19 junho, 2007

O rio da discórdia

Início das obras de transposição do Rio São Francisco aquece polêmica




Depois de debates públicos, discussões apaixonadas via TV, greves de fome, diversos protestos, textos e livros publicados, foram iniciadas as obras do polêmico projeto de transposição das águas do Rio São Francisco. O projeto posto em ação circulou no Congresso por mais de 20 anos. Mas a idéia central de transferir água para o semi-árido remonta ao reinado de Dom Pedro II. De lá até a chegada dos 50 militares do 2º Batalhão de Engenharia do Exército em Cabrobó (PE), no dia 4 de junho, muito se discutiu. E, pela quantidade de argumentos expostos por apoiadores e opositores ao projeto, a polêmica ainda persistirá.

Melhor alternativa

A transposição do São Francisco é um projeto de uso múltiplo das águas, ou seja, o volume desviado será aproveitado para diversas atividades. Mas segundo material disponibilizado no site do Ministério da Integração Nacional, a principal atribuição dos canais será a de atender a população das regiões do semi-árido nordestino que sofre com o problema da seca. Como é o caso das populações dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba que não dispõem, em seu território, de uma fonte permanente de água, isto é, que não possuem rios perenes, como é o caso do São Francisco. O governo federal estima que mais de 300 municípios e cerca de 12 milhões de pessoas serão beneficiadas com a canalização das águas do rio.

O processo de abastecimento de rios temporários é visto pelos defensores do projeto como o melhor meio para amenizar a seca nordestina. Poços, açudes e cisternas, medidas já utilizadas para combater a falta de chuvas, são tidas por insuficientes e de caráter temporário para grandes áreas. “[As cisternas] são uma alternativa interessante para moradores de localidades longínquas, onde não passam adutoras. Mas não se pode pensar nessa solução para atender, por exemplo, uma cidade como Campina Grande, que tem 400 mil habitantes”, argumenta Pedro Brito, um dos coordenadores gerais do projeto, na página dedicada à transposição.

Entretanto, um dos argumentos mais recorrentes entre aqueles que se opõem à obra está relacionado à revitalização: as obras de transposição estariam sendo realizadas em detrimento da necessária preservação do rio. Mas segundo o superintendente da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF), Antônio Viana, o processo de revitalização já está em curso, tendo, inclusive, sido iniciado no estado de Sergipe em 2006 no município de Neópolis. Viana também informa que serão investidos R$15 milhões em um projeto de esgotamento sanitário que será discutido brevemente em 19 municípios situados na calha do Rio São Francisco. O superintendente não vê problema na simultaneidade dos projetos de revitalização e transposição, mas faz adendos. “Ambos podem ser realizados ao mesmo tempo, mas dependerá da ênfase que o governo dará a cada um deles”, diz. “Revitalizar não é só obra de engenharia, mas também de educação. Não adiantará nada se a sociedade não mudar o comportamento em relação ao rio”, explica Antônio Viana.

Adequação ao Ambiente


Esmeralda Bezerra é bióloga e reside em Paulo Afonso, município baiano cortado pelo São Francisco e cercado pelas barragens de uma usina hidrelétrica. Sua criação sertaneja a fez conviver com açudes e cisternas e a argumentar em favor destas medidas como alternativas menos onerosas à transposição. “As águas de uma cisterna chegam a durar quatro anos”, afirma a bióloga. Para ela, dois dos argumentos utilizados pelo governo contra as cisternas, como a contaminação recorrente e falta de chuvas, são discutíveis. Isto porque, para a resolução do primeiro problema, bastariam medidas sanitárias simples e educação rural. Para o segundo, a solução estaria em uma experiência internacional: “no deserto de Atacama (Chile), onde chove menos da metade que no semi-árido nordestino, foi desenvolvido um sistema que preserva a água da evaporação”, cita Bezerra.

Segundo textos publicados no site do Ministério da Integração Nacional, o volume de água despejado pelo São Francisco no mar é visto como um excedente. A bióloga também discorda desse argumento. “A água doce do rio equilibra a salinização do oceano, possibilitando a reprodução de várias espécies”, defende. Segundo Bezerra, uma alteração no volume de águas, por mínima que seja, provocará um desequilíbrio tal na constituição da água do mar que comprometerá o ciclo reprodutivo de diversos organismos. Para ela, medidas locais, como açudes, poços e cisternas, são mais eficientes, uma vez que são mais baratas e não causam tantos danos ambientais. “O homem quer adequar o ambiente a ele, quando na verdade ele é que deveria se adequar ao ambiente”, sentencia.

Oposição

O geógrafo e pesquisador de desenvolvimento regional pela UFPE Sérgio Malta também reside em Paulo Afonso. Lá, participou de diversas reuniões sobre a transposição e coordenou o Comitê Local de Bacias Hidrográficas. Sua oposição ao projeto perpassa diversos aspectos, mas o primeiro para o qual chama atenção é o político. “Está claro que esse projeto servirá para expandir os interesses de grandes empreiteiras, que irão abocanhar uma fatia significativa de investimentos”, acusa Malta. O geógrafo também lembra que os R$5 bilhões que serão investidos na transposição serão levantados junto ao Banco Mundial e investidores internacionais. “A transposição reforçará ainda mais o endividamento externo do país”, adverte Sérgio Malta.

Para prosseguir sua argumentação, o pesquisador começou a folhear um calhamaço preso a clip. Tratava-se do Relatório de Impacto Ambiental encomendado pelo próprio governo federal a fim de enumerar prováveis conseqüências da transposição. Nesse documento, estão registradas e detalhadas 44 alterações no meio-ambiente. Relata-se que, além de provocar desequilíbrio na fauna terrestre e aquática, a transposição trará sérias conseqüências para o solo da região. Malta ressalta que, como a construção de canais mexe com a dinâmica do solo, as obras intensificarão ainda mais o processo de desertificação do semi-árido.

Um dos opositores da transposição, o pesquisador João Suassuna, sugeriu, há cerca de quatro anos, a realização de um projeto quase 10 vezes mais barato que o do governo federal: a integração das bacias Tocantins/São Francisco. Segundo o estudioso, a transposição foi planejada com a ânsia de se querer levar água a qualquer custo, sem uma preocupação com a necessária averiguação das reais possibilidades das fontes supridoras.

A despeito da polêmica, as obras prosseguem. Entusiastas e opositores terão até 2010 – data estimada para o término das obras – para comprovar, ou não, seus argumentos.


Por Igor Matheus

Infográfico sobre a transposição do São Francisco



Fonte: Agência Brasil

Links relacionados:

Ministério da Integração Nacional

Fundação Joaquim Nabuco

Fotografia: Igor Matheus

18 junho, 2007

Estudantes da UFS decidem paralisar suas atividades

Os estudantes do campus de São Cristóvão da Universidade Federal de Sergipe decidiram pela paralisação de suas atividades na quinta-feira, 14 de junho de 2007. A decisão foi tomada depois de duas assembléias, organizadas pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), que contou com a presença de mais de 1700 alunos. Nos encontros, os estudantes puderam explanar seus argumentos a favor e contra a greve dos servidores e ainda discutir pautas próprias de reivindicações. A decisão pela paralisação foi tomada por meio de votação, em que se contabilizaram 1112 votos a favor, 512 contra e 91 favoráveis apenas a uma mobilização.

O principal motivo para os alunos se mobilizarem foi a interrupção de diversos serviços da instituição em decorrência da greve dos servidores técnico-administrativos, iniciada em 28 de maio de 2007. Desde então, os estudantes estão sendo prejudicados com a suspensão de serviços essenciais, como os oferecidos pela Biblioteca Central (Bicen), pelo Restaurante Universitário (Resun) e pelos laboratórios.

“A posição do DCE é de compreensão em relação aos servidores. Entendemos que a greve deles tem um pano de fundo muito maior do que puramente a questão salarial”, esclarece o secretário geral do diretório, Danilo de Santana. Na avaliação dele, a greve dos servidores é uma ação justa e importante porque abrange uma série de pautas que não envolve tão somente o servidor, mas os professores, alunos e a sociedade como todo.

Segundo a estudante de Farmácia, Diana Graziele dos Santos, a greve serve como instrumento de mobilização e de luta por uma maior qualidade de ensino na universidade. Para Diana, o pensamento de que a greve atrapalha a formação acadêmica é extremamente limitado e individualista. Entretanto, para Magson Melo, estudante do curso de Direito, a atual conjuntura não propicia uma greve de estudantes. Melo aponta que os maiores prejudicados serão os próprios alunos. “Talvez pela imaturidade muitos acabam por não perceber as graves conseqüências que a greve traz, e se tornam massa de manobra de servidores e professores que não se importam com os dilemas que os estudantes enfrentam no cotidiano acadêmico”, avalia o estudante.

Serviços paralisados

No dia 29 de maio, o reitor da UFS, Josué Modesto dos Passos Sobrinho, enviou um ofício ao Sindicato dos Trabalhadores da UFS (Sintufs), requerendo a manutenção dos serviços essenciais para a instituição. No documento, o reitor solicitou que a categoria adotasse um posicionamento diferente frente às atividades do Hospital Universitário (HU), do Restaurante Universitário (Resun) e da Biblioteca Central (Bicen). No entanto, o comando de greve, que avaliou o ofício como um instrumento de pressão do reitor sobre o movimento grevista, manteve o funcionamento de apenas 30% do Hospital Universitário e a paralisação dos outros setores.

Sobre o assunto, o reitor salienta a preocupação para com a situação dos estudantes, sobretudo a dos carentes, que não possuem alternativas, e que dependem dos serviços essenciais. “Não estou querendo pressionar o movimento grevista, reconheço a legitimidade, a autonomia e a independência dos organismos sindicais. A questão é saber qual o limite disso. Se ele não compromete os direitos individuais e coletivos”, avalia Modesto.

O servidor técnico-administrativo, Luís Roberto dos Santos Perreira, apesar de manter receios em relação à greve, entende que a categoria deve mobilizar-se. “Eu particularmente não tenho acompanhado as assembléias. Contudo, no meu setor, estamos respeitando a paralisação. O que temos feito é apenas a limpeza e a manutenção de alguns serviços internos, mas que não interferem no nosso direito de paralisação, já que não estamos desempenhando qualquer serviço externo”, explica o técnico.

