15 maio, 2008

UFS não é área endêmica de dengue, diz especialista

"É muito difícil encontrar Aedes Aegypti nessa época do ano na UFS”, afirma o professor Sócrates Holanda, do Departamento de Farmácia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). O especialista destaca dois principais motivos para sustentar a sua declaração: o fato de a universidade ter uma área verde muito grande, e a questão da época do ano, que não está mais tão propícia para o desenvolvimento do inseto.

De acordo com o professor, que desenvolveu um larvicida contra o mosquito, o Aedes Aegypti é tipicamente urbano. “Só quando há uma grande concentração da espécie nas áreas urbanizadas é que eles migram para o mato”, explica. Além disso, Holanda esclarece que “eles gostam de clima quente e seco”, e por essa razão, a temporada de chuva contribui para uma diminuição considerável dos riscos.

Por outro lado, o especialista alerta que os ovos depositados em água parada podem ficar inertes até o momento adequado para se desenvolverem, e é por isso que, segundo ele, as precauções devem ser tomadas durante todo o ano. “Apesar de em menor quantidade, os mosquitos também se desenvolvem nas outras épocas do ano”, complementa.

Prevenção

O prefeito do campus, José Dias Firmo dos Santos, garante que todas as providências necessárias estão sendo tomadas diariamente para evitar que a epidemia chegue à UFS. “Nós criamos aqui duas equipes de trabalho, uma de manutenção, que cuida de esgotos, reservatórios, limpeza de telhados, ou qualquer lugar que possa conter água estagnada, e uma equipe do pessoal de jardinagem e limpeza, que tem o objetivo de eliminar outros possíveis focos, como copos descartáveis e garrafas”, explica o prefeito.


Além do trabalho rotineiro que está sendo feito, José Dias afirma que a fiscalização por parte dos estudantes, professores e servidores é muito importante. Ele pede que seja comunicada à prefeitura qualquer situação que represente risco de acumular água parada, e garante que quando há esse tipo de denúncia, as medidas são tomadas imediatamente.


A exemplo disso, Dias comenta que recentemente a prefeitura cedeu alguns filtros de piscina aos alunos do curso de Artes Visuais, para a realização de um evento, mas conta que recebeu uma denúncia de que estes materiais estariam acumulando água. “Passamos lá e constatamos realmente que tinha água acumulada, tinha lixo, copos descartáveis, garrafas, e nós pedimos que tomassem uma providência em relação a isso”.


Alex Douglas, coordenador geral e um dos idealizadores do Invasão Visual, por outro lado, afirma que essa denúncia nunca chegou até eles, mas explica que eles já haviam posto vários produtos químicos nesses filtros, justamente para evitar o desenvolvimento de larvas do mosquito.


Como parte do evento, bolsas plásticas também foram amarradas em vários pontos da universidade. Elas foram presas cheias de ar em alguns postes, mas muitas delas já estavam furadas na quinta-feira, 08, quando caiu uma forte chuva na universidade, provocando acúmulo de água em algumas. De acordo com Alex, essas sacolas foram colocadas por um artista que pediu o espaço, e afirma que realmente eles não haviam pensado nessa possibilidade.



O foco das campanhas


Ao caminhar pelo campus, pode-se encontrar facilmente vários exemplos da falta de conscientização dos seus freqüentadores. Além de garrafas e copos descartáveis jogados em vários lugares, a equipe do Contexto conseguiu flagrar também uma pia no banheiro masculino do restaurante universitário, Resun, entupida com papel higiênico, cheia de água.


De acordo com o prefeito do campus, além das medidas que já estão sendo regularmente tomadas pela administração da UFS, a conscientização dos alunos e de todos que freqüentam o espaço é fundamental. Para isso, informa, a universidade está solicitando uma parceria com a Secretaria Estadual da Saúde. “Nós protocolamos uma correspondência e estamos tentando marcar uma audiência com o secretário Rogério Carvalho, ou outro, para que possamos trazer uma equipe e fazer um trabalho de conscientização aqui”, explica.


Dias informa ainda que a Universidade Federal de Sergipe faz parte do comitê estadual de combate à dengue, composto por movimentos sociais e de saúde, inclusive com a presença de um representante do Ministério da Saúde. Com reuniões semanais, o grupo promove ações em bairros ou em locais específicos. “Estamos pensando em programar também uma ação desse comitê, que será mais uma, para tentar fazer um tipo de mutirão dentro do campus”, conclui.


Além desses mutirões oficiais previstos, os alunos do curso de Enfermagem já programaram um evento para ajudar no combate à dengue. A campanha vai ocorrer na próxima sexta-feira, 16, às 10h, na praça da Didática 1.


O Contexto Online tentou entrar em contato com os organizadores para obter mais informações, mas não conseguiu resposta até o fechamento desta matéria.


Por Thiago Rocha
Fotos: Thiago Rocha

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