30 maio, 2008

200 anos de solidão

Em 1º de Junho de 1808 nascia a Imprensa no Brasil. E como (quase) tudo no país, o processo foi (e ainda é) extremamente contestado, caindo naquele típico jargão do “só podia ter acontecido no Brasil mesmo...”.

O criador: Hipólito José da Costa – um brasileiro nascido em Sacramento, hoje terra do Uruguai. A criação: O Correio Braziliense, 1º jornal a circular no país tinha cara de livro, mais de 100 páginas e era impresso em Londres. A linha Editorial: tinha um caráter marcadamente doutrinário de propagação de idéias liberais, não tinha preocupação de informar. Criticava abertamente a presença da Corte Real Portuguesa no Brasil.

Em linhas frias: Um brasiguaio criou um jornalão-calhamasso de textos longos, quase panfletário e sem o tal compromisso com a notícia, que além de tudo era editado e impresso fora do país. O Correio só aparecia por essas bandas graças à pirataria sempre presente entre os marinheiros, que traziam as mercadorias por debaixo dos panos. O jornal já tinha três edições, quando a Gazeta do Rio de Janeiro – jornal da coroa portuguesa no país – começou a ser impresso na Imprensa Régia, no Rio de Janeiro. Nada mais Brasil do que isso.

O mais interessante dessa história é o caráter individual dessa criação. O patrono da Imprensa Nacional fez todo o trabalho sozinho. Criação, edição, diagramação e impressão. E pode ter dado o 1º furo do país – antecipando-se a criação da Gazeta real.

A profissão de jornalista no país ainda acompanha esse início individualista. Mesmo com o estágio atual de profissionalização, divisão de tarefas e racionalidade de produção, o bom trabalho jornalístico continua sendo fruto essencialmente de um único bom jornalista. O que numa primeira vista pode parecer óbvio, mas que traz muitos desdobramentos. Escrevemos sós e para todos.

A solidão ainda acompanha o jornalista em boa parte da sua vida. Em deadlines cada vez mais mortais, o profissional, mesmo na agitação nas redações – cada vez mais apertadas - só tem a companhia do seu reflexo na tela do computador na maior parte do seu tempo de trabalho. Como diria o beat Charles Bukowski – “Não que eu me orgulhe dessa solidão, mas é que ela faz parte de mim”.

Outro viés desta singularidade básica é certa visão de egocentrismo das pessoas e dos próprios jornalistas sobre o profissional das notícias. Desde cedo, nas Faculdades de Jornalismo, ainda são muitos os estudantes que sonham ser o William Bonner ou a Fátima Bernardes. A consciência de categoria passa longe de ser matéria pré-requisito do curso.

Passam-se alguns anos de curso e vários já se desencantam com essa visão hegemônica e personalista de Imprensa, percebendo que a profissão é muito menos midiática e romântica do que parecia. Mas não menos importante. Outros ainda continuam com essa visão e tentam manter esse modelo padronizador desnecessário de showrnalismo.

Todo esse individualismo adquirido acaba por criar um ambiente cada vez mais hostil entre os profissionais da área. Razão esta que pode explicar a atual crise de representatividade nos Sindicatos de Jornalismo no país, que por sua vez expõe a causa de não haver um Conselho Nacional de Jornalismo. Nas palavras de Pedro Venceslau, em matéria da Revista IMPRENSA (setembro de 2007) – “Fica difícil falar em Conselho e punição quando a categoria está tão distante dos seus representantes sindicais”.

Nesse ponto, a solidão inata da área termina por deixar os profissionais à mercê dos grandes conglomerados de comunicação editorializantes, que preferem ver um jornalismo pasteurizado e padronizado, que represente sua visão e seus interesses, a uma independência que é intrínseca a um bom profissional.

Que celebremos essa data histórica com toda a pompa que ela merece, apesar de tudo. Afinal não é todo dia que nos juntamos para fazer alguma coisa. Lembremos também à importância de Hipólito José da Costa em cada texto e que seu exemplo (com todas as ressalvas históricas) guie nossa tão almejada liberdade de expressão solitária, 200 anos depois.


Por Luiz Paulo Costa

Universidade para todos os públicos

Projeto propõe metade das vagas na UFS para alunos de escola pública

Menos de 15% dos alunos que concluem o ensino médio em escola pública são aprovados no vestibular da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Esse número sobe para 90% quando se trata dos concluintes na rede privada. É o que diz o Programa de Ações Afirmativas da UFS, um projeto elaborado pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab). O documento, enviado no início de maio ao Conselho do Ensino e da Pesquisa (Conep) da universidade, propõe a reserva de metade das vagas no vestibular para estudantes de escolas públicas.

Embora 85% dos quase 90 mil alunos matriculados no ensino médio sejam oriundos da rede pública de ensino, os que obtêm sucesso no vestibular da UFS ainda são minoria. O documento aponta que, em 18 cursos da universidade, pelo menos 80% dos aprovados no último processo seletivo estudaram em escolas privadas. O atual coordenador do Neab e professor do Departamento de Ciências Sociais, Paulo Neves, afirma que alguns cursos como Medicina, Odontologia e Direito, são elitistas e não desempenham sua verdadeira função social, funcionando apenas como reserva de mercado. “O Estado deve propor políticas públicas que beneficiem toda a população, e não apenas uma minoria”, enfatiza o coordenador.

O projeto de cotas para a UFS propõe que, no próximo vestibular, 50% das vagas em todos os cursos sejam destinadas àqueles que estudaram todo o ensino médio e pelo menos quatro anos do ensino fundamental em escolas públicas. Dentro desse percentual, 70% das vagas seriam destinadas a candidatos que se declararem negros, pardos ou indígenas. No caso de não haver candidatos suficientes, as vagas retornariam à classificação geral. O projeto ainda prevê a reserva de uma vaga em todos os cursos para portadores de necessidades especiais, que seriam submetidos a uma prova de seleção diferenciada.

Desde o dia 29 de maio, o Neab promove uma série de palestras sobre políticas públicas, discutindo inclusive o Programa de Ações Afirmativas. A primeira delas, “Políticas Afirmativas, Acesso e Permanência na Universidade", realizou-se no auditório da Reitoria, no campus de São Cristóvão. Hoje, a discussão continua no auditório do campus de Itabaiana, das 19h às 22h, com a palestra “Políticas públicas e ações afirmativas: pressupostos, contextos e perspectivas”. Uma grande oportunidade para que todo o público acadêmico possa refletir mais sobre a questão.