Os servidores

A greve realizada pelos mais de 1500 servidores da UFS não é uma manifestação isolada. Ela está inserida dentro de um movimento nacional formado por mais de 40 universidades federais, lideradas pela Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra).

De acordo com Josailton Nery, Presidente do Sintufs, a pauta de reivindicações é: a implantação do plano de carreira dos servidores; a defesa de mais verbas para a educação e a saúde; a defesa dos HUs públicos; a definição de uma política salarial com negociação coletiva e a retirada do Projeto de Lei Complementar 01/2007, incluído no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), que limita despesas de pessoal. Além disso, os servidores reivindicam a garantia de recursos para o Plano de Assistência à Saúde dos servidores; o aprimoramento, evolução e consolidação da carreira instituída pela Lei 11.091; a defesa do direito de greve contra as restrições ao seu exercício e a manutenção do veto à emenda 03.

Os professores

Até o momento, não há indicativo de greve dos professores da UFS. Segundo a presidente em exercício da Associação dos Docentes da UFS (Adufs), Nélia Oliveira, a categoria está aguardando o posicionamento do sindicato nacional, que começa a discutir e negociar com o governo federal suas reivindicações.

Oliveira relata que o foco da campanha é a questão salarial: “estamos caminhando para mais de um ano sem reajuste. Temos professores substitutos com nível de graduação que ganham menos que um servidor de nível médio. Isso tem se perpetuado, e não estamos mais concordando com isso”. A presidente em exercício explica ainda que, nesse momento, há uma necessidade de que a campanha salarial envolva o plano de carreira para o magistério superior.

Por Taís Olivia
tasluas@yahoo.com.br

Fotografia: Taís Olivia/Blog do Contexto

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Pac

Fasubra

Adufs

14 junho, 2007

Secretário de Estado da Saúde fala sobre o novo modelo de saúde pública em Sergipe


A Secretaria de Estado da Saúde (SES) de Sergipe apresentou, no final do mês de maio, as medidas que serão tomadas para a composição do novo modelo de saúde pública no estado. O evento aconteceu no Centro de Convenções de Aracaju e contou com a presença de mais de 40 prefeitos sergipanos.

Para entender o funcionamento desse novo modelo, o Blog do Contexto entrevistou o secretário Rogério Carvalho. Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e doutor em Saúde Pública pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Carvalho também exerceu o cargo de secretário municipal de Saúde de Aracaju e foi pesquisador da Comissão Nacional de Avaliação de Ensino Médico.

Contexto: Em que consiste esse novo modelo de saúde pública em Sergipe?
Rogério Carvalho: Consiste numa reforma sanitária estadual. Foi apresentado um conjunto de medidas voltadas para a redefinição da institucionalidade da saúde e, obviamente, nesse pacote está a reforma administrativa da Secretaria. Essa é a primeira etapa que compõe o projeto de reforma sanitária. Na seqüência, foram apresentadas as políticas como: Saúde da Família, Atenção Laboratorial Especializada, Atenção Hospitalar, Atenção Urgência-Emergência, Atenção Psicossocial. Além disso, num terceiro momento, o Governo apresentou sua política de promoção à saúde. O governador anunciou também os investimentos iniciais para fazer essa reforma sanitária, apresentando uma proposta de custeio para os hospitais de Aracaju, como o Cirurgia, o São José e o Santa Isabel, no valor de R$ 19,2 milhões ao ano.

Contexto: Quais serão as mudanças imediatas na saúde em Sergipe com a implantação desse novo modelo?
Rogério Carvalho: Mudanças ocorrem paulatinamente. Nós temos um ponto de partida, mas temos uma viagem inteira para se chegar até a mudança. A mudança ainda está a alguns anos de onde estamos e isto significa uma caminhada na execução de todos esses investimentos, na implantação de todas as mudanças institucionais a fim de que se mude, de fato, o resultado da ação do Estado. Dessa forma, uma mudança imediata ocorreu dia 22 de maio, quando foi apresentada a nova reorganização do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). No que diz respeito aos hospitais regionais, em vez de terceirizá-los, montaremos uma Fundação responsável pelo gerenciamento desse setor, o que demonstra um Estado portador de inteligência gestora, a qual foi abandonada e negligenciada ao longo dos últimos anos.

Contexto: Existem parcerias para o financiamento desse novo modelo de saúde?
Rogério Carvalho: Já fiz uma reunião com o Secretário de Assistência à Saúde e combinamos o escopo da parceria com o Ministério da Saúde. Isso deve facilitar a viabilização de todo esse projeto, que requer investimentos na ordem de R$ 150 milhões.

Contexto: De acordo com o que foi divulgado pela Secretaria de Estado da Comunicação (Secom), será implantada uma nova política de promoção de saúde do Governo. Como ela funcionará especificamente? Quais são as áreas e as prioridades?
Rogério Carvalho: Quando se refere à saúde, fica difícil trabalhar com prioridades, porque tudo é prioridade. Estamos tratando da vida, mas vamos focar em alguns grupos mais vulneráveis, como as mulheres, crianças, adolescentes e idosos. Nós ainda não apresentamos a política do idoso porque a ação só poderá ser executada no ano que vem devido à necessidade de articular uma ação pré-existente com outras mais recentes. Com relação à área da mulher, iremos despersonalizar a ação de promoção à saúde. Isso significa que vamos ter campanhas de detecção de câncer de colo de útero, de mama, revisão da situação de planejamento familiar das mulheres, não como uma ação de troca política, mas como uma ação de política de promoção onde o foco será o cliente-cidadão. Essas ações serão feitas em conjunto com os municípios, através de capacitação do pessoal e de repasses de recursos financeiros. A idéia é atingir toda a população de mulheres de 25 a 60 anos, crianças de um a nove anos e adolescente de 10 a 20 anos.

Contexto: Divulgou-se na mídia que um dos convênios será realizado junto ao Hospital Universitário (HU). Como isso irá acontecer?
Rogério Carvalho: Estamos repassando pessoal e equipamentos para o funcionamento da unidade de cirurgia bariátrica [redução do estômago com fins de recuperação do peso ideal] e para as enfermarias de infectologia e pneumologia. Também estamos custeando oito bolsas de residência médica no HU, num valor total de R$ 183 mil ao ano. Além disso, há um investimento de R$ 50 mil para a instalação de equipamentos no novo prédio de apoio diagnóstico.

Contexto: Sergipe foi o segundo estado brasileiro a possuir uma cobertura do Serviço Móvel de Urgência (Samu), instalado na gestão anterior. O que o Samu terá de novidade com o atual Governo?
Rogério Carvalho: Ele não foi instalado como Samu de cobertura estadual no governo anterior. Isso foi consolidado a partir da atual gestão, certo?! O que tem de novidade? Tudo! O Samu foi concebido num esquema semelhante ao das regiões metropolitanas. Nós mudamos e construímos um conceito de Samu estadual de verdade, no qual se definiu a centralização das operações sob a responsabilidade do governo estadual. O Samu vai agir em raios limitados, ou seja, as ambulâncias de suporte básico e de suporte avançado ficarão no centro de um raio de atuação de forma a diminuir o deslocamento, mas sob um sistema de controle centralizado, com três bases reguladoras independentes. O atual governo reconfigurou o Samu estadual e aumentou a frota de veículos de 21 para 50 unidades, inclusive para se prestar atendimento na zona rural.

Contexto: Quais providências serão tomadas para resolver o problema da concentração de pacientes no Hospital de Urgência de Sergipe Governador João Alves Filho (HUSE)?
Rogério Carvalho: Tudo isso é folclore. A verdade é que os hospitais regionais não têm condições e jamais irão substituir o papel do HUSE. Existe uma superlotação decorrente da baixa resolutividade dos hospitais regionais e vamos trabalhar para que eles segurem parte da demanda. Mas a demanda que obstrui e que impede o bom funcionamento do HUSE não é essa, e sim a específica. São os pacientes mais graves que o HUSE não tem capacidade instalada para suportar. Assim, serão várias as medidas a serem tomadas. A primeira é investir na rede hospitalar de Aracaju, contribuindo com o custeio da rede no valor de R$ 1,6 milhão ao mês; a segunda é investir nos hospitais Santa Isabel, São José e Cirurgia, além dos dois hospitais municipais de Aracaju com a finalidade de aumentar a capacidade de absorção por parte desses hospitais daqueles casos que tiveram tratamento inicial no João Alves e que, a partir de então, precisam de tratamento especializado. Outra medida é a construção de dois hospitais regionais e reforma e ampliação de outros dez hospitais de menor porte no interior do Estado. Está programado um investimento inicial de R$ 10 milhões em equipamentos, mais R$ 4,5 milhões, aproximadamente, na obra de construção do Pronto-Socorro, a construção do Hospital do Câncer e a retirada do setor de pneumologia do Hospital João Alves (HUSE), que está sendo transferido para o Hospital Universitário (HU).

Contexto: Enquanto especialista e atual secretário, qual seria o modelo ideal de saúde pública e o que o senhor pretende atingir?
Rogério Carvalho: Essa pergunta é de difícil resposta porque o modelo ideal de saúde pública é aquele em que nós conseguimos garantir o acesso a todas as pessoas, ou seja, ter eficiência máxima. Atualmente nós temos objetivos e algumas metas de forma a tornar o sistema de saúde estadual capaz de atender às principais demandas da população com eqüidade, respeitando e garantindo o acesso a quem precisa.

Por Grazielle Matos

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Foto: Márcio Garcez/Saúde

13 junho, 2007

Projeto “De Olho no Ambiente” estimula ações em prol da preservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável


Desenvolvido pela Petrobras, o projeto “De Olho no Ambiente” tem por objetivo capacitar cidadãos para a organização e mobilização de suas comunidades em ações de elaboração, apoio e acompanhamento de Agendas 21 Locais. A iniciativa busca, sobretudo, conscientizar a população local sobre questões referentes à preservação do meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável.

Ao todo, estão sendo assistidas 400 localidades, em sua maioria, situadas nas proximidades das áreas do território brasileiro em que a estatal mantém atividades. Em Sergipe, existem atualmente 34 pólos de trabalho, distribuídos entre 24 municípios. No estado, a primeira fase do “De Olho no Ambiente” aconteceu em janeiro de 2004, quando instituições públicas e privadas abraçaram a causa, se organizaram e promoveram, na Orla de Aracaju, uma série de atividades, como exposições e oficinas, acerca de questões ambientais e geração de renda.

