04 julho, 2008

UFS necessita de reforço na segurança

A Universidade Federal de Sergipe (UFS) é uma cidade onde circulam em torno de 20 mil pessoas e mais de 10 mil veículos por dia. Com uma área extensa de aproximadamente um milhão de metros quadrados, seu sistema de segurança conta com a presença de 42 vigilantes, dos quais 71% são funcionários terceirizados, em regime de revezamento. Um número que tende a aumentar, já que a universidade passa por um processo de expansão.

Há quatro anos, o esquema de segurança interna é feito de forma estratégica. Em todos os semestres são realizadas campanhas educativas voltadas principalmente aos alunos. O chefe da Divisão de Vigilância (DIVIG), Lindomar Silva, explica que nem sempre o efeito esperado acontece, já que a maioria dos registros nos boletins de ocorrência consistem em falhas simples da comunidade, como portas de veículos ou de salas de departamento abertas em horários impróprios.

Até o dia 25 de junho, foram registradas pelo menos 32 ocorrências. A última delas foi um assalto de R$ 200 mil reais, dois dias antes, em frente à agência do Banco do Brasil que se encontra no interior da UFS. Lindomar Silva diz que por se tratar de um feriado, a agência deveria ter reforçado a segurança. “Um sistema de vigilância eletrônica externa ao banco seria de suma importância”, afirma ele. A gerente do banco, que preferiu não se identificar, explica que a segurança eletrônica de qualquer agência bancária é feita somente na área interna.

A própria universidade não possui um sistema eletrônico de vigilância. Depois de implantado, no final de 2007, o projeto teve de ser interrompido, devido às obras que vêm sendo feitas nos locais de cabeamento. A previsão é que o sistema volte a funcionar assim que algumas dessas obras sejam concluídas.

Além dos vigilantes, a segurança da UFS possui 17 policiais militares (PMs), por meio de um convênio com o Governo do Estado. No campus de São Cristovão, cinco desses policiais circulam diariamente com a função de zelar pela integridade dos estudantes. O Cabo Genivaldo dos Santos afirma que os PMs só agem na universidade se a vigilância solicitar, exceto em casos de flagrante. Ele informa também que a retirada da linha telefônica da base dos policiais, localizada próximo à prefeitura do campus, está dificultando o atendimento à comunidade estudantil.

Patrimônio

A segurança nos departamentos da universidade é um fator preocupante. Entre abril e maio deste ano, por exemplo, foram furtadas no Departamento de Ciências Sociais (DCS) uma câmera fotográfica, uma filmadora e um datashow. O Departamento de Artes e Comunicação (DAC) também passou por uma onda de furtos, o que levou à abertura de uma sindicância. Recentemente, a sala de um professor do Departamento de Psicologia (DPS) foi arrombada, mas nada foi levado.

Para o chefe do DCS, Josadac Bezerra dos Santos, falta priorizar o cuidado com o patrimônio da universidade. Ele diz que os departamentos não possuem condições físicas para guardar os equipamentos comprados. “Para isso, é necessário haver um planejamento, uma estratégia por parte da reitoria. A medida acabaria gerando lucro à universidade, já que os furtos cessariam”, afirma.

No Departamento de Educação Física (DEF), localizado em uma área pouco movimentada da universidade e com histórico de ataques a alunas do curso, a segurança passou por reformas e hoje funciona de forma eficaz. “A distribuição de vigilantes é mais efetiva que em outra época. Os seguranças têm um posto de observação aqui próximo e sempre fazem rondas nessa região”, diz o chefe do departamento, Pedro Jorge Moraes. Ele afirma que também não ocorrem furtos.

Fora das estatísticas

Além dos casos registrados pela DIVIG, eventos de vandalismo como o ocorrido com o veículo da estudante de Direito, Esther Barbosa, deixam de ser registrados. O carro da estudante foi quase todo riscado por um objeto pontiagudo no estacionamento da universidade. Ela diz que o acontecimento foi por volta das 11 horas da manhã e não havia nenhum segurança no local.

Esther considera que o ocorrido é de responsabilidade da UFS. “A deficiência no sistema de segurança não é só em relação aos bens materiais que são deixados no estacionamento, mas também no que concerne à própria integridade física de todas as pessoas que freqüentam a instituição, sejam alunos, professores, servidores”, afirma.

A adolescente e estudante do Colégio de Aplicação (Codap), B.D., também foi vítima de violência dentro da instituição. Ela teve o aparelho celular roubado há duas semanas quando chegava à universidade. De acordo com ela, tudo aconteceu muito rápido. “Um senhor de aproximadamente 40 anos se aproximou e me empurrou. Logo depois eu percebi que o celular não estava mais na bolsa”, relata. Ela acionou a polícia da universidade, que chegou a fazer uma ronda à procura do criminoso.

Em casos de violência, a segurança da universidade deve ser acionada. O boletim de ocorrência é feito na base da DIVIG, localizada na entrada principal da instituição.

Isenção de responsabilidade

Em todos os estacionamentos da UFS, existem placas informando que a instituição não se responsabiliza por roubos e furtos de veículos ou objetos deixados no mesmo. A estudante Esther Barbosa pensa que a placa é uma forma de a universidade se desobrigar dos prejuízos materiais.

Silas Coutinho, procurador da UFS, declara que apesar das várias ações contra a universidade, a questão das placas é algo conflitante para a justiça. Ele sustenta a tese de que a instituição não é responsável pelos prejuízos materiais que acontecem na área dos estacionamentos.

Em contrapartida, o advogado Aroldo Vieira esclarece que a instituição deve disponibilizar a segurança adequada ao estacionamento, já que o espaço faz parte do território da instituição. Quanto à responsabilidade, ele explica que se em seu terreno a universidade pode proibir, não compete a ela se isentar pelo que acontece neste local.

Campanhas educativas

A Divisão de Segurança do Departamento de Serviços Gerais (DSG) da UFS elaborou uma cartilha contendo dicas de segurança para os usuários do campus. Nela, estão os cuidados especiais nas unidades, no estacionamento e, em especial, para as mulheres. O material também disponibiliza os números do serviço de vigilância, do posto policial e da guarita de pedestre, localizada na entrada da universidade.

Essa campanha é realizada há quatro anos. Lindomar Silva diz que é importante que as pessoas sigam as dicas e que não se omitam, quando presenciarem atos violentos. “Se os alunos, professores e servidores não colaboram, infelizmente não vai ser com aumento de efetivo e de novos equipamentos que iremos resolver os problemas de nossa segurança”, afirma.

Dicas de segurança

- Mantenha sempre consigo objetos de valor como carteiras e relógios
- Ao sair de alguma sala ou setor, verifique se portas, janelas e gavetas estão trancadas
- Não deixe objetos de valor à vista dentro de veículos
- Permaneça o tempo mínimo possível dentro do veículo estacionado
- Estacione em locais iluminados e, de preferência, que haja outros veículos
- Ande sempre acompanhado à noite

Telefones úteis (ramais):

Vigilância - 6551
Posto policial - 6961
Guarda de pedestre - 6934

Por Getúlio Cajé e Cristiane Batista

Imagens: Getúlio Cajé e Cristiane Batista

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