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Por Rafael Santos.
Jornal-laboratório do Departamento de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal de Sergipe.
Desde que se iniciou, em maio deste ano, o projeto Trilhe Trilhas, promovido pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFS, tem sido um sucesso. Com roteiros históricos, ecológicos e culturais, o projeto tem como objetivo “levar conhecimento aos estudantes da UFS, através do redescobrimento da sergipanidade. Há a necessidade que o aluno UFS seja mais interessado por Sergipe. Precisamos explorar Sergipe saber o que é, de fato, Sergipe”, explica Natan Alves, presidente do DCE e um dos idealizadores do projeto.
O primeiro destino do Trilhe Trilhas foi a Serra de Itabaiana, a escolha se deu devido à grande importância da Serra em termos de diversidade. “Muita gente desconhece a riqueza de diversidade da Serra, e há poucos estudos sobre ela – um único livro, em língua inglesa. Após o projeto alguns alunos já começaram a pensar em fazer seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) sobre a Serra”, comenta Natan.
O projeto envolve em média 70 pessoas por trilha, que contribuem com R$ 5,00. Segundo os organizadores, essa quantia serve para pagar a diária do motorista que, por ser servidor público, não teria a obrigação de trabalhar no sábado. De acordo com Natan, “com o ‘Trilhas’ o estudante vê no DCE o interesse pela extensão, cultura e riquezas sergipanas. Assim ele sai da rotina de conhecer a realidade e história sergipana só pelos livros, e começa a se interessar mais pelo nosso estado e a se preocupar com nossas diversidades, o que o leva a elaborar projetos de estudo e pesquisa sobre Sergipe.”
Ao longo desses nove meses de experiência do projeto, os estudantes já puderam visitar - além da Serra de Itabaiana - Lagoa Redonda e Ponta dos Mangues, no litoral norte sergipano; Poço Redondo e Piranhas (Alagoas) na Trilha do Cangaço, que percorreu o caminho por onde passou Lampião. No roteiro denominado Trilha dos Jesuítas, que traçou o mesmo percurso percorrido pelos jesuítas em Sergipe, os trilheiros visitaram desde a Igreja Jesuíta de Tomar do Geru (de 1688) e a Igreja e Colégio de Tejupeba (ambos também do séc. XVII), na Fazenda Iolanda, em Itaporanga, até a missão do Jaboatão, no município de Japoatã.
Em Porto da Folha, o trajeto chamado de “Caminhos do Povo Oprimido,” fez com que os estudantes da UFS conhecessem a Comunidade do Mucambo, remanescente de quilombolas, e a Ilha de São Pedro, única aldeia indígena de Sergipe, onde vivem os índios Xocó.
Patrícia Freitas, estudante de Fonoaudiologia, que já participou de duas trilhas, conta que “o projeto integra alunos de diversos cursos e é uma oportunidade de conhecer a realidade da cultura e história sergipana. São experiências ricas e únicas”.
O roteiro mais recente levou os estudantes para a Serra da Miaba, em São Domingos, localizada na região agreste de Sergipe. O último projeto para este ano, que irá ocorrer no dia 20 de dezembro, tem como destino a Cachoeira de Macambira, também no agreste do estado.
Por Fernanda Carvalho
Acontecerá nesta quinta feira, 18, o I Encontro de Saúde e Prevenção nas Escolas, promovido pelas Secretarias de Estado da Educação e da Saúde. O evento está marcado para as 8h, no hall do Celi Praia Hotel. O encontro vai reunir profissionais da educação e da saúde, jovens envolvidos em ações em prol da saúde no espaço escolar e tem como meta promover a integração entre saúde e educação.
Por meio do Programa Saúde e Prevenção nas escolas (SPE) as Secretarias de Estado da Saúde e Educação têm capacitado centenas de professores da rede pública de ensino levando informações importantes sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e estimulando temas como saúde sexual, saúde reprodutiva, vulnerabilidade, diversidade e cidadania, gravidez na adolescência, entre outros.
“Capacitar professores é algo de fundamental importância, pois eles se tornam multiplicadores desse conhecimento entre crianças e adolescentes”, explica o médico Almir Santana, responsável técnico pelo programa estadual de DST/AIDS, em entrevista à Secretaria de Comunicação do Estado.