Com a coordenação técnica da ONG Sociedade Semear, a segunda e última fase do projeto, iniciada em agosto de 2006, será concretizada no próximo dia 16, quando as comunidades locais envolvidas deverão apresentar suas respectivas Agendas 21.

Os municípios sergipanos que participam do projeto “De Olho no Ambiente” são: Aracaju, Barra dos Coqueiros, Carmópolis, Divina Pastora, Estância, Itabaiana, Itaporanga D´Ajuda, Japaratuba, Japoatã, Lagarto, Laranjeiras, Nossa Senhora de Lourdes, Maruim, Monte Alegre, Pirambu, Poço Redondo, Poço Verde, Porto da Folha, Propriá, Riachuelo, Santana do São Francisco, Santo Amaro das Brotas, São Cristóvão e Siriri.

Etapa atual

Atualmente a Petrobras está realizando, um a um, os fóruns nas localidades sergipanas envolvidas. “Neles apresentamos a demanda da comunidade e avaliamos se as pessoas querem incluir ou retirar algo, para que validemos essas Agendas”, explica Maria das Graças, ao tempo em que também informa que, nas cidades onde os fóruns já foram realizados, as comissões já estão trabalhando.

Divina Pastora segue esse exemplo. O município, que recebeu o fórum há cerca de um mês, está implementando ações em beneficio de pessoas carentes. “Logo no início conseguimos uma parceria que vem ajudando no combate à esquistossomose por lá. Foi um estímulo porque eles logo viram resultados”, comemora a representante da ONG Semear, Yzila Maia de Araújo, responsável pela parte técnica na região.

Para a diretora de meio ambiente da ONG Semear, Danielle Dutra, o projeto “De Olho no Ambiente” pode ser considerado um sucesso além das expectativas. “De todas, apenas uma comunidade não se engajou. As demais estão bastante envolvidas”, ressalta. Conforme Dutra, o diferencial deste Projeto está em seu procedimento, que não visa apenas identificar os problemas, mas também buscar soluções.

Encerramento das atividades

Assim que os 34 pólos sergipanos estiverem colocando em prática as orientações de suas Agendas 21, a organização do projeto pretende imprimir o material produzido e organizar um evento envolvendo autoridades e comunidade. Na ocasião os prefeitos dos 24 municípios participantes receberão em mãos os documentos com solicitações de melhorias nas comunidades.

Participam também nas atividades de gestão, planejamento e aplicação do projeto, o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério das Cidades e a Fundação José Pelúcio – ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


Agenda 21

A ‘Agenda 21’ é uma das principais determinações presentes na Carta da Terra, documento oficial da ECO-92, realizada no Rio de Janeiro. Nesse evento, representantes de 175 países reuniram-se para buscar meios de conciliar o desenvolvimento sócio econômico e industrial com a conservação e proteção dos ecossistemas.

Conforme a apresentação feita às comunidades no lançamento do Projeto, a Agenda 21 pode ser definida como “um instrumento de planejamento de políticas públicas, que envolve sociedade e governos no processo de consulta sobre os problemas ambientais, sociais e econômicos locais e no debate sobre soluções para estes problemas”. Ou seja, por meio dela, os moradores de cada pólo escolhido irão definir as frentes de ação do poder público na vizinhança, sempre com foco no bem comum.

“É uma Agenda de compromissos. Estimulamos uma construção coletiva, onde todos são co-responsáveis pelo processo, pois uma comunidade organizada tem muito mais condições de obter resultados positivos”, ressalta Maria das Graças Amaral do Prado, coordenadora do “De Olho no Ambiente” em Sergipe e funcionária da Petrobras.

Antes de chegar à Agenda 21 Local, cada comunidade deve cumprir previamente cinco etapas: a sensibilização, na qual as pessoas conhecem o Projeto; a pesquisa de campo, que encarrega agentes técnicos de apurarem o perfil sócio-econômico e ambiental do local; a etapa do diagnóstico sócio-ambiental, que é construído com os resultados da pesquisa de campo; as reuniões temáticas, responsáveis por apontar quatro eixos temáticos a serem melhorados – como, por exemplo, emprego, saúde, moradia e saneamento básico; e o fórum da Agenda 21 Local, cuja intenção é fazer uma assembléia geral e avaliar as propostas.

Após a definição da Agenda 21, os moradores apontam dois representantes para cada um dos eixos selecionados nas reuniões temáticas. Os representantes formarão uma comissão que ficará responsável pela busca de parcerias para a realização das ações que a comunidade definiu como prioritárias.

Por Hádam Lima

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Agenda 21

06 junho, 2007

Sergipe sediará Campeonato Norte/Nordeste de Pólo Aquático


De 07 a 10 de junho, o Parque Aquático “Zé Peixe”, localizado em Aracaju, será o palco das competições do Campeonato Norte/Nordeste de Pólo Aquático categoria sub-18. O evento será promovido pela Federação Aquática de Sergipe (Fase) e contará com a participação de clubes de outros cinco estados, além do anfitrião: Amazonas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco.

“A nossa intenção é resgatar o pólo aquático”, comenta o presidente da Fase, Márcio Porto. Segundo ele, o principal objetivo da competição é movimentar o esporte, que estava esquecido não só em Sergipe, mas também nos demais estados da região Nordeste. Além disso, Porto espera que a competição sirva como uma alavanca de divulgação do pólo aquático e atraia novos praticantes.

A iniciativa para a organização do campeonato partiu de alguns amantes do esporte em Sergipe, entre eles o diretor de pólo aquático da Fase, Manuel Pipoka. Impulsionado pelo sucesso da I Copa Caju de Pólo Aquático, que aconteceu em 2006, Pipoka formalizou um pedido junto à Confederação Brasileira de Esportes Aquáticos (CBDA), que foi prontamente atendido. A partir de então, a comissão organizou todos os preparativos e mobilizou-se para divulgar o evento junto a possíveis clubes participantes.

Sergipe será representado pela equipe H2O, treinada pelo técnico Fernando Gaúcho. Formado há cerca de seis meses, o time é uma seleção dos melhores jogadores dos campeonatos escolares do estado. Apesar de ser uma equipe jovem e recém-formada, a H20 espera alcançar bons resultados na competição, principalmente por conta do trabalho desenvolvido nos treinamentos.

Para o atleta Antônio Yuri, conhecido como Tonhão, a competição será uma ótima oportunidade para mostrar tudo aquilo que ele e seus companheiros de time vêm desempenhando durante os treinamentos. “Nosso objetivo é mostrar todo o nosso potencial. Se por acaso não ganharmos, ao menos representaremos bem o nosso Estado”, afirma Yuri, que pratica o esporte há dois anos.

O assessor técnico da H2O, Cláudio Maynart, encara o torneio como uma ótima oportunidade para a interação entre os clubes participantes. Apesar de compreender o favoritismo da equipe do Amazonas, Maynart acredita que a troca de experiências servirá para o aprimoramento técnico e fortalecimento do esporte.

Apoio

Para a organização do campeonato, a Federação Aquática de Sergipe contou com o apoio da Secretaria de Estado do Esporte e do Lazer, que irá ceder o espaço do Ginásio Constâncio Vieira para o alojamento dos atletas. No entanto, o presidente da Fase, Márcio Porto, afirma que ainda existem muitas dificuldades para a obtenção de patrocínios. “Sergipe é um estado em que o pólo aquático está ressurgindo e segue em busca de patrocinadores para viabilizar disputas em competições de nível nacional”, completa. Porto também acredita que a chegada desses investimentos dependerá da organização de mais eventos com resultados observáveis.

Outros eventos

Aproveitando o campeonato Norte/Nordeste, a Fase também realizará um curso de arbitragem de pólo aquático com Roberto Cabral, integrante do quadro da Federação Internacional de Natação (Fina).

No dia 16 de junho, o Parque Aquático “Zé Peixe” receberá uma maratona festiva para a confraternização dos praticantes de pólo aquático e fechamento das atividades do primeiro semestre de 2007. Serão oito horas do esporte, começando às 9h e com fim às 17h.

A modalidade

O pólo aquático foi inventado oficialmente na Europa do final do século XIX. Até então, o jogo era denominado de rúgbi aquático. O futebol e o pólo aquático foram os primeiros esportes coletivos oficiais a integrarem as olimpíadas dos tempos modernos. Daqueles tempos para cá, a modalidade já passou por várias adaptações até chegar a sua forma atual.

Atualmente, a disputa é feita por sete jogadores, incluindo o goleiro. No jogo, os atletas dispõem de 30 segundos para realizar as jogadas. A bola não pode ser segurada com as duas mãos juntas por qualquer jogador, exceto o goleiro. Nenhum jogador pode afundar a bola ou apoiar-se no fundo ou bordas da piscina.

As dimensões das piscinas são de 30m x 20m para o masculino e 25m x 17m para as mulheres. O gol é representado por uma baliza de 3m x 90cm acima da superfície da água. As partidas são de quatro tempos de sete minutos cada, com intervalos de dois minutos entre cada etapa. O pólo aquático também possui cobranças de escanteio, pênalti e falta.

Por Taís Olívia

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05 junho, 2007

UFS abre inscrições para vestibular de cursos à distância

Entre os dias 04 e 15 de junho de 2007, estarão abertas as inscrições para o primeiro processo seletivo do programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), realizado pelo Centro de Ensino à Distância (Cesad), da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Os interessados deverão pagar uma taxa de inscrição de R$ 40,00 nos pontos de atendimento do Banco Popular do Brasil ou nas agências do Banco do Brasil dos municípios onde estão sendo implantados os pólos de ensino.

A UAB foi criada pelo Governo Federal, através do Ministério da Educação, com o objetivo de permitir que pessoas tenham acesso ao ensino público de qualidade, mesmo sem poder estar presente no campus universitário.

Areia Branca, Brejo Grande, Japaratuba, Laranjeiras, Poço Verde, Arauá, Porto da Folha, São Domingos e Estância serão as primeiras cidades-pólo a receber o programa de ensino à distância da UFS.

Cursos ofertados e provas

O programa ofertará 2.250 vagas, distribuídas entre os cursos de licenciatura em Matemática, História, Letras Português, Geografia, Física, Química e Ciências Biológicas. Metade das vagas será destinada a professores da rede pública, e a outra metade àqueles que concluíram apenas o ensino médio.

