30 junho, 2008

Demanda sugere crescimento da biblioteca da UFS

Muitas são as dificuldades encontradas pelos estudantes ao ingressar em uma universidade. Entre elas, o choque entre a quantidade de obras para ler e a baixa quantidade de livros disponíveis nas bibliotecas. Essa é uma das principais barreiras que o aluno da Universidade Federal de Sergipe encontra desde o início da sua vida acadêmica. Quem, por exemplo, nunca se deparou com a urgência de uma obra bibliográfica para uma prova ou para um artigo científico, e quando chegou à biblioteca não encontrou nenhum exemplar disponível?

A Bicen (Biblioteca Central) – criada em 11 de agosto de 1979 -, que atende diariamente a toda a comunidade sergipana e, principalmente, aos estudantes da UFS, hoje conta com um acervo diversificado. Segundo a diretora da Bicen Rosa Gomes Vieira, no ano passado a biblioteca possuía mais de 40 mil títulos e 130 mil volumes. Porém, o processo de aquisição e disponibilidade de novos livros não acompanha a crescente demanda dos usuários. Ainda são muitas as reclamações dos estudantes quanto à falta de bibliografias importantes nas diversas áreas. E essa situação torna-se ainda mais preocupante ao lembrarmos que a universidade passa por um processo de expansão de cursos e de alunos.

E o problema que o aluno tem enfrentar não fica só na baixa quantidade de obras disponíveis, mas também na falta de organização destas. “O acervo da Bicen não supre as necessidades dos estudantes e, além disso, é super desorganizado. Os livros de TV são pouquíssimos e ficam na área de contabilidade, criando sérios problemas para achá-los”, ressalta Dinah de Sousa Costa, estudante do 5º período de Rádio e TV. Ademais, segundo Christerson Magno Gonçalves, estudante do 4º período do curso de Educação Física Plena, encontra-se ainda o problema da idade das obras. “Eu acho que a Bicen tem até um bom acervo, mas ele está um pouco defasado porque os livros estão muito antigos. Pelo menos no do meu curso a maioria dos livros mais recentes têm pelo menos 10 anos.” Ainda segundo ele, em muitas matérias os professores recomendam a procura na Internet, já que não são disponíveis livros sobre o assunto na biblioteca. “Agora mesmo eu estou fazendo uma matéria – Prevenção e Segurança – que é muito difícil de ter livros aqui na biblioteca, então temos que ficar pegando dos sites da Internet mesmo.”

A falta de muitas dessas obras, porém, não é somente responsabilidade da biblioteca. Segundo a diretora, Rosa Vieira, os pedidos dos livros são responsabilidade dos professores de cada departamento. Cada departamento tem uma cota estipulada para o valor que pode comprar. Esse valor muda conforme o curso, pois eles têm pesos diferentes. Os cursos de Medicina e Física, por exemplo, tem um peso maior que os demais.

Segundo Alaine Maria Barros, chefe da divisão de processos técnicos da Bicen, no ano passado foram destinados por volta de 700 mil para a compra de obras para a biblioteca e este ano esse valor chegou a quase 1 milhão. Esses pedidos são feitos uma vez por ano através do preenchimento do formulário do Proquali (Programa Ensino de Qualidade) para que, então, a biblioteca possa abrir o processo de solicitação. Após o preenchimento do formulário o setor responsável, na universidade, pela aceitação dos pedidos é a Cogeplan. Ainda segundo ela, uma das soluções para contornar o problema da demanda de livros seria o maior envolvimento de cada professor com seu departamento.
Para a diretora da Bicen, Rosa Vieira, aos poucos o Proquali está tentando suprir essa ausência das bibliografias, mas os professores precisam colaborar renovando seus pedidos a cada ano para não ficar solicitando os livros já existentes na biblioteca. “Hoje, a responsabilidade pela seleção é do professor e não da biblioteca. A biblioteca coloca somente os livros à disposição do aluno, salvo as doações que a gente recebe”.

Doações

Um das soluções viáveis para contornar a carência de livros nas bibliotecas seria através das doações. Porém, segundo Alaine Maria Barros, as doações por parte dos usuários ainda são muito poucas e dificilmente são doações novas, o que prejudica a aceitação destas para a ampliação do acervo da biblioteca. “Normalmente as pessoas doam o que já não querem mais”, afirma.

Sabemos, porém, que não é tão simples assim fazer tais doações, pois muitas vezes, para elas serem aceitas, precisam passar pelas difíceis barreiras da burocracia. Desta forma, muitos desistem de tentar enfrentá-las e acabam não ajudando para o crescimento do acervo. Para Rosa Vieira, porém, não há tal burocracia. Segundo ela, o que existe são critérios para a aceitação dos materiais, pois eles precisam verificar e ter um controle dessas doações. “Doações de entidades de fora, de outras instituições, de outras universidades, de livrarias ou de fundações, por exemplo, não passam nem por um critério porque normalmente são livros novos e atualizados. Porém quando chega um particular para entregar os livros precisamos ter um critério de aceitação, já que muitas vezes são doações que não são de interesses para a comunidade universitária. E, outras vezes, até são de interesse, mas são livros que já estão muito riscados e com anotações que não tem nem como recuperar. Deste modo, o próprio aluno não vai querer pegar emprestado um livro como esse”.

Ainda segundo a diretora, embora a pessoa tenha boa vontade e espírito de solidariedade, é muito dispendioso para a universidade manter as doações. “A universidade tem gastos com o bibliotecário para fazer a seleção, com o armazenamento, pois não tem estantes suficientes para guardá-los, e com os funcionários que precisam fazer o processo de organizar as doações no acervo dos computadores. Ademais, muitas vezes as pessoas deixam livros mofados, rasgados e até com cupim, o que é muito perigo para o restante da biblioteca.”, acrescenta.

Mesmo com todos esses empecilhos, é fundamental ressaltar a importância das doações para a universidade. Nos últimos anos, por exemplo, a Bicen recebeu algumas importantes doações como as vindas de Jurinha Lobão, as da professora Teresinha Oliva e da família da professora de Serviço Social, Dinah. Outro fato importante de se destacar é a do acervo da videoteca da Bicen, que é formada quase na sua totalidade por doações.

Proquali

O Proquali (Programa de Ensino de Qualidade) é um programa de ensino da UFS que está em ação desde 2005. Ele tem como proposta a descentralização de recursos financeiros, garantindo a estabilidade de seus beneficiários. Assim, a universidade pode programar suas estratégias para a aquisição de novos equipamentos e livros, tendo como objetivo melhorar a qualidade do ensino na UFS e envolver a comunidade acadêmica na gestão da qualidade.

Até 2007, as unidades participantes eram os departamentos, os núcleos de graduação, os núcleos de pós-graduação, o Colégio de Aplicação e a Biblioteca Central Nos últimos três anos, os recursos reatados entre as unidades contempladas foi do todo de R$ 3,25 milhões. E, segundo dados do Ministério da Educação, até novembro de 2007, cerca de 17.645 novos exemplares para a Biblioteca Central, fazendo com que o acervo crescesse mais de 15%.

Links relacionados:
http://www.ufs.br/proquali2007.php

*Amanhã, dia 1° de julho, comemora-se o Dia das Bibliotecas.

Por Júlia da Escóssia.

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