06 junho, 2008

“Como é bom ser sergipano....”

A banda Naurêa surgiu em novembro de 2001, em Aracaju. É o seu som original que faz com que ela seja, hoje, uma das bandas de maior renome para o estado de Sergipe. Nos últimos anos, a banda ganhou projeção nacional e internacional com seu estilo próprio, o Sambaião - uma mistura de Samba e Baião.



Além de tocar nos maiores encontros de música do Nordeste, em 2006, a banda fez shows na Alemanha - durante a Copa do Mundo de futebol - e, no ano passado, participou das festividades dos Jogos Pan-americanos, no Rio de Janeiro. A partir daí, a Europa passou a recebê-la cada vez mais de braços abertos, possibilitando que no verão de 2007 – julho a agosto - fizesse sua segunda turnê, que teve a duração de 20 dias.

Neste ano, após o lançamento do seu DVD pelo Canal Brasil, o desafio da banda é ser conhecida no sudeste do Brasil. “Em julho, vamos tocar em São Paulo e Rio, aproveitar essa exposição do DVD para divulgar o nosso trabalho aqui no Brasil, mesmo. Agora a gente quer fazer shows e aproveitar esse momento de lançamento do DVD pelo Canal Brasil”, ressalta um dos vocalistas da banda, Alex Sant´Anna.

Na formação atual da Naurêa, encontramos no vocal e zabumba Márcio de dona Litinha; também no vocal e triângulo, Alex Sant´Anna; no acordeom, Leo Airplane; no cavaquinho, Aragão; no surdo e caixa, Patricktor4; na guitarra elétrica, Abraão Gonzaga; na percussão, Betinho Caixa D´Água; no baixo e tuba, Alemão; e como engenheiro de som, Anselmo Pereira. E é com Alex Sant´Anna que iremos conversar um pouco mais, para saber o que podemos esperar da banda nesse período de festas juninas e quais as novidades que virão nesse período de 2008/2009.

Contexto - Quando e como se deu o surgimento da Naurêa?

Alex Sant´Anna - A banda surgiu em 2001 quando eu, Patrick e Márcio estávamos participando de um encontro sobre folclore e, no intervalo, começamos a fazer uma “batucada”. Márcio já tinha a idéia de fazer uma banda de forró, já tinha até o nome. Eu também estava em um projeto fazendo uma banda de forró e Patrick também estava empolgado com “esse lance” de percussão. Nós conversamos, nos juntamos e cada um começou a chamar um amigo. Aos poucos, foi entrando todo mundo da banda. 15 dias depois, já estávamos fazendo o primeiro show, só com músicas nossas. E três meses depois, já estávamos lançando nossa primeira demo, com cinco músicas. Inclusive com as músicas “Bonfim” e “Pop do Forró”, que depois vão entrar no nosso primeiro disco. Tem também a música “Manga Verde” que ainda não gravamos, mas que vai sair agora no DVD.

Contexto - Houve muitas mudanças no estilo de banda durante essa trajetória?

Alex Sant´Anna - Na maioria das músicas, nós temos o baião e o samba como base que, misturando, dá o que chamamos de “Sambaião”. Em cada disco, porém, temos influências diferentes. No primeiro disco, por exemplo, estávamos mais envolvidos com algumas coisas de música eletrônica e algumas coisas das pesquisas folclóricas que Márcio fez na época que trabalhava com a Sulanca. No segundo, estávamos mais voltados à música latina e outros elementos, mas sempre mantendo a base. Agora no terceiro - que estamos gravando -, vamos ter outras novidades como o reggaeton e o funk. Mas sempre o baião como a pedra fundamental da banda.

Contexto - A letra das músicas também é algo bem marcante na banda. De onde e de quem vêm as idéias das letras?

Alex Sant´Anna - Até o segundo disco, 95% das composições eram de Márcio e os arranjos e produção do disco, feitos coletivamente. Nesse disco novo talvez Márcio fique com 60% destas e os outros 40% fiquem com os outros membros da banda. Todos já estão começando a compor mais. Esse formato de composição da Naurêa, com letras curtas e com idéias centrais, mas que consegue ter boas sacadas, tem muito a ver com a música eletrônica, com a música pop e chega próximo às letras de músicas folclóricas como, por exemplo, o Reisado.