Divergências


Fabíola Ramos estudou em escolas públicas desde o ensino fundamental. Atualmente terminando o curso de Educação Física na UFS, a estudante afirma ser favorável às cotas, por ser uma forma de reduzir a desigualdade no acesso. “Entrei na universidade sem ter visto trigonometria, porque nunca dava tempo de terminar o assunto”, afirma a formanda. Porém, Fabíola se diz preocupada com a qualidade dos alunos e a sua permanência na universidade. “Conheço muitos colegas que vieram de escolas públicas e não conseguiram terminar o curso. Será que estão todos prontos para o ensino superior?”, questiona.

Questionamento semelhante é o que faz o estudante do ensino médio, Gabriel Passos. Aluno de escola particular, Gabriel diz que o sistema não resolve o problema da educação básica, que continuará deficiente, e questiona a validade das cotas. “É injusto a vaga de um aluno que faz uma maior pontuação no vestibular ser repassada para um estudante que não atingiu a mesma nota”, afirma o estudante.

Paulo Neves, no entanto, diz que o projeto não inverte a lógica do mérito, mas apenas reduz a desigualdade causada pelas condições diferenciadas de educação. “Muitas vezes, um aluno de escola pública possui o mesmo mérito de outro de escola particular que teve uma pontuação um pouco maior. O que estamos julgando não é apenas o merecimento individual, mas as condições coletivas de acesso”, explica o coordenador.

Para amenizar essas questões, o Programa de Ações Afirmativas elaborado pelo Neab propõe medidas que vão desde o aumento de vagas no curso pré-vestibular da UFS para estudantes de escolas públicas, até a criação de uma Comissão Institucional de Acompanhamento e Permanência. A comissão deverá propor mecanismos de auxílio financeiro, pedagógico e psicológico aos alunos que ingressaram na universidade pelo sistema de cotas. Caso a proposta seja aprovada, um trabalho de avaliação será realizado após um prazo de cinco anos, para verificação dos resultados e da eficácia do sistema.

Tendência nacional

O Projeto de Lei 73/99, que teve sua votação na Câmara Federal adiada na última quarta-feira, 27, também reserva metade das vagas nas universidades públicas para alunos que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas, sendo que parte dessas vagas se destinam a negros e índios. Embora seja baseado em alguns dos parâmetros do Projeto de Lei 73/99, o projeto do Neab tramita de forma independente no Conep, visto que a UFS possui autonomia administrativa para instituir políticas públicas. Caso a Câmara Federal aprove o Projeto de Lei, que tem votação prevista para junho, a UFS deve se adequar às normas federais.

A UFS segue uma tendência nacional de promover a democratização do ensino superior público. Universidades Federais do Rio Grande do Sul (UFRGS), Pernambuco (UFPE) ou a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) são algumas das mais de 50 instituições públicas de ensino superior que aderiram às cotas.

Links relacionados:

Projeto de Lei 73/99

Contra as cotas sociais

A favor das cotas sociais

Por Fernando Pires

28 maio, 2008

Exposição navega pelos rios da cultura brasileira

A mostra “Arte Popular Brasileira”, que está em cartaz no Espaço Cultural do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 20ª Região, traça um panorama plural desse tipo de arte. São mais de 16 peças de artistas plásticos que revelam a inventividade das diversas regiões do território nacional. As obras abrangem vocabulários diversificados, que vão da representação da figura humana em cenas do cotidiano aos mais inusitados registros do imaginário.

Utilizando técnicas como pinturas em telas, cerâmicas e esculturas em madeira, a exposição busca divulgar a cultura popular e incentivar um olhar mais sensível para os pequenos detalhes do cotidiano. Por isso, as obras brincam com a estética colorida que emana das imagens do povo. A linguagem documental e por vezes antropológica registra a mistura de raças, religiões, folguedos e culinária, que receberam influências dos europeus, africanos e índios.

Nas obras, é visível o cuidado em retratar a riqueza da cultura junina, seja no arraial em miniatura ou no oratório de madeira e couro, onde o sincretismo da religiosidade se mistura às crendices populares. As peças mostram ainda o modo simples de viver desse povo, que apesar de não ter formação acadêmica, consegue através das tradições manter viva sua cultura e suas crenças.

A exposição ficará aberta à visitação pública até o dia 30 de maio, sob curadoria de Genilson Brito. “A proposta é que o público faça uma reflexão profunda sobre os principais códigos do caráter visual da cultura brasileira”, explica.

Por Raphael Teotônio

27 maio, 2008

O Resun está 'envelhecendo'

Almoçar no Restaurante Universitário (Resun) tem sido sinônimo de transtorno para muitos estudantes, desde o início do semestre letivo, principalmente às segundas-feiras. Atrasos no horário de abertura, reduzido número de funcionários em atividade e a crescente demanda do serviço podem ser citados como alguns dos motivos que fazem com que as filas para o almoço se aproximem cada vez mais da biblioteca.

Este é o caso de Alexandre Guimarães, aluno do curso de Engenharia de Pesca, que afirma já ter sido prejudicado pela demora em diversas ocasiões. “Eu já perdi aula por causa do atraso e por isso, muitas vezes deixo de almoçar aqui. Hoje, por exemplo, tenho aula às 13h e ainda estou na fila”. Era por volta das 11h45, e mesmo que o funcionamento previsto seja das 11h às 14h, as primeiras pessoas ainda entravam no refeitório. Os usuários contam que no último dia 19, o restaurante abriu por volta das 12h15.

Benedito Miguel, estudante do curso de Licenciatura em Matemática, e os estudantes de Rádio e TV Osmar Souza, Thiago Leite, Ronaldo Bravo e Bruno Tavares – que utilizam o serviço quase que diariamente – emitem opiniões similares à de Alexandre sobre o serviço prestado pelo restaurante.

Eles concordam que o cumprimento do horário seria uma maneira de amenizar os problemas, e para isso apresentam possíveis soluções para os mesmos. Além de propor algumas mudanças de ordem administrativa – como a contratação de novos funcionários –, eles reconhecem que muitas vezes é o próprio usuário quem contribui para o “caos” que se tem observado ultimamente.

Segundo Osmar, por exemplo, “deveria ter um programa de conscientização dos alunos para respeitar a fila, além de uma fiscalização por parte dos seguranças da UFS. Já que eles almoçam de graça, poderiam prestar esse 'serviço cidadão'.” Thiago completa o raciocínio do seu colega, questionando: “E por que não contratar estagiários da própria universidade para ajudar a administrar, organizar e atuar na área de produção do restaurante?”