Em Sergipe, o SPE já está implantado em 46 escolas das redes estadual e municipal. “O ambiente escolar é visto pelo projeto como melhor espaço para implantação de políticas voltadas para adolescentes e jovens, principalmente no que se refere à promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva”, analisa Márcia Cavalcante, coordenadora do Programa Nacional de Saúde e Prevenção nas Escolas.
A meta do projeto é reduzir a vulnerabilidade dos estudantes às DST’s, à infecção pelo HIV e à gravidez não-planejada e tem como finalidade promover uma política integrada que articule a rede de educação básica e a rede de atenção básica à saúde.
Por Janaína de Oliveira
O tempo passa e as mazelas sociais causadas pelo sistema penitenciário brasileiro nunca saram. No Brasil, a prisão maltrata, deseduca, entorta, ainda mais, o que era para ser endireitado.Os motivos da existência de uma instituição assim estabelecida vão desde a ausência de políticas sociais mais eficientes, até a atuação precária dos responsáveis pela segurança pública. Dois exemplos da última causa citada são os agentes penitenciários, que permitem a entrada de celulares e drogas nas prisões e policiais, que se envolvem com o crime organizado.
Estes são dois dos tipos que se tornaram mais comuns no dia-a-dia do brasileiro. Some-se a estas causas a superlotação dos presídios, e o resultado o brasileiro já conhece: motins, massacres, detentos ainda mais perigosos. Contudo, existem projetos desenvolvidos pelo Governo Federal que representam uma luz no fim do túnel.
O PRONASCI
Tais planos estão reunidos no Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI), desenvolvido pelo Ministério da Justiça. O PRONASCI conta com 94 ações que envolvem a União, estados, municípios e a própria comunidade. Os objetivos giram em torno da assistência, capacitação e qualificação dos profissionais de segurança pública, do combate à corrupção policial, do resgate da cidadania em comunidades maculadas pela violência e da reestruturação do sistema prisional. Para o desenvolvimento do Programa, o governo federal investirá R$ 6,707 bilhões até o fim de 2012.
Saiba mais sobre o PRONASCI cicando aqui.
Penas e Medidas Alternativas à prisão
Atualmente, 422 mil presos compõem a população encarcerada no Brasil. Desses, 134 mil- entre presos provisórios e os que já foram condenados- poderiam estar em liberdade, cumprindo penas alternativas por terem cometido infrações de menor gravidade, entre elas: pequenos furtos, apropriação indébita, estelionato (falsificação), acidente de trânsito, desacato à autoridade, uso de drogas e lesões corporais leves. Ao invés disso estão misturados com detentos perigosos, que acabam por atraí-los para as profundezas do mundo do crime. Outro grave problema prisional brasileiro.
As Penas e Medidas Alternativas (PMAs) fazem parte de outro conjunto de ações coordenadas pelo Ministério da Justiça (MJ), através do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), que enche de esperança a população brasileira, no que tange ao sistema carcerário.
Para executá-las, o MJ conta com o apoio dos tribunais de justiça estaduais, representados pelas varas de execuções de penas e medidas alternativas, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da sociedade civil. Entretanto, as PMAs por si sós não serão capazes de solucionar os velhos problemas prisionais brasileiros. O objetivo de sua execução é, isso sim, a plena recuperação de seus cumpridores, de modo a reintegrá-los ao meio social. Para tanto, conta-se com a participação da sociedade, cujas instituições - com ou sem fins lucrativos - acolherão os cumpridores de penas como as de pagamento de indenizações, prestação de serviços à comunidade ou à orgãos públicos e limitação de fim de semana.
Em Aracaju, 1.800 pessoas cumprem medidas e penas alternativas e outras cinco mil já foram beneficiadas pelo sistema, implantado em 2004. Assim, Sergipe já é considerado um dos estados que mais se beneficiaram com essa nova política pública. Tanto é que nos dias 04 e 05 de dezembro, sediou o “Seminário Regional Sobre a Rede Social de Penas e Medidas Alternativas”.
O Seminário
O seminário foi promovido pelo Ministério da Justiça em parceria com o Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe e aconteceu no Auditório Governador José Rollemberg Leite, do Palácio de Justiça Tobias Barreto de Menezes. O objetivo foi reunir gestores, técnicos, sociedade civil e autoridades públicas do Executivo e do Sistema de Justiça Criminal, para a apresentação de propostas de execução de penas e medidas alternativas.