As provas de seleção serão realizadas no dia 22 de julho nos pólos de ensino. O conteúdo programático cobrado é o mesmo do vestibular tradicional da UFS. Entretanto, as questões serão de múltipla escolha e valerão dois pontos cada.

Didática de ensino

Segundo a professora Lílian França, diretora do Cesad, os cursos ministrados à distância contarão com os mesmos professores e conteúdo dos cursos da universidade. A diferença, explica França, é a didática de ensino, que consistirá em material impresso e suporte na internet.

Não haverá necessidade de o aluno possuir internet em casa, pois as aulas já estarão no material impresso. O uso do conteúdo da rede é opcional, e haverá computadores nos pólos, onde os alunos poderão ter contato com o suporte virtual.

Segundo o professor Jean Fábio, responsável pela mídia digital do site do Cesad, o suporte virtual contará com objetos didáticos complementares ao assunto do material impresso. Estes objetos são as interfaces gráficas, com imagens e vídeos através dos quais o aluno interagirá com o conteúdo proposto. Jean Fábio conta que, para cada curso, haverá uma abertura interativa do programa de ensino com elementos visuais que estimulem o aprendizado.

Por Adrine Cabral
adrine.cabral@gmail.com

Para mais informações acesse:
Edital
Cesad
UAB
UFS

23 maio, 2007

Semana Estadual Antidrogas informa e conscientiza sergipanos


A Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) promove, desde 1999, a Semana Nacional Antidrogas no período que vai de 19 a 26 de junho. Esta data foi escolhida porque o dia 19 marca a data de criação da Secretaria e o dia 26 é o Dia Internacional da Luta contra o Uso Indevido e o Tráfico de Drogas. Todos os estados brasileiros tentam acompanhar a programação da SENAD através da realização da Semana Estadual Antidrogas. Em Sergipe, devido aos festejos juninos, a edição 2007 da Semana acontece entre os dias 21 e 25 de maio e é organizada pelo Conselho Estadual de Entorpecentes (Conen).

Dentre as programações da Semana Estadual Antidrogas, encontra-se a III Caminhada pela Valorização da Vida e o II Seminário Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas. Segundo Regina Souza Grilo, secretária executiva do Conen, a Semana é uma atividade de prevenção e não de repressão: “o nosso objetivo é fazer a prevenção através da informação e, por meio desta, a comunidade poderá obter mais conhecimento a respeito das drogas lícitas e ilícitas e, a partir daí, poderá fazer sua opção”.

O Conen, criado há 24 anos, é um órgão da Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc), cuja finalidade é propor uma Política Estadual Antidrogas, bem como elaborar planos, coordenar, controlar e fiscalizar as atividades relacionadas ao tráfico e ao uso de entorpecentes em Sergipe. É formado por 13 Conselheiros representantes de 13 instituições, das quais 12 são governamentais – a exemplo da Secretaria de Segurança Pública (SSP), da Secretaria de Estado da Educação (SEED) e do Ministério Público (MP) – e uma não-governamental, a Maçonaria.

Debate Público sobre Drogas

O II Seminário Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas, que acontecerá no auditório do edifício Walter Franco do Ministério Público nos dias 23 e 24 de maio, é um momento de debate e de divulgação de informações sobre temas referentes ao uso e ao tráfico de entorpecentes. “Esta é uma oportunidade de reunirmos desde donas de casa a universitários, conselheiros tutelares, advogados, profissionais diretamente ligados à questão; é um momento de expor e de ouvir idéias”, afirma a secretária executiva do Conen, Regina Grilo.

A inscrição no seminário é gratuita. As vagas são limitadas mas abertas a toda população sergipana. Estarão presentes palestrantes provenientes de diversas instituições e de diferentes áreas profissionais, que falarão tanto do uso das drogas ilícitas quanto do das lícitas. Regina Grilo diz haver uma grande preocupação com relação às drogas lícitas, principalmente o álcool, que mais é a mais frequentemente consumida de forma excessiva, mesmo por menores de 18 anos. “Esses jovens nem sempre têm noção dos transtornos que o álcool poderá causar ao longo de suas vidas”, conta Regina. A questão das bebidas alcoólicas será abordada nas palestras sob várias perspectivas, como, por exemplo, sua relação com o trânsito, ou então seu consumo durante a gravidez.

O seminário apresentará também experiências de pessoas que conseguiram se livrar das drogas, como o palestrante pernambucano José Bartolomeu de Araújo, presidente e fundador da ONG Desafio Jovem de Caruaru, que já esteve até no Programa do Jô relatando sua história. Outro exemplo é o professor Sílvio Freire de Oliveira, coordenador do projeto "O adolescente e as drogas" da Escola Estadual Arabela Ribeiro, de Estância.

Conforme Regina Grilo, o seminário é uma oportunidade de a população ter a noção exata das conseqüências e dos malefícios causados pelo uso das drogas. “Além dos desastres que elas causam à personalidade e à saúde dos indivíduos, as drogas também acarretam transtornos na sociedade, como os desajustes familiares, os seqüestros e os assaltos”, explica a secretária

Planos de Ação

Paralelamente ao Seminário e à Caminhada, serão realizadas exposições sobre drogas com apresentações de cartilhas informativas. Contudo, Regina Grilo faz questão de frisar que a prevenção contra o uso e tráfico de entorpecentes não se restringe a eventos pontuais como este da Semana Estadual Antidrogas. O Conen, juntamente com a SEED, a Secretaria de Saúde e a Universidade Federal de Sergipe, realiza projetos permanentes por meio de um Plano de Ação que é embasado em diretrizes provenientes da Secretaria Nacional Antidrogas.

Um desses projetos – e que ainda está sendo discutido – é o da implementação da disciplina “Drogas” na grade curricular das escolas. “Os professores devem falar sobre isso como falam sobre Biologia, sobre a Língua Portuguesa”, afirma a secretária executiva do Conen. Ainda assim, ela não tira o mérito da Semana Estadual Antidrogas como uma oportunidade de conscientizar e informar sobre o assunto. “O que nós queremos é prolongar a vida das pessoas de uma forma mais saudável, previnindo-as quanto ao uso indevido das drogas”, finaliza.

Por Tiale Acrux
tialeacrux@yahoo.com.br

Confira a programação da Semana no site: SEJUC

Orientações e informações sobre a prevenção do uso indevido de drogas, ligue “Viva Voz”: 0800 510 0015

Imagem: Venha dizer não às drogas

22 maio, 2007

Selo “Unicef Município Aprovado” é lançado em Sergipe


Na manhã da última quarta-feira, 16 de maio de 2007, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com o Governo de Sergipe, realizou o lançamento local da edição 2008 do selo Unicef Município Aprovado, o qual acontece pela segunda vez no estado. O evento reuniu o governador Marcelo Déda e o coordenador do Unicef Zona BA/SE, Ruy Pavan, além de prefeitos sergipanos e representantes da sociedade civil.

O projeto Município Aprovado teve início no ano 2000, mas restrito ao estado do Ceará. Depois de três edições realizando os ajustes e as adaptações necessárias, em 2006, o Unicef ampliou o programa para municípios de 11 estados brasileiros: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. De acordo com Andréia Néri, oficial de comunicação do Unicef (BA/SE), isso aconteceu porque “o órgão precisava testar a metodologia de monitoramento e avaliação do desempenho desses municípios”.

O selo Unicef Município Aprovado é mais uma ferramenta para ajudar o Brasil a atingir os oito objetivos de desenvolvimento do milênio, delineados pelos 191 países-membro da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000. Os Estados têm até 2015 para cumprir metas como a erradicação da extrema pobreza e da fome, a universalização do ensino básico e a redução da mortalidade infantil.

Objetivos

A edição 2008 do selo não visa incitar uma concorrência entre os municípios, mas a melhoria da qualidade de vida dos moradores do semi-árido, de acordo com os indicadores educação, saúde, proteção e participação social. Para tanto, cada município indica um articulador responsável pela intermediação entre o Unicef e a prefeitura que representa, além de ter as funções de mobilizar sua comunidade e de implantar projetos necessários para a contemplação do município com o Selo Unicef. “O selo é uma metodologia de monitoramento e avaliação de desempenho desses municípios. O Unicef monitora os indicadores oficiais e oferece metas que precisam ser trabalhadas”, explica Andréia Néri.

Além da melhoria de seus índices sociais, um dos pré-requisitos para que os municípios recebam o selo é a instalação de Conselhos Tutelares e Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente. A partir daí, o Unicef realiza avaliações qualitativas dos órgãos criados, que acontecem sob a forma de reuniões com lideranças comunitárias não envolvidas diretamente no projeto.

Uma comissão Pró-Selo já foi formada em Sergipe, envolvendo o Gabinete da Primeira-Dama, Secretarias de Estado da Educação (Seed), da Saúde (SES) e de Inclusão Social (Seids), além de representantes da sociedade civil, como o Centro Dom José Brandão de Castro e Instituto Recriando. De acordo com Elisângela Valença, assessora de comunicação da Seids, cada secretaria buscará potencializar mudanças nos municípios de modo que estes possam atingir os objetivos do Selo.

Resultados

Os resultados da edição anterior foram divulgados em abril deste ano na ocasião do lançamento nacional do Selo Unicef 2008. Dos 1.176 municípios do semi-árido inscritos em 2006, apenas 192 receberam o Selo, que pode ser explorado em campanhas publicitárias e em prédios públicos por dois anos – após esse período, o município precisa concorrer novamente. Em Sergipe, dos 34 municípios inscritos, cinco foram contemplados: Cedro de São João, Própria, Poço Redondo, Porto da Folha e Lagarto.

Os números referentes à região do semi-árido demonstram o comprometimento das prefeituras municipais com o projeto. A mortalidade infantil, por exemplo, caiu de 25,6 mortes para cada mil crianças nascidas, em 2003, para 21,9 por mil, em 2005, o que significa que cerca de duas mil crianças foram salvas. Houve também uma queda no índice de desnutrição de crianças de até dois anos de idade, que era de 9,2 %, em 2003, e que passou para 6,8 % em 2005, o que representa um impacto positivo na vida de 24 mil crianças. Além disso, 170 novos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente foram criados.