De acordo com o diretor do Resun, Gilson Dias, o maior problema é a falta de mão-de-obra. “O Resun está com o contingente muito reduzido, pois não se pode fazer concurso para os cargos de cozinheiro, auxiliar de cozinha e açougueiro. Os funcionários se aposentam, adoecem e não há como se fazer a reposição. A única solução seria a terceirização da mão-de-obra – e não do restaurante –, mas isso ainda não foi possível por falta de verbas”, explica.

Dias também informa que há quase dez anos o Ministério da Educação (MEC) não envia verbas direcionadas aos restaurantes universitários, e uma parte do orçamento anual da universidade é destinada para tentar resolver o problema. Dessa maneira, a terceirização dos funcionários se torna ainda mais burocrática.

Quanto ao problema do acesso às filas, não por ordem de chegada, mas por ordem de ‘camaradagem’, Dias afirma que isso é uma questão de consciência por parte das pessoas que utilizam o restaurante. Ele conta que um corrimão de cerca de dez metros já foi colocado para amenizar a situação, mas reconhece que mesmo assim o problema não foi e nem será resolvido se cada um não tiver uma conduta correta, que inclui não somente o ato de não ‘furar a fila’, mas também o de não aceitar que as pessoas o façam. “Se alguém passa em sua frente e você não reclama, essa pessoa vai continuar sempre fazendo isso. Tem que reclamar”, aconselha.


Já em relação aos atrasos, Gilson explica que os alimentos são preparados geralmente no dia anterior à refeição, e como na segunda isso não é possível, a comida é feita no mesmo dia. “Quando as câmaras frigoríficas adquiridas forem instaladas, será possível armazenar os alimentos durante o fim de semana, e o serviço será melhorado”, garante.

Com a expansão...

Entre o final de 2007 e início de 2008, o Resun passou por várias reformas físicas e teve o seu espaço ampliado para comportar melhor os alunos que entrariam no semestre seguinte, já que houve um aumento considerável de ingressos em 2008.

Gilson também afirma que, com o projeto de expansão, vários equipamentos foram comprados, como estufas para a conservação da comida servida em cada refeição, cadeiras e mesas. Entretanto, ele destaca que essa ampliação do espaço físico não é suficiente. “Sem mão-de-obra você pode ampliar o ambiente como for, que não vai adiantar nada”, argumenta.

Sobre a possibilidade de se contratar estagiários para atuar no restaurante, Dias informa que já está sendo estudada juntamente com o pró-reitor de assuntos estudantis, Arivaldo Montalvão. “Estamos entrando em contato com o Departamento de Nutrição, para que seja implantado um laboratório anexo ao restaurante, onde hoje funciona a Casa da Cópia. Assim, os alunos poderão apoiar o serviço de distribuição de alimento”, comenta.

Ele explica que aproximadamente 20 pessoas trabalham na produção do restaurante, 13 no almoço e sete no jantar, mas afirma que o ideal seria ter pelo menos 30 pessoas ativas, em condições de trabalho. Isso porque “muita gente aqui tem deficiência física ou de saúde; grande parte já está com idade de se aposentar, mas não o fazem para não perder benefícios como vale-transporte e alimentação”, explica.


Por Thiago Rocha

Foto: Thiago Rocha

25 maio, 2008

Olimpíada incentiva jovens a pensar no futuro das águas

Qual a importância da água no processo de mudanças ambientais? Esse é o questionamento que estudantes das redes pública e particular de ensino fazem durante o mês de maio, na 2ª Olimpíada Ambiental. O evento, organizado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), traz na edição de 2008 o tema “Mudanças climáticas, água e vida”.

Iniciada em 28 de abril, a Olimpíada Ambiental incentiva a conscientização da juventude, por meio da criatividade. Estudantes do ensino infantil ao nível superior que participam do evento optaram por três modalidades na inscrição de trabalhos: ciência, arte ou produção de texto. Os professores participam de uma modalidade especial, na criação de projetos pedagógicos que incentivem a aprendizagem em sala de aula sobre a importância vital da água. As inscrições foram feitas até o dia 21 de maio. Os trabalhos devem estar diretamente ligados ao tema da Olimpíada: o impacto ambiental causado pela alteração no ciclo das águas.

O aumento da temperatura das águas, em decorrência do processo de aquecimento global, é uma das grandes preocupações desse início de século. Cientistas discutem o futuro do planeta e as possibilidades de catástrofes naturais causadas pelas mudanças ambientais. Exemplos locais recentes, como o rápido avanço do mar sobre a Orla de Atalaia e as enchentes que assolaram os municípios de Maruim e Laranjeiras no último dia 10, podem ser conseqüências do processo de destruição ambiental.

O evento

No total, foram inscritos 1.581 trabalhos de alunos e 74 realizados por professores. A coordenadora da Olimpíada, Valéria Lima, explica que houve uma mudança em relação à contagem de inscrições no que diz respeito aos trabalhos realizados em equipe. “Nesta edição, para inscrever uma equipe, só é contabilizado o nome de um único aluno, enquanto, em 2007, todos os participantes de um mesmo time entravam na contagem final dos inscritos”, esclarece a coordenadora. Na primeira edição da Olimpíada, foram inscritos 2.728 alunos e 94 professores.

Outra novidade é o aumento do número de trabalhos premiados. Na primeira edição, foram premiados apenas os melhores trabalhos em cada modalidade. Este ano, haverá uma premiação exclusiva para cada segmento das modalidades – em vez de se premiar o melhor trabalho em ciência, por exemplo, serão premiados o melhor artigo de pesquisa, o melhor cartaz e a melhor maquete. Os participantes concorrem apenas com outros estudantes do mesmo nível de ensino.

O estudante do ensino fundamental, Fernando Santos, diz que está animado e ansioso para ver o resultado final. “Quero vencer, mas se não for dessa vez, já valeram o esforço e o aprendizado”. Já o aluno do ensino médio, Douglas Silva, diz não ter se interessado pela Olimpíada, e considera que resultados expressivos são possíveis apenas com projetos contínuos de conscientização. “Tenho certeza de que muita gente só está interessada no prêmio”, afirma o estudante.

Os trabalhos serão avaliados por uma comissão julgadora, selecionada pelos organizadores do evento. A seleção dos melhores trabalhos será feita até o próximo dia 30º de maio. Os melhores trabalhos serão premiados com uma caderneta de poupança nos valores de R$ 500 para os alunos e R$ 1000 para o professor que apresentar o melhor projeto. A cerimônia de premiação será realizada no dia 05 de junho, com a entrega do troféu Manoel Dionízio Cruz para os vencedores. Agricultor do município de Poço Redondo, Dionízio Cruz sensibilizou a população local para a preservação do meio ambiente. Embora tenha sido assassinado em sua batalha contra a destruição da natureza, o troféu que leva o seu nome não deixa dúvidas: a luta continua.