Discursaram representantes do MJ, de entidades intermediadoras, que recebem os cumpridores das PMAs, e a juíza da vara de penas e medidas alternativas de Aracaju, Maria Conceição Silva Santos.
Foram divulgados os resultados obtidos em outras reuniões e as experiências de Pernambuco e do Ceará, que também contam com varas especializadas em PMAs. Além disso, foi realizada uma apresentação de trabalhos e a formação de um movimento pela execução de PMAs.
Por Gabriel Cardoso
Casamento para muita gente remete a mudança de vida e prioridades. Uma modificação pessoal que consiste na transição do individual para o conjugal. Duas vidas unidas numa só, a partir de uma identidade matrimonial. Divergido um pouco do tradicional, o casamento entre jovens de hoje não é, na maioria dos casos, identificado como uma opção para uma gravidez inesperada. O medo de ficar sozinho (principalmente para as mulheres) e até o amor constituem motivações para o casamento entre jovens. Esses e outros fatores específicos possibilitaram o aumento de uniões conjugais na juventude. Claro que uniões adequadas à realidade de hoje.
De acordo com dados do Registro Civil, anunciados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há mais nupcialidade legal entre mulheres de
Mesmo casando-se, Rute e Aprígio pretendem continuar morando com os pais da moça. Rute conta que no início do relacionamento os pais não aceitaram o namoro, muito menos a hipótese de um casamento. “Meu pai até hoje não aceita totalmente. Mas ele entendeu que está na hora. Eu tenho 21 anos e não quero ficar pra titia. Agora ele nos ajuda, tanto que até pra comprar as nossas coisas ele está ajudando” conta Rute. Já na família de Aprígio a aceitação do relacionamento foi imediata. “Toda a minha família sabe e apóia. Todos gostam dela e a tratam como se já fosse minha esposa” relata o rapaz.
O casal possui junto com a família da futura esposa uma pequena lanchonete. O desejo de investir nesse comércio é um dos fatores que anula a possibilidade de filhos logo no início da união. Rute enfatiza: “Não queremos ter filhos agora. A gente precisa se estruturar para isso. Quero ter minha casa própria, quero fazer crescer nosso comércio, pra depois poder ter um filho”. O casal alega que o respeito e o amor recíproco é o que permite a união deles. “A gente briga de vez em quando, mas nós nos amamos e nos respeitamos” conclui Rute.
Nem todo relacionamento começa tão equilibrado quanto o de Rute e Aprígio. Diferente destes, o período da preparação do casamento de Luiz Diego Santana de Oliveira, 21, e Nayara Lima de Oliveira, 18, foi marcado pela pressão e pela insegurança. Há 2 anos e meio ambos começaram a namorar na escola. O relacionamento ia bem até que uma situação inesperada conturbou momentaneamente a vida do casal: Nayara engravidou.
“Quando soube que estava grávida fiquei desesperada. Achei que ia ser condenada pelas pessoas por estar grávida com apenas 17 anos e que Diego não ia me querer mais. Além disso, meus pais tiveram uma educação bastante tradicional e são evangélicos, o que me deixou muito indecisa do que faria”, conta Nayara. Já Luiz Diego, apesar do susto ao saber que ia ser pai com apenas 20 anos, ficou muito satisfeito com sua precoce paternidade. “De início fiquei sem saber o que pensar. Mas logo vi que um filho traria muitas coisas boas pra nossa vida” relata o rapaz.
Após três meses da confirmação de gravidez, Nayara e Diego casaram-se no religioso. Apesar do conturbado início do casal, o casamento, que já dura sete meses e que foi realizado com uma barriguinha acentuada, se mantem bastante firme. “Tanto os pais dele quantos os meus amam de coração o nosso filho João Marcos e nos ajudam
Casos como esses identificam um aumento da união matrimonial entre jovens. Esse fato é relevante quando se leva em consideração o contexto atual, no qual pessoas se casam e decidem morar separados. Ou, quando há convivência, mas não existe necessariamente relacionamento. Apesar disso, a juventude mostra que nem sempre uma união matrimonial precoce é decorrida de uma situação desagradável. Só lembrando que cada situação tem sua particularidade.