Inscrições

As inscrições para participar do Selo Unicef 2008 seguem abertas até o dia 15 de junho de 2007. Apenas o prefeito pode registrar a participação de seu município. Ele deve enviar a ficha de inscrição preenchida para a zona do Unicef referente ao estado do qual faz parte. O administrador também precisa indicar o articulador do município.

Por Carlos Eduardo Lordelo


Para saber mais, acesse:

Selo UNICEF Município Aprovado 2008


17 maio, 2007

Casos de meningite em Aracaju estão dentro da normalidade

Ao contrário do modo como foi divulgado por alguns setores da mídia sergipana, os casos de meningite registrados até o fim de abril, em Aracaju, estão dentro da normalidade. Os dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) atestam a não classificação do ocorrido como epidemia, ou até mesmo surto.

De acordo com a coordenadora da Vigilância Epidemiológica da SMS, Tânia Maria Santos, os casos que ocorreram tanto na capital quanto no interior já eram esperados. “Embora a doença seja grave, não há motivo para pânico. Os casos estão dentro da normalidade”, informa. Ainda segundo a coordenadora, a meningite costuma surgir justamente na época das chuvas, ao lado das viroses. “Ela é uma endemia, ou seja, está presente no país e por vezes, aparece”, complementa.

Até o fim de abril desse ano, foram registrados 33 casos de meningite em Sergipe, dos quais seis na capital. Contudo, uma análise da tabela com o número dos casos de meningite em Aracaju nos últimos três anos mostra que não há nada de extraordinário ocorrendo neste ano. Para Santos, alguns jornais cometeram exageros ao divulgar os casos sem contextualizá-los.

Ver abaixo tabela com dados da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Aracaju.

A doença

A meningite é uma inflamação nas membranas – meninges - que recobrem o sistema nervoso. Vários são os agentes etiológicos que podem desencadear a enfermidade, como bactérias, vírus e fungos. Quando esses microorganismos se alojam nas meninges, a reação deles com os leucócitos responsáveis pela defesa do corpo humano leva à inflamação que caracteriza a doença.

Apesar de serem vários os tipos de meningite, a mais grave ocorre quando ela é oriunda de uma bactéria chamada meningococo. Pelo fato de ainda não terem desenvolvido anticorpos suficientes para combatê-la, as crianças de até cinco anos são as mais atingidas pela chamada meningite meningocócita. Esse foi o caso de Joana, dois anos, que faleceu após ter contraído a doença. “A enfermidade não poupou a vida de minha sobrinha”, lamenta a dona de casa Rosana Matos.

Sintomas e tratamento

Os sintomas da meningite são: febre alta, dor de cabeça constante, rigidez na nuca, manchas vermelhas na pele, vômitos fortes e desânimo. Pelo fato de alguns desses sintomas terem semelhança com os da virose, recomenda-se que as pessoas não pratiquem a auto-medicação e que procurem um médico para que ele faça o diagnóstico.

É comum que, diante das gripes e viroses, os doentes ingiram remédios à base de paracetamol (como o Tylenol e o Dôrico). No entanto, o efeito dessas drogas pode mascarar uma possível inflamação nas meninges e a doença não ser identificada a tempo.

Embora existam vacinas para alguns casos da doença, a exemplo da meningite meningocócita sorogrupos A e C, elas não são encontradas nos postos de vacinação, uma vez que devem ser utilizadas apenas em caráter de “vacinação em massa”, para que o efeito seja mais duradouro. Tais restrições só comprovam a necessidade de que, sob quaisquer sintomas, sejam evitadas as auto-medicações e os médicos sejam acionados para que analisem o caso e façam o diagnóstico correto.

Por Allan Nascimento

Para mais informações, consulte:

Site do Ministério da Saúde

16 maio, 2007

Comunidade acadêmica prestigia lançamento de livros da Editora UFS


Imbuída da função de divulgar a produção acadêmica e outros assuntos de interesse da sociedade, a Editora UFS lançou, no último dia 09, dez obras que tratam de temas ligados à educação, economia, internet, antropologia, sociologia, dentre outros. O evento ocorreu como parte das comemorações dos 39 anos da Universidade Federal de Sergipe.

A Editora UFS, em 21 anos de existência, já publicou 80 livros. Desta vez, estudos, ensaios, resultados de pesquisas e dois livros de poesias elencam a lista de trabalhos lançados. Sete dos novos livros foram editados em parceria com a Fundação Oviêdo Teixeira, os demais foram publicados por meio de parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de Sergipe (Fapese).

O convênio com a Fundação Oviêdo Teixeira firmou-se em 1998. O diretor executivo da Fundação, Luiz Eduardo de Magalhães, disse que nos primeiros momentos da parceria, a participação da instituição destinava-se à editoração dos livros. Atualmente ela é responsável apenas pela terça parte dos custos da edição. Magalhães avalia que esse acordo “ajuda a viabilizar a edição para a Universidade, além de promover um número maior de lançamentos”.

Atuação da Editora UFS

O último edital lançado em 2006 teve como resposta a inscrição de aproximadamente 64 trabalhos. No mês de março deste ano, foi divulgada a lista dos 26 livros aprovados. Essa demanda comprova que a Editora UFS “vem crescendo e cada vez mais ampliando as formas de acesso à informação”, segundo Lílian França, coordenadora da Editora.

Helcimara de Souza Telles, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), autora da obra “A educação desterritorializada: a expansão das fronteiras”, um dos títulos lançados pela Editora UFS, no último dia 09, atesta este crescimento. De acordo com Telles, a qualidade do material produzido e a credibilidade do produto final, motivaram a sua escolha por esta editora.

Seleção das obras publicadas

Os trabalhos inscritos no edital da Editora UFS passam pela avaliação e aprovação de seu Conselho Editorial. O Conselho, formado por professores de diversas áreas, analisa e discute o conteúdo e a relevância das obras, além de outros itens.

A avaliação tem uma duração que varia de acordo com a demanda de títulos inscritos. Depois da aprovação do Conselho, os livros são impressos com recursos da parceria com a Fundação Oviêdo Teixeira, do Programa Editorial da UFS e do próprio autor. O número de volumes aprovados é definido de acordo com o orçamento disponível.

Por Grazielle Matos
grazi.ufs@gmail.com

Para mais informações, acesse o site:

Editora UFS

Foto: Grazielle Matos

15 maio, 2007

Secretarias públicas promovem novas iniciativas nos exames supletivos para a população carcerária

A Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc) em conjunto com a Secretaria de Estado da Educação (SEED) promoverão exames supletivos para a população carcerária de Sergipe. Os 270 presidiários que se inscreveram para a primeira etapa dos exames farão suas provas no próximo dia 30 de maio e serão monitorados pelos agentes penitenciários das casas de detenção. A segunda fase dos exames supletivos ocorrerão no dia cinco de outubro deste ano.

Os exames já são realizados no sistema carcerário sergipano há algum tempo, porém, este ano, as duas Secretarias apresentam uma proposta diferente. Os exames que antes eram realizados apenas uma vez por ano, agora serão feitos uma vez por semestre na capital, Aracaju, e anualmente no interior de Sergipe. Além disso, de acordo com Joanete Pina, subtenente do Departamento de Sistema Penitenciário (Desipe), órgão vinculado à Sejuc, agora a prioridade das Secretarias em relação à educação no sistema prisional será a alfabetização dos detentos. Isto porque, segundo Pina, grande parte dos detentos não é alfabetizada e os que são não se recordam muito bem dos assuntos referentes ao grau de escolaridade que afirmam possuir.

Atentas a estes problemas, as duas Secretarias elaboraram um projeto de educação prisional, baseado na promoção de cursos técnicos (sistema de ensino profissionalizante) e de cursos de alfabetização a longo prazo, não se restringindo, desse modo, à oferta de aulas na época em que são realizados os exames de supletivo.

Inscrições e método das aulas

As inscrições para o exame são gratuitas e estão sendo realizadas nos presídios e no Centro de Apoio ao Menor (Cenam) para os detentos que tenham interesse, exceto os que estão em regime de isolamento, e que possuam os pré-requisitos básicos. Desse modo, os inscritos devem já ter freqüentado a escola ao menos uma vez, como também saber o básico de leitura e escrita.

No que se refere ao projeto pedagógico de levar a educação ao sistema prisional, a diretora do Serviço de Educação de Jovens e Adultos da SEED, Estelamaris Torres Melo, afirma que existe um termo de cooperação técnica que está em trâmite entre a Sejuc e a SEED para que seja oferecida a educação para jovens e adultos no sistema carcerário. De acordo com Melo, as aulas dos cursos a longo prazo serão presenciais, ministradas por professores graduados e terão início já no segundo semestre deste ano. Como muitos dos presos ainda não são alfabetizados ou não entram em contato com as disciplinas básicas há muito tempo, a primeira fase do curso se dedicará à alfabetização. Essa ênfase converge com a proposta do projeto de construir uma base educacional evitando fórmulas que tentam resolver problemas graves da educação a curto prazo.

Segundo Melo, o problema é que o supletivo apenas certifica que o cidadão tem aquele determinado conhecimento enquanto o mercado de trabalho exige que ele tenha uma formação escolar. Contudo, a diretora conclui que o objetivo do projeto não é o de necessariamente garantir um emprego, mas o de oferecer maiores chances para que o detento, através da educação, possa se reinserir na sociedade.

Ressocialização através da educação

Contudo, no âmbito da elaboração de políticas públicas, a problemática da educação como forma de reinserção dos detentos na sociedade levanta polêmicas. De acordo com o Tenente-Coronel da Sejuc, Henrique Rocha, a Secretaria está dando um novo enfoque a questão do sistema prisional. O Tenente explica que há uma preocupação em direcionar a política da Sejuc para a aplicação dos Direitos Humanos no sistema carcerário, implementando medidas que promovam a ressocialização dos detentos e, assim, a diminuição dos regressos às penitenciárias.

Para a professora do Departamento de Direito da Universidade Federal de Sergipe, Andréa Depieri, deveria se pensar em uma pedagogia específica para a população carcerária tanto em termos de alfabetização quanto de uma formação voltada para a cidadania. Depieri compreende a importância das aulas preparatórias e dos exames supletivos, porém a professora acha que é necessário firmar uma base educacional de qualidade para que o detento tenha a possibilidade de ser inserido também no terceiro grau. “Se você não consegue firmar competência nenhuma, nem do ponto de vista dos conteúdos mais técnicos, nem do ponto de vista da reflexividade, a gente corre o risco de estar gastando o dinheiro público só para legitimar a ação”, conclui Andréa Depieri.