FOTO 1:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Water_droplet.jpg

FOTO 2:
Trabalho vencedor da 1ª Olimpíada Ambiental – Modalidade Arte, Categoria Ensino Médio
Sillas Moraes da Silva – Colégio Estadual Atheneu Sergipense
Foto de Acrísio Siqueira


Links relacionados:

Site da Olimpíada


Universidade das Águas


Por Fernando Pires

24 maio, 2008

Assembléia define regras para eleição do reitor

Na última quarta-feira, 21, o auditório da reitoria da UFS sediou a assembléia geral que definiu as regras para eleição do novo reitor. O evento envolveu as três entidades formadoras da instituição: técnicos administrativos (SINTUFS), docentes (ADUFS) e estudantes (DCE). Quase todas elas já haviam realizado encontros anteriores entre os membros de cada sindicato, com exceção do DCE.

De acordo com Natan Alves, presidente do DCE, a movimentação política entre SINTUFS, ADUFS e DCE foi importante, principalmente pela existência de um diálogo entre os sindicatos para se chegar a um documento-base para a assembléia. Quanto à participação das entidades, ele afirma que não houve grande representatividade entre os estudantes. “Comunicamos a todos os Centros Acadêmicos (CA´s) sobre as assembléias”, reforça.

Para a Professora Nélia Alves de Oliveira, Presidente da ADUFS, a assembléia ocorreu sem grandes divergências. “Não houve muitos desentendimentos, os professores encaminharam as alterações no documento que foi apresentado na assembléia” explica a professora.

Segundo o diretor de comunicação sindical do SINTUFS, Joseilton Nery Rocha, a polêmica maior foi por conta do período da eleição. “Uma parte dos segmentos estudantil e docente queria as eleições para julho” explica o diretor.

Joseilton Rocha também adiantou que na sexta-feira, 23, iria ocorrer a primeira reunião entre a ADUFS, SINTUFS e DCE para a definição da comissão eleitoral. Cada entidade indicaria três membros para a instalação dos comitês. Ele também fez questão de ressaltar a posição da UFS como sendo uma das pioneiras entre as universidades federais quanto às eleições para reitor. “A UFS foi uma das primeiras instituições a colher os votos entre as entidades com voto paritário”.

A eleição para reitor ocorre a cada quatro anos e é realizada de maneira indireta. Quem define o resultado são os membros do Conselho Universitário (CONSU) e Conselho do Ensino e da Pesquisa (Conep), após consulta popular a servidores e alunos.

Decisões

Um dos pontos definidos na assembléia geral foram as datas para eleição do reitor, que acontecerá nos dias 14, 16 e 17 de junho. Segundo Natan Alves, o momento foi importante para reafirmar a posição do voto paritário entre todas as entidades, que terão 1/3 de representação da categoria.

Uma novidade é que os estudantes do Colégio de Aplicação (CODAP) com idade igual ou superior a 16 anos poderão votar. Também ficou definida a data para que os estudantes de outros campi da universidade possam participar das eleições.

Por Rafael Gomes

22 maio, 2008

TSE restringe propaganda eleitoral na internet

A propaganda eleitoral deste ano conta com novas regras. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) publicou no início desse mês a resolução n° 22.718, que regulamenta a “Propaganda Eleitoral e Condutas Vedadas aos Agentes Públicos em Campanha Eleitoral”. A propaganda eleitoral estará autorizada somente a partir de 6 de julho, enquanto a propaganda gratuita no rádio e na televisão será transmitida de 19 de agosto a 2 de outubro. A grande novidade, contudo, é a rígida regulamentação à propaganda partidária na rede mundial de computadores.

De acordo com o artigo 18 da resolução, esse tipo de propaganda só será permitido em página do candidato destinada exclusivamente à campanha eleitoral. Está vedada a manifestação do político ou simpatizantes em sites como Youtube, Orkut e Blogs. No primeiro turno, a página da Internet deverá ser mantida até a antevéspera do pleito – dia 3 de outubro. Os candidatos podem optar ainda pelo uso da terminação "can.br" – um domínio especial, livre de taxas e válido até o final do período de eleições.

Polêmica

Tal artigo provocou manifestação de diversos blogueiros. No sítio, Websinsider, a jornalista Nara Franco critica a medida. “A partir do momento em que não posso expressar na web meus posicionamentos políticos ou preferências partidárias, tenho limitada – e muito – minha liberdade de expressão”. Ela ainda afirma que o TSE caiu em contradição, pois, em outubro do ano passado, veiculou uma campanha no Youtube estimulando o voto jovem.

Segundo o ex-presidente do TSE e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Marco Aurélio Mello, em entrevista ao portal Folha Online, o objetivo é equilibrar a campanha. “Se não, quanto maior o poder de penetração do candidato e seu poder econômico de arregimentar gente para ter blog, ele terá maior propaganda, desequilibrando a disputa”.

Para o blogueiro Sérgio Amadeu, a medida visa justamente o contrário. “Uma resolução que deixa dúvidas sobre a possibilidade de uso das redes sociais, de sites como Youtube, está negando as possibilidades gratuitas da rede. Assim, está beneficiando o uso das mídias pagas, do broadcasting. Isto sim incentiva o poder econômico em detrimento de quem tem diálogo, relacionamento e audiência na rede.”

Procurado pelo Contexto Online, o secretário jurídico do TRE-SE, Olavo Cavalcante Barros, preferiu não comentar o mérito da resolução.

Resolução 22.718 - Propaganda Eleitoral e Condutas Vedadas aos Agentes Públicos em Campanha Eleitoral

Websinsider – Nara Franco

Blog do Sérgio Amadeu


Por Ailton Reis

21 maio, 2008

Mães universitárias ainda são ‘órfãs’, na UFS

No mês em que se celebram os 40 anos da Universidade Federal de Sergipe ainda são poucos os motivos que fazem das também homenageadas de Maio, as mães, comemorar. As mães-universitárias ‘sofrem’ por sua maternidade durante a graduação e muitas vezes acabam por atrasar ou até mesmo trancar o curso, para poderem cuidar dos seus filhos, principalmente por não ter onde deixá-los.

A aluna Laís Lima, de psicologia, diz como isso a afetou –“Tive alguns problemas no começo, principalmente com matérias práticas. O que me fez atrasar o curso. Minha mãe e o pai de meu filho me ajudam, mas nem sempre eles estão disponíveis”.

