06 março, 2008

Remédios que cabem no bolso

A aposentada Maria Elisabete de Sousa se desloca todas as semanas de Areia Branca a Aracaju para comprar medicamentos para o seu pai, o Sr. João de Sousa. Ele tem hipertensão e toma remédios controlados. Dentre os vários medicamentos solicitados na receita médica do Sr. João, um deles chega a ser 90% mais barato na Farmácia Popular do Brasil, custando R$ 0,80, enquanto que nas drogarias privadas ele custa em média R$ 7,68. Uma grande economia quando se leva em conta um tratamento longo e a aposentadoria de um salário mínimo do Sr. João. “Fiquei sabendo da Farmácia Popular através da indicação do posto de saúde de Areia Branca, que não tinha disponível o remédio que meu pai precisava”, afirma Maria Elisabete. Após a descoberta da farmácia popular, ela comemora que a aposentadoria do pai, antes praticamente toda dispensada aos remédios, agora rende.

Assim como acontece com Maria Elisabete, o programa Farmácia Popular do Brasil, criado em 2004, tem beneficiado muitas pessoas. O programa do Governo Federal em parceria com a Fundação Osvaldo Cruz (FIOCRUZ) foi criado para aumentar e facilitar o acesso de quem não tem condições de comprar o medicamento e cumprir o tratamento corretamente. A FIOCRUZ, órgão do Ministério da Saúde e executora do programa, adquire os medicamentos de laboratórios farmacêuticos públicos ou do setor privado e depois disponibiliza nas farmácias a preço de custo.

Cristiane Trindade, farmacêutica-gerente da Farmácia Popular de Aracaju, explica a evolução do programa. “Começamos com uma média de 30 a 60 atendimentos por dia, e hoje chegamos a atender quase 400. Somente em 2007 foram atendidas aproximadamente 60 mil pessoas e o número de atendimentos têm aumentado progressivamente, quando se compara aos 37.651 atendimentos em 2006”.

A farmacêutica registra que, devido ao aumento da demanda, já está sendo implantada outra unidade da Farmácia Popular em Aracaju. Além da unidade da capital - que foi a primeira do estado, inaugurada em 2005 -, as cidades de Lagarto, Itabaiana, São Cristóvão e Nossa Senhora do Socorro também possuem o serviço. “O objetivo do programa está sendo alcançado, estamos atingindo um público cada vez maior, independente da classe social. Uma curiosidade é que quem mais usufrui da farmácia popular, é a classe média, pois também estão em busca de economia. Uma parcela muito grande desses clientes deixou de comprar nas farmácias privadas para comprar aqui. Isso, é claro, deve ter afetado diretamente no lucro das drogarias privadas”, observa.

O rol de medicamentos disponíveis pelo programa é definido pelo Ministério da Saúde, considerando-se as evidências epidemiológicas e prevalências de doenças e agravos do país. São 94 tipos de remédios para doenças como hipertensão, diabetes, úlcera gástrica, depressão, asma, infecções, verminoses, colesterol e anemia, além de anticoncepcionais e preservativos masculinos.

A unidade de Aracaju conta com dois farmacêuticos durante todo o horário de funcionamento, além de dois estagiários. O monitoramento da entrega dos remédios é rígido. Conforme explica o funcionário Anderson Andrade, que faz essa entrega, antes de distribuir o medicamento ele deve anotar o nome e o telefone do cliente, para prevenir possíveis erros na entrega. “No final do dia fazemos um balanço geral, se houver divergência entre a medicação vendida e o receituário médico, ligamos imediatamente para o cliente”. Quanto ao abastecimento do estoque desses remédios, Cristiane diz que há um controle severo a fim de que não haja falta.

Para ter acesso aos medicamentos da farmácia popular é preciso estar munido da prescrição médica ou odontológica. “Apesar de muitos virem como ‘burocratização’, esta é uma medida legal e segura para a saúde do paciente, visto que, todos os medicamentos podem causar reações adversas como intoxicações ou mascarar doenças graves. Tal exigência busca evitar principalmente a automedicação”, ressalta a farmacêutica-gerente.

Rede Privada

O Governo Federal também oferece subsídios para a compra de medicamentos pela rede privada. No Estado de Sergipe existem 19 farmácias credenciadas; só em Aracaju estão treze delas. O restante fica no interior do estado, nas cidades de Boquim, Estância, Itabaianinha, Malhador, Umbaúba e no município de Nossa Senhora do Socorro. Segundo a gerente de uma das farmácias credenciadas no programa, “os medicamentos disponibilizados são mais restritos que os da Farmácia Popular, eles não estão entre os 94 medicamentos contidos na cartilha. Essa possibilidade de oferecer medicamentos mais acessíveis aumentou significativamente o número de vendas”, afirma.

Estabelecimentos cadastrados no programa


“Concorrência desleal”

Nem todas as farmácias e drogarias comerciais (rede privada) podem participar do programa, pois existem pré-requisitos a serem atendidos. Por isso, Francisco Machado, funcionário de uma drogaria não participante do programa, diz que “não só a farmácia onde trabalho teve prejuízo, mas muitas outras em Aracaju. Perdemos os nossos melhores clientes, que são os que fazem tratamentos com remédios caros e possuem uma dependência maior deles”.

Segundo Francisco, a concorrência é desleal. Afirma que muitas farmácias foram fechadas após a criação do programa,, e que as grandes redes de drogarias podem oferecem descontos e facilidades de pagamento, algo que as farmácias pequenas não têm condições de fazer.

Pra mais informações sobre o programa acesse o site do Ministério da Saúde: http://www.blogger.com/www.saude.gov.br/farmaciapopular

Endereço da Farmácia Popular de Aracaju:
Rua Estância, 772, centro.
Tel.: 3179-1981/1982
Horário de funcionamento: Segunda a sexta-feira das 8h00 às 18h00, e sábado das 8h00 às 12h00.

Link para lista de medicamentos

Por Cristiane Batista

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