05 junho, 2008

O meio ambiente, o carro e o ‘camelo’

Substituir o automóvel pela bicicleta é uma boa forma de comemorar o dia mundial do meio ambiente.

Congestionamentos se multiplicam, aumenta o nível de emissão de gases poluentes e a violência no trânsito tornou-se epidemia nacional. Mas, apesar disso, vendas de automóveis batem recordes a cada ano. Dados da ONU de 2006 apontam queima de combustíveis fósseis por veículos motorizados como umas das principais causas do efeito estufa. Levando isso em consideração, é possível avaliar que o automóvel se tornou um ‘vilão’ para o bem estar social e para o meio ambiente. A bicicleta, segundo alguns especialistas, é, então, alternativa de mobilidade que melhor respeita o homenageado do dia.

O professor Charles Wright, especialista no assunto, afirma que a bicicleta, por ser de grande serventia para vencer pequenas distâncias e deveria ser melhor explorada no transporte urbano em substituição do automóvel. Wright ainda enumera algumas vantagens do ciclismo: ausência de pulição (sonoro visualmente e com emissão de gases), maior eficiência energética, melhor aproveitamento espacial das vias ( no espaço de um carro, que geralmente transporta entre uma e duas pessoas, cabem quatro bicicletas), menos gastos ao setor público (em implementação e manutenção da estrutura como em atendimento aos acidentados), dentre outras.

Wright ainda argumenta que o carro desumaniza a cidade. Transforma-a em ambiente unicamente de trânsito, e não de encontro de pessoas, por ocupar grande parte dos espaços. O ambiente hostil e poluído, criado pelo uso indiscriminado de veículos motorizados, pode ser melhorado ao se transformar a bicicleta e outras formas de mobilidade não motorizadas em real prioridade no trânsito.

Ciclo Urbano

A ONG Associação Ciclo Urbano foi criada em setembro de 2007 com o objetivo de trabalhar a educação no trânsito e incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte em Aracaju. “Pretendemos defender o direito do ciclista que é regulamentado pelo Código de Trânsito” Brasileiro, reitera Felippe César, presidente da ONG. Ele afirma que muitas pessoas não utilizam a bicicleta pela insegurança e vulnerabilidade do veículo. Por isso, defende a ampliação da malha cicloviária.

Felippe diz ainda que as atuais ciclovias têm um “planejamento interessante” por ligarem áreas periféricas da cidade, onde se encontra a maior quantidade de usuários da bicicleta como meio de transporte. Mas afirma que as classes de maior poder aquisitivo também deveriam ser incentivadas. “Deveria haver um investimento maior para as pessoas das classes média e alta, para elas passarem a se locomover também de bicicleta, deixando seus carros em casa”, opina.

O grupo atua através de panfletagens, exposições e de eventos chamados de “bicicletadas”, que acontecem toda última sexta-feira do mês, desde setembro do ano passado. Esse tipo de atividade (“bicicletada”) originou-se nos EUA com o nome de critcal mass (massa crítica) e foi difundida para vários países.

"Passeio Legal"
Com o intuito de melhorar a educação do ciclista no trânsito, a SMTT promoverá o projeto “Passeio Legal”. Serão realizadas atividades de instrução para alertar o ciclista dos procedimentos que deve seguir de forma a garantir, inclusive, sua própria segurança. O lançamento do projeto acontece hoje às 19h30min no conjunto Augusto Franco.

A SMTT criou um setor para tratar do uso da bicicleta no transporte urbano há três meses. O órgão trabalha a questão da bicicleta em três abordagens: desenvolvimento e implementação de infra-estrutura, fiscalização do uso dos locais destinado ao ciclismo – observando se veículos motorizados trafegam ou estacionam em ciclovias, por exemplo – com aplicação de multas e educação do ciclista.

Segundo Fabrício Lacerda, coordenador de ciclo mobilidade da SMTT (cargo recém criado), orientar o usuário da bicicleta é prioridade. “Se o ciclista não sabe a maneira certa de proceder no trânsito, pode até ser ele mesmo o responsável pela sua insegurança”, comenta. Também informa que serão construídos 18 km de ciclo faixas e ciclovias até o final do ano.

Por Zeca Oliveira
Fotos: Felippe César e Carol Vasconcelos.

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