Propostas e Legislações

Uma das soluções para este problema poderia ser a criação de creches nas próprias universidades federais. Direito este reafirmado pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, mas que faz parte de uma luta feminista e de trabalhadores contínua desde a década de 70. E foi ainda nessa época que, baseada no Decreto-Lei número 5.452 de 1943 – que consolidou as Leis de Trabalho (CLT) – ocorreu a criação da 1ª creche universitária do país, a Creche Francesca Zácaro, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Mas, apesar de um início promissor, em plena ditadura militar, ainda são poucas as universidades federais que dispõem de creches. Mesmo com a luta de algumas comunidades universitárias amparadas por dispositivos legais, menos da metade das chamadas IFES (instituições federais) dispõe de creches nas suas dependências. O que corresponde a 19 das 52 instituições.

O pequeno número de creches-universitárias é proporcional aos estudos e referências acerca do tema no Brasil. O que fez com que a professora Marilena Dandolini Raupp, em um esclarecedor artigo publicado, tivesse de recorrer a autores estrangeiros.

No seu trabalho, além de contextualizar toda a luta pelos direitos da mulher trabalhadora e de como as legislações podem atender a toda a comunidade universitária, a autora baseia a implantação de creches nas universidades como um benefício final para o próprio ‘tripé’ básico destas instituições:

“O conjunto de fatos relacionados às creches nas universidades impulsiona a maioria delas, no decorrer de suas trajetórias, à revisão de suas funções, direcionando as para atuar além da educação das crianças, impelindo-as a explorar outras possibilidades, tais como campo de estágio, campo de pesquisa e de observação”. E complementa “A resposta que algumas poucas unidades têm conseguido dar na direção de uma prática que alie ensino, pesquisa e extensão parece ser uma luz a iluminar o debate sobre a pertinência dessas unidades de educação infantil no âmbito universitário”.

UFS

No tocante à possibilidade de o projeto ocorrer na Universidade Federal de Sergipe, ainda não há nenhum tipo de perspectiva. Pelo menos é o que se percebe numa visita rápida aos vários órgãos da instituição.

Na Pró-reitoria de Assuntos Estudantis, a PROEST, não há lembrança de nenhum tipo de ação a respeito. Por parte dos trabalhadores da UFS, parece já haver um princípio de conhecimento do tema.

Ignácio Montalvão, membro da Gerência de Recursos Humanos (GRH), fala a respeito do assunto – “Não tenho notícias de projetos a respeito, mas os servidores ganham um auxílio da universidade, numa espécie de bolsa-creche.” Essa parece ser a saída encontrada pela instituição, já que, segundo Montalvão - “a lei que existe dá o direito ao trabalhador, mas não regulamenta o funcionamento de nenhuma creche”.

Resultados

“A iniciativa da criação de creches universitárias deve vir de algum dos pilares da universidade – reitoria, professores, alunos ou servidores”. O discurso de Ignácio Montalvão parece dar a dica aos estudantes mais engajados. A luta ainda parece ser a única saída para a implantação das creches e isso é discutido constantemente pela União Nacional dos Estudantes (UNE). “A construção de um Plano Nacional de Assistência Estudantil é de fato uma grande luta. Mas sobrepor os recortes específicos e elaborar uma pauta feminista de assistência nas universidades, dando destaque às creches universitárias, deve ser uma pauta presente em todas as mobilizações, atos e gritos do movimento estudantil” – afirma Liana Queiroz, diretora da UNE.

O que poderia ser algo importante para as mães-universitárias parece ainda relegado a segundo plano, mesmo com o Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI). E é isso o que mais preocupa Natália Alves, aluna de jornalismo e mãe de dois filhos - “seria algo bastante útil, mas não sei se colocaria meus filhos lá, pelo que vejo quanto à estrutura da universidade hoje”.

Toda a expansão ocorrida na UFS com o REUNI só faz agravar a necessidade dessa pauta de discussão no ambiente universitário. Com a ampliação de vagas e com os novos cursos, haverá mais alunos e conseqüentemente o ingresso de uma maior quantidade de mães-universitárias.

Exemplos de creches em IFES brasileiras:

Creche Francesca Zácaro – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), fundada em 1972 (1ª do país). Destina-se a dependentes legais de servidores ativos ocupantes de cargo público da UFRGS, que se encontrem na faixa etária de 0 a 5 anos. Funciona ininterruptamente, das 7h30min às 18h30min, e as famílias podem optar por turno integral ou parcial.

Creche UFF – Universidade Federal Fluminense (UFF), fundada em 1997. Atualmente, a creche é mantida com alguns recursos da universidade que suprem, parcialmente, as necessidades de manutenção do prédio, pois o financiamento não prevê a compra de mobiliário, brinquedos, entre outros materiais importantes.

Creche Paulo Rosas – Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), fundada em 2007. A unidade vai atender, além das estudantes e servidoras/es, as/os moradoras/es do bairro em que está localizada. As vagas são divididas, igualmente, entre a comunidade acadêmica e a comunidade do bairro.

Creche UFBA – Universidade Federal da Bahia (UFBA), fundada em 1983. A creche compreende um espaço educativo, atendendo aos filhos de estudantes, técnicos e professores da Universidade.

Links relacionados:



Por Luiz Paulo Costa

19 maio, 2008

Dinâmica de grupo: psicóloga recomenda cautela na aplicação

“A dinâmica de grupo, enquanto ciência e parte da Psicologia Social, estuda a natureza, o funcionamento e os fenômenos grupais emergentes em diferentes contextos, institucionais ou não. Estuda a atmosfera grupal, as estruturas e etapas de desenvolvimento de um grupo, por exemplo, se estimulado por diferentes situações”, afirma a psicóloga do departamento de Psicologia da UFS, Cybele Ramalho.

Ouvimos, constantemente, falar sobre a utilização da dinâmica de grupo em muitas empresas ou organizações, principalmente quando o tema é a procura de emprego. Mas o que seria efetivamente o uso desta prática? Para que ela serve e como são aplicadas por essas organizações?

A dinâmica de grupo é uma atividade que permite compreender ou modificar o comportamento grupal. Ela realiza um trabalho que permite perceber, através de uma movimentação coletiva, como cada pessoa se comporta em grupo, sua forma de comunicação, liderança, nível de iniciativa, entre outros comportamentos. São instrumentos que estão dentro de um processo de formação e organização, facilitando o processo e o desenvolvimento da soberania dos grupos.