Por Díjna Torres

Para mais informações, acesse:

Secretaria de Estado da Educação

Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania

11 maio, 2007

A Verdadeira Noviça Rebelde

Se hoje é possível rir com o cinismo com que “Viridiana” trata a religiosidade, na época em que foi lançado sua iconoclastia incomodou. Era o início dos anos 1960: época em que, paradoxalmente, épicos bíblicos como ´´Os Dez Mandamentos´´ e Ben-Hur´´ eram venerados e figuras como James Dean eram alçados à categoria de ícones de uma juventude que se identificava com a contestação, mesmo que de forma ainda ingênua e superficial, dos padrões morais e de comportamento tradicionais. Foi dentro desse contexto que o ácido e contundente filme de Luís Buñuel foi recebido, chegando a ser aclamado por uns e vetado pelo Vaticano que o acusou de difamar o catolicismo. Independentemente da polêmica gerada, “Viridiana” pode ser interpretado uma fábula de arrependimento. Mas não do arrependimento que nasce da culpa pecadora, e sim, da beatice.

Sinopse: noviça é enviada para visitar seu tio convalescente em remota fazenda. Por ter assombrosa semelhança com a antiga esposa do velho, ela passa a ser assediada por ele. Escandalizada, a protagonista faz de tudo para ir embora, mas acaba por provocar uma tragédia. Para amenizar a culpa, passa a ajudar mendigos na casa que dividirá com seu primo Jorge, que questiona sua fé. O filme foi gravado em 1961. Direção: Luís Buñuel. Com: Silvia Pinal, Fernando Rey, Francisco Rabal.

A personagem do título é uma noviça atormentada. Seu olhar derrotado, rosto tenso e o desalento com que menciona um certo mundo “lá fora” acusam que sua ida ao convento não foi vocacional. Foi uma fuga. Mas para Buñuel importa muito menos o que a afastou do que a constatação de sua melancolia. Quando a madre superiora a avisa que seu tio convalescente deseja vê-la, Viridiana não demonstra muito ânimo em atender ao pedido. É o suficiente para que seja notada em sua personalidade uma orgulhosa pulsão de negação. A noviça não é uma asceta. É uma mulher desesperada.

Então a protagonista é obrigada a morar na casa de seu tio. A partir daí, a película assume uma característica típica dos filmes das décadas 1950 e 1960: a rapidez nas reviravoltas. Na tela, as situações seguem uma narrativa compacta e apressada que simula uma ausência de transições. Os diálogos entre Viridiana e seu tio transitam da ternura à hostilidade em uma velocidade, hoje, admissível apenas no teatro. Apenas a estudada lentidão de um Stanley Kubrick (2001 – Uma Odisséia no Espaço) viria a dar ênfase à sutileza e à longevidade das cenas.

Mas se por um lado as cenas parecem bruscas, por outro são costuradas por falas rascantes. Os personagens de Buñuel, que co-escreveu o roteiro, disparam suas inseguranças com ácida sinceridade. E isso em um diálogo entre uma beata angustiada e seu velho tio recluso e pervertido – ambos arredios – é um clamor ao desencanto. Nesta obra, não há tempo para longos silêncios poéticos, reflexões ao luar ou closes introspectivos. O filme tempera as falas rápidas das comédias com certo amargor cético. Pois antes de tudo, “Viridiana” é um filme irreverente.

Não é preciso ir muito longe para concluir isso. Iniciar a obra com o ´´Hallellujah´´ de Haendel não foi meramente ilustrativo: o tema épico e grandioso do compositor alemão é quase que um convite para que se ria da pequenez da complicada Viridiana. Os lúgubres trechos de réquiens e missas fúnebres a cada passo do tio poderiam dar-lhe retrato mais trágico. Mas eis que imediatamente surge um toca-discos. E logo atrás dele, alguém que o desliga. Mais uma vez, não há espaço para grandes reflexões. Consequentemente, não há tempo para o aprofundamento de cada personagem.

Por isso não é possível sentir nenhum tenso prenúncio da tragédia que se abaterá sobre tio e sobrinha. Ela simplesmente acontece, de forma dura e desprovida de um valor moral que lhe confira um sentido último. Na verdade, o ápice trágico é despido de qualquer intenção catártica para desempenhar um papel meramente narrativo: o de encerrar a primeira parte da trama e sugerir que, na segunda, se assistirá a uma Viridiana ainda mais culpada, perturbada e beata. Em conflito direto com o mundo circundante.

Esse mundo é representado pelo primo Jorge, com quem dividirá a mesma casa. Cínico e hedonista, ele percebe que há algo em falso na reclusão purificadora de sua bela prima. Enquanto ele arruma a fazenda do pai com mãos de ferro, a agora ex-noviça traz cancela a dentro toda a sorte de mendigos e degenerados. E é curioso constatar como Buñuel em nenhum instante retrata a miséria absoluta como fraqueza, mas como um estado altamente vulnerável à corrupção. No final das contas, o desespero dos leprosos e famintos sitiará a rica fazenda e, sobretudo, a fé da ingênua freira.

Passado o susto, a câmera foca Viridiana sentada na cama a fazer algo que jamais lhe ocorreu: acariciar seus cabelos soltos. Percebendo a si mesma, a protagonista está assinando sua rendição diante do mundo dos homens; o mundo de seu primo. ´´Eu sabia que jogarias o tute comigo, prima”, diz o pervertido Jorge diante de sua parenta cabisbaixa e maculada.

É uma bela resolução para uma trama complexa e apressada, mas coesa do ponto de vista ideológico. “Viridiana” talvez não seja a obra-prima absoluta que alguns desejariam que fosse, mas é um chocante retrato de uma anti-Maria-Von-Trapp antes mesmo de “A Noviça Rebelde” ser lançado. E foi ao fixar um olhar cínico sobre os cânones antes mesmo que as pessoas percebessem sua ingenuidade e ao rir da religiosidade com fina perversão que “Viridiana” antecipou-se à própria época.

Por Igor Matheus

Para maiores informações, acesse:

http://es.wikipedia.org/wiki/Viridiana

http://www.alohacriticon.com/elcriticon/article1267.html

Foto: http://faculty-staff.ou.edu/L/A-Robert.R.Lauer-1/span4313cap15.html

04 maio, 2007

Programa dá oportunidade a idosos que almejam ingressar na universidade

“O poder público criará oportunidades de acesso para o idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados”. A norma, estabelecida pelo Estatuto do Idoso em seu artigo 25, é uma realidade na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Com o programa Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati), os idosos têm acesso ao Ensino Superior gratuito e a um conjunto de políticas que visam à permanência deles no ambiente acadêmico.

O Projeto, vinculado ao Núcleo de Apoio à Terceira Idade (Nupati), foi fundado em dezembro de 2002 como uma proposta de educação permanente para idosos que pararam de estudar por quaisquer motivos, mas desejam retomar as atividades. Para participar, além da vontade de aprender, é necessário que o cidadão tenha 60 anos ou mais.

De acordo com a coordenadora do Nupati em Sergipe, Noêmia Lima Silva, por meio da Universidade Aberta, o Núcleo tenta atender às expectativas da grande quantidade de idosos que buscam conhecimento, sendo um intermediário entre eles e outras esferas sociais e acadêmicas. “Aqui não fazemos caridade alguma, estamos é cumprindo a lei, que enfatiza e normatiza o acesso ao Ensino por parte dos que compõem a terceira idade”, comenta.

Estrutura e Funcionamento

O Unati não objetiva uma graduação. Trata-se de um sistema de extensão oferecido àquelas pessoas de maior idade que não conseguiram ingressar em uma universidade via vestibular, ou até mesmo as que já concluíram o nível superior, mas que anseiam pelo retorno aos estudos. Não há distinção de tratamento entre, assistidos pelo Programa e demais alunos da UFS: ambos dispõem de matrícula, departamento, horário individual, possibilidades de inclusão, exclusão etc.

Para ingressar no Programa, o interessado deve ir à sede do Nupati, que fica situada no andar superior do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) – campus da UFS em São Cristóvão. No dia da matrícula – o mesmo do calendário oficial – cada um faz sua solicitação normalmente, como qualquer outro aluno. As disciplinas ofertadas passam previamente pelo crivo dos respectivos professores, aos quais cabe a decisão de abrir ou não vaga para os idosos.

Perfil

Em sua maioria, os alunos assistidos pelo Unati/SE são aposentados – conseqüentemente fora do mercado de trabalho – que vêem no Programa uma oportunidade de sociabilização, aperfeiçoamento intelectual e minimização do ócio que afeta essa faixa etária.

“Quando a gente se aposenta fica meio que só. Há um desencontro entre os idosos e as demais pessoas. Trabalhar eu não vou. Já conheço o sistema e não culpo os empresários por isso. A minha idéia é aprender por gostar. Adoro ler e estudar, por isso uni o útil ao agradável. Hoje, só preciso de um pouco de neurônios e agilidade nas pernas para ir de uma didática a outra”, desabafa Osmária Freitas, que há 2 anos foi levada pelo irmão para participar do Unati.

A Universidade Aberta à Terceira Idade tem despertado atenção inclusive de pessoas que ainda não possuem a idade mínima para participar. É o caso de Maria Neuza, 56, que apesar de cursar algumas disciplinas, é privada de conseguir os certificados de conclusão, pois não possui 60 anos. “Esse projeto é maravilhoso! Levanta o astral de todos nós. Enquanto não chego na casa dos 60, verei se consigo entrar na UFS pelo vestibular, só não posso ficar parada”, salienta.


Educação permanente

Para a coordenadora do Nupati, Noêmia Lima Silva, educar permanentemente não significa apenas proporcionar a inserção dos idosos na universidade. Muito mais que isso, é tentar romper as barreiras que separam os idosos do restante da sociedade. Para isso, o Núcleo de Apoio à Terceira Idade conta com parceiros, responsáveis por promover eventos junto aos estudantes. O Museu Arqueológico de Xingó (MAX) é um deles.