Contexto - Vocês acham que o público sergipano tem uma boa recepção com a banda ou essa recepção ainda precisa mudar, crescer?

Alex Sant´Anna - Sempre queremos que o público cresça, queremos que toda a Aracaju nos conheça. Nosso público é fiel, está sempre nos shows cantando nossa música e a cada dia que passa, vem crescendo.

Contexto - Nos últimos anos vocês conseguiram ganhar projeção nacional e internacional. Como está sendo essa experiência?

Alex Sant´Anna - Em 2006, tocamos em eventos bacanas. Na Copa do Mundo da Alemanha, tivemos a oportunidade de conhecer um profissional da agência chamada “Agency Fox Music”, que representa bandas do mundo inteiro e que gostou do show da Naurêa, planejando uma turnê maior para 2007.
Esse ano, como nosso DVD passou no Canal Brasil em primeira mão, antes do lançamento, estávamos tendo um resultado bacana também aqui no Brasil. Várias pessoas estão ligando para comprar o DVD. Em julho, vamos tocar em São Paulo e Rio, aproveitar essa exposição do DVD para divulgar o nosso trabalho aqui no Brasil mesmo. Apesar de termos tocado em eventos legais também, como o RecBeat (Recife), Pan Americado (Rio), Feira da Música Internacional de Brasília, Mercado Cultural em Salvador, a banda nunca fez uma seqüência dessa.

Contexto - Então, depois do lançamento do DVD, o público tem procurado mais a banda?

Alex Sant´Anna - Sim. Por causa dessa exibição, nós temos dois selos negociando para lançar o novo disco. Provavelmente quando tocamos em São Paulo, no dia 21, devemos fechar isso. Então, vamos aproveitar esse momento e deixar para viajar ao exterior no ano que vem, talvez em abril e julho.
Em todos os lugares por que passamos, nós tivemos uma boa receptividade. As pessoas dançavam, assistiam e até tentavam cantar, principalmente na Alemanha, lugar de forte tradição musical.

Contexto - Há muitas diferenças entre o público brasileiro e o internacional?

Alex Sant´Anna - A principal diferença é que os estrangeiros não entendem as besteiras que a gente diz (risos)...mas tem. Eles gostam mais de música. Por exemplo, temos uma música que se chama “Sambaião Serial” que é baseada em música serial. Quando Márcio explicou que era música dodecafônica todo mundo fez expressão de curiosidade, aqui, a gente pode explicar isso, mas somente meia dúzia de pessoas vai saber o que é isso. Lá, como eles têm uma tradição muito forte de estudar música, todo mundo ficou atento e fomos aplaudidos. É inclusive uma música que nem estamos tocando mais aqui, mas que lá, não podemos tirar do repertório. Mas em matéria de receptividade, aqui no Brasil é muito bom. Em Recife, no RecBeat, foi muito massa. No mercado cultural de Salvador, as pessoas cantavam com todo gosto “Como é bom ser Sergipano...”, Acho que o que muda são alguns detalhes, mas, no geral, somos bem tratados.

Contexto - Com a chegada das festas juninas, quais são as expectativas para a banda? Quanto a shows e viagens marcadas para outras cidades?

Alex Sant´Anna - Sábado agora - dia 7 - tocaremos no Ceará. Na outra sexta - dia 13 - tem um arraial lá no Pelourinho. Depois - dia 16 - aqui no “Forró Caju”; no dia 21, viajaremos para São Paulo. No dia 25, vamos tocar no Arraial do Povo, e terminamos com o “Forró Siri”.

Contexto - Vocês têm algum projeto novo em mente?

Alex Sant´Anna - O CD “Al Gazarra”, que estamos começando a gravar. Estávamos querendo levar pelo menos cinco músicas prontas para Alemanha, para essa turnê. Quando decidimos não viajar mais e viu que o DVD - que é do CD “Sambaião” - está passando na televisão, achamos que não teria porque lançar um novo disco agora. Então, decidimos segurar.Terminaremos as gravações no segundo semestre, para lançar o disco no final do ano ou no início do ano que vem.

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Por Júlia da Escóssia

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