Segundo Ramalho, a dinâmica facilita que estes reconheçam suas estruturas de funcionamento e, assim, possam alcançar melhor seus próprios objetivos e metas. Porém, ressalta que se deve tomar cuidado quanto ao seu uso. "O uso indiscriminado e autoritário de técnicas pode desencadear o processo não recomendável de apontar qualidades e defeitos do indivíduo. E como nós, psicólogos, partimos do princípio de que em grupo isto não existe, estes valores não devem ser julgados”, explica.

Muitas organizações também as utilizam para descobrir e avaliar como o grupo se comporta em relação a cada componente. Para elas, adotar essa técnica é de grande importância para conhecer a fundo cada indivíduo, pois para eles não adianta somente a contratação do melhor profissional do mercado, mas, sim, daquele que se adapta às suas necessidades. Ainda segundo Ramalho, “numa organização, a intenção ideológica é que a dinâmica de grupo atenda a seus objetivos, podendo, assim, ser uma arma perigosa ou uma estratégia poderosa de mudança, dependendo de a quem ela serve, a quais interesses”.

Os responsáveis pela aplicação dessa atividade nas instituições eram principalmente os psicólogos. Hoje, porém, essa prática também é aplicada por pedagogos, assistentes sociais, entre outros educadores ou até mesmo pelos próprios responsáveis pela organização. “Infelizmente, é mais aplicada por profissionais de RH, administradores, gerentes, etc. Embora eu pessoalmente ache que deveriam ser da esfera profissional dos psicólogos”. Além dessa atividade, as organizações utilizam também outras formas de aprofundar ainda mais o conhecimento acerca do indivíduo, como a avaliação psicológica e a entrevista.

Existem, porém, algumas divergências no meio acadêmico quanto ao uso desta técnica por parte dos profissionais de psicologia e de outras áreas. Segundo Ramalho, muitos teóricos enxergam esse uso como uma estratégia tecnicista a serviço da organização. Mas, ainda segundo ela, a técnica pode ser um instrumento útil, quando usado adequadamente. “Acredito que, se a usamos para impor objetivos, definidos a priori, sejam eles quais forem, sem respeitar a soberania do grupo e sem permitir que este guie a direção do processo, sem considerar que um grupo está em eterno devir e nunca poderemos definir ou esgotar suas possibilidades criadoras, aí sim será um instrumento inadequado”, finaliza.

Semana de Psicologia em Aracaju

Para aqueles que têm interesse ou gostariam de saber um pouco mais sobre esse e outros assuntos relacionados à psicologia, foram oficialmente abertos hoje, dia 19, o III Encontro de Psicologia na Universidade Federal de Sergipe e a 9ª Semana de Psicologia da UNIT. Em ambos os encontros, os participantes puderam assistir a conferências, mini-cursos, mesas e sessões de comunicação.

A Semana de Psicologia da UNIT acontece no auditório do bloco B, no campus da Farolândia, enquanto o Encontro de Psicologia da UFS acontece no campus de São Cristóvão, com a participação de convidados como Leôncio Camino (UFPB), Jéferson Souza (UFAL) e Durval Muniz de Albuquerque Jr. (UFRN). Ambos terão duração de 3 dias, encerrando suas atividades na próxima quarta-feira, dia 21.

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Por Júlia da Escóssia

16 maio, 2008

Da origem às origens

Um dos motivos pelos quais o Brasil Colônia não conseguiu a independência cultural e política de sua metrópole foi a ausência de universidades no país. Quase meio século após a criação da primeira universidade brasileira, foi inaugurada em nosso Estado a Universidade Federal de Sergipe (UFS), que comemora 40 anos nessa semana.

Até 1807, data representada historicamente pela transferência da sede da Monarquia Portuguesa para o Brasil, cursar o nível superior implicava passar uma temporada no ‘friozinho’ da Europa. E como ainda acontece nos tempos atuais, uma viagem como essa era financeiramente viável apenas à elite da nação. A historiadora Terezinha Oliva confirma que em Sergipe o quadro foi semelhante.

Percebe-se então que, antes do século XIX em Sergipe, grandes nomes reconhecidos nacionalmente, como Joel Silveira, Sílvio Romero e Tobias Barreto, fizeram cursos e faculdades superiores, nos grandes centros urbanos nacionais. Ressalta-se que ainda não havia um status de universidade, pois a primeira surgiu apenas em 1920. O perfil desses alunos então, era formado por pessoas oriundas de uma classe econômica alta, provenientes do interior, pois Aracaju, fundada em 1855, ainda não possuía status de referência, como cidades mais antigas, a exemplo de Itabaiana, Lagarto, Estância, entre outras.

A UFS surge após as transformações sócio-culturais e o boom econômico e industrial da década de 50. Nesse momento, há uma tomada de consciência por parte de diversos setores da sociedade, tendo como uma das representações desse espírito o Projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).

Logo, em 1968, ano de criação da UFS, já estava definido pela LDB o papel da universidade: estimular o conhecimento dos problemas regionais e nacionais, prestar serviços à comunidade e estabelecer com a mesma uma relação de reciprocidade. É necessário, para isso, que os gestores e docentes conheçam seus alunos, oriundos da comunidade citada, identificando a origem e a realidade sócio-econômica em que vivem, tal como suas carências e perspectivas.

A extensão universitária, por exemplo, é mais uma forma de interação com a sociedade. Esta traz implicações importantes, na medida em que a instituição deixa de ser apenas o lócus privilegiado da construção do olhar de fora sobre as comunidades e torna-se também um lócus observado sobre o qual se projetam olhares de dentro e de fora do seu território.

Perfil estudantil hoje

De acordo com a entrevista concedida pelo reitor da UFS, Josué Modesto dos Passos Subrinho, para o Portal Infonet, o perfil dos estudantes da UFS mudou muito, se comparado ao das primeiras turmas do final da década de 60. Hoje, há mais pessoas de classes baixas, trabalhadores e cidadãos do interior do Estado, na universidade.

Uma análise mais profunda indica, porém, que voltamos às nossas origens. Os cursos mais concorridos e de reconhecido status, como Medicina, Direito, Enfermagem, são freqüentados em sua maioria por indivíduos que tiveram acesso a escolas de qualidade, atualmente representadas pelas instituições particulares. No passado, esses mesmos cursos eram freqüentados pelas mesmas elites, embora provenientes de escolas públicas. O erro do senso-comum atual é pensar a escola pública das décadas que precederam a criação da universidade, sob os moldes do ensino público atual. Não há como negar que os trabalhadores e seus filhos tiveram mais acesso à universidade, principalmente no que se refere aos novos cursos. Porém, é necessário perceber que os antigos cursos continuam a ser freqüentados pelo mesmo perfil sócio-econômico de antes.

