18 dezembro, 2007

Parabéns aos nossos ‘eternos turistas’


Comemora-se hoje, 18 de dezembro, o Dia Internacional do Migrante. Apesar de existirem níveis diferenciados de migrações, essa data – estabelecida a 4 de dezembro de 2000 pela Organização das Nações Unidas – tem por objetivo maior homenagear aqueles que deixaram seu país de origem para viver em outro, imersos em uma cultura às vezes bastante diferente da sua.

Não foi o que aconteceu com o português José Camilo Carvalhal, que há 38 anos vive no Brasil. “Nunca me senti estrangeiro aqui”, afirma, salientando a proximidade cultural entre os dois países e elogiando a receptividade do brasileiro. Camilo, que veio para Sergipe como representante de uma empresa de autopeças, logo depois adquiriu sua própria loja no ramo e hoje é um dos quase 200 portugueses residentes no estado, segundo dados fornecidos por Edvaldo Napoleão, agente federal responsável pelo setor de imigração. De acordo com Napoleão, os Estados Unidos estão logo após Portugal em quantidade de imigrantes em Sergipe, com uma média de 150. Em seguida vêm os italianos e os argentinos, com aproximadamente 100 imigrantes cada.

Vistos

Para que um estrangeiro fique no Brasil ele deve solicitar o visto temporário ou o visto permanente. O primeiro, mais utilizado como um ‘visto de trabalho’, é geralmente concedido àqueles que desempenhem funções específicas e escassas no lugar que este deseje ir, e pode ter duração de até 5 anos. Já o segundo, requerido pelos que buscam fixar residência no país, é opção de muitos investidores, pessoas interessadas em montar aqui estabelecimentos de grande porte, como hotéis, por exemplo. A documentação de permanência também é exigida para os que escolhem viver em território brasileiro após vínculo matrimonial.

É por causa do casamento que a maioria dos estrangeiros permanece em Sergipe. Foi assim com o argentino Fabian Majado, que a passeio em Salvador conheceu uma sergipana, com quem se casou logo após. Hoje, no segundo matrimônio e sócio-proprietário de uma escola de idiomas, Fabian não pensa em voltar a morar na Argentina e explica: “Ingressar no mercado de trabalho sempre foi difícil em Buenos Aires. Agora, aos 44 anos, é impossível para mim. Buenos Aires só nas férias”.

Mercado de trabalho

É difícil encontrar imigrantes desempregados em Sergipe. Isso não é ocasionado pela farta necessidade por mão-de-obra, ainda que pouco especializada, como ocorre nos Estados Unidos. O motivo em geral está justamente no elevado nível de instrução do profissional estrangeiro que aqui reside. É por isso que estes geralmente ocupam bons cargos em empresas renomadas, como é o caso da Petrobrás.

Além desses há ainda aqueles que se dedicam às universidades, atuando como professores e pesquisadores. É também bastante recorrente, principalmente entre os latinos, aqueles que se empregam em alguma escola ou curso de idiomas para trabalhar com sua língua-mãe. Esse é o caso de Milagros Elizabet Fernandez, dominicana formada em economia, mas que abandonou sua área de graduação quando saiu de Santo Domingo. “Lá eu trabalhava em um banco. Com a mudança para cá o mais difícil foi decidir em que trabalhar. Desde que cheguei aqui ensino espanhol”, diz a professora.

Por Christiane Matos
Foto: Christiane Matos

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