Questionada sobre o esforço para permanecer estudando, Dona Osmária se fez categórica. “Não admito perder matéria por média. Não posso desperdiçar a oportunidade que a UFS me deu. Ultimamente tenho até sonhado com os adjetivos e substantivos de algumas matérias que estou cursando”, diz.

Atualmente, em todo o país, o Universidade Aberta à Terceira Idade atua em mais de 200 Instituições de Ensino Superior. Na UFS, cerca de 100 alunos fazem parte do programa. A mais nova conquista do Unati/SE foi a criação do Centro Acadêmico da Maturidade (CAM): um espaço voltado para a troca de experiências a respeito de questões relativas à Universidade.

Por Allan Walbert

Para maiores informações, acesse:

Estatuto do Idoso
Portal do Envelhecimento

Foto: www.exitoeventos.com.br

03 maio, 2007

Hipismo como meio de reabilitação


Escutando música e iniciando uma pintura em tela, Amanda Souza de Santana, 30 anos, praticante de hipismo adaptado, sorri ao falar um pouco de sua história. Ela faz equoterapia há um ano porque sofreu traumatismo craniano, e uma das conseqüências do acidente foi a perda parcial de equilíbrio. Encaminhada por um neurologista, Amanda ingressou no Centro de Equoterapia de Sergipe, e já sente mudanças: “eu mudei totalmente”, declarou ao lembrar que caía quando se chocava com alguém.

O Centro de Equoterapia de Sergipe (CES), localizado no Parque José Rollemberg Leite (Parque da Cidade), surgiu em 1992, e desde então trabalha com portadores de necessidades especiais – de altistas a deficientes motores. Hoje ele atende, além de Amanda Souza, mais outras 59 pessoas, das quais 13 participam do Programa de Hipismo Adaptado, instituído há dois anos.

O hipismo adaptado, de acordo com Arlita de Oliveira Alves, fundadora e coordenadora do CES, é a forma de equoterapia que se volta para jovens especiais capazes de realizar atividades esportivas. Ele só costuma trazer resultados a longo prazo – numa média de seis meses. Amanda, por exemplo, já está conseguindo se equilibrar melhor e ter resistência na caminhada. As outras duas formas de terapia com cavalo, a hipoterapia e a equoterapia, voltam-se para pacientes com menor grau de independência.

Ao ingressar no Centro – somente após sugestão médica –, o paciente é avaliado por uma equipe interdisciplinar composta por fisioterapeuta, pedagogo, psicólogo, assistente social, equitador e auxiliares de equitação. Esse quadro de profissionais monitora o praticante nas sessões de hipismo, nas quais são avaliados os movimentos, o equilíbrio, a postura e o comportamento emocional.

Segundo o professor do departamento de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Pedro Jorge Moraes Menezes, o esporte para portadores de necessidades especiais serve como meio de inserção no ambiente esportivo, além de auxiliar emocionalmente. Para ele, “o estímulo à prática do exercício físico não melhora de maneira efetiva a deficiência”, mas potencializa a capacidade útil de movimentação do portador, além de que o “desgaste físico leva o indivíduo a entrar no estágio de relaxação completa”.

Durante esses 15 anos, a instituição vem se mantendo através de quaisquer doações, e alguns de seus parceiros são a Secretaria de Ação Social de Aracaju, a Polícia Militar, o Departamento Estadual de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Deagro), a empresa Nordeste Segurança, a Flora e a Santista. Além do hipismo adaptado, que acontece às sextas-feiras, o CES desenvolve outros programas, como o Programa de Reabilitação, para crianças, jovens e adultos, e o Programa de Arte, no qual são realizadas aulas de arte com os praticantes do hipismo. Em razão de a maior parte dos praticantes possuir renda familiar baixa, as aulas também podem ser estendidas às mães.

Por Grazielle Matos
grazi.ufs@gmail.com

Endereço do Centro de Equoterapia de Sergipe:
Parque José Rollemberg Leite, Rua Fortaleza, s/n, Bairro Industrial. Telefone (79) 3215-6082

Para maiores informações, acesse:

Foto: Site da Associação Nacional de Equoterapia

28 abril, 2007

Mostra de Artes divulga talentos da UFS


Pelo terceiro ano consecutivo, a Universidade Federal de Sergipe (UFS) promoverá, entre os dias sete e 18 de maio de 2007, a Mostra Experimental de Artes Visuais. No evento, alunos dos cursos de graduação, pós-graduação ou ex-alunos da instituição, além de técnicos administrativos e professores, poderão expor suas obras de arte nas categorias pintura, desenho grafite, fotografia e escultura/objeto. Assim como no ano passado, a exposição será na galeria de artes, que fica no hall da Biblioteca Central (Bicen) da UFS, e os interessados em expor seus trabalhos podem se inscrever na Coordenação de Programação Cultural e Recreativa (Copre) até o dia 30 de abril.

Segundo o professor Marcos Monteiro, da Copre, a Mostra é uma forma de divulgar e incentivar os talentos da universidade no âmbito artístico. Ele ressalta ainda a abrangência do evento, que não se restringe aos alunos do curso de Licenciatura em Artes Visuais: “a mostra é geral, para a UFS. É uma possibilidade de oportunizar a descoberta de talentos”.

Além da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Proex) - através do Centro de Cultura e Artes (Cultart) - e da Copre - unidade da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proest) -, estão envolvidos na organização da Mostra o Diretório Central de Estudantes (DCE) e os centros acadêmicos.



Expectativa

Conforme dados da Copre, no ano passado (2006) a mostra contou com 53 expositores e 1022 visitantes. Para este ano, a expectativa é de que o número de expositores aumente devido ao processo de expansão da universidade. “Com o Campus de Laranjeiras e de Itabaiana, locais onde o evento também já foi divulgado, deverá aumentar o número de participantes da III Mostra Experimental de Artes Visuais” – afirma o professor Marcos Monteiro.

Seleção

Este possível crescimento do número de expositores, embora seja visto de forma positiva e desejável pela organização do evento, receia os próprios responsáveis pela Mostra, pois, caso haja um grande aumento de trabalhos inscritos, a Bicen não disporá de espaço suficiente para comportar a todos. A solução para isso, de acordo com Marcos Monteiro, seria a realização de uma triagem das obras inscritas, ou seja, cada participante, em vez de expor três obras como prevê o regulamento, exporia apenas uma.

Outra solução, oferecida pelo Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários, Ruy Belém, seria de pôr à disposição da mostra outras áreas do campus universitário. Assim, além do hall da Bicen, uma parte da exposição poderia se estender até o hall da Reitoria e, em último caso, poder-se-ia utilizar o Cultart.

Premiação e Estímulo

O mais interessante da exposição, diz Marcos Monteiro, é que as obras são submetidas a sufrágio popular. Quanto à premiação, o professor esclarece que “infelizmente a universidade não tem uma rubrica destinada a este tipo de gasto”. Por isso, a organização vem tentando, desde a primeira Mostra, travar parcerias com empresas com o propósito de poder oferecer prêmios aos vencedores de cada categoria. Por enquanto, os expositores recebem apenas um certificado de participação. “Se houvesse uma premiação, certamente haveria mais estímulo à participação”, diz Marcos Monteiro.

Mesmo sem premiação, Rosângela de Souza Santos, aluna do curso de Licenciatura em Artes Visuais da UFS, afirma que o estímulo para participar da Mostra do ano passado partiu do desafio de lançar-se em novas habilidades e ousadias. Rosângela, que recebeu o primeiro lugar na categoria escultura com sua obra “Vida”, não esconde admiração pelo evento: “foi uma das melhores idéias que já ocorreram para todos os alunos que tenham afinidades com a arte e se propõem a produzi-la”. Para ela, a Mostra beneficia a todos por ser um meio de conhecimento e de integração entre a comunidade acadêmica.

Por Tiale Acrux

Imagens: Acervo da Copre.

27 abril, 2007

Curta-SE 7 apresenta novidades e prioriza a diversidade cultural


Inicialmente criado com o objetivo de ser um festival de curtas-metragens para universitários, o Festival Luso-Brasileiro de Curtas-Metragens de Sergipe (Curta-SE), que ocorre de 28 de abril a seis de maio de 2007 nas cidades de Aracaju, São Cristóvão e Estância, chega à sua sétima edição com o tema “Imagens que você não vê por aí”. A produção deste ano também terá um enfoque voltado para “a cultura como elemento de diversidade das expressões”, segundo a diretora-executiva do festival, Rosângela Rocha.

O Curta-SE traz três categorias distintas de competição: 35 mm, Vídeo e Curtas sergipanos. Além disso, ocorrerão mostras informativas, exposições, seminários, debates, apresentação de grupos folclóricos, workshop e a exibição de seis longas-metragens convidados, como “Cartola – Música para os olhos”, de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda, “O cheiro do ralo”, do diretor Heitor Dhalia, entre outros.

Durante o festival, 48 curtas-metragens participarão das competições. São produções de quatro regiões brasileiras (com a exceção da região Norte), englobando 12 estados, e um curta de Portugal, concorrente na categoria Vídeo.

Uma novidade deste ano é a inclusão de produções sul-americanas, a exemplo dos curtas “Somos el Público”, do México, e “Abre El Helvético”, da Argentina. A entrada deles aponta para mudanças que acontecerão no Curta-SE 2008: “na próxima edição, seremos ibero-americanos”, anuncia Rosângela Rocha.

O acesso aos seminários, palestras, exposições, mostras informativas e debates será livre. Já para assistir às mostras competitivas e aos curtas-metragens, no Cinemark, será necessária a apresentação de dois quilos de alimentos não perecíveis, que serão revertidos à campanha federal, Fome Zero.

Homenageado do Ano

Todos os anos o Curta-SE presta homenagens a uma personalidade do mundo das artes, e o homenageado deste ano é especial: o argentino naturalizado brasileiro Ilo Krugli. Especial porque nas edições anteriores o evento já se utilizava da obra desse artista plástico para a criação do troféu Curta-SE. “De certa forma, o Ilo doou sua obra para este festival, de modo que resolvemos fazer uma homenagem para ele que é um grande dramaturgo e artista plástico”, conta Rosângela Rocha.

Há quase 50 anos, Krugli contribui para a cultura nacional através do seu trabalho artístico e de projetos que unem arte e educação. O Curta-SE 7 apresentará ao público, de 30 de abril a 31 de maio, uma exposição de trabalhos produzidos por Krugli e pelo fotógrafo Fábio Viana, no Instituto Luciano Barreto Júnior, em Aracaju.