Elton Machado, professor de história e ex-estudante da UFS, acredita que a mudança atual no perfil do alunado está ligada à despolitização e alienação completa ao sistema. Estudante na década de 80, hoje ele se preocupa com o fato de discentes estarem ligados a futilidades e não entender, por exemplo, a representatividade e as articulações políticas que existem por detrás da saída do cargo de Ministra do Meio Ambiente, ocupado por Marina Silva.

Então, no aniversário de 40 anos da UFS, os votos de felicitações, sucesso, conscientização política e integração com a comunidade, vão para o alunado!

Por Lidiane Lima



15 maio, 2008

UFS não é área endêmica de dengue, diz especialista

"É muito difícil encontrar Aedes Aegypti nessa época do ano na UFS”, afirma o professor Sócrates Holanda, do Departamento de Farmácia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). O especialista destaca dois principais motivos para sustentar a sua declaração: o fato de a universidade ter uma área verde muito grande, e a questão da época do ano, que não está mais tão propícia para o desenvolvimento do inseto.

De acordo com o professor, que desenvolveu um larvicida contra o mosquito, o Aedes Aegypti é tipicamente urbano. “Só quando há uma grande concentração da espécie nas áreas urbanizadas é que eles migram para o mato”, explica. Além disso, Holanda esclarece que “eles gostam de clima quente e seco”, e por essa razão, a temporada de chuva contribui para uma diminuição considerável dos riscos.

Por outro lado, o especialista alerta que os ovos depositados em água parada podem ficar inertes até o momento adequado para se desenvolverem, e é por isso que, segundo ele, as precauções devem ser tomadas durante todo o ano. “Apesar de em menor quantidade, os mosquitos também se desenvolvem nas outras épocas do ano”, complementa.

Prevenção

O prefeito do campus, José Dias Firmo dos Santos, garante que todas as providências necessárias estão sendo tomadas diariamente para evitar que a epidemia chegue à UFS. “Nós criamos aqui duas equipes de trabalho, uma de manutenção, que cuida de esgotos, reservatórios, limpeza de telhados, ou qualquer lugar que possa conter água estagnada, e uma equipe do pessoal de jardinagem e limpeza, que tem o objetivo de eliminar outros possíveis focos, como copos descartáveis e garrafas”, explica o prefeito.


Além do trabalho rotineiro que está sendo feito, José Dias afirma que a fiscalização por parte dos estudantes, professores e servidores é muito importante. Ele pede que seja comunicada à prefeitura qualquer situação que represente risco de acumular água parada, e garante que quando há esse tipo de denúncia, as medidas são tomadas imediatamente.


A exemplo disso, Dias comenta que recentemente a prefeitura cedeu alguns filtros de piscina aos alunos do curso de Artes Visuais, para a realização de um evento, mas conta que recebeu uma denúncia de que estes materiais estariam acumulando água. “Passamos lá e constatamos realmente que tinha água acumulada, tinha lixo, copos descartáveis, garrafas, e nós pedimos que tomassem uma providência em relação a isso”.


Alex Douglas, coordenador geral e um dos idealizadores do Invasão Visual, por outro lado, afirma que essa denúncia nunca chegou até eles, mas explica que eles já haviam posto vários produtos químicos nesses filtros, justamente para evitar o desenvolvimento de larvas do mosquito.


Como parte do evento, bolsas plásticas também foram amarradas em vários pontos da universidade. Elas foram presas cheias de ar em alguns postes, mas muitas delas já estavam furadas na quinta-feira, 08, quando caiu uma forte chuva na universidade, provocando acúmulo de água em algumas. De acordo com Alex, essas sacolas foram colocadas por um artista que pediu o espaço, e afirma que realmente eles não haviam pensado nessa possibilidade.



O foco das campanhas


Ao caminhar pelo campus, pode-se encontrar facilmente vários exemplos da falta de conscientização dos seus freqüentadores. Além de garrafas e copos descartáveis jogados em vários lugares, a equipe do Contexto conseguiu flagrar também uma pia no banheiro masculino do restaurante universitário, Resun, entupida com papel higiênico, cheia de água.


De acordo com o prefeito do campus, além das medidas que já estão sendo regularmente tomadas pela administração da UFS, a conscientização dos alunos e de todos que freqüentam o espaço é fundamental. Para isso, informa, a universidade está solicitando uma parceria com a Secretaria Estadual da Saúde. “Nós protocolamos uma correspondência e estamos tentando marcar uma audiência com o secretário Rogério Carvalho, ou outro, para que possamos trazer uma equipe e fazer um trabalho de conscientização aqui”, explica.


Dias informa ainda que a Universidade Federal de Sergipe faz parte do comitê estadual de combate à dengue, composto por movimentos sociais e de saúde, inclusive com a presença de um representante do Ministério da Saúde. Com reuniões semanais, o grupo promove ações em bairros ou em locais específicos. “Estamos pensando em programar também uma ação desse comitê, que será mais uma, para tentar fazer um tipo de mutirão dentro do campus”, conclui.


Além desses mutirões oficiais previstos, os alunos do curso de Enfermagem já programaram um evento para ajudar no combate à dengue. A campanha vai ocorrer na próxima sexta-feira, 16, às 10h, na praça da Didática 1.


O Contexto Online tentou entrar em contato com os organizadores para obter mais informações, mas não conseguiu resposta até o fechamento desta matéria.


Por Thiago Rocha
Fotos: Thiago Rocha

13 maio, 2008

Invasão Visual movimenta a UFS

Durante os dias 7, 8 e 9 de maio, ocorreu na UFS a segunda edição da Semana de Invasão Visual. O evento é promovido pelos estudantes do curso de Artes Visuais e tem como objetivo fomentar a arte em suas mais variadas peculiaridades, provocando valores de cultura dentro da mentalidade dos estudantes.

Os sacos pretos espalhados pelas didáticas chamaram a atenção da estudante de psicologia Carmem, que se viu sem saber a razão da exposição. “É interessante, mas não consegui entender qual a razão disto”, explica.

Percorrendo as exposições e as oficinas, pôde-se notar o interesse que vem crescendo dentro da comunidade estudantil sobre a produção de cultura, agregando maior conhecimento e informação àqueles que não têm a oportunidade de gozar de tais produtos, seja nas salas de teatro, galerias de arte ou exposições de artistas renomados.

Para a graduada do curso de Educação Física, Ana Luisa Lago, que ministrou a oficina de Composição Coreográfica, a importância da arte vai além da sua formação como educadora. “Penso em montar um Workshop no futuro”, anima-se. Segundo ela, a resposta dada pelos participantes da oficina ultrapassou as suas expectativas “A arte engloba sua consciência corporal, dança, música, tudo isso”, acrescenta.