Por Victor Hugo
Mas a coisa não deixa de se tratar disso. O lançamento da pedra fundamental do NUPEG-SE, em 31 de outubro deste ano, marcou a construção efetiva das instalações do projeto. A obra já é visível para quem chega ao campus São Cristóvão pelo acesso do Bairro Rosa Elze, por exemplo. E, de fato, a parceria com a Petrobras é um dos pontos marcantes do Núcleo – mas boa parte do dinheiro investido nele, mesmo que gerado pela empresa, é, na verdade, de propriedade pública.
Expliquemos: isso acontece porque, segundo o Regulamento ANP nº 5/2005, de novembro de 2005, a concessão para se explorar, desenvolver e produzir petróleo e/ou gás natural no Brasil exige o investimento de 1% da receita bruta de produção em áreas de pesquisa e desenvolvimento. Metade desse valor é obrigatoriamente destinado a projetos em universidades e institutos credenciados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) – o caso do NUPEG da UFS. Ou seja: se a Petrobras passasse todo um ano sem investir o dinheiro em questão da maneira prevista em lei, ela não poderia utilizá-lo de outra forma. O montante seria, assim, enviado à ANP.
A Petrobras, no entanto, investiu.
Breve histórico
Segundo o professor José Manuel Alvelos, pró-reitor de Administração da UFS e membro do comitê técnico-científico do NUPEG, a elaboração do projeto do Núcleo teve quatro etapas. “Entre o fim de 2004 e começo de 2005, o reitor Josué dos Passos teve uma audiência com o presidente da Petrobras da época, José Eduardo Dutra, e foi definida a elaboração de um projeto para iniciar essa discussão sobre laboratórios de petróleo aqui na universidade”, disse.
Montou-se, então, o “Projeto de consolidação do pólo de novas tecnologias e das cadeias de conhecimento científico e tecnológico”. Ele foi apresentado em março de 2005, e envolvia a cifra de R$ 61.223.461,66 em material da UFS – representada por laboratórios já existentes e recursos humanos, por exemplo. A Petrobras entraria com 18 milhões de reais, fazendo o plano atingir R$ 79.223.461,66. As áreas beneficiadas eram biotecnologia, novos materiais, microeletrônica, ale da gestão. Surgiram, com isso, discussões a respeito das demandas e das ofertas de serviços tecnológicos da Petrobras e da UFS, respectivamente.
Foi a partir dessas discussões que se elaborou o segundo projeto, chamado de “Projeto de consolidação das cadeias do conhecimento tecnológico em petróleo”. Sugeriu-se, dessa vez, que a Petrobras contribuísse com R$ 45.790.140,00, o que, com os mais de 60 milhões avaliados da UFS, totalizaria em R$ 107.013.601,66. O foco agora seria em três eixos: meio ambiente, petróleo e gás e competência em recursos humanos.
Durante a terceira fase surge uma composição mais definida como Núcleo de competência. “O pessoal do Cenpes começou a estruturar o que eles queriam replicar como NUPEGs em algumas universidades e estados onde existia essa possibilidade”, contou o professor Alvelos, referindo-se ao Centro de Aperfeiçoamento e Pesquisas de Petróleo, sediado no Rio de Janeiro. A formatação dos Núcleos – hoje são sete – começou, assim, a ser preparada num diálogo entre Sergipe e Cenpes/Petrobras. O convênio da Petrobras com a UFS seria de 30 milhões de reais.
A quarta etapa veio com um projeto complementar de infra-estrutura para atender gastos de estrutura que não ficariam cobertos com o orçamento anterior. Iniciou-se outro processo de negociação, chegando-se ao valor atual de investimento da Petrobras – R$ 39.515.754,22.
Por Ricardo Gomes
O segundo prédio é o galpão de testemunhos geológicos, que vai ter uma área de 360m² e ficará próximo à Prefeitura do Campus. “Esse galpão vai ser um local para o armazenamento de rochas – normalmente se faz furos até profundidades bem elevadas, e se tira amostras de um diâmetro de mais ou menos cinco a oito centímetros, que servem de testemunho”, esclareceu o professor Alceu Pedrotti, gestor do Laboratório de Modelagem e Ciências Geológicas (LMCG). “Esses testemunhos são uma prova de que no local da extração tem determinado material, que, por sua vez, pode ser ou não suscetível à identificação de presença de petróleo”, informou.