Interiorização

Há três anos que o Curta-SE não se limita a Aracaju e abrange também a cidade de São Cristóvão. A partir deste ano, sua programação começará a atender ao município de Estância. O Governo do Estado, em conversa com a direção do Festival, sinalizou para que o evento seguisse para outras cidades do estado, num percurso de interiorização da cultura. “Pela primeira vez na história do Curta-SE, o Governo de Sergipe entra como patrocinador, e nós sugerimos que ele se estendesse ao interior. E isso está dentro da nossa proposta de interiorizar o desenvolvimento e levar a cultura para as cidades do interior do estado”, diz a secretária de Comunicação de Sergipe, Eloísa Galdino. Além desses dois municípios já inclusos na rota do Festival, um terceiro será escolhido para a exibição dos curtas premiados.

Patrocínio

Através de uma articulação entre as Secretarias de Comunicação, Cultura e Turismo, o Governo do Estado patrocinará o evento em forma de apoio financeiro e de serviços. De acordo com Eloísa Galdino, o Governo de Sergipe acredita no potencial desse Festival, e crê no “papel que ele tem não só como fomentador do audiovisual, mas também de possibilitar que as pessoas se interessem mais e comecem a produzir material no formato curta-metragem de audiovisual”.

Opinião essa que é compartilhada pela presidente da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esporte (Funcaju), Lucimara Passos, para quem “as mostras que acontecem no Curta-SE não só provocam um intercâmbio dos trabalhos que são realizados aqui e dos que são realizados fora, como também são uma grande oportunidade de estímulo à produção”. Neste ano, a Prefeitura de Aracaju oferece um patrocínio de 30 mil reais ao evento, revertidos em premiação aos Curtas sergipanos, em serviços e na realização de cursos, a exemplo do workshop “Como fazer seu filme”, que acontece de 28 de abril a 02 de maio no Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira, na capital sergipana.

Cinema de rua

Apesar da programação de qualidade, o acesso do público à sala liberada pelo Cinemark será limitado: a sala dispõe de 154 lugares. Para Rosângela Rocha, este problema seria resolvido com uma “sala de rua” . Na edição do Curta-SE 2004, o Festival exibiu curtas e longas-metragens numa enorme tenda montada na Orla do Bairro Industrial, alcançando maior número de espectadores.

“Podíamos dar um acesso maior até mesmo para a população que nunca foi ao cinema. O nosso intuito é chamar a atenção, cada vez mais, para que a cidade de Aracaju tenha uma sala de cinema de rua”, diz Rocha. E esta necessidade será enfatizada em todas as palestras e debates, tornando-se uma proposta para a próxima edição. “Aracaju precisa de uma sala pública de cinema”, finaliza a diretora do Festival.

Por Valter Lima

Para mais informações sobre o Curta-SE acesse:

E para saber mais sobre Cinema e Cultura:




25 abril, 2007

Curso gratuito de Esperanto visa formar educadores para o ensino da língua

Sexta-feira, 21h. Na Biblioteca Municipal Clodomir Silva, localizada no bairro Siqueira Campos, em Aracaju, uma turma de 39 alunos assiste ao encerramento de uma aula de língua estrangeira. Apesar de ser apenas o segundo dia de atividades, todos já interagem com o professor do novo idioma ao qual estão sendo introduzidos: o Esperanto.

A turma é formada por profissionais graduados e estudantes da comunidade local, como a educadora Mônica Graziele, que participa do curso devido à proposta universal do idioma. Conforme Mônica Graziele, em sua religião, o espiritismo, existem diversas publicações em esperanto as quais ela gostaria de ter acesso. Já o estudante de Artes Visuais da Universidade Federal de Sergipe, Mateus Souza, se interessou pelo idioma por outro motivo. “Por não ter uma origem étnica, não há a questão de língua superior”, avalia Souza.

O professor do curso, Roberto da Silva Ribeiro, doutor em lingüística pela Universidade Federal de Pernambuco, utiliza livros e vídeos para ministrar as aulas, que têm como objetivo formar profissionais aptos a passarem o conhecimento adquirido para outros interessados.

O que é o esperanto?

Segundo o francês Henri Masson, em seu artigo “O Esperanto Hoje”, a língua Esperanto tem, desde a sua origem, o intuito de permitir a comunicação entre povos de línguas originais diferentes através de uma língua universal. A filosofia dos esperantistas, segundo Roberto da Silva Ribeiro, pretende proporcionar o aprendizado de um idioma em menos tempo do que se levaria para aprender qualquer outro.

Como explica Ribeiro, o esperanto é uma língua de fácil e rápido domínio, sobretudo por não conter exceções às regras gramaticais, que “ocupam muito espaço na cabeça das pessoas”, diz. Quanto ao método de aprendizado, os esperantistas defendem uma didática livre. “Existe uma proposta no Esperanto de aprender a língua voluntariamente, com o mínimo de pressão possível”, explica o professor.

O professor ainda expõe que a proposta inicial do esperanto não almeja gerar lucros com seu ensino, de modo que o curso em questão é gratuito. Aliás, “quando Lázaro Luís Zamenhof, o criador da língua, publicou o primeiro livro, disse que renunciava aos direitos autorais da publicação e da língua”, salienta Ribeiro.

Origem da língua

No artigo “A Origem do Esperanto”, o membro da Associação Esperantista do Rio de Janeiro, Floriano Pessoa, explica que Lázaro Luis Zamenhof desenvolveu a língua universal em uma região onde eram falados diversos idiomas. No caso, a cidade natal de Zamenhof, na época pertencente ao Império Russo, mas que atualmente faz parte da Polônia.

Com o desejo de promover a unificação dos povos de sua região, Zamenhof estudou diversas línguas. Unindo e simplificando as línguas estudadas, com 17 anos, o polonês desenvolveu um idioma neutro.

Após a publicação do primeiro livro de Zamenhof, o esperanto conseguiu ser bem difundido. Entretanto, nem todos os governos apoiaram a idéia de um idioma livre. Segundo o professor Roberto da Silva Ribeiro, houve governos ditatoriais que prenderam e até mesmo mataram esperantistas.

No Brasil, Sergipe foi um dos primeiros estados a receber este idioma universal, em 1907, e o pioneiro em torná-lo uma disciplina escolar. Em 1918, Sergipe foi o primeiro estado brasileiro a ter o esperanto nas escolas, seguido pelo Rio de Janeiro. Por fim, o Governo Federal implantou a língua como matéria optativa nas escolas, relata Ribeiro.

Por Adrine Cabral

Para maiores informações, acesse:

O Esperanto e seu Criador

Artigo “A Origem do Esperanto

Liga Brasileira de Esperanto

Foto: my.opera.com

19 abril, 2007

Evento busca conscientizar a sociedade sobre a hemofilia

O Centro de Hemoterapia e Laboratório Central de Saúde de Sergipe (Hemolacen ), iniciou na terça-feira, 17 de abril, a I Semana de Conscientização e Sensibilização do Hemofílico. O evento, que começa justamente na data em que é comemorado o dia Mundial do Hemofílico, prossegue até a sexta-feira, 20, e pretende, através de atividades de esclarecimento, promover integração entre portadores da doença e conscientização junto à sociedade.

Segundo o presidente do Hemolacen, Dr. Roberto Gurgel, as atividades desenvolvidas têm dois objetivos principais: motivar a comunidade para que ela possa “descobrir” o tema e alertar os profissionais da saúde no sentido de que eles devem encaminhar ao hemocentro pessoas com suspeita de hemofilia.

Em seu primeiro dia, a programação começou às 7h: 30 da manhã, com panfletagem em um semáforo próximo ao mirante do Bairro 13 de julho, em Aracaju. Pouco depois, às 10h, foi realizada uma solenidade no auditório do Hemolacen – localizado na Avenida Tancredo Neves – na qual foi lida uma carta da Associação dos Hemofílicos que expôs suas dificuldades e reivindicações.

Ainda na solenidade, houve apresentação do grupo de teatro UTI do Riso e o lançamento do Cartão do Hemofílico, uma novidade implantada pelo Centro para facilitar o atendimento no Hemolacen e em outras unidades de saúde sergipanas. No cartão será identificado o tipo de hemofilia, os medicamentos que não poderão ser utilizados e os cuidados necessários em casos de hemorragias.

Na ocasião, estiveram presentes pacientes hemofílicos da capital e do interior, o presidente da Associação de Hemofílicos, secretários municipais de saúde e profissionais da área.

No decorrer da semana, em diversos centros de saúde, palestras e debates voltados à sociedade darão continuidade a I Semana de Conscientização.

A doença

A Hemofilia é uma doença genética caracterizada por distúrbios na coagulação do sangue, o que ocasiona difícil controle de hemorragias. Quando um vaso sanguíneo é danificado, uma casca não se forma e ele continua sangrando por um período excessivo de tempo. O sangramento pode ser externo, se a pele for danificada por um corte, ou interno, em músculos, articulações e órgãos.

Tipos de Hemofilia

A doença possui três tipos mais comuns: o “A”, que atinge pessoas deficientes do fator VIII da coagulação ou globulina anti-hemofílica; o “B”, cujos portadores carecem do fator IX e o “C”, caracterizado pela ausência de um fator denominado PTA. Os sangramentos são iguais nos três casos, entretanto, a gravidade vai depender do fator presente no plasma (líquido que representa 55% do volume total do sangue).

O Tratamento

O distúrbio não tem cura. Para cessar a hemorragia, o paciente hemofílico recebe o fator de coagulação deficiente (concentrados de fator VIII ou IX), que é preparado a partir do plasma obtido com a doação de sangue. Mas para que o cuidado seja efetivo, o paciente deve fazer exames regulamente e nunca utilizar medicamentos que não sejam recomendados pelos médicos.

Segundo Maílson Santos Silva, hemofílico da cidade de Campo do Brito, o tratamento proporciona um ritmo de vida normal. Ele é um dos 78 pacientes assistidos pelo Centro de Hemoterapia que, além de dar assistência nas deficiências sanguíneas, desenvolve tratamento com acompanhamento de psicólogo, assistente social, dentista e fisioterapeuta.

Por Tais Olivia

Para maiores informações, acesse:

Portal Hemofilia Brasil

Foto: site www.biologia.org