As ministrantes também ressaltaram a importância da troca de informações no mundo da arte, pois é um estímulo à produção de conhecimento no ramo, criando possíveis canais de diálogo com outras ciências através de um único propósito: encontrar novos caminhos para o desenvolvimento cultural e artístico.

Impacto

Um dos elementos que chamou a atenção dos que estiveram presentes no evento foi o grande número de atividades oferecidas durante os três dias. A estudante de Psicologia, Vanessa, que estava conhecendo a universidade, elogiou as apresentações musicais e a oficina de Dança Afro. “Muito bom, gostei do movimento da dança e, apesar de estar com pressa, assisti um pouco, foi bem legal”, complementa.

Já o estudante secundarista Adriano Ramos ficou desapontado com algumas coisas que ocorreram durante o evento. “Achei que as exposições não foram legais, faltou organização em algumas partes”, avalia. Muitos alunos demonstraram apatia e certa estranheza com as performances que alguns grupos de teatro exibiram pelas didáticas durante as apresentações.

Entre os alunos, a expectativa maior era com a oficina de Fotografia Digital ministrada pelo fotógrafo Lineu Lins e com as intervenções da Caravana do Circo Arco-Íris pelas didáticas da universidade. “Muito louco aquilo entrando pela sala de aula. Sem igual”, afirmou o estudante de agronomia Eduardo Caudeira. A apresentação teatral do Casal Íris e Colores na Concha Acústica, quase no encerramento, trouxe um momento de riso e descontração, chamando a atenção dos que passavam pelo local.

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Blog do Invasão Visual

Por Rafael Gomes
Fotos: Rafael Gomes

12 maio, 2008

Renascer promove atividades para mães e adolescentes

Fruto da desigualdade social. Retrato do descaso com a juventude. Resultado de uma família desestruturada. Não faltam definições para rotular o que se convencionou chamar de "menor infrator". Mas o fato é que, por trás desse tipo-ideal, existem crianças e adolescentes com seus medos, desejos e necessidades, como qualquer ser humano. Dentre esses sentimentos, também existe a carência de afeto, um em especial: o afeto que apenas uma mãe pode dar.

Na tentativa de suprir essa carência, a Fundação Renascer e o Governo de Sergipe criaram programações especiais nas quatro unidades de medidas sócio-educativas do Estado. No CENAM (Centro de Atendimento ao Menor), USIP (Unidade Sócio-Educativa de Internação Provisória), Unidade Feminina e CASE (Centro de Atenção à Saúde de Sergipe), foram desenvolvidas atividades alusivas ao Dia das Mães, entre os dias 8 e 12 de maio.

CASE

Na Comunidade de Atendimento Sócio-educativo São Francisco de Assis foram realizadas atividades culturais envolvendo as mães dos adolescentes, na tarde do dia 9 de maio. Apresentações de rap, distribuição de presentes, culto religioso e mostra de fotos dos jovens marcaram o dia. "O objetivo é propiciar a todos um momento para homenagear as mães. De forma singela, mas honesta", definiu o tenente Aguiar, diretor da unidade.

O CASE é uma unidade de semi-liberdade. O jovem fica interno, mas tem autorização para ir à escola ou a outras atividades definidas. Nos fins de semana e feriados, pode ficar em casa, se for avaliado de bom comportamento. A instituição recebe adolescentes com progressão de medida sócio-educativa* ou que praticaram ato infracionário considerado leve, como pequenos furtos. Atualmente, existem 27 internos efetivos na unidade. Ainda há 29 jovens com medida suspensa, por não terem regressado das liberações ou por estarem cumprindo medida em outra unidade, como o CENAM.

Para Gutierre Cardoso, psicólogo da unidade, o evento tem sua importância por permitir uma aproximação maior das famílias. "Um dos objetivos da unidade é fortalecer os vínculos com a família, visto que muitos se encontram nessa situação pela falta dessa referência. Muitas vezes, a falta de apoio culmina numa situação problema", explica Cardoso.



Caio César, 18, está no CASE há oito meses, dois a mais que o previamente definido. Gosta de cantar rap. Cantou música do grupo Facção Central em homenagem às mães presentes no dia festivo. "Perdoa, mãe, pelas noites que te deixei sem dormir", um dos versos da canção. Ele não tem contato com o pai há algum tempo, mas diz não sentir falta por ter esse espaço recompensado pela genitora, dona Nadja. "O amor de minha mãe me preenche por completo", ressalta. Quando questionado sobre o futuro, responde: "Deus tem planos para todos. O que eu quero é arranjar um emprego quando sair daqui e levar minha vida adiante". Fala, com os olhos fugidios, que o convívio na unidade é bom, tanto com os colegas quanto com os agentes de segurança. Mas revela com breves palavras que "problemas existem".

V.V.S., 17, veio do CENAM recentemente. Está há apenas dez dias no CASE por ter a medida progredida. Sua mãe não foi ao evento, mas ele não ficou desacompanhado de uma figura materna. A homenageada do dia que o acompanhava era a mãe de sua filhinha, de um ano e dois meses. Segundo ele, a sua situação não decorre da ausência da referência familiar. Diz ainda que não haveria problema nenhum em repetir o tratamento que recebeu de sua família com sua filha. "Quero dar a minha filha o que não tive, felicidade", resume. Mas em momento nenhum agrega a falta de felicidade em sua vida à relação familiar.

Mas nem tudo é tão belo como as flores que ornamentavam o local. É o que afirmam alguns dos jovens. Reclamam do tratamento violento por motivos fúteis que recebem principalmente dos policiais, que dirigem o lugar. "Já levei um 'tapão' por causa de um copo descartável que caiu no chão e eu joguei no lixo. O policial disse que era pra deixar no lugar para a gente beber água nele", revela um deles. Ele ainda afirma que muitos jovens não retornam das liberações por não agüentar esse tratamento.

“Seja lá como for, tenha fé porque até no lixão nasce flor”, canta a sabedoria do gueto dos Racionais MC’s. Não que os espaços de medidas sócio-educativas devam ser comparados a lixões. Mas, de fato, esses jovens precisam de incentivo, agregar autovalor, para, apesar de tudo, enfrentar os desafios que a vida certamente trará.

*Progressão de medida sócio-educativa – Recurso que permite ao juiz da infância prolongar o período de internamento do adolescente em regime de semi-liberdade e, posteriormente, em liberdade assistida.

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CASE

Por Zeca Oliveira
Foto: Zeca Oliveira