14 julho, 2008

Alta nos preços traz medo de nova inflação

Apesar da alta generalizada no primeiro semestre do ano, Aracaju tem uma das cestas básicas mais baratas do país

A alta de preços que vem acontecendo em todo o país fez com que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulasse alta de 3,64% no primeiro semestre desse ano. É o maior índice dos últimos cinco anos, menor apenas que a alta nos primeiros seis meses de 2003, em que o IPCA acumulado chegou aos 6,64%. Em pesquisa de preços realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Aracaju aparece com a segunda cesta básica mais barata entre as 16 capitais pesquisadas.

A cesta básica de Aracaju terminou o semestre custando R$ 191,75, enquanto a de Salvador, a mais barata na pesquisa do Dieese, registrou o custo de R$ 185,53. Um dos motivos para esse índice foi a queda de preços em alguns itens da cesta básica como a banana, o pão e o óleo. A variação anual na cesta básica da capital sergipana também foi uma das menores registradas na pesquisa: 12,03%. As três maiores altas ocorreram em três capitais do Nordeste: Recife (29,24%), Natal (25,91%) e João Pessoa (25,37%).


Inflação

O aumento da inflação nos últimos meses provocou a alta dos preços para o consumidor. A situação não é tão crítica quando se remete ao período do final da década de 80 e início da década de 90, quando os índices anuais de inflação alcançavam os 300%. Desde o lançamento do Plano Real em 1994 por Rubens Ricupero, então Ministro da Fazenda do Governo Itamar Franco, a inflação foi aos poucos retrocedendo. Em 2007, a inflação acumulada no ano chegou aos 4,46%. Com a alta generalizada de preços, o temor é de que a inflação provoque uma nova cena de descontrole.

O professor de Economia, José Manuel Pinto Alvelos, afirma que existem quatro motivos para a elevação da inflação no primeiro semestre do ano: o consumo, a recomposição de margem de lucro das empresas, a taxa de juros do país e o reajuste geral de preços das matérias-primas. “O aumento no poder de compra provocou o aumento do consumo familiar e, com isso, cresceu também a demanda por produtos no mercado. Esse aumento do consumo forçou o setor industrial a recompor a margem de lucro, pois os preços estavam defasados”, explicou o professor.

O setor agrícola elevou os preços devido a uma série de fatores, como a margem de lucro dos produtores e o período de entressafra e investimento no setor. Com isso, o preço final dos produtos agrícolas repassado ao consumidor cresceu. Outro fator que explica o crescimento da inflação é o aumento de preços de matérias-primas para a indústria, como o aço e o ferro. O alto consumo de produtos como a soja e o algodão, pelo sudeste asiático e, em especial, pela China, diminuiu a oferta desses produtos em outros países.

Alvelos explica que outro fator importante para o aumento da inflação também se deve à taxa de juros no país. “O Brasil aplica a segunda maior taxa de juros do mundo, com uma taxa prime de 12%. Quando o consumidor faz uma compra no cartão de crédito, ele paga uma taxa que chega a 16% ao mês. O consumidor brasileiro chega a pagar, por ano, mais de 150% em juros” explica.

Por Rafael Gomes

Gráfico: Rafael Gomes

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