006, o percentual de casos da doença, entre homossexuais e bissexuais de 13 a 24 anos subiu de 24% para 41%. Na faixa de 25 a 29 anos os números passaram de 26 para 37% no mesmo período.


Clique para ver o Projeto Nacional de Combate à Aids


Por Diógenes de Souza

07 novembro, 2008

Dia do Radialista


Escutam-se muitas vozes no rádio, mas pouco se conhece sobre os donos delas. Nesta sexta-feira, dia 9, comemora-se o dia do profissional de Rádio e TV. Data pouco lembrada, mas que é de suma importância para os atuantes da profissão.

A data foi instituída em 2006, pelo presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, em homenagem ao dia de nascimento do radialista Ari Barroso. Que foi um dos grandes nomes na história do rádio brasileiro. Os profissionais de rádio fazem chegar aos ouvidos das pessoas os principais acontecimentos do dia. E também assuntos de entretenimento como horóscopo, resumo das novelas, algumas notas de fofoca e principalmente muita música.

Com o surgimento da televisão e da internet, houve uma necessidade de reinvenção e revisão de alguns conceitos. O estudante de radialismo da Universidade Federal de Sergipe, Marcones Dantas, declara que “o rádio tende a migrar para a plataforma digital, sem deixar de operar com suas formas tradicionais.” Assim o perfil dos radialistas também precisa ser modificado.

A profissão ainda não é bem reconhecida, e muitos se utilizam do rádio como trampolim político, para falar o que querem e de forma improvisada. Mas os radialistas já tentam mudar essa forma de fazer o rádio. Como exemplo, há a rádio UFS (92.1), que está em caráter experimental, onde já há uma mudança na visão do radialista com um perfil diferenciador. É uma emissora educativa, sem fins comerciais, que quer mostrar à sociedade e ao mundo acadêmico assuntos de relevância construtiva e educativa.

A radialista Juliana Almeida, atual coordenadora de programação da rádio UFS, diz que “a emissora utiliza de um roteiro e de um manual de redação, baseados na universidade da linguagem radiofônica”, técnicas que precisam ser utilizadas pelos radialistas para fazer um trabalho mais profissionalizante. “Comunicador de rádio não apenas basta ter a voz bonita”, completa a coordenadora. É preciso utilizar dos conhecimentos acadêmicos para atuar forma correta e precisa.

Na opinião de Juliana, a profissionalização acontece atualmente. Mas, no momento em que os radialistas mudam a visão de atuar na sociedade e ganham um pouco mais de reconhecimento, o curso de Rádio e TV da Universidade Federal de Sergipe será substituído pelo de Audiovisual, curso que possui uma grade mais voltada para o cinema e que engloba todas as mídias. “Vai-se oportunizar uma ampliação no exercício da profissão, não sendo mais visto apenas em veículos tradicionais, como rádio e televisão”, declara o professor de comunicação social da UFS, Sebastião Figueiredo. E ainda completa “o leque de opções agora crescerá com as mídias novas que estão surgindo aceleradamente”.

Os atuais estudantes de radialismo vão poder decidir no final em qual área vão se formar, mas a próxima turma formará alunos do curso Audiovisual, com a extinção de Rádio e TV. Onde a coordenadora Juliana considera uma pena, mas lembra que se for para a melhoria do profissional, que mude então.

Para os atuais e futuros radialistas, resta uma melhor profissionalização e mais reconhecimento na sociedade. Pois o Brasil como o país que possui o segundo maior número de emissoras, perdendo apenas para os Estados Unidos, merece bons atuantes no rádio.

Por Thamires Nunes

Dia de Finados movimenta comercio informal em Aracaju

Dois de novembro, para uns esta data está associada às lembranças que remetem a tristeza, para outros é a oportunidade de aumentar as vendas e começar o mês com lucro nos "negócios". É o dia de Finados. Além de visitas aos túmulos dos entes queridos, ainda há a tradição de levar flores, acender velas e lavar os túmulos. Isso leva a um aumento significativo na movimentação comercial (venda de flores e velas) e na prestação de serviços informais (lavagens e pinturas dos túmulos).

Em Aracaju, o 1º dia de novembro já demonstrou um bom ensaio do que se observou no domingo: um aumento nas vendas de flores e velas. Principalmente na tradição da Igreja Católica levar flores no dia de finados é uma forma de homenagear os entes queridos, e Eduardo Magalhães, 26, confirma que muita gente ainda conserva essa tradição. Ele vende flores com sua tia no espaço conhecido como Passarela das Flores, no Mercado Central há 17 anos. Eduardo relata: "já nas vésperas de finados a gente vê um aumento de mais de 70% nas vendas comparando com dias normais". Na passarela há várias opções de arranjos que variam entre R$ 5 e R$ 35,00 e as flores custam R$1,00 a unidade. "Já no dia 1º o pessoal se divide: uns ficam aqui na passarela outros vão pra porta do cemitério" conta Eduardo, que completa: "Muita gente dorme aqui na véspera de finados".

Além de flores, o ato de acender velas nas sepulturas representa, para os católicos, a celebração e a perpetuação da luz do falecido. Também possibilita lucro para comerciantes. Maria Edineuza dos Santos, 41, coloca há cinco anos uma barraquinha com velas em frente ao Cemitério Santa Izabel. "O bom é que a gente vende vela e aproveita pra vender fósforo" relata Edineuza. Ela ainda comenta "A gente não lucra muito, mas já é um dinheirinho a mais”. As velas custam de R$ 1,50 a R$ 2,70.

As lavagens e até a pintura dos túmulos também representam opções de ganhar um dinheiro extra. Para Carlos Roberto dos Santos, 26 anos, pintor e lavador de túmulos e estátuas de cemitério pela primeira vez, esta foi a oportunidade que ele aproveitou para levar dinheiro a mais para casa. "É a primeira vez qu'eu trabalho nisso e é bom porque eu posso ter um dinheiro pra colocar nos estudos e lutar pra uma faculdade" diz Carlos. A lavagem dos túmulos varia entre R$ 3,00 para os mais simples e pode chegar a R$ 25,00 para estátuas. Carlos comenta que só no dia 1º ele 'faturou' R$ 60,00. "Eu vou tentar conseguir mais hoje" completa o lavador. Após esse 2 de novembro só resta esperar que o dia de finados dos anos seguintes permaneça com as tradições e que sejam positivas às expectativas dos vendedores de flores, velas e dos lavadores de túmulos.

Por Victor Hugo de Souza Oliveira