18 dezembro, 2007

Cartão "mais" gera polêmica entre estudantes

O sistema de bilhetagem eletrônica do transporte urbano da Grande Aracaju mal foi implementado e já causa polêmica. Com a finalidade de combater o comércio paralelo de tickets, promover mais agilidade e segurança, o modelo causa insatisfação aos usuários do transporte coletivo. Grandes filas nas catracas, quedas constantes de sistema na hora da recarga e cobrança indevida do valor da tarifa são algumas das queixas. José Augusto Machado, coordenador de passe escolar da SMTT, entende que tais reclamações ocorrem devido à novidade do sistema e afirma que as devidas providências já estão sendo tomadas. "Toda mudança tem uma dificuldade natural. Estamos nos adequando ao processo com o uso", argumenta.

Reclamações

Segundo alguns estudantes, primeiros usuários a adquirir o cartão eletrônico, as filas de acesso às "borboletas" dos veículos e terminais de integração aumentaram consideravelmente depois da chegada da nova tecnologia. "De fato, esse acesso ficou muito mais lento. Isso tem causado muitos problemas quando, por exemplo, o ônibus que vamos pegar já está passando pelo terminal. Agora não dá mais tempo de pegá-lo", Afirma o estudante de Direito Hércules Felipe, que como outro tantos passa diariamente pelo terminal do Campus.

O longo processo de aproximar a carteirinha à catraca eletrônica; esperar ser informado o valor do saldo; aguardar liberação do cobrador até que seja permitida a passagem é que causa esse atraso. Como explica Augusto Machado, o processo de transmissão dos dados do cartão atualmente é feito pelas operadoras TIM, Claro e Oi. Já que essas experiências não geraram a velocidade e regularidade desejada, planeja-se operar tais dados com a Velox. Ainda segundo ele, esse novo convênio trará mais agilidade também ao ato de recarga dos cartões e minimizará também o problema das "quedas" de sistema.

Outro ponto que incomoda os usuários da meia-passagem é o fato de os créditos serem contabilizados pelo valor em dinheiro, e não por unidades de bilhetes. Há casos de pessoas não poderem usar a quantidade exata de passagens compradas por faltar dinheiro na hora de usar a última unidade. Machado justifica que o sistema comprado da Pró-Data System's não comporta três casas decimais e a metade da tarifa atualmente custa R$0,825. Ao serem descontados, os valores são arredondados. "Quando você compra 20 passes por R$16,50, por exemplo, ao chegar às 19 utilizações, talvez a catraca não aceite. Mas quando você carrega novamente, o erro é corrigido. O usuário não perde!", enfatiza Augusto Machado.

O coordenador de passe escolar da SMTT ainda afirma que a bilhetagem eletrônica serviu para aumentar a fiscalização sobre o uso da meia-passagem. Além de permitir que o passageiro do transporte coletivo bloqueie os créditos de sua carteirinha em caso de roubo ou perda, o novo sistema também ajuda a combater o comércio paralelo de passagens. Neste ano já foram apreendidas 280 carteirinhas de passe escolar por uso indevido.

A possibilidade de coibir a comercialização paralela é um dos principais motivos da implementação da bilhetagem eletrônica, segundo o Movimento Passe Livre (MPL). É o que afirma Caio César, estudante sergipano membro do movimento. Para o grupo, formado em 2005 no Fórum Social Mundial realizado em Florianópolis e distribuído em coletivos espalhados por várias cidades do Brasil, o novo modelo veio promover o que é chamado de “antecipação de receita”. O cartão permite que o dinheiro seja usado exclusivamente para transporte, evitando, assim, extravio de tickets no processo. Então, consoante ao movimento, essa seria uma medida na qual se paga antecipadamente pelo serviço, sem possibilidades de reverter o valor desembolsado a outros fins, maximizando os lucros das empresas. O MPL problematiza também o modelo, de cobrança baseada em dinheiro, em situação de aumento de tarifa. Os créditos comprados por um preço anteriormente que ficaram acumulados na carteirinha seriam descontados levando em consideração o valor novo. "Como será feito o controle sobre as pessoas que recarregaram antes e depois do aumento da tarifa?" Questiona Cáio César.

O sistema de bilhetagem eletrônica deverá estar totalmente implantado em Aracaju até o final de 2008 com todos os sete cartões (Funcional, Escolar, Gratuidade, Vale-transporte, Sênior, Especial e Cidadania). O cartão Especial, concedido a pessoas com deficiência motora, mental, auditiva e visual, tem previsão para ser implementado até o fim de dezembro e o Vale-transporte, concedido pelo empregador, deve ser distribuído a partir de janeiro do próximo ano.

Comércio Paralelo

No dia 07 de dezembro, um cambista portando oito cartões de meia-passagem foi pego em flagrante ao tentar efetuar recarga dos mesmos na sede do SETRANSP. Conforme notícia veiculada no site do sindicato das empresas, "ele alugava os cartões, colocava créditos e repassava a terceiros pela quantia de R$ 70 mensais". O setransp também informa que "uma das infrações mais cometidas é o uso de um mesmo cartão, com o mesmo cobrador, seguidas vezes em um único dia".



Por Zeca Oliveira
Foto e ilustração: Zeca Oliveira

Saiba mais:

http://www.setransp-aju.com.br/mais_aracaju.php

http://catracassu.blogspot.com/2007/11/bilhetagem-serve-quem_18.html

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito importante achar alguma matéria sobre esta polêmica, pois quando nós estudantes procuramos infromações e explicações através da Setransp e SMTT, nenhum funcionario nunca sabe de nada! e ainda nos tratam com ignorância.
Todo o sistema de transporte municipal deve ser repensado. Ônibus cheios, sem o mínimo de segurança (tanto contra bandidos, quanto contra o rísco de se machucar dentro do próprio ônibus, a final muita gente vai em pé e grande parte das vezes o motorista acelera muito rápido) e "profissionais" despreparados para lidar com o público são alguns dos problemas que tanto estudantes quanto trabalhadores, aposentados, grávidas, crianças e portadores de necessidades especiais devem enfrentar todos os dias para trafegar pela cidade.

Anônimo disse...

Não tenho muito o que reclamar dessa noiva forma de pagar a passagem. Na verdade, o único problema em relação a isso é a demora que existe a fim de passar pela catraca. Acredito que o maior empecilho é com relação à falta de policiamento nos terminais. Quase fui assaltado às 22:00 no terminal do campus de São Cristóvão, em outubro passado. Havia muita gente, no entanto onde estavam os policiais?