O laboratório de microscopia eletrônica de varredura, que está sendo construído nas imediações do campo de futebol da cidade universitária, terá 171,92m². Segundo o coordenador executivo do NUPEG-SE, Rodrigo Rosa, o distanciamento dessa edificação dos outros laboratórios da universidade não é por acaso. “O microscópio eletrônico não pode estar sujeito a nenhuma vibração, onda eletromagnética – nada disso pode estar perto dele, senão vai influir nos resultados”, disse o engenheiro. Sensível e caro: o equipamento deve custar por volta de um milhão e meio de dólares. Em contrapartida, será muito bem-vindo para boa parte da universidade – multi-usuário, ele poderá ser utilizado por projetos não exatamente vinculados ao Núcleo de Petróleo e Gás, atendendo demandas da Biologia, por exemplo.
O total designado para a construção desses edifícios foi de R$14.795.260,00. Mas ainda há os gastos com equipamentos: R$ 7.297.380,00 serão destinado à compra de material importado, enquanto que R$ 9.343.500,0 vão para os importados. É importante lembrar que o novo sistema viário da UFS também está na conta do NUPEG. Foram cerca de dois milhões de reais investidos em recuperação e construção.
Todo o projeto deve estar concluído no começo de 2010.
Modelo de relacionamento
“A função do NUPEG é, dentro de suas especialidades atuais ou de outras que venham a surgir, atender as demandas tecnológicas da Petrobras”, afirmou Rodrigo Rosa. A ligação com o Núcleo experimental da empresa (NUEX – Atalaia) e com a Unidade de Negócios de Exploração e Produção Sergipe-Alagoas (UN-SEAL) vai, assim, ser forte.
Uma ilustração para esse relacionamento: digamos que a unidade de negócio Sergipe-Alagoas identifica uma necessidade e propõe a aprovação de um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Se esse projeto de P&D for aprovado – basicamente pelo motivo de que ele atende a uma necessidade da região Sergipe-Alagoas – e se existir recurso, ele é contratado pelo Núcleo. Um dos sete laboratórios vai, assim, abrigar a pesquisa.
O NUPEG prevê ainda a existência de dois comitês de apoio. O primeiro é o Comitê Gestor, formado hoje pelo professor Josué dos Passos Subrinho – reitor da UFS – e pelos engenheiros Alcemir de Souza e José Luvizotto, do Cenpes e da UN-SEAL, respectivamente. O outro é o Comitê Técnico-Científico, composto pelo professor José Manuel Alvelos (UFS), Ari Guimarães Junior (Cenpes) e Paulo Sampaio (UN-SEAL). Na mediação, o Núcleo conta com um Coordenador Executivo – Rodrigo Rosa –, que fica em contato com os laboratórios institucionais e os laboratórios associados – esses últimos acionados pelas “redes temáticas”, trabalhos desenvolvidos em locais diversos – várias universidades, por exemplo –, não só dentro do Núcleo de Petróleo e Gás.
As redes temáticas atuais são as de Tecnologia em Asfalto, de revitalização de Campos Maduros e do Centro de Desenvolvimento de Produtos e Processos para o Refino. As linhas de pesquisa próprias do NUPEG são bem representadas pelas áreas específicas de seus laboratórios.
O papel do Centro Incubador de Empresas do Estado de Sergipe (CISE) também é digno de nota – a incubadora vai dar apoio a empreendimentos de base que surgirem dentro do projeto. É destacada ainda a colaboração do Centro de Inovação e Transferência de Tecnologia (Cintec) – que vai ficar responsável por processos de patenteamento, licenciamento e compartilhamento de royalties.
Por Ricardo Gomes
Saiba mais sobre cada laboratório
Os estudos desenvolvidos no Núcleo de Petróleo e Gás de Sergipe serão vinculados a sete laboratórios especializados em campos considerados relevantes para o projeto. Cada um deles estará sob a responsabilidade de um gestor – um professor da UFS que coordenará as pesquisas e recursos de cada área. “O que cada laboratório vai fazer depende dos projetos de pesquisa e desenvolvimento dentro de sua área de especialização que forem aprovados”, informou Rodrigo Rosa, coordenador do NUPEG.
