13 fevereiro, 2007

RPG: uma maneira de diferenciar o ensino

Momentos de brincadeira sempre ficam guardados nas memórias de infância. Quem não se recorda de alguns papéis como os de “mãe” e “pai” na hora de brincar de “casinha”, ou até mesmo a divisão de personagens para as brincadeiras de “polícia e ladrão”? Acrescente algumas regras e tem-se algo muito próximo de um RPG.

O que é RPG?

A sigla em inglês para Role Playing Game pode ser traduzida livremente para a língua portuguesa como “Jogo de Representação” ou “Jogo de Interpretação de Personagens”. Através da mistura de estratégia com informação, os RPGs podem ser presenciais ou on-line.

RPG pode ser definido como uma história onde são criadas personagens e narrativas guiadas por um conjunto de regras. Cada jogador interpreta uma personagem protagonista; um dos jogadores mais experientes representa o Narrador, também conhecido como Mestre do Jogo, cujo papel é propor uma missão ou aventura para o grupo. O Narrador também controla todos os personagens não-humanos da história – os figurantes, numa analogia com uma peça de teatro.

O que diferencia fundamentalmente os RPGs dos outros jogos é a ausência de vencedores e perdedores. Os jogadores não competem entre si, mas cooperam em busca de vencer os desafios propostos pelo Narrador.

RPG e educação

De acordo com Carlos Klimick, mestre em Design e escritor de RPG há 15 anos, as características de trabalho em grupo de forma cooperativa e interativa, além da capacidade de simulação da realidade, fizeram com que o RPG atraísse a atenção de educadores por facilitar a apreensão de conhecimento através das narrativas.

Klimick foi um dos criadores do RPG “O Desafio dos Bandeirantes” (1992), cuja ambientação baseia-se no folclore brasileiro. Ao ver o sucesso e os resultados obtidos, o designer começou a trabalhar em escolas, juntamente com a esposa, também escritora de jogos, Eliane Bettocchi. Segundo Klimick, a forma expositiva comum e o uso do RPG se complementam. Porém, em sua opinião, “um erro comum é o de tentar usar, sem adaptação alguma, o RPG comercial para fins didáticos. Ele deve ser utilizado dentro da postura pedagógica, em parceria com professores e coordenação”.

Outro trabalho de destaque de Klimick foi “Uma Aventura no Zôo”, um projeto iniciado em 2002 com o objetivo de auxiliar o aprendizado de crianças surdas. A criação foi produto de sua pesquisa junto ao Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines).

RPG em Sergipe

O RPG conta com a fidelidade de dezenas de sergipanos. Segundo Anderson Santos, um dos organizadores do Dia D RPG Brasil, os jogadores dividem-se em grupos, geralmente formados por amigos. As aventuras são “mestradas” na casa ou na garagem de um dos jogadores.

Sobre a relação entre RPG e o ensino, Santos defende a idéia de que é necessário que se faça um estudo de referencial para a produção dos textos, da arte e da confecção do material do jogo – fontes histórico-geográficas, desenhos das personagens, tabuleiros, mapas, ambientação etc.

Anderson Santos afirma que existem vários projetos sendo desenvolvidos por alunos e professores para usar RPGs como forma de ensino. Como exemplo, cita Danilo Lemos Batista, professor substituto do Departamento de Matemática (DMA) da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que apresentou recentemente um projeto para a utilização de RPG em aulas de Matemática, tanto nas universidades como nas escolas.

Dia D RPG Brasil

Nos dias 10 e 11 de março acontecerá o Dia D RPG Brasil. O evento será realizado simultaneamente em 20 cidades. Em Aracaju, o Sesc Centro será o ponto de encontro dos aficionados e curiosos. A entrada é franca.

De acordo com Anderson Santos, o Dia D contará com atividades relacionadas ao RPG, exibições de animes e vídeos originais, torneio oficial de card games, concursos diversos, oficinas de desenhos, venda de quadrinhos etc.

Por Gracielle Nunes
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