10 dezembro, 2007

Torneios de tênis movimentam orla de Atalaia

A platéia assiste atenta à partida e acompanha o trajeto da bola. O silêncio é total e a expectativa palpável. Os seguranças postos nas entradas estão ali para fazer valer as regras do jogo: nada de entra-e-sai nas arquibancadas. Entre um intervalo e outro ouve-se explosões de urros da torcida.

Até aqui, engana-se quem imaginou que a descrição se trata de uma partida de futebol. Na verdade, é uma partida de tênis. Mais precisamente, uma partida típica do Campeonato Brasileiro de Tênis Universitário em Aracaju e do Torneio dos Campeões da Copa Petrobrás.

Ambos estão ocorrendo paralelamente nas quadras da Federação Sergipana de Tênis, localizadas na praia de Atalaia, entre 04 e 08 de dezembro. O Campeonato Universitário, que acontece nas quadras de saibro – tipo de piso feito de areia e cal – é resultado de uma iniciativa da CBT (Confederação Brasileira de Tênis), da CBDU (Confederação Brasileira do Desporto Universitário) e da Koch Tavares, empresa organizadora de grandes eventos de tênis do país. Já o Torneio dos Campeões, que ocorre na quadra principal, tem o patrocínio da Petrobrás, TAM, Penn e Fila, além da própria Koch Tavares.

Universitários em ação

Estudantes vindos de várias partes do país inscreveram-se para participar do Campeonato Universitário. Os únicos pré-requisitos eram estar quites com o pagamento anual da Federação e comprovar a condição universitária. A idade não importa: um dos participantes competiu do alto de seus 65 anos contra um adolescente de 19.

Para a competição, confirmaram presença estudantes de Goiás, da Paraíba, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, São Paulo e Paraná. Os representantes sergipanos que tiveram destaque foram Marcel Oliveira e Gabriel Santana, respectivamente da Universidade Federal de Sergipe e da Universidade Tiradentes.

Além de participar como competidor, o estudante de educação física da UFS, Marcel Oliveira, também é árbitro do Torneio dos Campeões. Ele expõe uma realidade que muitos estudantes enfrentam nas universidades que colocam o tênis na grade curricular. “Se você quiser disputar bem esses jogos é preciso correr atrás e treinar em outros locais. Se depender só da universidade você não consegue jogar”.

O mesmo ocorre em escolas de ensino médio e fundamental, onde geralmente se inicia o gosto dos futuros esportistas. A prática do tênis acaba sendo preterida pela do vôlei, basquete e futebol de salão, e um dos motivos para isso é o seu alto custo. “O tênis não é um esporte barato, todo mundo sabe. Pra jogar futebol você precisa de uma bola e dois pares de chinelo pra fazer o gol. E o tênis não, você precisa ter a rede, raquete, uma bolinha que quique. Além disso, você não pode jogar em qualquer lugar”, explica Marcel.

Para o campeão e o vice-campeão do campeonato a organização dará como premiação um pacote completo de quatro dias, com alimentação, hospedagem e passagem aérea, para assistir aos jogos do Brasil Open 2008 na Costa do Sauípe, na Bahia, além de troféus.

Copa Petrobrás 2007 chega ao fim

Neste sábado chega ao fim a 4ª edição da Copa Petrobrás de Tênis, maior circuito Challenger da América Latina. Para fechar com chave de ouro, os vencedores das competições na Colômbia, no Brasil, Uruguai, Paraguai e na Argentina reúnem-se em Aracaju para a disputa final no Torneio dos Campeões. Esse campeonato contará com a participação de jogadores como o chileno Nicolas Massú, que ocupa a 78º posição no ranking de tênis, e do argentino Sergio Roitman, atualmente ocupando a posição 69º.

O circuito tem o intuito de atrair cada vez mais adeptos para o esporte. As Federações e as academias de tênis espalhadas pelo Brasil são as maiores incentivadoras do esporte, e constantemente realizam torneios. É o que confirma a estudante de direito da Unit, Tatiane Caroline de C. Oliveira, que assistiu aos jogos na praia e cuja família mantém firme o gosto pelo esporte. “Vieram para Aracaju muitos jogadores bons. Acredito que campeonatos como esse ajudam a promover o esporte no nosso estado”, afirma ela, e acrescenta que “a população daqui ainda não está acostumada com o esporte, com as regras do jogo, mas percebo que a cada ano o público é maior”.

Apesar de eventos como esses, o tênis em Sergipe sofre uma ligeira queda. “Depois que a academia de Jurinha Lobão fechou e ele veio a falecer e depois do fim da Era Guga, que saiu do cenário, o tênis deu uma caída”, afirma Marcel. “E a tendência é cair mais, se não tiver alguém que dê um empurrão”.

Por Raquel Brabec
Fotos de Thiago Souza dos Santos

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