Laboratório de Automação, Controle e Simulação – LACS
Responsável: Prof. Dr. Leocarlos Lima
Investimento: R$ 3.931.764,80
Função: Automatizar um processo industrial significa deixar tudo quanto for possível a cargo do maquinário, guardando a ação humana apenas para alguns pontos de controle. “Quanto maior for o nível de automatização e controle de um sistema de extração de petróleo, melhor vai ser para a empresa – quanto menor a interação humana, menor o risco de acidentes, por exemplo”, explicou o professor Leocarlos Lima. A parte de simulação do laboratório serve para testar modelos computacionalmente. “O laboratório de simulação deve atender demandas das mais diversas áreas”, acrescenta Lima. “Você pode ter, por exemplo, um professor do departamento de matemática que desenvolveu um modelo para determinado fenômeno, como a fabricação de algum derivado – ele vai precisar testar isso”. O LACS já abriga um projeto de automação e controle de processos petrolíferos para o NUEX em funcionamento.
Outros detalhes: Esse laboratório, na verdade, se divide em dois. A primeira sala, de automação e controle, vai ter mais de 100m² e um investimento de cerca de dois milhões de reais em equipamentos. A segunda, de simulação, é uma pequena administração que abrigará um cluster – espécie de sistema computacional de alto desempenho – de mais de meio milhão de reais. Esse processador vai ser disponibilizado para todo o prédio do NUPEG através de uma rede de alta taxa de transmissão.
Laboratório de Corrosão e Nanotecnologia – LCNT
Responsável: Prof. Dr. Marcelo Macedo
Investimento: R$ 5.404.210,26
Função: Nanotecnologia, grosso modo, é tecnologia feita em escala nanométrica, ou seja, na escala do bilionésimo de um metro. Com esse procedimento, materiais podem ser incorporados para a proteção de tubulações de hastes metálicas contra a corrosão, por exemplo, o que aumenta a vida útil dos aparelhos e vem muito a calhar para a indústria do petróleo. O tema, entretanto, não vai ser examinado somente em pesquisas sobre processos corrosivos. “Nós vamos estudar como a nanotecnologia pode ser aplicada na indústria de petróleo e gás de um modo geral”, esclareceu o professor Macedo.
Outros detalhes: Já estão sendo trabalhados dois projetos de pesquisa – um que estuda os processos corrosivos e incrustações em tubulações e outro a respeito de nanobiocidas, para se tentar agir nas bactérias produtoras de gás sulfídrico, corrosivo recorrente em equipamentos de produção petrolífera.
Laboratório de Caracterização e Processamento de Petróleo – LCPP
Responsável: Prof. Dr. Narendra Narain
Investimento: R$ 2.712.350,16
Função: Segundo o professor Narendra Narain, “a finalidade desse laboratório é analisar de todas as formas o petróleo ou derivados para todas as suas características – características físicas, fisíco-químicas, químicas – e obter produtos variados com características funcionais”. Ou seja: “dissecar” amostras de petróleo para saber quais as suas finalidades mais adequadas. A função primária do LCPP é atender à demanda da UN-SEAL, mas quando tudo se estruturar é provável que sejam abertos convênios com outras empresas.
Outros detalhes: O LCPP será composto de cinco laboratórios e uma unidade de destilação. Narain destaca o Laboratório de Análises Cromatográficas, que vai isolar, identificar e quantificar componentes químicos voláteis das amostras.
Laboratório de Caracterização e Processamento de Biocombustíveis – LCPB
Responsável: Prof. Dr. Gabriel Francisco da Silva
Investimento: R$ 1.973.568,95
Função: “O objetivo do laboratório é pesquisar e prestar serviços na parte de processamento, armazenamento e caracterização de biocombustíveis”, informou Gabriel da Silva. Como é fácil perceber, o LCPB é como um LCPP para biocombustíveis – não à toa, este laboratório também é subdividido em cinco menores. “Os equipamentos e as ações são realmente similares”, disse o professor da Silva.
Outros detalhes: Está em fase de aprovação um projeto do LCPB que desenvolverá uma cadeia de biodiesel em Sergipe. Mobilizando nada menos do que 13 milhões e meio de reais, o plano abarca 21 subprojetos e pretende cuidar de todo o processo que envolve a produção de biodiesel, da etapa agrícola à logística de transporte do material acabado. Algumas das principais pesquisas estariam voltadas ao aproveitamento de co-produtos do processamento de biodiesel, ou seja, trata-se de dar finalidade ao que “sobra” quando se produz o combustível renovável.
Laboratório de Modelagem e Ciências Geológicas – LMCG
Responsável: Prof. Dr. Alceu Pedrotti
Investimento: R$ 5.534.038,89
Função: O objetivo do laboratório é desenvolver projetos de pesquisa da área temática de Geologia aplicada a petróleo, principalmente para atender a demanda da UN-SEAL, além de capacitar recursos humanos e executar serviços de modelagem geológica com foco na bacia petrolífera de Sergipe-Alagoas. Basicamente, o LMCG vai estudar o material geológico de um local para daí elaborar informações úteis à indústria do petróleo – a estrutura rochosa de uma área pode indicar a presença de petróleo, por exemplo.
Outros detalhes: “A diferença do laboratório de geologia para os demais é que ele está começando do zero em termos de materiais e equipamentos, de estrutura física, infra-estrutura”, disse o professor Alceu Pedrotti. Daí a necessidade de se construir ainda um galpão de testemunhos geológicos, por exemplo – laboratório deve impulsionar o crescimento do ainda recente Núcleo de Geologia da UFS. “A gente quer captar especialistas – doutores, pós-doutores – formados em outros locais que sejam altamente especialistas nas áreas de geologia do petróleo e fixá-los aqui para que eles desenvolvam pesquisa, contribuam com o ensino, além de desenvolver tecnologias para a Petrobras”, ponderou Pedrotti.
Laboratório de Tecnologia de Cimentação de Poços – LTCP
Responsável: Prof. Dr. Mário Ernesto Valério
Investimento: R$ 4.093.990,87
Função: “Trata-se de um laboratório destinado para a parte de caracterização de diversos tipos de materiais sólidos que são utilizados nos poços de petróleo”, informou Mário Valério. O poço e o campo de petróleo têm tempo de “vida” e, como “seres vivos”, eles passam por diversas etapas. Quando o poço é antigo, por exemplo, é preciso aplicar técnicas especiais para recuperar o petróleo que fica incrustado na rocha. Além disso, a área de extração pode passar por transformações e danos devido a fatores como temperatura e pressão. O LTCP cuida, então, de fornecer dados para que a indústria saiba bem que tipo de material usar num determinado poço a depender da sua situação e de sua pretensão de uso. “O pessoal que trabalha na área precisa saber o que vai acontecer com o cimento usado caso se aumente um pouco a pressão, por exemplo”, explicou o professor.
Outros detalhes: A central de microscopia eletrônica do NUPEG vai ficar sob a responsabilidade desse laboratório – uma tarefa delicada. Atualmente, está sendo desenvolvido um projeto de cerâmica porosa para sistema de filtro, que permitiria, por exemplo, filtrar a água que vem junto com o óleo extraído quando um poço é furado.
Laboratório de Tecnologia e Monitoramento Ambiental – LTMA
Responsável: Prof. Dr. Carlos Alexandre Garcia
Investimento: R$ 3.271.637,48
Função: Minimizar o impacto ambiental das atividades industriais. “A idéia do a idéia do LTMA surgiu bem antes do NUPEG, pois nos foi solicitado pelo Cenpes a criação de um laboratório que pudesse dar suporte as análises do laboratório da sede da UN-SEAL”, disse o professor Garcia.
Outros detalhes: O LTMA abrigará quatro laboratórios: deTecnologia Ambiental, para combater impactos ambientais; de Química Orgânica; de Ecotoxicologia, para verificar a toxicidade em águas ligadas à exploração industrial; de Química Inorgânica. Além disso, haverá uma sala para recebimento de amostras e uma área para armazenamento de maquinário e equipamentos. Carlos Garcia destacou dois projetos do LTMA que foram aprovados. Um é sobre avaliação de turfas – composto vegetal de propriedade absorvente bastante útil na promoção de equilíbrio ambiental – em efluentes de água produzida em campos da Petrobras/SEAL. O segundo se trata de uma caracterização ambiental integrada da plataforma continental do Estado de Sergipe.
Por Ricardo Gomes
Por Jeimy Remir.